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O ex-secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, traçou um cenário de baixo crescimento para o Brasil no próximo ano, com projeção de PIB entre 1,6% e 1,7% e taxa de juros caindo para perto de 12%. Em entrevista a Dávila, ele analisou a "desorganização das finanças públicas" e a necessidade de "revisar a indexação das despesas".

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Transcrição
00:00Entrevista com Dávila
00:05A dramática situação fiscal do Brasil parece ter produzido uma boa notícia.
00:14Hoje, a maioria dos economistas acredita que precisamos agir rapidamente para conter o desastre fiscal que se avizinha.
00:22Além da crescente irresponsabilidade fiscal fomentada pela atuação dos poderes executivo, legislativo e judiciário,
00:29o governo continua insistindo na fórmula errada que condena o país a taxa de juros alta e crescimento econômico medíocre.
00:37Essa fórmula consiste em manter a economia fechada, taxar excessivamente o setor produtivo
00:43para sustentar um Estado extrativista e capturado por corporações públicas e privadas
00:50que extraem subsídios, reserva de mercado e privilégio.
00:54E isso distorce as leis do livre mercado, a competição saudável e compromete a produtividade.
01:02É possível tirar o Brasil deste atoleiro do baixo crescimento, promover um duro ajuste fiscal
01:07e aplainar a livre economia para que o país possa voltar a crescer, competir na economia internacional e ganhar produtividade?
01:16E esse é o tema da minha conversa com José Roberto Mendonça de Barros,
01:21ex-secretário da Política Econômica e sócio-fundador da MB Associados Consultoria.
01:26José Roberto, um grande prazer recebê-lo aqui no Entrevista com o Davi.
01:29É um prazer estar com você aqui.
01:32Então vamos começar primeiro pela nossa situação interna e depois a situação mundial.
01:36A situação fiscal do Brasil é dramática.
01:39Todo mundo, inclusive o governo, admite que a partir de 2027 vai estar numa situação caótica.
01:45Mas se todo mundo já sabe que vai ser ruim, por que nós não estamos antecipando e tomando as medidas necessárias?
01:52Essa é uma pergunta bastante relevante.
01:57Eu acredito que, se olharmos para trás a história do Brasil, nós temos um sistema político que é razoavelmente desorganizado
02:07e, na verdade, reluta em mudar.
02:10Então, historicamente, as mudanças no Brasil até acontecem, mas elas só ocorrem quando a situação fica tão difícil
02:21que a população começa a sentir o problema tão grande que isso forma uma opinião que acaba pressionando o sistema político.
02:34O melhor exemplo histórico é o da inflação, que você conhece, nós todos acompanhamos muito bem.
02:39Foi preciso chegar na beira da hiperinflação para que aquilo acontecesse.
02:45Só que não é automático, infelizmente.
02:47Isso tem que...
02:49O que nós que avançou é o que você mencionou na abertura.
02:53Há um consenso bastante universal de que a desorganização das finanças públicas
03:00tem que ser enfrentada de alguma forma e que, sem isso, é difícil mesmo retomar o crescimento.
03:08O problema é que o passo subsequente ainda está um pouco nebuloso,
03:14porque ele envolve, de um lado, a clareza e estudos mesmo para poder ter proposições tecnicamente adequadas
03:23e, de outro lado, o envolvimento maior do sistema político, que não é só do executivo.
03:27Como também você mencionou na abertura, o judiciário e o legislativo têm que ser copartícipes disso,
03:36senão a coisa fica difícil.
03:37Então, embora não esteja imediatamente claro como é que isso vai ser feito,
03:43eu tenho uma única nota de otimismo que eu vejo nisso,
03:46nós estamos perto de ser forçados a encarar isso para obter uma solução.
03:53Isso eu espero que aconteça logo.
03:55Agora, Zé Roberto, tem uma coisa.
03:57O Estado brasileiro tornou-se tão grande, tão inchado e tão caro que ele é inviável.
04:03Agora, nós temos 90% do orçamento já engessado com gastos obrigatórios.
04:08O governo aprovou esse reajuste do salário mínimo sobre todos os benefícios
04:13que dá mais ou menos 60% do orçamento nacional.
04:16Então, como é que nós vamos mexer nessas coisas que são tão delicadas do ponto de vista político
04:22e algumas, do ponto de vista constitucional, é possível destravar isso?
04:28Olha, difícil, certamente, mas algumas coisas eu acho que podem começar a se movimentar.
04:34Um pouco como pessoa que está excessivamente acima do peso,
04:38basta fazer um prato menor e alguma coisa vocês já começam nessa direção.
04:43O que eu quero dizer com isso?
04:44Está bastante claro que nós temos que fazer imediatamente algumas revisões ligadas à indexação das despesas.
04:57É fácil de entender o porquê, é generoso, eu preciso defender a educação, a saúde, etc.
05:02Mas esse excesso de indexação das despesas traz esse automatismo que você menciona.
05:09E que isso tem que ter uma parada por um determinado tempo, sem o que, não tem como fazer.
05:17Além do que, e pode ser feito, sem dúvida nenhuma, uma revisão honesta e correta dos cadastros,
05:26porque o sistema vai se depreciando ao longo do tempo.
05:32O melhor exemplo conhecido em prós e versos, que eu conheço, o mais simples de entender é o seguinte.
05:37A PNAD e os outros dados estatísticos mostram que no Brasil tem mais ou menos algo como 250 mil pescadores artesanais.
05:46O seguro-defesa, que beneficia os pescadores brasileiros, tem mais de 1 milhão e 400 mil pessoas.
05:50É evidente que o...
05:53Tem cara que não sabe nem pegar uma vara de pesca, né, e está recebendo.
05:56Provavelmente está a quilômetros da água mais próxima, tá certo?
06:01E que tem...
06:02Então, vai chegando num momento, por isso que não tem fim.
06:05Se você só coloca e não retira nada, não tem solução para isso.
