- há 2 dias
No Papo Antagonista desta quarta-feira, 10, Madeleine Lacsko e Duda Teixeira entrevistaram Luiz Kignel, advogado especializado em Direito de Família e Sucessões, que falou sobre o universo das sugar babies e daddies.
O assunto ganhou destaque após o UOL publicar que Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, doou um apartamento de R$ 4,3 milhões para uma sugar baby.
Assista:
Em O Antagonista, você encontra um jornalismo de investigação, com análises precisas e opiniões sem concessões.
Acompanhamos de perto os bastidores da política, da economia e as principais notícias do Brasil e do Mundo.
Aqui, você confere na íntegra nossos programas: Papo Antagonista, com Madeleine Lacsko; Meio Dia em Brasília, com José Inácio Pilar e Wilson Lima; Narrativas; Café Antagonista; LadOA!; e o Podcast OA!, com convidados influentes em diversas áreas.
Se você busca informação com credibilidade, inscreva-se agora para não perder
nenhuma atualização!
"Nunca foi tão fácil se manter bem informado! Conheça nossos planos de assinatura”
https://bit.ly/planos-oa
🎧Ouça O Antagonista nos principais aplicativos de áudio, como Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, TuneIn Rádio e muito mais.
Siga O Antagonista no X:
https://x.com/o_antagonista
Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.
https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344
Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
O assunto ganhou destaque após o UOL publicar que Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, doou um apartamento de R$ 4,3 milhões para uma sugar baby.
Assista:
Em O Antagonista, você encontra um jornalismo de investigação, com análises precisas e opiniões sem concessões.
Acompanhamos de perto os bastidores da política, da economia e as principais notícias do Brasil e do Mundo.
Aqui, você confere na íntegra nossos programas: Papo Antagonista, com Madeleine Lacsko; Meio Dia em Brasília, com José Inácio Pilar e Wilson Lima; Narrativas; Café Antagonista; LadOA!; e o Podcast OA!, com convidados influentes em diversas áreas.
Se você busca informação com credibilidade, inscreva-se agora para não perder
nenhuma atualização!
"Nunca foi tão fácil se manter bem informado! Conheça nossos planos de assinatura”
https://bit.ly/planos-oa
🎧Ouça O Antagonista nos principais aplicativos de áudio, como Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, TuneIn Rádio e muito mais.
Siga O Antagonista no X:
https://x.com/o_antagonista
Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.
https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344
Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00A gente conversa agora com o Luiz Kignel, que é advogado especializado em direito da família e sucessões.
00:07E eu passo a bola para a Amadak fazer a primeira pergunta.
00:11Bom, querido, seguinte, nós temos agora na política a história da palavra sugar baby.
00:21Duda, explica para o povo onde que surgiu a história do sugar baby.
00:25No meio daquela confusão do Banco Master, aparece uma história que o Daniel Vorcaro, que era o presidente do Banco Master,
00:35teria feito uma doação de 4,3 milhões de reais para uma moça, acho que é para comprar um apartamento.
00:43E ela se diz ali que ela era uma sugar baby do Rolis Magalhães, que por sua vez é réu numa investigação sobre tráfico internacional de cocaína.
00:58Então, são três pessoas envolvidas, mas tem essa coisa curiosa de que ela alega isso no tribunal ali, com naturalidade.
01:08Acho que a gente nunca tinha visto uma coisa parecida dessa.
01:10Você já viu sugar baby em processo judicial?
01:16Não assumindo a posição, eu já vi.
01:18Mas é curioso, você viu como a vida política já foi para a área criminal, agora está na área de família.
01:26Sugar baby é uma coisa que existe desde os primórdios, mas é uma coisa sempre oculta.
01:32E foi curioso essa moça ter optado pela sua própria exposição nesta condição.
01:41Imagino eu em proteção a si mesma.
01:44Melhor ser sugar baby do que estar associada ao tráfico.
01:48Então, eu vou me defender, vou me blindar por aqui e vou me posicionar.
01:53Com a ressalva de que ela não fez nada errado do ponto de vista pessoal.
01:59Ela tem uma relação com uma terceira pessoa.
