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A reunião do G7 no Canadá foi marcada pela tensão do conflito Israel x Irã e pela saída precoce de Donald Trump. Lucas de Souza Martins, consultor e professor na Temple University, analisa o enfraquecimento do multilateralismo, a vitória diplomática de Trump e os impactos na guerra comercial global.

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Transcrição
00:00Essa semana, líderes dos países mais industrializados do mundo, o G7, se reuniram no Canadá sob
00:07as tensões de mais um conflito no Oriente Médio, agora entre Israel e Irã.
00:12O encontro foi marcado pela saída precoce do presidente americano Donald Trump, que
00:17foi às pressas voltar para a Casa Branca para tratar dos novos ataques no Oriente Médio.
00:23Sobre o balanço no encontro e o papel do grupo frente às tensões atuais, eu converso
00:28agora com o Lucas de Souza Martins, consultor e professor de história na Temple University.
00:35Lucas, boa noite para você, obrigado pela gentileza da disponibilidade aqui em conversar
00:39com a gente aqui num feriadão.
00:41Lucas, o G7, em declaração conjunta, apoiou o direito de Israel se defender e concordou
00:49que o Irã não pode ter armas nucleares e defendeu também uma desescalada nas tensões
00:55em relação a esse conflito.
00:56Qual o nível de alinhamento que o bloco mostra em relação aos Estados Unidos?
01:03Boa noite, Fábio.
01:05Boa noite a todos que nos acompanham aqui pelo Times Brasil.
01:09Olha, é uma situação bem delicada aquela que vivenciou o G7 ao longo desta semana,
01:16até porque esta declaração que foi publicada no final do encontro é claramente uma vitória
01:23a Donald Trump, até porque esta declaração, a versão inicial que existia, era uma versão
01:30que tomava uma certa distância com relação aos dois componentes deste conflito, que são
01:38Israel e Irã, e Donald Trump pressionou para que houvesse uma defesa mais clara com relação
01:44ao direito de defesa de Israel, e isso acabou acontecendo no final da reunião, aliás, que ele deixou mais cedo.
01:53É muito difícil fazer qualquer acordo comercial, conversar sobre tarifas comerciais,
02:00mas essa era a expectativa no início do encontro do G7, mas os planos acabaram indo para o ar,
02:08digamos assim, até por conta do embate entre Israel e Irã.
02:13O chanceler alemão, MERS, até já havia dito que estava se preparando exatamente para discutir
02:19alternativas a toda a questão da imposição de hipertarifas por parte de Donald Trump,
02:26mas o tema acabou deixando de ser parte da agenda do G7, obviamente que esteve entre os assuntos discutidos,
02:35mas acabou se tornando algo de segundo plano, era uma oportunidade também destes líderes de democracias,
02:43de economias relevantes também encontrarem um espaço para diálogo com Donald Trump,
02:49mas não tiveram esta oportunidade, até porque ele deixou o Canadá exatamente para cuidar de assuntos relacionados
02:57ao Oriente Médio. É possível dizer que a conclusão deste encontro é, sobretudo, de uma frustração,
03:04até porque, por conta de acontecimentos geopolíticos, foi muito difícil de se avançar em qualquer tema
03:11que se falasse, por exemplo, sobre taxações ou até mesmo um acordo comercial entre o Reino Unido
03:18e os Estados Unidos, que acabou não avançando, é uma situação de completa decepção diante de cenários geopolíticos
03:25que apareceram e que dominaram a agenda do G7.
03:30Pois é, frente a esse enfraquecimento do multilateralismo, do qual, aliás, o próprio Trump é o principal responsável,
03:37que poder, que papel tem hoje o G7 para tentar, por exemplo, mediar um conflito como esse entre Israel e Irã?
03:47Bem, Fábio, em qualquer cenário de análise, naturalmente nós diríamos que os americanos aparecem isolados
03:54diante de suas posições, na imposição das hipertarifas, na aliança quase automática com relação a tudo que executa Israel,
04:04executa Netanyahu, mas o fato é que os Estados Unidos, neste caso, não aparecem como isolados,
04:12eles são peça fundamental para se impor uma agenda que seja relevante, que una os países do G7.
04:21E hoje também nós temos a certeza, e pelo menos verificamos isso, na medida em que estes integrantes do G7,
04:29o Canadá como o país que recebeu os chefes de Estado, fez convites a nações consideradas emergentes,
04:37o Brasil também representado pelo presidente Lula, a presidente do México também presente,
04:43África do Sul, e o discurso também destes países é de que o G7 não é mais um fórum que possa trazer soluções
04:52em várias camadas de análise que nós temos hoje no mundo, como por exemplo a questão econômica,
05:00os conflitos bélicos, enfrentamentos entre países. A impressão que fica é que hoje o multilateralismo está muito mais enfraquecido,
05:11o G7, por mais que ele tenha força econômica, ele depende claramente dos Estados Unidos para determinar
05:18e também forçar uma agenda, inclusive Donald Trump trouxe à mesa temas que não tinham qualquer recebimento
05:27por parte dos europeus, ele defendeu, por exemplo, que a Rússia voltasse a fazer parte deste grupo,
05:33coisa que não agrada em nada os europeus, por isso que é muito difícil você pensar que poderá existir uma agenda
05:41enquanto Donald Trump ser o presidente dos Estados Unidos, enquanto ele ocupar a Casa Branca,
05:47não se pode esperar uma movimentação do ponto de vista de agenda conjunta com relação ao G7
05:54para a filstração da maioria dos países europeus que fazem parte deste grupo.
