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No Visão Crítica desta terça (27), Karina Calandrin avaliou o que mantém a guerra promovida por Israel contra os grupos terroristas palestinos. “A população israelense sabe que a manutenção da guerra pelo governo, que está com popularidade cada vez mais baixa, é um projeto político que vai além de uma guerra de defesa”, analisou a professora de relações internacionais.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=mDvzbDArKYc

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Transcrição
00:00Professora Karina, eu estava pensando aqui com base nas suas exposições
00:04que a primeira, quando Israel reagiu aos 7 de outubro,
00:08houve uma reação nacional, suprapartidária de todos,
00:12contra um dos dias, se não for o dia mais trágico da história de Israel.
00:16A partir dos últimos meses, agora em 2025, a pergunta é
00:21a guerra continua sendo de Israel contra o grupo Hamas
00:25ou uma guerra de Netanyahu contra o grupo Hamas?
00:30Essa é uma ótima pergunta, porque é uma narrativa.
00:34Que narrativa se conta sobre isso?
00:38Há uma divisão interna, com certeza, na sociedade israelense.
00:41Isso nós vemos já desde o ano passado, semanalmente nas ruas,
00:47a sociedade israelense se manifestando contra o governo,
00:50pedindo o retorno dos reféns, porque devemos lembrar,
00:53quando Benjamin Netanyahu declara a guerra, ele anuncia que Israel está em guerra
00:58depois do 7 de outubro, ele declara os objetivos da guerra.
01:02Quais seriam esses objetivos?
01:04E esses objetivos mudaram um pouco desde então,
01:06mas seria o retorno dos reféns, então resgatar os reféns
01:10que foram levados para a faixa de Gaza e a destruição do Hamas.
01:15E aí depois mudou um pouco, não seria a destruição,
01:17mas que o Hamas não fosse mais o poder político e o poder militar,
01:22não tivesse mais um braço militar e político na faixa de Gaza.
01:24Então ele fosse retirado da faixa de Gaza.
01:28Então esses seriam os objetivos da guerra.
01:31Só que, depois de todo esse tempo, chegamos a 600 dias de guerra agora,
01:35amanhã que se completa 600 dias de guerra,
01:38os reféns não foram resgatados na totalidade,
01:43muitos voltaram, infelizmente, sem vida.
01:47Isso é um choque muito grande para a sociedade israelense,
01:49que entendia que a defesa, a segurança, era um pilar da fundação do Estado de Israel.
01:56Que Israel foi fundado com base na defesa.
01:58Por isso que o exército de Israel, as forças armadas de Israel,
02:01são chamadas forças de defesa de Israel.
02:04A IDF.
02:05Não é chamado de forças armadas como a maior parte dos países.
02:08Por quê?
02:09Porque é uma noção de defesa, uma noção de proteção.
02:12E a função, então, é a proteção dos israelenses.
02:15E há questionamentos até do próprio 7 de outubro.
02:18Como que aquilo aconteceu?
02:20Como que foi permitido que aquilo acontecesse?
02:23Que foi o dia, como o professor Vila disse,
02:25o dia mais trágico da história de Israel.
02:28Com o maior número de israelenses mortos.
02:30Mais do que em guerras como a Guerra dos Seis Dias.
02:33Porque a Guerra do Yom Kippur.
02:35Então, e civis assassinados a sangue frio.
02:39Como que permitiram aquilo acontecer?
02:40Ser um estado muito forte militarmente.
02:45Inegavelmente falando no Oriente Médio, uma potência militar.
02:48Porque a imagem que sempre Israel se colocou do pequeno Davi contra Golias.
02:55Não é mais isso.
02:57Não mudou há muito tempo.
02:58Israel é uma potência militar.
03:00Com uma força enorme.
03:03Uma tecnologia de ponta.
03:04Então, como que permitiu?
03:05Então, a população começou a se questionar.
03:07Que houve uma falha.
03:08Então, há relatórios de que o Egito teria avisado Israel que havia um plano.
03:15Que o 7 de outubro foi orquestrado com muito tempo de antecedência.
03:18Pela forma como aconteceu.
03:20Que o Irã estava por trás, obviamente.
03:22E que haviam indicativos.
03:25Nos dias seguintes, havia uma reunião entre Israel e a Arábia Saudita.
03:29Como apontado.
03:30Então, tudo isso já havia indicativos de que poderia acontecer.
03:33E algo passou batido.
03:35Ou propositalmente, ou não.
03:38Por incompetência.
03:39Não se sabe.
03:40Teria que abrir uma comissão de inquérito para se descobrir o que aconteceu.
03:43E que a população israelense cobra que essa comissão seja aberta.
03:47Isso não vai acontecer durante a guerra.
03:49A guerra tem que acabar para que isso aconteça.
03:50Então, a população vai às ruas para dizer que nós queremos os reféns de volta.
03:55Nós queremos que essa guerra tenha um resultado real.
03:59Que seja os israelenses de volta.
04:01Isso não acontece.
04:03Para que o maior número de israelenses retornem, é feito acordo.
04:06Foi agora em janeiro que nós vimos um acordo de cessar fogo temporário.
04:10E lá em novembro de 2023.
04:12Então, a população israelense se questiona.
04:15Qual é o sentido dessa guerra?
04:17Por que jovens israelenses estão morrendo?
04:20Soldados israelenses estão morrendo?
04:22A população palestina está morrendo?
04:24A troco de quê?
04:25Então, essa é uma questão.
04:26O governo, obviamente, diz que é uma guerra de Israel contra o Hamas.
04:29Mas a população hoje israelense...
04:31Isso, pesquisas de opinião pública já demonstram.
04:33Não é só uma interpretação.
04:36Já tem dados concretos sobre isso.
04:38E a popularidade do governo só em queda.
04:40De que é um projeto político.
04:42Que há um projeto de poder em curso.
04:44Além de uma guerra de defesa.
04:46Começa com uma guerra de defesa.
04:48Mas hoje vai além disso.
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