02:01Quando você fala que não fez nada errado, é porque ser um sugar baby, ou um sugar daddy, ou um sugar mommy,
02:08isso não é crime em lugar nenhum aqui.
02:12Pelo menos no Brasil não tem isso.
02:13As pessoas podem voluntariamente falar assim, eu vou receber um patrocínio de alguém e vou, sei lá, vou para festas com ele, qualquer coisa desse tipo.
02:22Mas é exatamente isso.
02:24É exatamente isso.
02:27Essa relação é uma relação de duas pessoas maiores, capazes, que por uma conveniência pessoal,
02:36querem ter uma vida normalmente no privado e não no público.
02:39Porque o sugar daddy e o sugar baby também tem essa característica.
02:42Quer dizer, eu posso ter essa relação no privado ou eu posso ter essa relação pública nas festas, onde mais seja.
02:49E é uma relação onde não há um crime.
02:53No ponto de vista do direito de família, nós temos que separar a questão moral, que aqui se pode condenar.
03:01E aí eu participo dessa corrente, porque bonito não é.
03:04Mas você tem que olhar o direito de família no entendimento do que pessoas maiores e capazes desejam fazer, sem fazer mal a terceiros.
03:15Então essa relação é uma relação que no direito de família passa na margem, não tem proteção legal, é importante que se diga isso.
03:23O relacionamento dessas pessoas não é uma relação familiar, é uma relação econômica.
03:30E a relação econômica não é protegida no direito de família.
03:35E é importante que se coloque assim, ou seja, essa pessoa não pode amanhã pedir, mas eu era a companheira dele.
03:42Eu quero alimentos, eu terminei a relação, ele me dispensou, ou ela me dispensou, porque tem o sugar mommy, tem o sugar daddy, tem tudo.
03:49Ele me dispensou, agora eu quero uma pensão alimentícia.
03:53Não tem, porque isso não é família.
03:55Entendi, no futuro não vai poder dizer que está casado ali, né?
03:58Do tipo, eu estou há cinco anos que eu sou sugar baby, isso quer dizer que eu tenho uma relação de casamento.
04:03Uma união estável.
04:04Mas não pode tentar?
04:06Pode.
04:07Então, isso faz o que, um contrato?
04:10É, a construção da união estável é uma construção que você não controla de fatos.
04:17Porque o que é a relação, o que é a união estável?
04:21É a relação pública, contínua e duradoura, por duas pessoas, tanto faz o seu sexo, né?
04:31Com o objetivo de constituir família.
04:34As pessoas que estão em união estável, elas têm o que a gente chama de estado de posse de casados.
04:41Elas vivem como se fossem casadas, sem serem casadas.
04:44Olha como isso está distante do sugar daddy.
04:48É outra relação.
04:49Mas pode acontecer que depois de uma relação como esta, muito longa, eu falo, não, mas eu tinha uma ajuda mensal, uma ajuda semestral, que fosse.
05:00Ele pagou a minha faculdade, ele pagou meu convênio médico e eu sou dependente financeira dele.
05:05Então, pela união estável, que eu tenho que provar, eu quero manter esse vínculo.
05:09É outra conversa.
05:11E você já viu gente conseguindo provar a união estável depois de ser um sugar baby por muito tempo?
05:20Eu já vi situações, eu vou falar do termo amante, né?
05:23Em que amantes, tanto faz o sexo, pretenderam transformar a relação que é a margem da lei.
05:30Porque a relação de amantes é uma relação de cama, não é uma relação de vida.
05:35A gente tem que ser realista com os fatos.
05:37O leito não forma a família.
05:39O leito se forma na família.
05:41São coisas diferentes.
05:42Então, eu já vi ações que não vingaram, pelo menos das quais eu participei, porque ficou caracterizada que não havia o que eu comentei.
05:53O desejo de formar um casal.
05:56Ou seja, a sociedade não os via como tal.
05:58Se a sociedade não os reconhece como tal, acho que eles não podem pedir a proteção legal.
06:05Eu vou ter que perguntar qual que é a diferença de sugar baby para prostituição.
06:12Eu acho que as pessoas se auto-intitulam como desejam.
