MEMÓRIAS DE UM CRIME
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00:00Eu lembro de receber a chamada em março de 1999, restos humanos haviam sido encontrados
00:15na mata.
00:16Não tem como chegar aqui a pé, é um terreno muito acidentado.
00:23Nós encontramos o corpo dela bem aqui nesta área.
00:29Muitos anos depois, eu sou afetado ainda pelas imagens da vítima e pelas vozes de
00:34parentes e amigos cujas vidas foram destruídas.
00:36Ela estava irreconhecível, eles a encontraram em pedaços.
00:40Você pensa no tormento que a vítima deve ter passado.
00:43Que lugar horrível para morrer.
00:44Eu sei o que você fez com aquela garota.
00:51Este é um caso que eu jamais esquecerei.
00:56Acredite ou não, tudo o que eu precisava para solucionar esse homicídio estava bem
00:59aqui nesta mata.
01:00A cena de um crime é como um quebra-cabeça.
01:08Quando eu vejo todas as peças, jamais esqueço.
01:11Uso a minha memória para solucionar homicídios.
01:14Eu lembro de tudo, de cada pista, de cada vítima.
01:20Não sei se isso é uma benção ou uma maldição.
01:23Essas cenas terríveis ficam comigo.
01:25Meu nome é Petty Postiglione, não sou de Nashville, mas nos últimos 25 anos foi onde
01:30eu trabalhei em centenas de investigações de homicídios.
01:33Memórias contra o crime.
01:35Eu me lembro de cada um deles.
01:46Quarta-feira, 10 de março de 1999.
01:49Havia dois agrimensores numa propriedade na região de Brush Creek, e eles já estavam
01:54lá há algumas horas, demarcando o terreno.
01:57Aí eles começaram a se aproximar do riacho e notaram algo estranho.
02:04Eles não sabiam do que se tratava, mas quando chegaram bem perto, se viram frente a frente
02:09com restos humanos.
02:10Em 1999, Petty Postiglione estava em seu décimo ano investigando crimes na divisão
02:21de homicídios da polícia de Nashville.
02:23A divisão de homicídios é uma unidade especial da polícia de Nashville, e ela era formada
02:28por detetives que cuidavam de casos onde não tinham suspeitos conhecidos.
02:33Era aí que eles mostravam seu valor na divisão de homicídios, porque tinham que descobrir
02:39primeiro quem era a vítima, quem havia matado a vítima, por que a vítima tinha sido morta,
02:44então era um trabalho bastante intenso.
02:46O Petty tinha uma ótima reputação, não só entre os colegas e oficiais que trabalhavam
02:53com ele, mas também com o público, os promotores, o sistema judicial, a mídia, e ele merecia,
03:01porque fazia um trabalho excelente no campo em que ele atuava.
03:09Eu lembro quando dirigi até lá, não tinha chovido naquele dia em particular, mas tinha
03:14chovido bastante nos dias anteriores, e a área a que chegamos era muito distante e
03:21totalmente isolada.
03:22O condado de Chitran é montanhoso, tem muitos riachos, vales, é uma região muito bonita.
03:34O condado de Chitran não tinha nenhuma pessoa desaparecida que se encaixasse no caso, então
03:39eles pediram que nós assumíssemos a investigação.
03:42A cena do crime foi reconstituída cuidadosamente com base em registros policiais e na memória
03:51fotográfica de Petty.
04:00De onde eu estacionei meu carro até os restos mortais dava uns 200 ou 300 metros.
04:05Quando você chega numa cena de crime assim, num lugar tão isolado, você logicamente
04:10pensa logo em homicídio, como a vítima chegou até aqui, como isso aconteceu, a vítima
04:15foi morta aqui ou foi trazida para cá.
04:17A área em volta é de mata fechada, com um riacho passando em algumas partes com largura
04:24de 6 a 9 metros e bem fundo.
04:26Em outras áreas, ele se estreita ficando com menos de um metro de largura.
04:31Quando se tem um cadáver ao ar livre, é uma investigação difícil por causa dos elementos,
04:36a chuva, a neve, em certos casos, as intempéries removem as coisas, em outros casos, você
04:41tem uma infestação de animais que altera o estado do corpo.
04:49O local está parecido com o que eu encontrei em março de 1999.
04:55Primeiro, Petty examinou cuidadosamente os restos mortais.
04:59A vítima estava virada para baixo e eu não fazia ideia do sexo.
05:04Estava praticamente esqueletizado, exceto pelo pé dentro do tênis.
05:09Havia um pouco de músculo e pele.
05:14Eu concluí que o corpo estava aqui há um tempo, mas o grande mistério era por que
05:18o pé estava quase intacto.
05:20O tênis parecia ser feminino, o tamanho parecia ser de 36 a 37.
05:27Eu olhei o cadáver bem de perto e vi os restos do que parecia ser um pano ao redor do pescoço.
05:33Talvez uma toalha.
05:36Quando você chega ao local, geralmente não sabe do que se trata, se foi um homicídio,
05:40um suicídio, uma morte acidental.
05:42Mas quando você tem uma ligadura assim tão apertada que a pessoa não poderia arrancar
05:46pelo queixo, isso mostra claramente que se trata de um homicídio.
