E por vezes a alma Acorda-me dos sonhos Com uma voz diluída E os meus dedos de mármore Escrevem versos vagos e frios. Por vezes também a mim me comove A agonia das sílabas e das consoantes O soluço profundo Que emana o altar do poema.
E por vezes o que escrevo Já foi artigo de saudade Quimera abençoada, claridade proibida Alma dobrada afogada em sangue quente.
E por vezes existe dentro de mim Uma tempestade silenciosa Um sonho ingénuo Deitado no quente do meu travesseiro Um misto de oração e feitiço Cheirando a incenso.
E por vezes meus espasmos de escrita Contêm versos transparentes… Límpidos como o orvalho depositado Na claridade da manhã.
Be the first to comment