06:18Eu acho que a diferença pode ser, para tentar achar uma coisa, que essa relação é uma relação mais continuada.
06:31A prostituição, normalmente, é uma relação de momento.
06:35É uma relação de evento único.
06:37A prostituição, ela pode presumir a variação dos parceiros.
06:43Enquanto que sugar baby, sugar mommy, sugar daddy, é uma relação de conveniência com um projeto de certo relacionamento contínuo.
06:54Longe de ser família.
06:55Então, se você quer dizer, como é que eu vou diferenciar a prostituição de sugar baby?
06:59Eu acho que uma é aquela relação eventual que eu pago para estar com uma pessoa.
07:05Como dizem as pessoas, eu pago para a pessoa ir embora.
07:07E no sugar baby, eu pago para ela ficar comigo por mais algum tempo.
07:12E aí eu acho que tem uma consequência disso que você falou, que às vezes, como é um relacionamento de mais tempo, de longo prazo,
07:21ele vai além do leito e aí você tem, por exemplo, esses eventos sociais, né?
07:27Quer dizer, viagens juntos.
07:30Então, num site que eu vi de sugar babies, eles mostravam ali, para chamar as pessoas para se inscreverem no site,
07:40falam assim, olha só, você vai viajar muito, né?
07:43Aliás, tem até lá um ranking que, geralmente, a Itália é o lugar onde os sugar babies mais viajam.
07:48Então, assim, você tem eventos outros, que são eventos sociais, que não estamos falando só de leito, como no caso da prostituição, né?
08:00Agora, Luiz, quando dá problema, dá problema onde?
08:04É porque alguém descobriu uma relação de sugar baby e sugar daddy?
08:10De repente, assim, os filhos do sugar daddy ou a esposa do sugar daddy que descobriu isso?
08:15Ou é a relação mesmo entre o sugar daddy e a sugar baby que dá em guia, soma que é a união estável, alguma coisa assim?
08:24Alguma cobrança financeira, além do que a pessoa pode dar?
08:27Quando dá problema, geralmente é onde?
08:29Vamos entender que a relação do sugar baby é uma relação financeira, é um comprometimento financeiro de quem está se oferecendo para esta prestação.
08:42Então, quando a remuneração para, ela é injusta e eu preciso, eu demando.
08:47Então, é uma relação que pode seguir à margem da lei.
08:53Eu vou sempre reiterar isso, é uma relação à margem da lei.
08:56Não é uma relação que a lei tem que proteger, muito pelo contrário.
08:59Porque quando é esta pessoa, para ter algum direito, ela vai tentar provar que estava em união estável, não?
09:04Se provar, é companheira ou companheiro.
09:07Então, onde isso acontece?
09:09Porque segredo é só de um.
09:12E sempre alguém comenta.
09:14Essa é a vida social.
09:16Então, sempre alguém conta que viu alguém.
09:18Hoje, no mundo do WhatsApp, no mundo do Instagram, no mundo do celular,
09:23vida privada é só se você não acender a luz e não sair de casa.
09:27Então, sempre tem alguém que viu alguma coisa, que contou para alguém, que disse que não ia revelar.
09:33E agora que aparece sugar baby num processo,
09:39não pode sair da área de família e virar um novo nome para quem é laranja, na verdade.
09:45Não estou dizendo que é o caso dela, mas não pode virar moda, inclusive na política.
09:51A pessoa tem um laranja, e o laranja fala, não, eu sou sugar baby.
09:56É que eu acho que o sugar baby, ele tem uma conotação depreciativa,
10:02que se é protesto, tipo de relacionamento, eu prefiro ser o namorado.
10:07Prefiro não ser o sugar baby.
10:08Porque o namorado não tem comprometimento patrimonial.
10:14Diferenciando namoro de união estável, afastando o sugar daddy, que eu não quero estar,
10:18então eu prefiro ter uma namorada, ou um namorado comigo.
10:22É melhor que ele seja meu namorado e eu dou um presente para ele,
10:26do que ele seja um sugar baby meu.
10:29Fica mais bonita a história.
10:30Mas pode acontecer que essas pessoas acabam sendo usadas
10:36para, de alguma maneira, receberem alguma vantagem que eu quero ocultar em meu nome.