06:10Não que isso seja a solução de tudo, mas é uma forma de olhar e que, à medida que o mundo vai mudando,
06:17as pessoas, as empresas e também o governo têm que se adaptando às novas situações.
06:23Em determinados momentos do passado, fez sentido uma série de coisas que hoje não fazem mais.
06:28Então, essa mudança, um exemplo mais claro em muitos lugares, em muitos estados, onde tem isso,
06:33o governo digital.
06:35Tem muitas coisas que são mais bem feitas através da digitalização dos serviços públicos
06:39do que propriamente no sistema antigo.
06:42Agora, existem barreiras a serem quebradas e, sim, a ineficiência sempre gera aqueles pescadores da ineficiência, né,
06:52desde os antigos despachantes, né, eles continuam tendo esse tipo de coisa.
06:58Então, eu acho, sim, tem um caminho, mas tem uma coisa que é pré-condição,
07:05que é a construção de credibilidade.
07:07Se não tivesse a credibilidade, por que eu digo isso?
07:11Porque se construir um pouco da credibilidade, e isso se faz em alguns meses,
07:18a eficiência da política faz com que você não precise gerar uma hiper-recessão.
07:28Então, os mercados antecipam esses resultados e a coisa, não estou querendo ser ingênuo,
07:35sei que é muito mais difícil e sei que tem uma imbricação com o sistema político, né.
07:39Mas é isso que tem, esse empuxo tem que vir de fora para o sistema político,
07:44para que seja clara essa ligação.
07:47O gasto fora do controle acaba levando a déficit,
07:54esses déficits acabam implicando em juros muito mais altos,
07:58aí a gente não cresce e o sistema fica inconscioso, né.
08:05Isso tem que ser quebrado e é claro que depende do governo,
08:09de um governo, né, ter, construir essa credibilidade, né.
08:15Não é difícil, mas é muito difícil começar, é muito difícil organizar.
08:20Mas nós estamos, pelo menos, acho que chegando perto dessa situação,
08:22talvez, Luiz Felipe, essa desorganização do mundo nos ensine algumas coisas,
08:28nos empurre, né, para que aquela visão de longo prazo,
08:33aquela construção é o que pode trazer.
08:36Inclusive, por quê?
08:37Para que a gente possa, assim, desabrochar coisas que a sociedade brasileira tem.
08:44Por exemplo, curiosidade pela tecnologia, disponibilidade de avançar.
08:49Então, nós temos exemplos que são notáveis.
08:52Esse sistema do PIX, como foi adotado.
08:55E se as pessoas pensarem, o que isso mudou a vida de pequenos empreendimentos,
08:59de pequenas empresas.
09:01Então, nós temos muita coisa positiva para isso,
09:03sem querer ser ingênuo, que eu já passei da idade de acreditar.
09:07Mas eu acho, realmente, que nós estamos, talvez, mais próximos do que pensemos
09:11de uma... de desembocar numa situação mais construtiva, digamos assim.
09:17Ou seja, a primeira coisa que um novo governo deveria fazer
09:20era resgatar a sua credibilidade...
09:23Exato.
09:24...de uma forma, combatendo ineficiência, corrupção,
09:28fazendo ajustes que não são tão custosos politicamente,
09:31que já podem mostrar um resultado importante...
09:34Exato.
09:35...e, a partir daí, construir uma base política
09:37para poder avançar em reformas mais duras e impopulares.
09:40Exatamente isso.
09:41E isso envolve, vamos dizer, ter presente
09:45e mostrar que tem momentos em que uma coisa do passado já nos...
09:52Por exemplo, o crescimento real do salário mínimo.
09:55Ele jogou um papel relevante no passado.
09:58Mas tem um momento em que a suspensão disso,
10:02a garantia de manutenção de valor real pela inflação,
10:06é razoável, desde que ela continue existindo.
10:10Mas a ideia de que você tem que aumentá-lo em termos reais
10:14durante qualquer período, de qualquer forma, em qualquer momento,
10:19eventualmente não faz sentido por um período, pelo menos,
10:22para poder dar exatamente esse alívio que permite.
10:26Então, pensar um pouquinho fora dos preconceitos históricos
10:30é uma coisa fundamental.
10:33Ou seja, até daria para dar aumento real do salário mínimo
10:36se ele não estivesse vinculado a tantos benefícios.
10:39Exatamente.
10:40É só desvincular e que aí está tudo certo.
10:42É como, da mesma forma, que o Congresso e o próprio Judiciário
10:46têm que se conscientizar.
10:48Não dá para criar gasto do nada.
10:50Se achar que tem que encaminhar na sua esfera,
10:56não entrar na direção, é obrigado a mostrar e a resolver
11:00de onde vem o recurso para isso,
11:03se não, e descer os preconceitos.
11:08O Judiciário tem que incorporar que ele gasta demais.
11:13A gente está falando 1,3% do PIB, o mais caro do mundo.
11:16Do mundo, não faz sentido.
11:19Férias de 60 dias, essas coisas que não fazem sentido.
11:23Enquanto tiver isso, não está conseguindo entender o que está acontecendo.
11:26Então, para não dizer que é só o Executivo,
11:28é a mesma coisa.
11:29E o Legislativo nem se fala,
11:31que tem que ter um pouco mais de noção dessas coisas.
11:34Mas isso só vai acontecer a partir da pressão da própria sociedade.
11:39É a sociedade que tem que dizer a coisa de mudar.
11:43Porque as coisas mudam.
11:45Eu, quando era criança, estava no colégio,
11:49o desejo de muita gente era trabalhar para algum organismo de governo.
11:54Hoje, o desejo de muita gente, eu diria da maioria, é empreender.
11:58É um mundo diferente.
12:00E isso tem que ser adequadamente incorporado
12:03para poder exatamente fazer algo que faça sentido.
12:08Ou seja, então...
12:09Mas o governo Temer fez isso, né?
