Gosto da lua nos flancos da noite Onde nem os grilos cantam Só eu. E ao silêncio peço que me acoite E ao sol que não venha Que o sonho é meu É vasta e funda a intimidade com as azuis raízes do céu E chovem de todos os poros os fluidos da estupefacção E ninguém responde E dos flancos da lua sorvo a prateada solidão das coisas Na inalação dos detritos antigos do meu vulgar desastre Negra de cristais de incenso e nua É a cor deste reciclado espanto E digo: boa noite meu amor, Como é bonita a lua!