05:51Estrangular a vítima com uma ligadura é uma morte cruel.
05:54Isso nos dizia que o assassino obviamente era uma pessoa violenta.
05:58Outra pista foi encontrada ao lado do corpo.
06:00Aqui havia uma blusa que também indicava o sexo da vítima.
06:04Eu não sabia se era dela, mas coletei.
06:07É melhor coletar e não precisar do que não coletar e se arrepender.
06:13Obviamente você tenta identificar a vítima de alguma forma, se tem uma carteira, uma
06:17bolsa, algum tipo de documento.
06:19Nesse caso não havia absolutamente nada.
06:23E havia outro mistério.
06:24Uma coisa que sempre me desconcertou foi como essa vítima veio parar aqui, como o corpo
06:30dela veio parar nesse local.
06:32Não existe um acesso fácil para onde a vítima se encontrava.
06:35E não tinha marcas de pneu, uma trilha, nada que indicasse que um veículo tinha estado
06:40nesta área e nem que a vítima foi arrastada para cá.
06:43Era possível que as chuvas tivessem apagado qualquer desses sinais, mas geralmente quando
06:48há marcas de alguém sendo arrastado, elas são longas, talvez dezenas de metros.
06:53Então não seria lógico concluir que todas essas marcas haviam sido apagadas pelas chuvas.
07:00Eu lembro que quando cheguei aqui no local eu vi uma ponte, uma ponte ao longe, e o rio
07:05corria para lá.
07:08Ela devia estar a uns 200 metros, então se o corpo tivesse sido jogado da ponte, seria
07:13impossível ele ter caído onde nós o encontramos.
07:17A água não tinha profundidade suficiente para ter levado a vítima, então o próximo
07:21passo seria vasculhar a região e conversar com vizinhos, mas nesse caso não havia vizinhos.
07:27Então nós tivemos que caminhar centenas de metros em todas as direções para ver
07:31se o suspeito tinha jogado fora ou deixado algo cair.
07:34Caminhando por perto do corpo, Pat encontrou mais pistas.
07:37Aqui nós encontramos um pé de tênis a 20 ou 30 metros de distância do corpo, e o tênis
07:43era idêntico ao que ainda estava no pé da vítima.
07:45Parecia o mesmo tênis, mesmo tamanho, mesma cor.
07:49Perto do tênis nós encontramos um jornal.
07:51Qual era a importância do jornal?
07:53Nós não fazíamos ideia.
07:54Obviamente ele poderia nos dar uma data que nos indicasse a quanto tempo a vítima tinha
07:59estado aqui se ele tivesse ligação com o caso.
08:01E encontramos um maço de cigarros vazio.
08:04Se ele tinha uma ligação?
08:06Não fazíamos ideia.
08:07Eu encontrei uma garrafa.
08:09Será que o suspeito havia bebido nessa garrafa ou a vítima?
08:12Se houvesse, será que havia traços de DNA nessa garrafa?
08:16Só sei que se você não procurar, não acha.
08:19O detetive Postiglione observou cada detalhe da cena do crime, mas não conseguiu responder
08:25a pergunta mais importante.
08:28Quando nós deixamos o local do crime, nossa primeira tarefa é identificar a vítima.
08:33Eu não fazia ideia de quem era a vítima.
08:40O corpo da vítima foi transportado para ser examinado pelo médico legista.
08:45O meu trabalho como detetive era identificar a vítima, notificar a família e seguir com
08:50a investigação.
08:53Eu assumo a responsabilidade.
08:55E se fosse a minha irmã ou o meu irmão desaparecido?
08:59O legista concluiu que o esqueleto pertencia a uma mulher na faixa dos 30 anos.
09:05Após meses procurando nos registros de pessoas desaparecidas em todo o estado, Pat e sua
09:10equipe finalmente encontraram uma possível vítima.
09:13Eu descobri que uma mulher chamada Christine Uman havia sido dada como desaparecida pelo
09:18namorado Eric Wilkie no dia 4 de janeiro de 1999 e o corpo tinha sido encontrado no dia
09:2510 de março, pouco mais de dois meses depois.
09:29Após a confirmação pelos registros odontológicos, o detetive Pat Postiglione teve a difícil
09:34tarefa de informar a família que a vítima encontrada era de fato Christine Uman, de
09:3931 anos.
09:41A minha mãe me ligou.
09:44Era de noite e eu estava fazendo uma sopa de batata.
09:49Eu atendi o telefone e ela estava chorando e ela disse encontraram a Chris, morta.
10:00Aí eu derrubei a colher.
10:04Eu me sentei e comecei a chorar.
10:08Ter uma tia como a Christine era muito importante para mim.
10:13Desculpa.
10:14A gente pode parar um pouquinho?
10:30Eu descobri que quando a minha tia foi encontrada, ela estava irreconhecível.
10:34Eles nem pediram que um parente fosse identificá-la porque isso nem adiantava.
10:39E eu fiquei pensando, o que aconteceu com ela?
10:42Ela sofreu?
10:43Foi rápido?
10:44No que ela estava pensando?