10:43Então, nesta matéria, é importante a gente entender o segundo passo.
10:49Então, essa moça, pelo que ela revela, ela recebeu um apartamento.
10:54Cometeu crime?
10:55Nenhum.
10:56Apartamento ficou com ela.
10:57Cometeu crime?
10:59Nenhum.
10:59Agora, ela pega esse apartamento, ou se tivesse pego por comando de quem deu,
11:03agora você passa para uma terceira pessoa.
11:05Agora, ela foi laranja.
11:07Agora, ela faz parte do suposto esquema.
11:11Então, você tem um limite da tua atuação em uma história maior que você está envolvido.
11:17Talvez, em razão disso, que essa moça falou,
11:19deixa eu assumir a minha posição real para me proteger.
11:23Não é que eu recebi para entregar, eu recebi para mim.
11:25Eu recebi um presente.
11:27Eu posso receber presentes?
11:29Posso.
11:30Dessa monta?
11:30Por que não?
11:31Se a pessoa que está dando tem caixa para isso.
11:33Entendi.
11:34Luiz, eu lembrei agora, no escândalo da CPMI, do INSS,
11:38uma mulher que tinha recebido um apartamento do marido em Balneário de Camboriú,
11:43que tinha também os seus milhões,
11:46valia, o carro subia no elevador,
11:50você podia deixar o carro na sala do seu apartamento,
11:52então era uma história assim.
11:54E aí, para ver se ela tinha ou não cometido um crime,
11:58era preciso provar que ela sabia que a origem daquele dinheiro,
12:03que foi o marido que deu, tinha uma origem ilegal.
12:07Então, aí você consegue provar que mais ou menos ela está,
12:10a esposa está dentro do esquema.
12:13No caso de uma sugar baby, ela fica um pouquinho mais protegida nessa história,
12:17porque ela fala assim, eu não estou tanto na vida dele para saber todos esses detalhes.
12:21Com certeza.
12:24Num casal que eu presenteio a minha esposa com valores que nitidamente eu não poderia ter,
12:29porque ela sabe quanto eu ganho,
12:31ou ela me presenteia uma coisa que ela não poderia ganhar,
12:33então eu posso estar envolvido,
12:35porque não é possível que eu não percebesse isso.
12:38No sugar baby eu tenho essa proteção.
12:40Ele me deu um presente.
12:41Não tem nada a ver com a vida dele.
12:43E talvez tenha sido uma saída para ela ficar fora de uma questão criminal,
12:47que vai ser sempre muito mais complexa e de risco do que uma questão de família.
12:53Luiz, a gente está numa semana que as pessoas estão discutindo um código de ética lá para o STF.
12:59O Edson Fachin tem essa ambição e está se falando nisso.
13:05No mundo do sugar baby, existe um código de ética,
13:09mesmo que não escrito,
13:11algumas coisas que as pessoas podem ou não podem fazer?
13:17Namoros também, porque a gente está tendo aí separações,
13:23casamentos, namoros, tudo no ambiente político.
13:26Vamos separar o mundo que o direito de família cobre,
13:32porque são dois mundos.
13:35No direito de família, você tem as relações como casados,
13:41como companheiros de união estável,
13:43ou como namorados.
13:44Você tem essas fases, ou até como ficantes.
13:48E todas elas de uma maneira ou outra estão no contexto social.
13:51O sugar baby sempre é uma relação que passa à margem da sociedade maior.
13:58Não é uma coisa tão pública assim.
14:01Não é uma coisa assim tão realizável facilmente.
14:03Então eu acho que, se você fala assim em códigos,
14:06eu acho que quando você faz uma coisa que a sociedade,
14:11na linha geral, não vê com bons olhos,
14:15o silêncio é a regra.
14:19E você escuta nessas histórias.
14:21É o código do silêncio.
14:24Qual que é a regra?
14:25Não vi, não ouvi e não sei.
14:29É uma regra correta para o direito de família?
14:30Não, porque na família a gente tem que conviver.
14:33A gente não tem que se esconder.
14:35Então a relação do sugar baby é uma relação de se ocultar,
14:38não de aparecer.