12:11A própria atitude, o teto do gasto,
12:14fez a taxa de juros cair imediatamente.
12:16Exatamente.
12:17Antes de acontecer, o mercado já havia antecipado o efeito.
12:20Mas é por isso mesmo,
12:21que as pessoas antecipam esses efeitos, se acreditarem.
12:24Se acreditarem.
12:24Se acreditarem.
12:25Então, esse é o truque.
12:30Não, volto a dizer, não sou ingênuo, sei que não é simples,
12:34sei que isso não exime de ter técnica legislativa,
12:38bons projetos de lei, esse tipo de coisa.
12:41Mas é a mesma coisa que a gente vê com frequência,
12:45falando em lei,
12:46redação de leis ou de decretos, de dispositivos,
12:49com uma certa frustidão, do ponto de vista,
12:52que estimulam o litígio.
12:56Nós temos umas coisas aqui que são inacreditáveis.
13:00Um excesso de litígio em transporte aéreo
13:03é o lugar onde mais tem litígio no mundo.
13:06Porque passa por cima de uma coisa simples.
13:09As companhias aéreas não controlam o clima.
13:11E se fecha o campo, fecha o campo.
13:13No mundo inteiro, fecha o campo, não há o que fazer.
13:16Aqui gera uma...
13:18E aí você tem toda uma comunidade interessada
13:21em ter ações judiciais nessa direção.
13:23Eu vou dar esse exemplo,
13:24eu poderia dar vários outros que você conhece.
13:26Trabalhista e tributária são dois campos de judicialização no Brasil.
13:30Exatamente.
13:30Recordistas.
13:31Recordistas no Brasil.
13:33Nós temos, aliás, você mencionou,
13:36nós temos algumas coisas que talvez auxiliam numa nova rodada.
13:40Por exemplo, a reforma tributária vai entrar, começar...
13:44E na minha avaliação, ela foi muito bem feita.
13:47E tem uma entrada cautelosa.
13:49E eu tenho certeza que ela vai trazer muito mais resultado
13:53ao ponto de vista de crescimento do que muita gente antecipa.
13:56Mas a cabeça está tão acostumada no litígio tributário
13:59que se você ver, mesmo os versetúridos ficam só pensando...
14:02Mas eu não tenho dúvida que nós vamos dar um salto
14:06de eficiência por conta disso.
14:11Eu já estou vendo coisa disso acontecer desde o ano passado.
14:14Por exemplo, todas as empresas que têm cobertura
14:18de algumas regiões ou nacionais
14:20e se ligam com o consumidor final,
14:23dependem claramente da sua estrutura logística
14:25para poder atender a sua...
14:27A hora que passou a reforma tributária,
14:29o que começamos a ver, já hoje,
14:31uma porção de empresas dirigindo investimentos
14:35para adequar o seu sistema de distribuição
14:38àquilo que vai ser quando não tiver mais benefício
14:42para, por exemplo, trazer contêiner para Santa Catarina,
14:45botar num caminhão para vir dividir em São Paulo
14:48por causa de uma vantagem tributária.
14:50E a mesma coisa em outras regiões.
14:52Então, esses efeitos são muito grandes
14:54e essa é uma oportunidade que nós temos
14:58de gerar maior eficiência.
15:00A mesma coisa com relação à abertura.
15:03Está cada vez mais claro.
15:04Mesmo na indústria, as indústrias bem-sucedidas
15:07têm bom relacionamento com o exterior.
15:08Para não falar da óbvia e excepterna Embraer,
15:12mas mesmo empresas pequenas e médias,
15:15muitos casos que eu conheço,
15:16construir uma relação mais construtiva
15:18com uma relação melhor com o resto do mundo
15:23é uma rota de crescimento que está aberta para muita gente.
15:27Ao invés de você ter como única rota de crescimento
15:30que muitos setores industriais têm,
15:32aí a Brasília é para achar um benefício fiscal
15:35de qualquer natureza.
15:37Essas mudanças que tem que ter,
15:39a coragem de quebrar.
15:41Muitas delas estão amadurecendo.
15:43Por exemplo, muito melhor que a Amazônia Franca de Manaus
15:48é a ecoeconomia ser mais desenvolvida,
15:51a bioeconomia que tem muito mais coisas para fazer.
15:54Isso também está amadurecendo.
15:56Agora, é necessária a liderança.
15:59Com certeza.
16:01Aliás, o senhor acabou de tocar em algumas áreas
16:02que certamente são vantagens comparativas do Brasil.
16:06A questão da energia limpa, da bioeconomia, do agronegócio.
16:09São três áreas fantásticas para investimento agora,
16:13inclusive por causa desta combinação de energia limpa e tudo,
16:16até essas grandes centrais da inteligência artificial aqui.
16:21É outro lugar que pode crescer muito.
16:24Agora, para isso, precisa voltar a confiar no Brasil.
16:27Não só os investidores, mas evidentemente os brasileiros
16:29que estão muito machucados por anos
16:31dessa desconfiança em relação ao governo
16:34e a políticas públicas muito intervencionistas
16:38que acabam distorcendo a competição saudável de mercado.
16:42Exatamente.
16:43Não, isso é uma mudança indispensável.
16:47E uma coisa que me surpreende,
16:50nós nos conhecemos há muito tempo,
16:52você sabe que eu trabalho há muitos anos
16:54com exatamente a questão do agronegócio.
16:55Nós temos um exemplo de sucesso óbvio, visível,
17:01mesmo para o mais radical, cidadão urbano,
17:05ele sabe que isso está acontecendo.
17:07E aí isso tem que dar alguma lição,
17:09tem que mostrar alguma coisa.
17:11No meu entendimento,
17:12o que faz o que está acontecendo
17:14com essa coisa enorme que não para de crescer
17:16do agronegócio?
17:18Os pilares desse sucesso são dois,
17:21antes de tudo.
17:23Primeiro, o desenvolvimento tecnológico
17:27e de produtividade.
17:28Você cresce ganhando produtividade.