10:47Foi muito duro imaginar o que ela passou.
10:52Eu não sabia quem era o assassino, só mesmo uma pessoa muito maligna para fazer algo assim.
10:58Christine Uman morava a 40 quilômetros de distância com o namorado que havia dado queixa
11:03do seu desaparecimento nove semanas antes.
11:06A polícia de Nashville havia interrogado o namorado Eric Wilkie, de 30 anos.
11:10No depoimento do Eric aos detetives, ele disse que estava no apartamento vendo futebol e
11:14cuidando do filho deles enquanto Christine lavava a roupa na lavanderia do condomínio.
11:19E depois ela iria a uma farmácia do bairro, num lugar próximo, para comprar aspirina.
11:26Quando eu soube das circunstâncias em que a Christine desapareceu, eu achei meio estranho.
11:31O Eric estava vendo um jogo de futebol.
11:34Ela estava indo e voltando com as roupas lavadas, até que chegou o momento em que ela não
11:38voltou mais.
11:39O Eric disse que a Christine não voltou da lavanderia do condomínio, então ele foi
11:44procurá-la.
11:45E ela tinha sumido.
11:51Quando eu li o depoimento, vi que o Eric demorou muito até dar queixa do desaparecimento da
11:56namorada.
11:57A pergunta óbvia é, por quê?
12:00Por que ele esperou tanto para avisar que a Christine sumiu?
12:03Será que nessas várias horas ele precisou resolver algo, transportar alguma coisa, esconder?
12:08Eu não sabia.
12:09Mas ele demorou e eu queria saber por quê.
12:11O corpo decomposto de Christine Uman, de 31 anos, havia sido encontrado perto de um riacho
12:22isolado nas cercanias de Nashville, no Tennessee.
12:25Na tentativa de completar o quebra-cabeça, os detetives vasculharam as margens do riacho,
12:30atrás de qualquer coisa ligada à morte de Christine Uman, de Green Hill.
12:33A mãe estava desaparecida há dois meses e seu corpo foi encontrado ontem em Kingston
12:38Springs.
12:39Ninguém sabe ainda como ela morreu.
12:41O detetive Pat Postiglione precisava descobrir como ela havia percorrido os 40 quilômetros
12:47de sua casa até ali.
12:49Eu fui informado pelo detetive de desaparecidos que a Christine morava num apartamento com
12:54Eric e o filho de 3 anos.
13:00Na noite de 3 de janeiro de 1999, ela foi várias vezes à lavanderia do condomínio
13:07e em determinado momento não voltou mais para o apartamento.
13:10O Eric só deu queixa do desaparecimento dela várias horas depois.
13:20Na verdade, só fez isso na manhã do dia 4 de janeiro.
13:24O Eric disse que só ligou para a polícia na manhã seguinte porque o relacionamento
13:33deles estava tenso e ele achou que a Christine tinha ficado com raiva dele.
13:37Ele pensou que ela voltaria para casa mais tarde.
13:42Eu achei isso um pouco suspeito.
13:44Ela tinha ido embora?
13:45Ela entrou num carro e foi embora?
13:47Era noite.
13:48Parecia um tanto improvável isso.
13:50Então eu passei a suspeitar dele.
13:53Eric Wilkie contou aos investigadores responsáveis por casos de desaparecimento que não tinha
13:58nenhum envolvimento no sumiço de Christine.
14:01Ele aceitou ir conversar com Patty na delegacia de Nashville.
14:06Eu voltei literalmente ao ponto de partida.
14:08Tinha que entender por que ele disse aquilo e ver se iria se contradizer, se haveria alguma
14:14mudança na versão que ele tinha dado.
14:16Eu estou te avisando Eric, se descobrirmos que você está envolvido nisso, você não
14:21conseguirá ir além disso, nem enganar, confundir ou ludibriar a polícia.
14:26Isso não vai acontecer.
14:28Tudo bem.
14:29Pode acontecer por um minuto, por dois minutos.
14:31Pode acontecer por uma semana, mas eu entendo o que você está dizendo.
14:35Tá, eu espero que não, se alguém se envolver com isso, eu espero que não dure mesmo.
14:39Exato.
14:40Eu quero que você se lembre do que está dizendo agora, porque se nós conseguirmos
14:43mostrar que você está envolvido, Eric, não teremos escolha e eu sei que você entende
14:48isso, mas teremos que fazer o nosso trabalho.
14:51Mas nós não precisamos fazer de tal maneira que prejudique você.
14:56Nós podemos fazer isso trabalhando juntos e nós estaremos com você desde esse momento
15:01até o fim.
15:03Isso não vai mudar, nós estaremos juntos.
15:06Sabe, eu faço isso o tempo todo, o David Miller faz isso o tempo todo também.
15:12Eu só não quero que você pense que pode blefar, que pode saber alguma coisa e não
15:17contar.
15:18Você entende...
15:19Você sabe quando alguém está blefando.
15:20Você entende como...
15:21Coloque-se no lugar de um jurado, vamos pensar mais adiante.
