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José Velloso, presidente da Abimaq, analisou no Real Time os efeitos da redução tarifária entre Estados Unidos e China. A decisão pode mudar a dinâmica do setor de máquinas e equipamentos, com reflexos diretos para a indústria brasileira.

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Transcrição
00:00Como nós sabemos, Estados Unidos decidiram reduzir as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%,
00:08enquanto a China vai diminuir os impostos sobre as importações americanas de 125% para 10%.
00:17Essa medida pode ter impactos diretos no setor de máquinas e equipamentos.
00:22E para discutir os reflexos no mercado, nós conversamos agora com José Veloso,
00:26presidente executivo da ABMAC, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
00:33Bom dia, José. Seja muito bem-vindo ao nosso jornal.
00:37Bom dia. É um prazer estar com vocês aqui nesta manhã.
00:40José, olha só. Como que a guerra comercial, queria uma análise do senhor,
00:43como é que a guerra tem impactado o setor de maquinários no Brasil
00:46e como essa redução temporária de 90 dias, se ela se consolidar, pode ser uma oportunidade?
00:53Olha, a guerra comercial dos Estados Unidos com a China começou em 2017.
00:59A partir de 2018 foi recrudescendo.
01:04O Trump I, o primeiro governo do presidente Trump, colocou obstáculos para os produtos chineses
01:11e aí os chineses começaram a trabalhar novas realidades e procurar novos mercados pelo mundo.
01:17Ao mesmo tempo, o crescimento chinês também se desacelerou, embora continuando crescendo,
01:24crescendo menos e estão sobrando mais produtos manufaturados na China.
01:28Quando vem o Biden, ele aumenta esse problema da guerra comercial com a China.
01:34E agora, com o Trump II, barreiras enormes foram colocadas até esse acordo que você menciona.
01:42O que acontece? Essa guerra comercial, que já vem lá de trás,
01:47ela já vem causando danos na indústria manufatureira brasileira em setores importantes,
01:54um deles de máquinas e equipamentos.
01:56Aumentou muito a importação de máquinas chinesas, que é o que a gente chama de desvio de comércio.
02:01Então, aquelas máquinas que passaram a não ir mais para os Estados Unidos
02:04e também a própria consumo interno da China diminuiu, elas começaram a procurar novos mercados.
02:10E um dos mercados que eles encontraram foi o nosso mercado brasileiro.
02:14Então, só em 2024, portanto, antes do Trump, a importação de máquinas da China cresceu 34%.
02:22E a China é a principal origem de máquinas importadas do Brasil.
02:26O Brasil importa 9 bilhões de dólares por ano.
02:30Mas não é só o setor de máquinas.
02:31Nós acompanhamos aí nos últimos meses o setor automotivo, o setor de confecção,
02:37o setor siderúrgico, o setor de brinquedos, o setor de calçados, enfim.
02:42Vários setores no Brasil reclamando de uma invasão de produtos chineses.
02:47O que acontece agora?
02:48A China, logicamente, com aquela tarifa de 145%,
02:54aquilo era praticamente impossível vender nos Estados Unidos.
02:58Agora, com essa redução da tarifa para 30%,
03:01os riscos aqui no Brasil continuam,
03:05mas menos grave do que com aquela tarifa de 145%.
03:12Agora, na nossa opinião, o desvio de comércio,
03:16a vinda de máquinas importadas...
03:18Como estava vindo já de alguns anos.
03:23E não é porque a tarifa, por 90 dias, foi renegociada uma nova tarifa
03:29e os chineses vão parar de procurar novos mercados.
03:33Então, nós temos, sim, um problema sério,
03:35porque o produto chinês chega no Brasil com preços aviltados
03:38e a gente sabe que a China não é economia de mercado
03:42e eles utilizam ferramentas que não são aceitas comumente pelas regras da OMC.
03:51Agora, já que o senhor citou esse desvio de rotas, enfim,
03:55a guerra comercial tem gerado um realinhamento da cadeia global de suprimentos,
03:59como o senhor mesmo disse.
04:01Agora, a indústria nacional está conseguindo se reposicionar
04:05ou se posicionar como uma alternativa viável?
04:09E já emendo com uma pergunta, qual que é o desafio para a indústria nacional
04:13se consolidar como uma alternativa viável para os fornecedores globais?
04:19Olha, o Brasil tem um problema sério do custo, o Brasil.
04:23Produzir no país bens manufaturados de uma forma geral
04:28não é... nós não temos muita competitividade.
04:31Então, o Brasil acaba se especializando naqueles setores da indústria
04:36que estão ligados a setores onde nós temos vantagens comparativas.
04:40Então, eu vou dar um exemplo aqui do meu setor.
04:43Máquinas agrícolas.
04:44O Brasil importa muito pouco máquinas agrícolas.
04:47Nem 10% do que nós consumimos é importado.
04:50Por quê?
