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A nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos amplia o foco militar na América Latina e pode afetar diretamente as exportações brasileiras. Lucas de Souza Martins, consultor e pesquisador da Temple University, analisa os impactos da presença americana, a disputa com a China e os riscos para o Brasil no novo cenário geopolítico.

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Transcrição
00:00A nova estratégia de segurança nacional do governo Trump muda drasticamente as prioridades dos Estados Unidos.
00:06Para falar sobre esse assunto e as possíveis consequências para a economia global e também do Brasil,
00:11eu converso com o Lucas de Souza Martins, consultor e pesquisador da Temple University.
00:15Boa noite, Lucas. Tudo bem?
00:19Boa noite, Felipe. Uma satisfação em falar com você e com todos que nos acompanham aqui.
00:24Com certeza. Obrigado pela sua participação.
00:26Lucas, olha só, com esse reforço, como é que esse reforço militar dos Estados Unidos no hemisfério ocidental
00:32e um provável controle maior, por exemplo, das rotas marítimas na região,
00:37como é que ele pode afetar as exportações brasileiras?
00:41Olha, Felipe, sobretudo, dá para dizer que toda essa ideia, esse rearranjo na política externa americana,
00:49ele é, sobretudo, bastante pragmático.
00:52E é uma palavra que geralmente não é atribuída ao presidente dos Estados Unidos.
00:57Mas sim, esse governo elaborou um plano pragmático, que admite que realmente existe uma influência grande da China,
01:06na região, na América Latina, com investimentos, com experiências de desenvolvimento de portos, aeroportos, infraestrutura.
01:16E não há uma maneira que os americanos possam construir uma perspectiva ou mesmo um plano de investimentos,
01:24pelo menos nesse momento, nessa questão do America First, na prioridade dos Estados Unidos em investimentos no seu próprio território.
01:32Por isso que o que resta aos Estados Unidos, nesse momento, até para influenciar a América Latina,
01:39para convencer latino-americanos a estarem mais próximos dos Estados Unidos do que necessariamente da China,
01:45o que resta é exatamente o componente militar.
01:49E, nesse sentido, os americanos se beneficiam pela proximidade geográfica
01:53e por isso que tem a oportunidade de colocar a sua marinha mais presente ali no Caribe,
01:59também mais próxima da América do Sul, como acontece nesse momento com a Venezuela.
02:05Ou seja, é o reconhecimento de que, para combater a China,
02:09para combater a influência de outras nações que não sejam necessariamente os Estados Unidos,
02:14será necessário usar a força militar, a coação, de uma certa maneira,
02:19até porque não há espaço, pelo menos nessa perspectiva atual do governo americano,
02:23para desenvolver uma estratégia de investimentos, de parcerias de desenvolvimento de infraestrutura.
02:30Por isso que o que resta, nesse momento, é a questão militar
02:33e é por isso que a nova política externa americana do presidente Trump
02:38foca exatamente nessa questão militar.
02:41Lucas, vamos lembrar um pouquinho de história.
02:43A doutrina Monroe, para a gente lembrar aqui,
02:45ela veio num contexto um pouco de pós-independência dos países americanos e tudo mais,
02:52mas, então, tinha uma certa razão porque estava meio blindando os países de uma influência europeia,
02:56porque, na época, eles acabaram de ganhar independência,
03:01porque eram colônias antes.
03:02Depois, a gente teve aquele corolário Roosevelt, do presidente americano Theodore Roosevelt,
03:07que foi um pouquinho além.
03:08Ele já, além de blindar as Américas, ele já permitiu uma certa intervenção.
03:12Se fosse necessário, os Estados Unidos poderiam intervir em algum país.
03:15Esse corolário Trump, ele é um passo à frente, quer dizer,
03:18além de permitir uma eventual intervenção nesses países,
03:22ele também quer blindar de outros países, não só da Europa,
03:25mas também de países da Ásia, por exemplo, a China?
03:29É exatamente isso, Felipe.
03:31É uma combinação daquilo que você menciona muito bem,
03:34que é a doutrina Monroe e também de Roosevelt,
03:37que é exatamente compreender a América Latina como uma zona de influência americana.
03:44E essa é a questão do pragmatismo, que aparece mais uma vez no exercício da Casa Branca
03:50com relação à sua nova política externa.