17:31Quando você não ganha produtividade,
17:33eu brinco sempre assim,
17:34o mercado vira o jogo de roubamonte.
17:36Você só cresce em cima do seu monte,
17:38você do terceiro.
17:40Agora, se a produtividade cresce,
17:42todo mundo pode crescer,
17:43uns amostros seriam,
17:45outros seriam menos,
17:45mas tem espaço para todo mundo crescer.
17:47Então, tecnologia, conhecimento, produtividade,
17:52e isso é uma face do processo de conhecimento
17:56e, portanto, da educação.
17:58A segunda coisa é estar ligada no mundo.
18:01Isso.
18:01Porque isso nos diz para onde está indo.
18:04Se a produção for muito boa e sobrar,
18:07você não tem preocupação nenhuma,
18:10você vai colocar ali fora.
18:12Você tem a informação da tecnologia dos outros.
18:14Então, esses dois pilares são decisivos.
18:18Nós temos o primeiro no agronegócio,
18:21mas não temos em alguns outros setores.
18:24Então, eu acho que isso está amadurecendo
18:27para essa coisa naturalmente aumentar.
18:30E essa é uma possibilidade interessante
18:32que a gente tem que ter.
18:33Esses dois pilares que você mencionou muito bem,
18:36primeiro a tecnologia,
18:38muito fruto de um trabalho de pesquisa
18:41e desenvolvimento a longo prazo,
18:42desenvolvido na Embrapa,
18:43o Paulinelli teve um papel fundamental nisso.
18:47Então, foi uma visão de longo prazo
18:49em pesquisa e desenvolvimento.
18:51E o mercado é isso aí,
18:52competir no mercado global
18:53e não ter medo da competição.
18:55E uma das coisas das pessoas acreditarem,
18:57das empresas acreditarem,
18:59é essa visão de longo prazo,
19:02que não pode ser baseada em um fanismo,
19:04mas uma visão construtiva
19:06que é isso mesmo para onde está indo.
19:08Então, se nós temos realmente uma visão,
19:13hoje aceita universalmente,
19:15o mundo está aquecendo,
19:16tem uma certa direção,
19:18então combustíveis alternativos,
19:20eles têm que fazer parte da equação.
19:23E se tem lugares onde se pode produzir
19:26combustíveis alternativos com a devida tecnologia,
19:29estamos falando aqui do Brasil.
19:30Você dá uma direção,
19:32dá um rumo para esse tipo de coisa,
19:34e isso é algo indispensável.
19:39E essa percepção,
19:43é isso que a gente chama de estratégia,
19:44não é um detalhe,
19:46mas é uma visão de para onde é possível ir,
19:49quais os problemas a enfrentar.
19:51Quanto mais a liderança,
19:54aí eu falo de liderança pública,
19:55como das lideranças empresariais,
19:58tiverem essa visão,
20:00mais facilmente as pessoas se engacham
20:03e mais rapidamente os resultados aparecem.
20:06E o resultado maior de tudo isso
20:08é que as taxas de juros podem ficar menores.
20:11E isso é pré-condição para crescimento,
20:15para que você possa...
20:17Agora, José Roberto,
20:17uma coisa interessante no agronegócio,
20:19há 40 anos o agronegócio cresce,
20:21em média, 2,5% ao ano,
20:23que é um negócio espetacular.
20:25Exatamente.
20:25E com todos os problemas que nós tivemos
20:28de inflação, juro alto,
20:30e criou-se ali um ecossistema
20:31de investimento próprio,
20:33com o investimento das próprias empresas do setor,
20:35que acabam financiando produtores,
20:37com crédito público,
20:38tem uma mistura de coisas
20:40que permitiu o investimento,
20:42mesmo nesses ciclos complicados
20:44da economia brasileira.
20:45O que a gente pode aprender dessa lição
20:47para escalar para o restante do Brasil?
20:50Pois é, você vê,
20:51se eu olhar para trás,
20:53aí só os mais velhos,
20:55alguns talvez,
20:56vão se lembrar,
20:57mas não faz muito tempo,
20:59mas há mais de 40 anos,
21:01o que se via para crescer a agricultura
21:04era uma intervenção governamental mais forte,
21:07através de preços mínimos,
21:08de controles,
21:09de diversas naturezas.
21:11E isso foi sendo substituído
21:13pela exatamente essa visão,
21:15porque o que interessa
21:16é o conhecimento,
21:17é a tecnologia,
21:19e para gerar isso,
21:20você tem que estar muito próximo
21:21com o chão,
21:23com a clientela,
21:24com o que está acontecendo.
21:25Então, o que acabou ocorrendo
21:27é que...
21:29E aqui tem um papel público,
21:30a Embrapa é pública,
21:31tem muita coisa pública.
21:33Então, as escolas,
21:34muitas faculdades são públicas.
21:35Diversidades, né?
21:36Diversidades, esse tipo de coisa.
21:38Então, é um tipo de organização
21:40público-privada
21:43que foi rejuvenescida,
21:47foi trocada pela intervenção
21:48do preço mínimo, etc.,
21:50que só derrubava a produção,
21:51do controle de preço,
21:52desse tipo de coisa,
21:53por uma coisa construtiva
21:55na direção da geração
21:57de tecnologia,
21:58do suporte,
21:58da integração.
21:59E isso é que permitiu
22:02que você caminhasse
22:03nessa direção.
22:04De tal sorte,
22:06que não sei se é o único,
22:07mas certamente é o maior
22:08dos setores,
22:09onde o desenvolvimento tecnológico
22:11virou endógeno,
22:12ele faz parte do sistema,
22:14ele está girando.
22:16O que você produz hoje
22:18tem coisa melhor
22:18na linha de pesquisa,
22:20no desenvolvimento,
22:21já se separa
22:22pelo que vem adiante
22:23e isso é do ponto de vista
22:25do mundo inteiro
22:25e assim sucessivamente.
