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  • 20/06/2025
Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o professor de Ciência Política da UFPE, Antonio Henrique Lucena, avalia as barreiras para um acordo de paz entre Israel e Irã. Ele alerta que existe uma "condição inconciliável" que impede o cessar dos ataques no Oriente Médio.

Assista à íntegra:https://youtube.com/live/X0rJTECv55k

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Transcrição
00:00E agora a gente recebe para falar ainda sobre esse conflito entre Israel e Irã
00:04o professor Antônio Henrique Lucena Silva, professor do Departamento de Ciência Política
00:09da Universidade Federal de Pernambuco.
00:11Professor Lucena, seja muito bem-vindo ao Jornal Jovem Pan.
00:14Quero entender de você também como recebe essas informações que vão chegando
00:19a partir do presidente americano, Donald Trump, e também do líder russo, Vladimir Putin.
00:25A possibilidade de uma terceira guerra mundial, como disse Vladimir Putin,
00:29o que significa isso, professor? Bem-vindo.
00:33Boa noite a todos, obrigado pelo convite.
00:36De fato, é uma situação muito difícil, em que a gente não vê ainda qualquer tipo de movimento
00:44para que ocorra uma desescalada.
00:48E a gente tem esse movimento agora, do presidente Vladimir Putin falando
00:52de uma terceira guerra mundial, se a situação fosse agravar.
00:55recentemente teve uma reunião na ONU em que Israel falhou, assim como o Irã,
01:02no Conselho de Segurança, mas os dois não chegaram a qualquer tipo de acordo,
01:06apenas foi uma troca de acusações.
01:09O próprio presidente Donald Trump, ele deu o prazo de duas semanas
01:13para que houvesse algum tipo de solução diplomática, e lembrando que tanto Israel como Donald Trump
01:20têm uma solução maximalista para o caso, que seria o Irã, ele abandonar completamente
01:26o processo de enriquecimento de urânio.
01:29Já os ayatollahs e todo o governo iraniano não quer essa possibilidade,
01:34quer continuar enriquecendo o urânio.
01:37Então, basicamente, nós temos uma condição que é irreconciliável.
01:42Fica muito difícil a gente ter e chegar a algum determinado tipo de consenso.
01:47Em ciência política, a gente poderia até classificar isso como chamado jogo do galinha.
01:51Foi algo que aconteceu semelhante à crise dos mísseis de Cuba de 1962.
01:57Por que eu estou falando isso?
01:58Porque a crise lá atrás só foi resolvida quando os dois lados cederam de alguma forma.
02:04Claro que a gente não está falando de potências nuclearizadas nesse caso.
02:08Israel tem bomba, mas eu admito que tem.
02:10O Irã busca perseguir.
02:13Mas no sentido do campo das negociações, a questão é muito semelhante,
02:16porque a ideia é que um ceda de um lado, o outro ceda de outro,
02:20para que se chegue a algum determinado tipo de consenso.
02:23Por que é improvável de acontecer no curto prazo?
02:27Porque Israel está com o ímpeto da guerra atualmente.
02:30As defesas iranianas estão completamente esgarçadas.
02:35Então, a força aérea israelense vem atacando, inclusive, os lançadores de mísseis naquela região.
02:42E é altamente improvável, mas não impossível, o envolvimento da Rússia nessa recente crise,
02:50já que eles estão atolados com a guerra da Ucrânia.
02:54E, tradicionalmente, os chineses apenas buscam agir dentro da sua esfera de influência,
03:01que é a Ásia Pacífica, apenas em questões pontuais, em outros pontos.
03:06Então, o Irã está um pouco sozinho nesse aspecto.
03:09Basicamente, o apoio que tem sido dado ao Irã é de retórica,
03:14e a gente precisa observar quais são os desdobramentos do conflito.
03:19Professor Antônio Henrique Luceno, vou trazer os nossos comentaristas para essa conversa.
03:23Quem vai te fazer a próxima pergunta é a Dora Kramer.
03:27Boa noite, professor.
03:29Pelo cenário que o senhor está traçando, hoje, claro, há uma impossibilidade total de acordo.
03:36Mas eu queria ver se a gente conseguia traçar um cenário hipotético,
03:40e se é que é possível isso, né?