03:53É exatamente entender que é necessário entender pragmaticamente que, por exemplo,
03:58a região que pertence ao sul da Ásia, mais próxima à China, situação de Taiwan,
04:05não há uma possibilidade que os americanos possam construir grandes mudanças
04:10em qualquer status naquela região, até porque a China já tem a sua presença consolidada ali.
04:16Até mesmo esse novo documento da Casa Branca vai mencionar e vai culpar a Europa
04:21com relação ao atraso nas negociações de paz com a Rússia,
04:26admitindo que, de fato, os americanos têm dificuldades em promover uma defesa da Ucrânia,
04:31entendendo que a Rússia tem ali a sua força naquela região.
04:35E por isso que, no momento em que admite que há a questão da zona de influência,
04:41admite também que a América Latina, ecoando mais uma vez a doutrina Monroe,
04:47que foi um dispositivo que, inclusive, fez com que os Estados Unidos recorressem ao reconhecimento
04:54de independências de novos países, inclusive o Brasil, a Colômbia,
04:58entendendo que a América Latina é dos americanos, dos norte-americanos, dos americanos dos Estados Unidos.
05:06E é por isso que, no momento que entende que há essa dificuldade com relação à Ásia,
05:12até mesmo África, a China muito presente com questões de investimento, pacotes de investimento,
05:18entende que a América Latina deve pertencer a uma zona de influência americana
05:23e é por isso que dá para dizer que é uma combinação entre o corolário Roosevelt e também a questão do James Monroe.
05:31Agora, Lucas, vai ser difícil, porque a China tem tantos investimentos, o maior parceiro comercial do Brasil,
05:36simplesmente de uma hora para outra falar assim, não, agora você não vai mais investir aqui,
05:40agora nos Estados Unidos, enfim.
05:42Mas eu queria te perguntar uma outra coisa que eu acho que é até um pouco mais perigosa em relação ao Brasil,
05:46que essa estratégia que o presidente Donald Trump tem anunciado de guerra às drogas,
05:51uma coisa até que é um pouco paradoxal, porque ele declara guerra contra o Nicolás Maduro na Venezuela,
05:57porque eles estariam exportando drogas para os Estados Unidos,
06:00mas perdoa o ex-presidente de Honduras, que foi condenado, que estava preso nos Estados Unidos,
06:05condenado a 45 anos, quer dizer, dois pesos e duas medidas.
06:09Agora, essa questão da guerra contra as drogas à Venezuela,
06:12você acha que existe algum risco, por exemplo, disso incluir o Brasil, por exemplo?
06:17O Brasil, a gente sabe que tem esse problema do crime organizado.
06:20Eventualmente, o presidente Trump poderia usar esse discurso para intervir de alguma forma no Brasil?
06:26Olha, Felipe, dá para dizer que objetivamente, considerando tudo aquilo que vem acontecendo
06:33nesta relação entre Brasil e Estados Unidos desde a metade do ano,
06:37desde o momento da imposição das tarifas e também a reaproximação entre o presidente Trump e o presidente Lula,
06:45dá para dizer até pela questão interna, a dificuldade inflacionária que vive hoje os americanos,
06:50e essa é a preocupação do presidente Trump com relação às eleições de meio de mandato que nós teremos no próximo ano,
06:57dá para dizer que os americanos hoje dependem muito dos produtos que o Brasil leva aos Estados Unidos.