15:24Coloque-se no lugar de um jurado, ele vai olhar e pensar como esse homem pode deixar
15:30o Zachary sem mãe e o jurado vai fazer uma imagem sua e tentar entender, tentar achar
15:36o motivo do Eric para ele não cooperar com a polícia, ao não dizer, olha, foi num momento
15:42de raiva e eu me arrependi na hora, eu sinto muito o que tem acontecido, fui o responsável,
15:47mas...
15:48Ou seja, culpado, mas com um motivo, digamos assim.
15:51E você tem um motivo por causa do relacionamento conflituoso e etc, sei lá, seja o que for.
15:57Mas lembre-se, nós temos 110, 120 homicídios que investigamos por ano e muitos são semelhantes
16:02a esse caso.
16:03Homicídios mesmo?
16:04Homicídios mesmo.
16:05Não, estou falando de homicídios, homicídios e muitos começaram exatamente assim, pessoas
16:09desaparecidas, aí vem a queixa e a pessoa que fez a queixa acaba sendo a pessoa que
16:15cometeu o crime.
16:16Eu imagino que seja a família.
16:18Nada me deu certeza quanto ao Eric estar envolvido ou não.
16:21Eu não fazia ideia àquela altura.
16:23A Cristine e o Eric se conheceram através da música, porque os dois trabalhavam com
16:31produção musical e estavam no mesmo ramo.
16:33A Cristine namorou por pouco tempo com o Eric e logo ficou grávida.
16:42Ela estava adorando ser mãe e teve um bebê pequenininho batizado de Zachary.
16:50Ela estava no céu.
16:54Mas ela estava muito preocupada por causa do estilo de vida do Eric.
16:59O estilo de vida da música não combina bem com bebês e eu não sei se ele estava
17:05pronto naquele momento para ser pai.
17:10Acho que nessa época ela estava com muita raiva dele, porque ele não era muito presente.
17:17E acho que ela se sentia sozinha e provavelmente sobrecarregada.
17:26Eu soube que o Eric e a Cristine estavam brigando muito e estavam tendo problemas.
17:35Mas ela tinha esperanças.
17:36Esperava que tudo melhorasse.
17:38Testemunho histórias reais.
17:41Foi uma das mortes mais violentas que eu já vi em toda a minha vida.
17:44Câmera Crime.
17:45Nova temporada.
17:46Estreia na próxima segunda, às 10 da noite, no ID.
17:50Os vizinhos ainda não acreditam no que aconteceu.
17:53Já dá medo ser mulher e ser jovem, entende?
17:56E pensar que você nem pode ir à lavanderia sozinha e se proteger.
18:02É uma pena.
18:04Os detetives concluíram que Cristine havia deixado o condomínio no próprio carro.
18:08Mas ao revisarem a queixa de desaparecimento, um detalhe se destacou.
18:12Quando o Eric deu queixa do desaparecimento dela, ele também deu do carro.
18:17Nós tentamos localizar o carro.
18:22Então a polícia se esforçou para encontrar o carro.
18:28Alguns dias depois, quem encontrou o carro?
18:31A polícia não.
18:32O Eric encontrou.
18:35Foi uma descoberta estranha.
18:36O carro não estava no local do crime, mas perto do condomínio.
18:40Ele encontrou o carro numa área residencial próxima, abandonado.
18:46O Eric levou o carro do local onde encontrou até o condomínio, sem avisar a polícia.
18:53Só soubemos que ele havia encontrado o carro quando ele chegou em casa, e aquilo era suspeito.
19:01Quando eu soube, fiquei bastante confusa.
19:03Ele devia saber.
19:04Não, não se mexe em evidências.
19:13Eu fiquei muito mais desconfiada dele, para dizer o mínimo.
19:21Os peritos foram chamados ao local.
19:24O carro foi apreendido e eles procuraram evidências físicas, e nada foi encontrado que ligasse
19:32o carro a cena do crime.
19:35Mas nós encontramos a bolsa da testemunha, e havia dinheiro dentro dela.
19:41Naquele momento, nós não sabíamos se isso era relevante ou não.
19:44Nós só sabíamos que o namorado dela estava se enrolando no caso cada vez mais.
19:50Com suspeitas cada vez maiores sobre Eric, Pat fez uma visita a ele no apartamento que
19:54dividia com Christine.
19:56A minha interação com ele foi normal.
19:59Ele estava um pouco nervoso, mas quem não fica nervoso ao falar com a polícia?
20:03Podia não ter nada a ver com o caso, e sim o fato de eu ser policial.
20:07Por outro lado, eu já vi o contrário também.
20:10O Eric podia agir tranquilamente e mesmo assim ser um assassino frio.
20:13Pat viu uma coisa que fez o suspeito aumentar ainda mais.
20:22Eu notei que ele estava instalando um piso novo.
20:27Na verdade, eu achei aquilo bem suspeito.
20:30Quando algo assim acontece, a primeira coisa que pensamos é que o suspeito está tentando
20:35esconder ou eliminar evidências.
20:37Obviamente, nós pensamos, se há algo embaixo desse piso, nós queremos saber o que é.
20:44Eu perguntei e ele disse que o piso era ruim ou estava estragado e que eles planejavam
20:49trocá-lo a via tempo.