14:39Então ela fica à margem da lei.
14:41Entendi.
14:42E aí, Luiz, você como advogado,
14:44imagino que você acaba sabendo de muitas histórias,
14:48mas você tem que tomar um cuidado para não interferir demais.
14:56Porque às vezes a gente escuta, acho que no mundo da advocacia,
14:59as pessoas falando, fiz isso, fiz aquilo,
15:02não contei para minha mulher, não contei para o meu marido,
15:04e eu tenho alguém lá.
15:07Acho que moralmente aquilo está errado.
15:10Mas assim, cada um que decide como quer viver, certo?
15:14Você como advogado, não assume aí a função de padre ou de pastor das pessoas, certo?
15:21Todo mundo é maior de idade, certo?
15:23Você sabe que nós, quando o cliente entra na sala e senta,
15:29você não sabe o que você vai ouvir.
15:31No fundo é isso.
15:32Mas eu acho que a nossa função, como advogado de família,
15:36é explicar o reflexo de cada decisão.
15:40E às vezes, por vezes,
15:41eu vou fazer 40 anos de formado,
15:44então tem um pouco de experiência no tema.
15:47Às vezes a gente, no sentido construtivo,
15:50dá uns corretivos.
15:54Precisa?
15:55Vale o risco?
15:57Está certo?
15:58Porque o advogado não está lá para dar exemplo,
16:03mas está lá para orientar.
16:04E o bom profissional de família,
16:06ele não pode ficar só no código de civil.
16:09Ele tem que abraçar,
16:11ele tem que dar para o cliente pertencimento.
16:12E se ele percebe que, como a conduta não se coordena com a lei,
16:16o profissional com experiência,
16:19deveria, pelo menos é o que a gente faz,
16:22vamos fazer um café aqui e ver se isso vai acabar bem?
16:26Porque você pode trocar o momento por uma vida.
16:29Então, mas isso a gente só consegue fazer
16:32com um pouco mais de experiência e de acolhimento
16:36ou com a cliente ou com o cliente,
16:39para ver se a gente consegue salvar uma boa relação.
16:42Joia.
16:43Madar, acho que tem uma pergunta sobre o novo Código Civil, é isso?
16:46Eu queria começar falando
16:48dessa história de escritório,
16:51de parente, de magistrado.
16:54isso como é que entra na divisão de família?
16:58O magistrado tem direito ao que o escritório da mulher fatura.
17:04O que foi determinado, o que foi decidido,
17:08foi o entendimento da corte,
17:10é que os parentes podem advogar em causas
17:16onde algum cônjuge esteja atuando como magistrado na corte.
17:21se imagina que o magistrado não tem intervenção direta,
17:27se imagina que o magistrado está tocando o seu,
17:30e ele não pode também limitar a atuação de quem está na família dele
17:34e, por sorte ou por azar,
17:36tem um parente em uma posição de corte
17:39que agora eu não posso trabalhar
17:40porque tal pessoa ligada a mim está na corte.
17:44É uma demanda discutível,
17:47é um problema,
17:48é um problema.
17:49Existe a suspeição,
17:51a gente que está na área da advocacia
17:54vê várias vezes juízes
17:56que se declaram suspeitos
17:59no sentido processual,
18:01eu não posso julgar porque eu posso ter interesse na demanda,
18:03isto acontece,
18:06e você tem que administrar as situações em que
18:08se eventualmente o magistrado assinam agir,
18:11você faz a prova e alegar a suspeição
18:13para a corte em cima resolver.
18:15Mas é uma pauta complicada.
18:17Se eles se separarem depois,
18:20ele pode pedir para partilhar
18:23o que o escritório da mulher dele faturava?
18:26Depende do regime de bens.
18:28Porque se ele for casar no regime da comunhão parcial de bens,
18:30no regime da comunhão parcial de bens,
18:35em um divórcio,
18:37os ganhos de cada parte
18:38são somados e divididos.
18:40Esse é o rito da comunhão parcial,
18:42magistrado ou não.