04:50Porque o Brasil desenvolveu uma tecnologia forte
04:53em função de ter uma vantagem comparativa nesse setor.
04:57Então, naqueles setores onde o consumo no Brasil tem...
05:02O consumidor da máquina tem vantagens comparativas,
05:05o Brasil aí sim tem nichos.
05:08Nós exportamos relativamente bem.
05:11Eu falo relativamente bem porque o Brasil exporta muito pouco
05:14em termos absolutos de máquinas...
05:19Desculpa, de bens manufaturados.
05:22E máquinas e equipamentos é um dos setores que se destaca.
05:24O Brasil exporta 14 bilhões de dólares por ano em máquinas.
05:29Agora, a gente se especializou em nichos,
05:32como esse que eu citei, das máquinas agrícolas,
05:35mas também componentes de máquinas,
05:37máquinas para construção civil,
05:38onde o Brasil exporta muito.
05:40Então, quer dizer, eu imagino que o Brasil
05:43vai continuar se especializando em nichos,
05:46não somente na indústria de máquinas e equipamentos,
05:49mas na indústria como um todo.
05:51E quais são os principais riscos para o setor de máquinas e equipamentos
05:56se esse cenário de instabilidade comercial global se prolongar?
06:00Porque, sim, houve essa pausa,
06:02mas ainda há uma incerteza se isso não vai retroceder
06:06depois de 90 dias.
06:07Se essa instabilidade virar uma constante,
06:10o que vai acontecer com o setor de máquinas e equipamentos?
06:14Nós temos dois riscos,
06:16mas também temos oportunidades.
06:17Os dois riscos são, primeiro, aquele que eu já falei no começo,
06:20que é desvio de comércio.
06:22Então, a China tem realmente buscado novos mercados.
06:26E a gente vê lá, inclusive, nesses acordos que foram assinados
06:32essa semana entre o Brasil e a China,
06:34alguma até facilitação de questão de logística
06:37para importação de bens manufaturados no Brasil.
06:40Pelo menos isso é o desejo da China,
06:43e o Brasil precisa tomar cuidado com isso.
06:45Agora, então, o primeiro risco importante é desvio de comércio
06:49e a China buscando novos mercados.
06:51Isso, para mim, fica claro no que o presidente Xi Jinping
06:54falou essa semana.
06:56O segundo risco, aí é para o setor de máquinas e equipamentos,
06:59que é a tarifa de 10% lá nos Estados Unidos.
07:05Existe até uma certa comemoração no país
07:08de que os 10% ficaram baratos,
07:10porque vários outros países tiveram alíquotas mais altas.
07:13Mas, no caso de máquinas e equipamentos,
07:16os Estados Unidos é um importante fabricante de máquinas,
07:20e as máquinas fabricadas nos Estados Unidos
07:22competem com as máquinas fabricadas no Brasil.
07:26E 26% de tudo que nós exportamos em máquinas
07:30é para os Estados Unidos.
07:31É o principal destino das nossas exportações.
07:34E as máquinas que nós vendemos para lá
07:36não são complementares.
07:39Ou seja, nós concorremos com produtos americanos.
07:41Então, quando se coloca uma taxa de 10% sobre o Brasil,
07:46se, por um lado, você pensa que ela é melhor
07:48porque para outros países colocaram mais,
07:50mas, no caso de máquinas e equipamentos,
07:52tirou 10% da nossa competitividade
07:55em relação ao nosso concorrente dentro dos Estados Unidos.
07:59O Brasil importa dos Estados Unidos
08:014 bilhões de dólares por ano em máquinas.
08:04Isso pode vir a aumentar.
08:06E nós exportamos para os Estados Unidos
08:08perto de 4 bilhões de dólares.
08:10Nós já chegamos a isso,
08:12mas no ano passado houve uma queda,
08:13exportamos 3,5%.
08:15Então, esta exportação para os Estados Unidos
08:18fica ameaçada com os 10%.
08:20Então, são dois riscos.
08:22Os 10% que os Estados Unidos colocaram sobre o Brasil
08:24e o desvio do comércio da China.
08:26A oportunidade é que alguns mercados mundiais,
08:31com essas barreiras que os Estados Unidos estão criando,
08:34e eu acredito que não para por aí,
08:35a Europa, outros países vão se proteger
08:38e vão colocar barreiras contra os chineses,
08:41porque realmente a indústria chinesa
08:43está causando danos no mundo inteiro.
08:46E quanto mais os chineses tiverem barreiras
08:49contra os seus produtos,
08:51abrem oportunidades para aqueles produtos
08:53que nós somos mais competitivos.
08:56Com toda certeza.
08:57José Veloso, eu quero muito agradecer
08:58a sua participação aqui no nosso jornal.
09:00José Veloso, que é presidente executivo da Abimac.
09:04Até uma próxima e obrigado pela presença.
09:06Ficamos aqui à disposição de vocês.
09:08Muito obrigado.
09:09Perfeito.
09:10Vamos falar agora...
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