20:52Eu perguntei se ele permitiria que fizéssemos uma busca e ele concordou.
20:57Aí nós enviamos uma equipe de peritos e eu pedi que eles olhassem tudo e que descobrisse
21:02se ele estava trocando o piso por causa de alguma coisa que estivesse por baixo.
21:06E queríamos encontrar evidências, talvez sangue ou qualquer coisa ligada à nossa
21:10vítima.
21:11A prova de que Eric havia assassinado Christine poderia estar escondida embaixo do piso, em
21:15qualquer ponto do apartamento.
21:18Mas nós levantamos o carpete, levantamos a manta e não havia sangue, nenhum sinal
21:26de sangue.
21:31Determinado a não deixar passar nenhum detalhe, Pat pediu que seus investigadores ampliassem
21:36a busca por pistas.
21:38Eu solicitei toda a movimentação bancária dele, os registros telefônicos.
21:42Será que ele tinha ligado para alguém antes da Christine sumir e ligado novamente depois?
21:47Será que ele havia feito depósitos estranhos e sacos incomuns na época do desaparecimento?
21:53Mas as buscas não deram em nada.
21:55Pat e sua equipe teriam que investigar mais a fundo.
22:01Eles bateram em todas as portas do condomínio.
22:03Alguns vizinhos estavam em casa, outros não, mas ninguém tinha visto nada suspeito.
22:09Durante essa investigação, eu não tive nenhum outro suspeito.
22:12Nenhum nome surgiu de outro possível suspeito.
22:15Não houve um telefonema de alguém dizendo, investigue essa pessoa ou aquela.
22:18Nós não tivemos nada assim.
22:22Quando a minha tia Cris morreu, tanto a minha mãe quanto a irmã dela, Sandy, estavam convencidas
22:28de que o Eric era o assassino.
22:32Como o Eric era o maior suspeito, nós tínhamos que continuar de olho nele.
22:37Nós sabíamos que havia tensão e problemas em casa, e isso fazia o Eric parecer mais
22:41suspeito.
22:42Naquele momento, nós decidimos aplicar o teste do polígrafo.
22:46O polígrafo, também conhecido como detetor de mentiras, poderia mostrar aos detetives
22:51se Eric estava escondendo alguma coisa ou não.
22:54O técnico do polígrafo disse que ele havia passado em algumas perguntas, mas que mostrou
22:59problemas em questões importantes.
23:03Por fim, Eric Wilke foi reprovado no polígrafo e mentiu.
23:07Um mês após o corpo de Christine Uman ter sido encontrado, o namorado com quem ela morava,
23:20Eric Wilke, ainda era suspeito do assassinato.
23:23E ele havia sido reprovado no polígrafo.
23:28Se não tinha passado no polígrafo e não foi só isso, o teste foi uma grande decepção,
23:33e isso indicava fortemente que ele havia cometido um crime.
23:39Eu pessoalmente não acredito muito no polígrafo, porque já vi gente inocente ser reprovada
23:43e gente culpada ser aprovada.
23:45E quando o Petty analisava todos os detalhes, o corpo, a cena do crime, o polígrafo, algo
23:54não se encaixava.
23:55A maioria dos detetives achava que o Eric era culpado, mas o Petty achou que havia
24:00algo a mais e isso nos levaria a uma direção diferente.
24:04Eu não conseguia acreditar que ele estivesse envolvido.
24:07Havia possibilidade, mas eu pendia mais para ele ser inocente do que ser culpado.
24:11Mas eu precisava saber, eu precisava chegar ao ponto de decidir por um lado ou por outro,
24:15e isso se faz com evidências.
24:25Há uma cópia da gravação de um telefonema que foi feito para a casa de Eric Wilkie.
24:55O
25:18Disque Denúncia é um número para onde você liga anonimamente e passa informação sobre
25:22qualquer crime que testemunhou.
25:24E eles te dão um número em troca dessa informação e você pode ganhar até mil dólares.
25:31Eles disseram que iriam dar a informação anonimamente.
25:49O que o Eric não sabia é que o telefonema não era de verdade.
25:56Eu pedi que uma das secretárias e um dos policiais se passassem por dois namorados.
26:03E o roteiro era que eles iriam ligar para o Eric e tentar convencê-lo a lhe dar dinheiro
26:11porque eles tinham visto alguma coisa que o incriminava.
26:16Se o resultado fosse de um modo, me mostraria que o Eric era culpado.
26:20Se fosse de outro modo, mostraria provavelmente que ele era inocente.
26:46Eu não sabia o que aconteceria, eu não sabia qual seria o resultado.
26:59E ele ter dado meu nome e pedir que ele ligasse para mim, me mostrou que ele não estava envolvido
27:06na morte da Cristine.
27:14Eu estava no trabalho e vi uma reportagem na TV e ouvi o nome da Cristine.
27:19E eu lembro que eu ouvi a palavra corpo.
27:22E, sabe, meus joelhos fraquejaram, dizem que as suas pernas fraquejam e eu literalmente
27:33caí de joelhos.
27:34E eu comecei a chorar e, sabe, foi difícil, foi demais.
27:55Aquilo foi a coisa mais difícil que eu já passei na vida.