22:27Pouco dessa tecnologia
22:28acontecendo em outras áreas
22:30também de recursos naturais.
22:32Então, existe,
22:33não é resposta para tudo,
22:34mas é um exemplo
22:35que eu acho
22:36de como você vai,
22:38primeiro,
22:38tem que ter uma visão estratégica
22:40de resto,
22:40e a visão estratégica
22:41é a partir de uma coisa
22:42muito simples,
22:43as pessoas vão seguir comendo.
22:47Quanto mais ganha dinheiro,
22:48quanto mais aumenta
22:49o PIB per capita,
22:50mais vão comer.
22:51mais vão sofisticar
22:53o estilo da dieta,
22:54o estilo da comida,
22:55as pessoas vão precisar
22:56se vestir
22:57e as pessoas se movimentam,
22:59o movimento tem energia.
23:01Então, existe uma,
23:02é aproveitar este tipo,
23:04este tipo de visão
23:06e mais do que isso,
23:08eu volto a dizer,
23:09e nós temos um setor financeiro
23:10que é o outro
23:11que se desenvolveu
23:13com,
23:15tendo por base também
23:16uma tecnologia
23:17muito sofisticada,
23:18e a gente gera
23:20este tipo de coisa.
23:22O PIX
23:23é um exemplo universal
23:25extraordinário.
23:27Ainda hoje,
23:29nos lugares
23:30como nos Estados Unidos,
23:31na Europa,
23:32você transferir recursos
23:35de um lugar para o outro
23:36é complicado,
23:37demora, etc.
23:39Aqui nós desenvolvemos
23:40um sistema
23:40que é 24 por 7.
23:42e por quê?
23:44Porque as pessoas,
23:46elas se envolvem,
23:48têm interesse
23:49na inovação tecnológica,
23:50então não tem barreiras
23:51a essa inovação,
23:52mas tem que ter,
23:53mostrar,
23:54olha,
23:54isso aqui é seguro,
23:56é adequado,
23:57vai ser bom para você,
23:58vai ser bom para os outros.
24:00Uma vez,
24:01ganhou uma mínima credibilidade,
24:03assim,
24:03vai,
24:03como aconteceu
24:04com este exemplo.
24:07E aí,
24:08a vida de muita gente
24:09tende a melhorar.
24:11Por quê?
24:11Porque com o PIX,
24:12um telefone,
24:13milhões de pequenos negócios
24:16são tocados
24:17com eficiência.
24:20E isso que vale
24:23nesse exemplo
24:24porque tem muitos outros.
24:26Mas aí,
24:26a confiança da população
24:28no Banco Central.
24:29Se tem hoje
24:30uma instituição
24:30que goza
24:31de enorme confiança
24:32e credibilidade
24:33das pessoas do mercado
24:34é o Banco Central.
24:35Exatamente.
24:36E aí também o PIX,
24:37a tecnologia
24:37junto à credibilidade.
24:38Junto à construção
24:39da credibilidade,
24:40porque a tecnologia
24:41tem que ser uma ferramenta.
24:43A ferramenta,
24:44se usa bem,
24:44pode se machucar com ela
24:46ou machucar os outros.
24:47Então,
24:47essa construção,
24:48por isso que a visão
24:50de prazo
24:51um pouco mais longo
24:52é totalmente
24:52indispensável.
24:55E eu acho
24:57que
24:57esse é um desafio
24:59que a gente tem.
24:59O mundo
24:59deu uma mudada
25:00significativa,
25:02desafios novos,
25:03etc.
25:04e numa certa medida
25:05nós estamos dando
25:05respostas de 50 anos atrás
25:07que não mais funcionam.
25:10Então,
25:10não é o gasto,
25:12digamos,
25:12de volume,
25:12é a qualidade do gasto
25:14que interessa.
25:15Nós aumentamos
25:16em muitos gastos
25:17com educação
25:18e o resultado
25:19ficou aquém
25:20do que você podia esperar.
25:22Porque não é só
25:22o volume de dinheiro,
25:24é como você gasta
25:25esse dinheiro.
25:25Exatamente.
25:26Então,
25:26essa revisão,
25:27essas coisas
25:28têm que ser adequadas.
25:29eu sei que isso
25:30é que devia estar
25:32na essência
25:32do debate político,
25:33né?
25:35É isso mesmo.
25:35Nós estamos um pouco
25:36longe disso,
25:37mas a necessidade
25:38eu acho que está
25:38nos empurrando para isso.
25:40Agora, Zé Roberto,
25:41além da agricultura,
25:42você também conhece
25:42muito a indústria.
25:44E eu digo que
25:44se o sucesso nosso
25:46do agronegócio,
25:47esse crescimento
25:47de 40 anos,
25:492,5%,
25:49foi no agro,
25:52quando a gente
25:52tenta agregar valor
25:53e passa para a indústria,
25:56aí foi um desastre.
25:57O Brasil ficou para trás,
25:58não cresceu nada,
25:59aliás,
26:00foi decrescente
26:01a produtividade
26:02da indústria.
26:03O que aconteceu?
26:04Por que nós não conseguimos
26:06fazer essa transição
26:07para produtos
26:09mais sofisticados
26:09de maior valor agregado?
26:11Isso foi questão
26:12de política tributária,
26:13muito incentivo,
26:15economia fechada.
26:16Qual é a razão
26:18pela qual o Brasil
26:18não cresceu
26:19em coisas de produtos
26:21de maior valor agregado?
26:22Essa é uma pergunta
26:23realmente difícil,
26:25a pergunta do milhão
26:25de dólares, né?
26:27Eu acho que uma coisa
26:28que foi,
26:28que nos atrapalhou muito,
26:31veio da resposta
26:33ao primeiro choque
26:34do petróleo.
26:35Eu acho,
26:37a coisa que começou
26:38a desandar,
26:40foi uma ideia
26:42que acabou sendo colocada
26:43em prática
26:44a partir do governo Gás.