03:42Quais seriam, hipoteticamente, já que não temos isso na realidade,
03:46termos aceitáveis de um acordo de parte a parte?
03:50Obrigado por sua pergunta, Dora, porque ajuda a gente a refletir quais seriam, digamos,
03:57os caminhos possíveis, e assim como os cenários.
03:59Então, um cenário seria que o Irã abdicasse completamente do seu programa nuclear,
04:07porque esse cenário parece improvável, mas não é impossível.
04:10Aí, obviamente, a gente teria uma sessão da guerra nesse sentido.
04:15Outro cenário seria Israel, chegando a um acordo com os Estados Unidos,
04:21Benjamin Netanyahu com Donald Trump, e assim com a autora Ali Khamenei,
04:25e outros membros da Guarda Revolucionária,
04:27de chegar a um meio termo em que o Irã poderia continuar,
04:32digamos, enriquecendo o urânio,
04:34mais ou menos nos mesmos termos do acordo do JCPOA,
04:39que era de 3,5%, e isso manteria, digamos, essa própria probabilidade,
04:46ou então um terceiro cenário em que não se chega a um acordo nenhum,
04:51e aí essas duas semanas que Donald Trump deu para que houvesse alguma negociação se esgota,
04:59e aí, obviamente, você tem um envolvimento direto dos Estados Unidos na guerra,
05:02fazendo o lançamento das famosas GBU-57,
05:07que são aquelas bombas bunker-buster,
05:09para atingir as instalações de Ferdow,
05:11e assim como de Natanzo, onde estão algumas das centrífugas
05:15que fazem o enriquecimento de urânio.
05:18Então, esses são alguns aspectos que a gente pode considerar.
05:21Teria outro, Dora, que nós poderíamos aventar,
05:24que seria uma queda do regime iraniano.
05:27Mas, atualmente, no curto prazo, eu vejo como muito difícil de se concretizar,
05:34apesar de que houve um grande avanço,
05:38e houve financiamento para o Reza Palev,
05:42que é o rei herdeiro da Pérsia,
05:47para que houvesse mais, digamos assim,
05:49uma aceitação perante a população iraniana,
05:52mas ele tem, basicamente, muito apoio no chamado Terangles,
05:58que são os iranianos que moram em Los Angeles,
06:02e são favoráveis à queda do regime iraniano.
06:06Mas, em outras comunidades, e até mesmo dentro do próprio Irã,
06:10ele não tem muito apoio.
06:12E a Guarda Revolucionária, desde 1979,
06:16assim que assumiu o poder,
06:17ela foi extremamente eficiente em acabar com qualquer tipo de dissidência interna,
06:23inclusive em ambientes externos,
06:26que pudesse, digamos, ameaçar o regime.
06:28Então, fica difícil até mesmo articular com qualquer força,
06:32dentro do próprio Irã,
06:34para que houvesse uma queda do regime,
06:36que aí, obviamente, geraria um novo movimento político dentro do país.
06:43Professor Antônio Henrique Lucena,
06:45nós temos tempo para mais uma pergunta, uma rápida pergunta.
06:47Quem vai te fazer é o nosso convidado,
06:49nosso comentarista especial, o professor Furriella.
06:53Boa noite, Lucena.
06:54Você acredita que essa aproximação recente de Israel
06:59com diversos estados árabes,
07:01como, por exemplo, a Arábia Saudita,
07:03Emirados Árabes Unidos,
07:06tem feito com que o Irã também fique mais isolado do que no passado,
07:09onde ele se aliava a outros estados da região contra Israel?
07:14Obrigado, Furriella, por sua pergunta.
07:18É sempre bom encontrar você aqui.
07:21Veja bem, concordo, em gênero e no meu grau,
07:24com o que você coloca,
07:25que isso tende a reforçar justamente o isolamento que o Irã tem.
07:30A bem da verdade,
07:31vários países árabes não gostam do Irã,
07:35principalmente por causa do uso de proxys que o Irã faz
07:40com relação em outros países,
07:42o que termina colocando a própria segurança dos países árabes em risco,
07:46notadamente a Arábia Saudita.
07:49E lembrando que vários países árabes se enfrentam indiretamente com os iranianos,
07:55como foi no caso da Guerra Civil Síria,
07:58recentemente no Iêmen.