28:02Era o fim, não havia a esperança dela estar em algum lugar e naquele momento foi o fim.
28:13Então foi um golpe duro.
28:18Descartamos o Eric Wilkie e quem mais poderia ser?
28:21Ela não tem família.
28:23Não havia ninguém para dizer, bom, talvez esse cara ou aquele outro cara.
28:27Não havia ninguém além do Eric Wilkie.
28:31Então agora estávamos provavelmente lidando com um crime cometido por um estranho.
28:37Enquanto os meses se passavam sem nenhuma pista, Pat esperava que ao menos uma das pistas
28:42guardadas em sua memória o ajudasse a encontrar a verdade.
28:48Eu estava tentando lembrar de tudo, da cena do crime, do riacho, da lavanderia, do apartamento.
28:58Por que Brush Creek?
29:00Todas essas coisas passavam pela minha cabeça todos os dias.
29:03E até que eu solucionasse o caso, virou uma coisa pessoal.
29:09Todos os objetos que havíamos coletado na cena do crime, incluindo o maço de cigarros,
29:14o jornal, a garrafa, todos foram testados e nada os ligava à vítima.
29:19Não havia DNA nem impressões digitais.
29:22Havia possibilidade real desse caso permanecer sem solução.
29:31Os detetives já haviam batido em todas as portas do condomínio de Christine, mas não
29:35tinha sido o suficiente.
29:37Pat voltou ao local.
29:39Eu sou a favor de conversar com as pessoas, não uma, duas, mas se preciso dez vezes.
29:44A pessoa que estava lá na noite do crime poderia não estar nas três vezes em que
29:48você foi lá antes.
29:49Você volta quantas vezes forem necessárias para conversar com alguém que talvez tenha
29:52visto alguma coisa.
29:55Eu voltei lá e conversei e conversei e interroguei pessoas diferentes.
30:00E foi aí que eu fiquei sabendo que alguém estava escondendo um grande segredo que poderia
30:04solucionar o caso.
30:11Era junho de 1999 e o assassinato de Christine Uman continuava sem solução.
30:17O detetive Pat Postiglione voltou ao condomínio onde ela havia morado.
30:21A Divisão de Homicídios estava trabalhando no caso havia três meses.
30:27Todos os moradores do condomínio que conseguimos localizar foram interrogados várias vezes.
30:34Na verdade, vários vizinhos me contataram e me deram informações sobre uma pessoa ou
30:38outra como possíveis suspeitas.
30:40Eles poderiam ter visto isso ou aquilo e você precisa checar tudo.
30:45Muitas vezes isso dá num beco sem saída e outras você só sabe que é um beco quando
30:50chega lá.
30:51É preciso ser muito persistente num caso assim.
30:55Finalmente, a visita a um vizinho rendeu uma peça importante na montagem do quebra-cabeças.
31:03Eu soube que havia um indivíduo que costumava ir naquele condomínio e ia regularmente para
31:08visitar um dos moradores.
31:10Esse morador havia sido interrogado pela polícia e não desconfiava que o amigo pudesse ter
31:15alguma ligação com o caso, nem imaginava isso.
31:18Ele nem pensou em mencioná-lo para a polícia.
31:20O amigo dele chegava bêbado e quando ele estava assim ele não o deixava entrar no
31:24condomínio.
31:25Ele o mandava para o estacionamento beber, se era isso que ele queria fazer.
31:30Então eu pedi a esse morador, poderia me mostrar exatamente onde no estacionamento
31:34o seu amigo para o carro, se estiver bebendo no carro?
31:38E o morador me mostrou o local onde o amigo dele estacionava o carro e era bem em frente
31:44à lavanderia, então a Christine Newman teria que passar por ele para ir lavar suas
31:49roupas.
31:50É claro que aquilo chamou a minha atenção e eu soube que o nome desse indivíduo era
31:57Tommy Jones.
32:00Eu queria saber mais sobre esse Tommy Jones, que tipo de pessoa era, se tinha ficha na
32:04polícia.
32:06Eu vi que ele tinha uma ficha criminal bem extensa, ele havia sido preso inúmeras vezes,
32:12ele havia violado a liberdade condicional e foi preso novamente, ele havia cometido
32:18atos de violência, tinha um histórico de roubos.
32:22Ao examinar a ficha criminal, Pat descobriu algo que poderia ligar Tommy Jones ao caso.
32:28Eu soube que o Tommy Jones era o chamado ladrão de calcinhas, ele invadia casas e quartos
32:34de mulheres para roubar calcinhas.
32:41Eu também descobri que ele havia roubado um carro e dentro do carro havia um cesto
32:45cheio de calcinhas de mulheres, então ele fazia mesmo essas coisas.
32:50Poderia ser a indicação de um motivo.
32:53Eu procurei uma ligação com o fato da Christine estar indo e voltando à lavanderia.
32:59Veja, um ladrão de calcinhas pode cometer crimes mais graves, ele pode começar espiando,
33:04depois cometer um estupro, cometer um homicídio e talvez isso tenha ocorrido com Tommy Jones.
33:11Então quando eu vi isso, fiquei muito interessado em Tommy Jones, em descobrir se ele era o
33:15assassino.