26:45porque de 50 até 70,
26:48em média de 70,
26:49o Brasil com a indústria
26:51cresceu muito.
26:52É verdade.
26:52A chamada
26:52suspensão de importações.
26:54Aí, quando veio
26:55o choque do petróleo,
26:57nós ficamos realmente
26:58100 dólares
26:59para importação
27:00e o programa
27:01do Gás
27:03foi,
27:03vamos avançar
27:04na indústria
27:05economizando importações.
27:07O que isso traduziu
27:08na prática?
27:08Nós vamos fazer
27:09a petroquímica,
27:12nós vamos fazer
27:13uma indústria de aço,
27:15uma indústria de máquinas,
27:16etc.
27:17E tudo isso
27:19pensando em construir coisas.
27:21Eram dois resultados
27:22em relação a isso.
27:23Primeiro,
27:24é que essas coisas,
27:26para poderem serem
27:27construídas,
27:29elas tinham proteção
27:30e, portanto,
27:31elas ficaram mais caras.
27:32E, em particular,
27:33para a indústria,
27:34o que ficou mais caro
27:35foi o que está
27:36na base
27:37da cadeia industrial,
27:39que são os produtos
27:40metálicos
27:41e os produtos químicos.
27:43que se tornaram
27:45muito caros
27:46para o que vem em seguida.
27:48Ao mesmo tempo,
27:49isso foi uma infelicidade histórica,
27:51demorou para perceber,
27:52estava se gestando
27:53uma revolução tecnológica
27:55que nós aprendemos depois,
27:57que era uma revolução
27:57de software,
27:59não de hardware,
27:59não de máquinas,
28:00era de conhecimento
28:01e de software.
28:02Então, nós ficamos
28:03com uma indústria
28:04ainda muito olhando
28:06a produção da máquina
28:07e não o software
28:09que comandaria
28:10a inteligência
28:11a inteligência
28:12da máquina.
28:13Como você protegia
28:14tudo,
28:15esse software não veio
28:16e as coisas ficaram caras.
28:18E, a partir daí,
28:18a nossa produção
28:19foi ficando muito cara
28:20e sem poder competir
28:22com o exterior.
28:24Fazer isso
28:25caminhou ao contrário
28:26não é simples.
28:28É bem complicado
28:29para ser feito
28:30e é isso
28:33que a gente
28:34ainda segura
28:35bastante.
28:38Por que
28:38que
28:39o aço,
28:41por exemplo,
28:41brasileiro,
28:42sempre foi 25%,
28:4330% mais caro
28:44que o aço internacional?
28:45É o que me disse
28:46uma vez
28:46um presidente
28:47da Bosch,
28:48como é que eu vou
28:49produzir uma peça
28:50a um preço competitivo
28:51internacional
28:52se o tarugo
28:54de aço
28:55que eu sou obrigado
28:55a comprar
28:56custa 30%
28:57mais caro
28:58do que
28:58qualquer lugar
28:59do mundo?
28:59o produto que eu fizer
29:00também vai ser mais caro,
29:02o carro também
29:02vai ser mais caro
29:03e aí ele não vai ser
29:04tão competitivo.
29:05Nós embarcamos
29:06numa nessa.
29:07Agora, refazer
29:09esse caminho
29:10é bastante,
29:11não é simples,
29:12é bastante complicado,
29:14né?
29:15Mas a gente tem
29:16algumas,
29:17tem várias oportunidades.
29:18Eu diria
29:19que a gente teria
29:19que abrir
29:20com cautela
29:21e importações
29:22e começar
29:22da base
29:23da indústria
29:24para poder você...
29:25Isso está acontecendo
29:26na miúda
29:27muito.
29:28Tem muita coisa
29:29acontecendo na indústria,
29:30especialmente
29:30de produtos
29:31que chegam
29:32ao consumidor final
29:33e que tem
29:33alguma coisa
29:34de componentes
29:36eletrônicos
29:37no relacionamento
29:38com a China.
29:39Não é muito
29:40visível
29:41porque dá
29:41coisa pequena,
29:42mas você consegue.
29:44Hoje tem muitos
29:44empresários
29:45que conseguem
29:45fazer isso.
29:46Desde o desenho
29:48básico,
29:48do molde,
29:49é tudo
29:50que você faz
29:51com a China.
29:52Em uma semana
29:53tem um protótipo
29:54aqui na sua mão,
29:55em um mês
29:55você é capaz
29:56de ter.
29:58Mas isso é uma coisa
29:59que vai sendo
29:59construído
30:00meio
30:00uma surdida,
30:01se me permite dizer.
30:03Não é uma coisa
30:03evidente que está
30:04ali em cima.
30:06Não vai ser fácil
30:07construir isso daí,
30:09mas não é impossível
30:10dar alguma melhorada,
30:11eu acho.
30:11Agora,
30:12as empresas brasileiras
30:13que se tornaram
30:14competitivas
30:15acabaram fazendo
30:16parcerias internacionais,
30:18indo para fora,
30:19muitas se instalando
30:19nos Estados Unidos,
30:20a própria Embraer
30:21que você mencionou
30:21cada vez com o Faro
30:22que é maior,
30:23agora algumas empresas
30:24indo até para o Paraguai
30:25por uma questão fiscal
30:27e simplificação
30:28de regras,
30:29etc.
30:30Então,
30:30o Brasil,
30:31as indústrias
30:31que estão se estando bem
30:32estão deixando o mercado.
30:34Como é que é?
30:35Mas,
30:35de novo,
30:36essa coisa do projeto,
30:37eu vou me permitir
30:37falar,
30:38eu aprendi isso
30:39com o Osiris,
30:40fundador da Embraer,
30:43por que que deu
30:44esse sucesso?
30:46Ele,
30:46engraçado,
30:47ele sempre diz assim,
30:47olha,
30:48Roberto,
30:48o grande,
30:49deu o sucesso
30:50porque avião cai
30:51e ninguém quer cair
30:52do avião.