06:00Lucas, e aí o outro conflito ali, um dos outros, mas o Rússia versus Ucrânia,
06:05isso acabou completamente fora da pauta no fim das contas?
06:08É verdade, até o convite que foi feito ao presidente da Ucrânia, o Volodymyr Zelensky,
06:16existia uma expectativa de que houvesse um novo encontro entre o presidente ucraniano
06:22e o presidente dos Estados Unidos, nós sabemos que há uma dificuldade entre estes dois chefes de Estado
06:28na concordância de certos temas, nos envios de recursos por parte do Congresso dos Estados Unidos,
06:35da OTAN e todo o discurso que Donald Trump tem com relação a cerceamento de gastos,
06:40com relação a temas sobre a Ucrânia, por exemplo, existia uma expectativa de que houvesse pelo menos
06:46uma novidade a partir da conversa destes dois líderes e essa reunião não aconteceu
06:52porque o chefe de Estado americano, Donald Trump, deixou o Canadá mais cedo.
06:58Inclusive também existia a expectativa do encontro do presidente Zelensky com o presidente Lula,
07:04que também não aconteceu por questões de agenda, mas um tema que foi deixado de lado
07:09não somente deste diálogo entre a Ucrânia e um parceiro relevante neste embate com a Rússia,
07:16que é os Estados Unidos, e também a tentativa da Ucrânia, que participou deste encontro do G7 também,
07:22como um país convidado, que acabou não também fornecendo novidades no sentido de conversas com países
07:31não somente consolidados, mas países também do sul global, como é o caso do Brasil.
07:37Lucas, na questão da guerra comercial, outro assunto que estava em pauta,
07:42a gente tem ali representados no G7 o Reino Unido, que foi o primeiro país, não é um país,
07:48mas enfim, um primeiro bloco, um grupo de países, um reino, que conseguiu fazer um pré-acordo com os Estados Unidos,
07:58pelo menos diretrizes para um acordo futuro no que diz respeito ao tarifácio.
08:03O Japão já vem negociando com os Estados Unidos desde o começo de abril,
08:08foi um dos primeiros países cuja negociação foi anunciada pelos Estados Unidos,
08:12logo que Trump anunciou aquelas tarifas recíprocas e até agora não houve uma evolução concreta.
08:17mas também não saiu nada de muito novo ali em relação a negociações para a guerra comercial também, né?
08:26Sim, e é necessário estarmos atentos aos sinais, às conversas entre estes líderes,
08:32os sinais diplomáticos que deixam para nós bem evidentes quais serão as tendências para os próximos meses.
08:41Quando nós falamos que existe pelo menos uma proximidade, uma possibilidade de um acordo comercial
08:49entre Reino Unido, Estados Unidos, os Estados Unidos e o Japão,
08:54nós vemos que agora a tendência, até por conta do estilo de liderança de Donald Trump,
08:59é que o multilateralismo perde claramente o espaço.
09:02O G7 acaba não sendo uma plataforma de diálogo e de estabelecimento de relações comerciais
09:08que possam reverberar em todo o bloco.
09:11O que existe hoje é uma tendência de favorecer relações diretas entre os países,
09:17relações bilaterais, acordos específicos entre Estados Unidos e nações específicas.
09:24E, por outro lado, aqueles países que são mais combativos no sentido de defender
09:28a importância do multilateralismo, é o caso hoje do Canadá,
09:33acabam testemunhando cenas que são um tanto não tão diplomáticas,
09:39em que Donald Trump aparece ao lado do primeiro-ministro McCartney,
09:43dizendo que discorda das políticas econômicas do primeiro-ministro canadense,
09:48discorda da ideia de que o primeiro-ministro não gosta de tarifas,
09:54tanto quanto Donald Trump gosta,
09:56deixando muito claro que as prioridades de chefes de Estado
10:00destes dois países são completamente diferentes,
10:03o que inviabiliza, de qualquer forma,
10:06um avanço multilateral em qualquer negociação comercial.
10:11O que avança, o que pode avançar, pelo menos neste curto prazo,
10:14são acordos bilaterais.
10:17Lucas de Souza Martins, consultor e professor de História na Temple University.
10:22Lucas, obrigado pela gentileza, bom feriado para você.
10:26Obrigado, Fábio. Um abraço.
10:27Um abraço, valeu.
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