33:16E eu comecei a me concentrar nele, onde ele está, onde ele está hoje, onde ele estava
33:22ontem e descobri que ele estava preso.
33:24O que foi um revés, porque se ele estava preso, ele não poderia ter matado a Christine.
33:32Não se ele estivesse mesmo preso no dia 3 de janeiro, quando a Christine foi sequestrada
33:37e morta.
33:38E o fato é que Tommy Jones não estava preso.
33:45Ele estava em condicional naquele dia em que a Christine foi sequestrada e morta.
33:50Mas como ele violou essa condicional, tinha sido preso novamente.
33:56Então eu fui à prisão na esperança de conversar com o Tommy Jones.
34:00Eu nem sabia se ele iria falar comigo, ele não era obrigado a sair da cela.
34:05Ele teria que concordar em sair e conversar comigo, e concordou.
34:10Eu comecei me apresentando, falando sobre os direitos dele, eu fiquei analisando a reação
34:16dele e então comecei a falar sobre a Christine.
34:22Eu havia levado uma fotografia dela, eu peguei a foto da Christine e passei para ele.
34:31Assim que eu passei a foto da Christine para o Tommy e perguntei, você conhece essa jovem?
34:36Ele olhou para a foto, se levantou e disse, essa conversa acabou.
34:46Pat Postiglione tentou falar com Tommy Jones sobre o homicídio de Christine Uman, mas
34:51o suspeito não quis falar a respeito.
34:54Assim que eu passei a foto da Christine para o Tommy e perguntei, você conhece essa jovem?
34:58Ele se levantou e disse, essa conversa acabou, ou seja, ele havia reconhecido o rosto dela.
35:03Seria normal ele dizer, quem é essa?
35:06Por que me mostrou a foto?
35:07Ele não disse nada disso, só a conversa acabou.
35:10Isso me mostrou que ele era o assassino de Christine Uman.
35:14Agora Pat considerava Tommy Jones o seu principal suspeito, mas provar que ele havia matado
35:20Christine não seria fácil.
35:22Até ali era um caso circunstancial, não havia DNA ligando Tommy Jones à vítima.
35:28E os peritos não tinham encontrado nada no carro dela.
35:31A mente de Pat voltou ao estranho local onde o corpo de Christine estava.
35:39Eu creio que o que mais me incomodava era o local onde o corpo da Christine tinha sido
35:43encontrado.
35:45Como ele tinha chegado lá?
35:48Nesse caso em particular, não fazia sentido para mim o suspeito ter feito tanto esforço
35:54para levar a vítima até lá, porque o local era de muito difícil acesso.
35:58O corpo da Christine estava em estado avançado de decomposição, apesar do pouco tempo de
36:03desaparecimento.
36:04Minha teoria era de que o corpo havia ficado submerso naquele riacho, no ponto correspondente
36:09ao da margem em que ele havia sido encontrado.
36:12Na época em que encontramos os restos dela, o riacho não tinha correnteza suficiente
36:17para ter carregado o corpo, o que obviamente me mostrou que isso não havia acontecido.
36:22Mas nos dois meses antes do corpo ter sido encontrado, a região tinha recebido chuvas
36:27fortes.
36:28Eu conversei com a Secretaria de Recursos Naturais do Tenency e eles me informaram que
36:33o nível do riacho tinha subido durante várias semanas.
36:36O corpo poderia ter sido transportado até o local onde foi encontrado, sem dúvida poderia
36:43ter sido levado pelo aumento do nível das águas.
36:46Mas depois as chuvas pararam e o nível do riacho voltou a baixar, mas o corpo dela não
36:52saiu mais do lugar, ele ficou onde estava.
36:55A pergunta era, como o corpo tinha ido parar no riacho?
36:59Só podia ter sido jogado da ponte que eu tinha visto no local do crime.
37:03A ponte levava a uma pequena comunidade e eu fui até lá conversar com os moradores
37:08para ver se eles conheciam Tommy Jones.
37:10E eu descobri, conversando com parentes, com amigos, que colaboraram, Tommy Jones frequentava
37:16a região de Brush Creek e ele passeava por lá.
37:19Ficou claro que Tommy Jones conhecia bem aquela ponte.
37:23Eu tinha certeza de que Tommy Jones havia matado a Christine.
37:30Após um ano trabalhando nesse caso, analisando evidências, eu creio que sei o que aconteceu
37:35naquele 3 de janeiro.
37:39Sabemos que a Christine foi várias vezes à lavanderia do condomínio para lavar roupas.
37:45O Tommy Jones chegou ao apartamento do amigo.
37:48Ele estava bêbado, então o amigo mandou que ele ficasse no carro se quisesse beber.
37:53E o carro dele ficou estacionado bem perto da lavanderia onde a Christine estava lavando
37:58roupas.
38:00Eu sei que o Tommy Jones tinha um fetiche doentio por roubar calcinhas femininas.
38:04Faz sentido que ele tivesse ficado interessado em roubar algumas calcinhas dela.
38:10A gente imaginava que Tommy Jones havia observado todos os movimentos de Christine de dentro
38:15de seu carro.