30:53Então,
30:53na partida,
30:55o que que a Embraer,
30:56que era estatal,
30:57ainda pensou?
30:58O que nós não sabemos fazer
31:00não vamos importar.
31:01Motor,
31:02até hoje,
31:02é 100% importado
31:04e os chamados aviônicos,
31:05os controles eletrônicos
31:07do avião,
31:08isso essencialmente
31:09é importado.
31:10Alguma coisa de fiação
31:11é montada aqui
31:12essencialmente é importado.
31:13E aí foi se especializar
31:14no design.
31:15Design,
31:16hora de engenheiro.
31:17O engenheiro brasileiro
31:19é talentoso
31:19e em tempos internacionais
31:21é hora muito barata.
31:23Por isso que a Boeing
31:23vem aqui e contrata a gente,
31:25muita gente
31:26contrata
31:26esse tipo de coisa.
31:29Aí,
31:29na partida,
31:30você tinha um projeto
31:31que tinha a condição
31:33de ser tão bom
31:34quanto os outros,
31:35mais barato
31:36pelas nossas vantagens
31:37e aí desenharam algo
31:39que tinha um espaço
31:40no mercado.
31:41Então,
31:42quando você nasce
31:43contra o resto do mercado,
31:44fica difícil
31:45você fazer essa construção.
31:47Não dá para refazer
31:48a Embraer,
31:48mas a gente tem que pensar
31:50um pouco nisso.
31:51E quais são,
31:52quando aparecem
31:52oportunidades,
31:53aproveitar.
31:54Então,
31:54energia nova
31:55é uma oportunidade.
31:58Combustível
31:58sustentável
31:59de aviação
32:00é uma tecnologia
32:02que ainda está sendo
32:02desenvolvida.
32:03Uma vem de óleos,
32:04outra vem do etanol,
32:06enfim,
32:07tem coisas
32:08que a gente pode chegar
32:09e chegar junto
32:10com isso.
32:11Então,
32:11tem algumas possibilidades.
32:13E as empresas
32:14realmente eficientes,
32:16eu acho que tem isso.
32:17desde bem mocinho,
32:20se não foi do nascimento,
32:21a WEG é um exemplo,
32:23a de Santa Catarina,
32:23a ideia
32:24de estar olhando
32:25e aí faz,
32:26você investe lá fora,
32:28você compra,
32:30faz algumas parcerias,
32:31mas está sempre,
32:33não tem medo do exterior.
32:34Acho que basicamente
32:35essa é a diferença.
32:37E nós temos oportunidade.
32:39Porque a tecnologia
32:39mudando tanto,
32:40a gente é capaz
32:41de fazer coisas
32:42boas nisso.
32:44não é simples,
32:46porque a competição
32:46é furiosa,
32:48feroz,
32:49e a gente tem que ter
32:50alguma precondição
32:51macroeconômica.
32:52Com essa taxa de juros,
32:53é muito difícil
32:53construir qualquer projeto.
32:55Você acabou de mencionar
32:56uma coisa importante,
32:57que é a competição
32:58furiosa
32:59na economia global.
33:01Exatamente.
33:01Mas nós temos hoje
33:02uma reversão
33:04de tendências
33:05na economia global.
33:06Desde o fim
33:07da Segunda Guerra Mundial,
33:08a economia global
33:08caminhava rumo
33:10a uma integração maior,
33:11ao multilateralismo,
33:12a um comércio global
33:14e agora vem
33:15refreando com políticas
33:16nacionalistas,
33:17protecionistas.
33:18Como você vê?
33:19Você acha que isso é
33:20uma coisa momentânea
33:21de governos populistas
33:23no poder?
33:24Ou você acha que
33:25isso é uma tendência
33:26que veio para ficar
33:27neste mundo
33:28onde essas placas
33:30tectônicas
33:30das grandes potências
33:31estão mudando de direção
33:33e para os países
33:34se sentirem
33:35um pouco mais seguros,
33:36eles preferem
33:37tomar conta
33:38do seu próprio quintal
33:39ao invés de se engajar
33:40na economia global?
33:41Eu acho que
33:42não é uma coisa
33:44circunstancial.
33:46Ela vai durar,
33:48especialmente
33:49sair do mundo
33:51unipolar
33:51para um mundo
33:52pelo menos bipolar.
33:54Isso eu acho
33:55que vai se intensificar.
33:57Dar a partida
33:59disso daqui
33:59vai ser difícil
34:00isso voltar.
34:03Aí o que você tem
34:04é que no meio
34:05desses dois grandes,
34:07China e Estados Unidos,
34:08quem tem chance
34:10vai ser difícil,
34:12mas de procurar
34:13um espaço
34:14é a Europa
34:15que tem outras
34:16vantagens
34:17mas o PIB
34:20como um todo
34:20é similar
34:21e ela tem
34:22como se posicionar.
34:24Mas antes
34:24eu vejo assim,
34:25eu vejo o Brasil
34:26olhando
34:27esse tipo de coisa
34:29nós podemos
34:30tomar partido
34:31do fato
34:31de que
34:32como a América do Sul
34:33estrategicamente
34:34ela não é decisiva,
34:37não é relevante
34:38como algumas regiões
34:40da Europa, etc.
34:42Nós temos
34:43e eu acho que isso
34:45o agronegócio
34:46já mostrou o caminho
34:47a nossa
34:48a nossa
34:48a posição mais adequada
34:51é ser
34:52global trader.