07:59Então, essa é uma situação extremamente difícil que a gente pode colocar.
08:04E lembrando o seguinte,
08:05de acordo com a narrativa israelense,
08:07e até para alguns países árabes,
08:08o Irã é a cabeça do povo,
08:10a cabeça do povo que tem os seus tentáculos,
08:13que aí esses tentáculos seriam Hamas,
08:15os Lutis, Bahá, Ansaralá,
08:17o próprio regime sírio de Assad na época em que ele estava no poder.
08:22E esse financiamento terminou gerando uma série de irritabilidades
08:28dos países em relação ao próprio Irã.
08:31Então, é como se aquela sinceridade do chanceler Merz,
08:35da Alemanha,
08:36dizendo que Israel está fazendo, digamos assim,
08:40o papel sujo que os outros países gostariam de fazer,
08:43mas não tinham coragem.
08:45Então, silenciosamente,
08:47alguns países árabes estão torcendo contra o Irã,
08:52mas eles, obviamente, não podem verbalizar isso,
08:55até mesmo porque a população civil tem uma visão muito negativa
08:59de Israel e dos Estados Unidos.
09:02Então, até mesmo no ataque de 7 de outubro,
09:05que o Hamas deflagrou contra Israel,
09:09foi justamente uma forma de melar os acordos de Abraão,
09:13que foi o que você mencionou.
09:14A própria IDF conseguiu extrair documentos de Gaza
09:18que confirmam essa teoria
09:19que nós tínhamos depois do início do conflito.
09:24Então, de fato,
09:25você tem exatamente essa ação
09:27e, além do plano diplomático que você mencionou
09:30e a gente está abordando aqui,
09:32no plano prático,
09:34até mesmo existe uma aliança militar informal
09:38para defender Israel dos ataques iranianos,
09:41como a gente pode ver com a Jordânia
09:43atuando para abater uma parcela
09:46de mais de mil drones,
09:47Shahré, de um 3,5,
09:48que foram lançados contra o país judeu.
09:51Então, esse é o cenário que a gente tem
09:53que ajuda a entender e reforçar
09:57a compreensão desse isolamento do Irã.
10:00Professor Luceno,
10:02eu quero te fazer uma última pergunta, rapidamente,
10:04a respeito deste bate-boca ocorrido na reunião
10:07do Conselho de Segurança da ONU
10:08entre os representantes de Israel e do Irã.
10:12Isso minimiza ainda mais a possibilidade
10:15de qualquer solução vinda do Conselho de Segurança da ONU?
10:18Sem dúvida, né?
10:21E eu vejo esse bate-boca como
10:24uma forma de cada lado apresentar
10:27a sua narrativa, né?
10:29De um lado, tanto de um lado como do outro.
10:33E lembrando que o Conselho de Segurança das Nações Unidas
10:35é o único órgão que tem poder vinculante, né?
10:38O que ele decide passa a valer como lei internacional.
10:41Mas por causa das diversas posições,
10:43e aí principalmente as alianças, né?
10:46Que a gente pode detectar, como os Estados Unidos,
10:49com Israel e outros países,
10:51fica muito difícil de que a gente tenha um acordo,
10:54pelo menos nos próximos dias.
10:57E a tendência realmente é que o conflito,
11:00ele ainda continue acontecendo,
11:03já que Israel tem como objetivo muito claro
11:06continuar degradando as forças iranianas.
11:10Tá certo.
11:11Quero agradecer demais a participação,
11:13mais uma vez conosco,
11:13do professor Antônio Henrique Lucena Silva.
11:15Professor do Departamento de Ciência Política
11:18da Universidade Federal de Pernambuco.
11:21Participando conosco aqui do Jornalovem Pan.
11:22E participando neste fim de semana,
11:24da edição deste fim de semana,
11:25do JP Internacional também.
11:27Professor Lucena, muito obrigado.
11:28Sempre um prazer te receber aqui.
11:32Muito obrigado, meu caro Nelson.
11:33Obrigado pelo convite.
11:34Envio um forte abraço a todos os ouvintes.
11:36E foi uma satisfação estar aqui com a Dora
11:37e também com o Fuiela.
11:38Até mais.

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