18:44Então, se o magistrado se separa de alguém
18:47que amelhou fortuna na advocacia,
18:49de uma maneira correta,
18:50não há nada que o desabone,
18:52e ele se divorcia,
18:53ele pode pedir metade,
18:54porque esse é o regime que eles adotaram.
18:56Se for separação total de bens,
18:58não tem essa discussão.
18:59Cada um tem o seu patrimônio.
19:02Mas aí fica uma situação esquisita, né?
19:04Fica.
19:05Fica.
19:06E as situações esquisitas, elas acontecem.
19:09Não pensem que não acontecem.
19:10Nós estamos tratando com pessoas.
19:13E hoje,
19:15não tem mais você não saber.
19:19O não saber cada vez vai ser uma coisa mais rara.
19:21ainda mais no momento em que a Corte
19:24tornou personagens públicos.
19:27Como se fala,
19:27eu só vou repetir,
19:28a gente sabe a escalação do Supremo,
19:31não sabe a escalação da seleção.
19:34E isso é uma coisa que se fala constantemente,
19:37em qualquer roda.
19:38Isso faz parte da exposição que a Corte tem,
19:41e da sua atuação,
19:43e todo mundo comenta como cidadão.
19:45E quando, em vez de ser casado,
19:47é juntado e está como juiz.
19:51Por exemplo,
19:52se a mulher te paga uma mesada,
19:55e você não é casado,
19:57depois você para.
19:59Então, se você for companheiro,
20:00sabe, Madalena,
20:02uma coisa importante,
20:03porque se eu não sou casado,
20:05e vivo com alguém,
20:06como se casado fosse,
20:07eu estou na união estável.
20:08Então, nada impede
20:10que a minha companheira,
20:12ou meu companheiro,
20:14me auxilie,
20:14porque isso,
20:15eu estou naquele estado de posse de casados
20:18que falamos antes.
20:19Então,
20:20pessoas não estarem casadas
20:21podem receber ajuda uma da outra
20:24se estiverem em união estável,
20:25porque formam um casal,
20:26mesmo se tiverem adotado
20:28a separação total de bens.
20:30Porque,
20:31na separação total de bens,
20:32eu divido o patrimônio,
20:34mas,
20:35o dever de auxílio,
20:36de guarda,
20:37e de sustento de um para o outro,
20:38aquele que ganha mais,
20:39coopera com mais.
20:41Então, se algum dos dois
20:42está em uma posição
20:43de ganhar mais do que o outro,
20:44e ajuda aquele que ganha menos,
20:48se companheiros,
20:50a lei protege.
20:52Ótimo,
20:53acho que é isso, né?
20:54Eu queria só que ele falasse
20:55que é uma pauta bomba,
20:58que é o novo Código Civil.
21:01Quem está vendo a gente
21:02não sabe que toda a vida,
21:05tudo que você achou que era direito seu,
21:08de família,
21:10marido, casamento,
21:11pode mudar a qualquer momento, né?
21:13Pode mudar.
21:14Você sabe,
21:15a lei de família,
21:17primeiro,
21:17a gente entende,
21:18a lei de família,
21:19ela não inventa,
21:21ela regulamenta o que a sociedade aceita.
21:23A sociedade passa a aceitar um patrimônio,
21:25por exemplo,
21:26casamento homoafetivo,
21:29união estável,
21:30tudo que não era aceito,
21:31lá atrás.
21:32A sociedade aceita,
21:33a lei regulamenta.
21:34Então,
21:35a lei tem que regulamentar,
21:36não tem que inventar.
21:38Eu acho que esse código
21:39está inventando mais do que regulamentando,
21:40o que é um risco.
21:43E a lei nunca consegue ser justa
21:44para 240 milhões de brasileiros.
21:47Então,
21:47quanto menos você mexe na lei de família,
21:49melhor será.
21:50A lei é boa,
21:51tem as suas questões,
21:53e se a gente pretende fazer uma reforma,
21:55se é o que está em debate,
21:57eu acho que foi muito acelerado.
22:00Demais,
22:00por meu gosto,
22:01e de muitos profissionais do direito.