07:05Por isso que dá para dizer que, neste momento, por mais que haja, por exemplo, uma diferença até ideológica
07:10com relação aos dois presidentes, perspectivas até mesmo com relação ao unilateralismo, multilateralismo,
07:18o fato é que os americanos e até mesmo os brasileiros têm conduzido uma política bastante pragmática
07:24no sentido de entender que a parceria, do ponto de vista do Brasil com os Estados Unidos,
07:29ela é muito importante, os americanos são clientes tradicionais do Brasil,
07:34o principal parceiro comercial pensando em América do Sul, do ponto de vista dos Estados Unidos,
07:39há uma necessidade de uma série de produtos que fazem parte da rotina americana,
07:44até por conta de uma pressão inflacionária, por isso que dá para dizer que essa nova política externa,
07:50tratando a questão das drogas, obviamente que haverá uma imposição militar por parte dos Estados Unidos,
07:56até por conta dessa ideia de coação para influenciar esses países a se aproximarem mais dos americanos
08:04ou cederem aos interesses americanos do que necessariamente interesses da Rússia ou da China,
08:11mas no caso do Brasil, o Brasil é muito peculiar, o Brasil tem uma economia muito forte na região,
08:17ele tem, inclusive, um poder de barganha que justifica, por exemplo,
08:21a aproximação entre dois presidentes que são tão diferentes do ponto de vista ideológico,
08:26por isso que dá para dizer que, por mais que exista uma construção de uma presença militar maior dos Estados Unidos
08:32na região do Caribe e agora também na América do Sul,
08:36o Brasil se encontra preservado até por conta do tamanho da sua economia,
08:41o risco fica maior para outras nações, como, por exemplo, a Colômbia e a Venezuela,
08:46mas, logicamente, é preocupante pensar em qualquer possibilidade de intervenção na América do Sul,
08:52afinal, o Brasil faz parte da América do Sul e faz fronteira exatamente com Venezuela e Colômbia,
08:58mas, do ponto de vista interno do Brasil, não se espera que haja grandes transformações
09:04com relação a essa relação entre Brasil e Estados Unidos.
09:08Até porque, né, Lucas, dá uma sensação de déjà-vu, né, quer dizer, já vimos esse filme antes,
09:12na década de 70 e sabemos como ele termina, não é muito bem.
09:16Agora, Lucas, se os Estados Unidos pressionarem pela redução, desculpa, da influência chinesa no Brasil,
09:22a China é o maior parceiro comercial do Brasil.
09:24Como é que os Estados Unidos podem influenciar isso de uma maneira pragmática?
09:27Quer dizer, uma coisa é você ter isso no documento,
09:29a outra coisa é você exercer esse poder de impedir que o Brasil faça negócios com a China
09:34ou impedir que a China tenha uma influência grande na economia brasileira.
09:37Como é que é possível impedir isso sem apelar para o ponto de vista militar?
09:42O governo Trump, ele tem clara ciência e o documento publicado hoje deixa isso muito claro, né,
09:51a respeito da dificuldade de fazer uma imposição, de que o Brasil deixe de fazer negócios com a China.
09:57Isso é não somente inviável, como não vai acontecer realmente, né,
10:01o Brasil continuará, sim, com uma ótima relação comercial com a China,
10:06também continuará com uma ótima relação comercial com os Estados Unidos.
10:11Agora, o que os Estados Unidos agora buscam fazer é, pelo menos, impor uma presença militar
10:19para tentar, ao menos, né, nesses recursos que possui, tentar uma aproximação.
10:25O que falta hoje, objetivamente, é a existência, né, recorrendo mais uma vez à história,
10:31é a existência de um plano Marshall para a América Latina.
10:34E quando nós pensamos nesse plano Marshall, estamos falando exatamente no investimento
10:39que ocorreu logo no final do pós-guerra, por parte dos Estados Unidos, com relação à Europa,
10:45investimentos diretos na área da infraestrutura, exatamente para reconstruir a Europa
10:49depois do final da Segunda Guerra Mundial.
10:52Ou seja, nós estamos falando de investimentos, de oportunidades de geração de emprego,
10:59de construção civil, infraestrutura relacionada a portos, aeroportos, vias públicas
11:07e também outras questões relacionadas a consumo interno desses países.
11:11Os Estados Unidos, hoje, não parecem estar interessados em construir um plano de investimento
11:18ou mesmo uma espécie de plano Marshall para a América Latina no século XXI,
11:23o que dificulta realmente, né, a relação e a aproximação, por exemplo, né, com a China.
11:29Logicamente, a China oferece essas vantagens econômicas, esses investimentos
11:33e o que sobra aos Estados Unidos é investir na questão militar.
11:37É uma questão de se discutir se efetivamente vai funcionar ou não,
11:42mas dá para dizer que esse novo plano americano não vai fazer com que a América Latina
11:47se afaste, pelo menos do ponto de vista comercial, da China.
11:52Com certeza, vamos aguardar.
11:53Lucas de Souza Martins, sempre bom falar com você, consultor e pesquisador na Temple University.
11:58Super obrigado mais uma vez e bom fim de semana para você.
12:02Bom fim de semana, até a próxima.
12:04Valeu.
12:04Tchau.
12:05Tchau.
12:06Tchau.
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