38:17Enquanto a roupa estava sendo lavada, ela decidiu ir à farmácia.
38:21Nós sabemos disso porque a carteira dela foi encontrada no banco da frente do carro.
38:32Quando ela entrou no carro, eu suspeito que o Tommy Jones a abordou.
38:39Ele a dominou e tomou a direção do carro.
38:45E então ele a levou do condomínio até Brush Creek.
38:49Mas a grande dúvida de Pat era onde Christine tinha sido morta.
38:54Muitas teorias me ocorreram.
38:56Será que a vítima foi morta na lavanderia?
38:59Não fazia sentido, tinha muita gente que poderia vê-lo.
39:03Eu acredito que houve estupro, é especulação minha, mas ele tinha essa tendência.
39:08Eu acho que ele a levou para a região do riacho para poder estuprá-la e matá-la sem
39:12ser visto por ninguém.
39:14Então ele se livrou do corpo.
39:17A minha teoria é que o Tommy Jones parou o carro dela em cima da ponte, retirou o
39:22corpo e o jogou no riacho, talvez com um peso para que ficasse submerso e não fosse encontrado.
39:33Depois que ele se livrou do corpo, levou o carro dela de volta ao estacionamento perto
39:38do condomínio.
39:39E por que fez isso?
39:40Porque o carro dele estava no condomínio.
39:41Mas ele não poderia ter dirigido até lá, correndo o risco de ser visto.
39:45E aí ele pegou o carro dele, então o ligou e foi embora.
39:50Eu creio que o corpo da Christine ficou submerso no riacho nas nove semanas antes de ser encontrado.
39:56E por estar submerso, a decomposição foi acelerada.
40:00Mas os objetos encontrados ao lado do corpo da Christine, os tênis e a blusa, de fato
40:06pertenciam a ela.
40:07A garrafa, o maço de cigarros e o jornal foram trazidos pelo riacho e não tinham ligação
40:12nenhuma com ela.
40:13Possíveis provas que não eram nada, mas que ficaram na minha memória.
40:18Com base nas deduções de Petty, a promotoria fez a acusação a Tommy Jones.
40:24Ele decidiu se declarar culpado e foi condenado a 20 anos.
40:29O motivo do crime, de natureza sexual e violenta, ficou absolutamente claro quando Petty ouviu
40:35o que Jones havia contado ao outro detento.
40:39Eu fiquei sabendo que o Tommy Jones admitiu para outro detento que ele não só havia
40:44matado a Christine, mas que sentiu prazer nisso.
40:50E disse também que quando fizesse de novo e se fizesse de novo, iria gravar em vídeo.
40:57É, ele disse essas palavras, e essas palavras chegaram até mim.
41:04Então, que tipo de pessoa poderia dizer uma coisa dessas?
41:12Eu acho que quando chegar a minha vez de deixar esse mundo, eu a verei de novo.
41:17E é isso que me mantém, sabe, seguindo, é isso que não deixa tudo ser tão horrível.
41:27Toda noite eu penso nas possibilidades.
41:31E se a gente não tivesse lavado a roupa naquela noite, isso teria acontecido?
41:37Será que poderíamos ter feito algo diferente?
41:41Eu senti uma grande culpa, isso me atormentou por muito tempo.
41:46Durante o primeiro ano da morte dela, as coisas foram muito difíceis às vezes.
41:51Eu pedia a ajuda dela, sabe, eu levantava minha mão assim.
41:55Parece estranho, mas eu senti a presença dela.
41:59Eu só contei isso pra você.
42:04Eu espero que ela olhe pra cá e veja que o Zachary está bem.
42:08As coisas melhoraram muito depois.
42:11Eu acho até que ela gostaria de me ver feliz.
42:18Quanto ao filho de Christine, Eric e Zachary, ele teve que crescer sem a mãe.
42:23Hoje, ele está com 22 anos.
42:28Eu tinha três anos e meio, quando a minha mãe foi sequestrada e morta.
42:35Então, por causa disso, eu não tenho nenhuma lembrança da minha mãe, nenhuma lembrança.
42:40Mas eu penso muito nela.
42:43As únicas imagens que eu tenho na cabeça, quando eu quero pensar na minha mãe,
42:48são as fotos que eu tenho dela.
42:51Ela era muito bonita e tinha um sorriso muito bonito também.
42:55Eu sempre ouço isso do meu pai.
42:57Ele sempre diz pra mim que o meu sorriso é igualzinho ao dela,
43:00o sorriso mais bonito do mundo.
43:05Quando eu resolvo um caso, eu acredito que isso é bom para a família,
43:09porque eles dão o sentido de justiça.
43:12Se não fosse pelo peto Postiglione,
43:17eu acho que nós não teríamos encontrado o verdadeiro assassino nesse caso.
43:23Parece que esse cara nasceu pra achar...
43:29gente má.
43:32Faz quase 20 anos que Christine Uno morreu.
43:35O local onde ela foi encontrada, à margem do Riacho, está gravado na minha mente.
43:39Tommy Jones achou que o Riacho esconderia o segredo dele,
43:42mas se você souber procurar, sempre acaba encontrando a verdade.