22:02A gente poderia debater mais,
22:05você muda direito de cônjuge,
22:07direito de filho,
22:08direito sucessório,
22:09direito patrimonial,
22:10você entrou na sala de jantar,
22:13no quarto do casal,
22:14é muita intimidade
22:16para uma discussão tão rápida.
22:18Então,
22:19eu acho que mereceria mais debate,
22:22não só nas audiências públicas,
22:24debate até promovido pelas redes,
22:26trazer especialistas para falar,
22:28para a gente ouvir,
22:29para a gente aprender,
22:30porque pode ter uma mudança,
22:31amanhã a lei é aprovada,
22:33eu acho que nós vamos ter surpresas.
22:34Para uns vão agradar,
22:36para outros vão desagradar.
22:37Dá uns exemplos.
22:38Eu acho que as pessoas não se ligaram ainda.
22:41Por exemplo,
22:42a possibilidade de você,
22:44eventualmente,
22:44renunciar em vida
22:45a uma herança futura.
22:47Ah,
22:47mas é muito justo
22:48que eu possa,
22:49por uma composição,
22:50renunciar a uma herança futura,
22:51porque eu vou casar com alguém
22:52que tem muita grana,
22:54e lá,
22:54eu sou herdeiro necessário,
22:55então eu vou renunciar em vida.
22:57Eu vou pegar um jovem
22:59de 25 anos como advogado,
23:01assina aqui que você está renunciando,
23:03uma coisa que ele vai
23:03às 80 e entender
23:04se ele agiu certo.
23:06É muito sério isso.
23:08A proteção da família
23:09é muito séria.
23:10Eu vou poder tratar
23:11de uma maneira
23:12mais desigual
23:13aqueles filhos
23:14que não cuidarem de mim.
23:16É uma pauta boa,
23:17mas está tudo misturado.
23:19Então tem muita coisa boa,
23:21com muita coisa discutível,
23:23na mesma cesta.
23:23Tem muito jabuti,
23:25usando o jargão político,
23:26num código civil para o meu gosto.
23:29E a viúva
23:30não ficar mais na casa,
23:32que essa é uma das grandes discussões.
23:35Você tem duas figuras,
23:36o cônjuge como herdeiro necessário,
23:38que era a maior regra
23:39que não tinha até 2003.
23:40De 1917 a 2003,
23:43que era o código Bevilacqua,
23:44o cônjuge não era herdeiro necessário.
23:46Ele era excluído da sucessão
23:48e podia não receber nada até.
23:49Em 2003, até agora,
23:51é vigente o código real,
23:52onde o cônjuge,
23:53na separação total,
23:54foi promovido herdeiro necessário.
23:56de uma parcela da herança.
24:00E havia o direito real de moradia.
24:02Quer dizer,
24:03o cônjuge fica morando no imóvel
24:05em qualquer regime de bens.
24:07Se eu tirar essa garantia do cônjuge,
24:09a gente tem que olhar
24:10a nossa vida,
24:13a vida de quem precisa da lei.
24:15Nem sempre a gente precisa da lei,
24:16mas quem precisa,
24:17se pegar um cônjuge viúvo ou viúva,
24:20que na velhice não tem a garantia
24:22de ficar morando no seu imóvel,
24:24se o companheiro falecer,
24:27não tem nexo.
24:29Então, é um jabuti que não precisava ter.
24:31Eu acho que o debate vai muito longe ainda.
24:34E, às vezes,
24:34a tese de jabutis aparece até com gente
24:36bem intencionada,
24:37mas não avalia direito as consequências.
24:39Isso daí, de repente,
24:40expulsar a vírgula da casa dela
24:42é um absurdo.
24:43Talvez alguém tenha pensado
24:45se a casa não era dela,
24:48alguma coisa assim,
24:49mas tenta-se fazer justiça
24:51e acaba-se criando mais injustiça.
24:53Luiz, muito obrigado
24:54pela participação hoje
24:55aqui no Papo Antagonista.
24:57A gente segue para os próximos assuntos.
24:59Não sei se a Madá ainda tem voz.
25:00Eu já acabei, gente.
25:02Saímos juntos.
25:03Obrigado pelo convite.
25:05Obrigado.
25:06Obrigado.
25:13Obrigado.
Seja a primeira pessoa a comentar