34:54Não nos amarrarmos
34:55em nenhuma
34:55dessas pontas
34:56das três
34:57mesmo que a Europa
34:58seja amarrada
34:58mas construir uma coisa
35:00que nós queremos
35:01ter relacionamento comercial
35:03que vai além
35:03e relacionamento
35:05econômico
35:07vai além disso
35:09inclusive
35:10com soft power
35:11nós temos
35:13essa expansão
35:15do soft power
35:16que vai
35:17desde a música
35:18das novelas
35:19do turismo
35:21tem como
35:23você ter
35:23uma posição
35:24nesse conjunto
35:25eu acho que
35:26isso bem
35:27bem calibrado
35:28e considerando
35:29eu acho que
35:31você concordaria
35:32a competência
35:33do nosso Itamaraty
35:34que é uma coisa
35:34construída
35:35que vem lá
35:36do século XIX
35:38no Barão do Rio Branco
35:39e tudo mais
35:40acho que a gente consegue
35:41ter uma coisa
35:42em que não fica
35:43amarrado em lugar nenhum
35:45consegue ter coisas
35:47construtivas
35:48com todos os lugares
35:49se atraente
35:50para todos esses lugares
35:52e ter um proveito
35:55dessa situação
35:56a questão
35:57de ter dois gigantes
36:00globais
36:01eu acho que
36:02isso não volta
36:02mais para trás
36:03que é uma coisa
36:03da vida
36:04que ficou
36:06no curto prazo
36:08inclusive
36:09me parece
36:10claro que
36:11nessa guerra
36:12comercial
36:13a China
36:15está até
36:16saindo algo
36:16melhor
36:17exatamente
36:19um exemplo
36:20de estar sempre
36:21pensando na prazo
36:22mais longo
36:22tudo bem
36:23é uma ditadura
36:23pode fazer
36:24uma coisa desse tipo
36:25mas o fato
36:26é que tem
36:27um pensamento
36:28mais longo
36:29mas isso não vai durar
36:30para sempre
36:30porque ela também
36:31tem muitos
36:31todo mundo
36:32tem problemas
36:33grandes
36:33mas ela aproveitou
36:34um pouco
36:35do que tem
36:35eu acho que
36:36está muito confuso
36:38no curto prazo
36:39mas o que nós
36:39temos que
36:40ter
36:40de qualquer forma
36:42manter
36:43como ativo
36:44nosso
36:45é de ter
36:46bom relacionamento
36:47com todo mundo
36:48de verdade
36:50para poder
36:51de fato
36:52poder
36:52inclusive
36:53isso sim
36:53permitiria
36:54uma internacionalização
36:56de empresas
36:56mais facilmente
36:57uma troca
36:58de uma coisa
36:59de tecnologia
37:00aproveitar
37:01como você falou
37:02na introdução
37:03por exemplo
37:04desde
37:05data center
37:07os centros de dados
37:08essas coisas
37:08porque nós também
37:10temos energia
37:11limpa
37:14renovável
37:14competitiva
37:15renovável e competitiva
37:16então dá para aproveitar
37:18essas coisas
37:19então acho que
37:21eventualmente
37:22se não ter
37:24uma importância
37:25estratégica
37:26decisiva
37:27pode virar
37:29uma vantagem
37:29estratégica
37:30se bem
37:31operada
37:32ou seja
37:33manter uma
37:33política comercial
37:35com o maior
37:35número de parceiros
37:36possíveis
37:37diversificação
37:38das parcerias
37:39comerciais
37:39não depender
37:40tanto de um mercado
37:41ou de outro
37:41hoje dependemos
37:42demais da China
37:43agora vamos ter
37:44o acordo
37:44com o Mercosul
37:46com a Unidade Europeia
37:46vamos aumentar
37:47ali
37:47e não cortar
37:49o cordão umbilical
37:50com os Estados Unidos
37:51que é o nosso
37:51segundo maior
37:52evidentemente
37:53é uma
37:54é uma coisa
37:55importante
37:56e ainda é
37:57o centro
37:58mais importante
37:59de desenvolvimento
38:00tecnológico
38:01então eu acho
38:02que isso
38:02permite aumentar
38:04a capacidade
38:07primeiro
38:08de adaptação
38:09de defesa
38:10ao meio ambiente
38:11que às vezes
38:11fica ruim
38:12você eventualmente
38:13se defende
38:14puxando um pouco
38:15para o outro lado
38:16e tudo mais
38:16acabamos de viver
38:17um exemplo
38:19não terminou
38:20completamente
38:21mostrando isso
38:22as horas tantas
38:24é decretado
38:25um tarifácio
38:26para produtos
38:27brasileiros
38:27então
38:28a reação
38:29é calma
38:30nessa hora
38:31vamos sentar
38:31e conversar
38:32não se trata
38:33de romper
38:33e fazer
38:34mas o sistema
38:34produtivo
38:35rapidamente
38:36aonde que eu posso
38:37desenvolver
38:38a carne
38:39que não foi
38:39para os Estados Unidos
38:40no mês seguinte
38:41estava entrando
38:42no México
38:42e eventualmente
38:44via México
38:45entrando nos Estados Unidos
38:46de tal sorte
38:47que se você olhar
38:48a balança comercial
38:49olha a tarifa
38:50de 50%
38:50e até mais
38:51nem coçou
38:53tem alguns
38:55setores menores
38:56tipo calçados
38:57etc
38:57que estão
38:58mais atrapalhados
38:59mas do ponto de vista
39:00do país como um todo
39:01essa condição
39:02de global trade
39:03que está negociando
39:04com o Europeu
39:05permitiu encaixar
39:07um negócio desse
39:08mantendo a frieza
39:10a conversa
39:11continuou
39:12com os Estados Unidos
39:14e nós estamos
39:16tocando adiante
39:16é um bom exemplo
39:17de como
39:18a gente pode
39:19sair bem
39:20nessas circunstâncias
39:21o que não pode
39:22trabalhar
39:23é o que eu chamo
39:24de diplomacia política
39:25nós sempre tivemos
39:26essa grande tradição
39:27do Itamaraty
39:28de tratar a política externa
39:29como política de Estado
39:30e não ser contaminada
39:32pela partidarização
39:34pela politização
39:35e infelizmente
39:36nos últimos anos
39:37ela foi contaminada
39:38e isso acaba criando
39:39rusgas desnecessárias
39:41com nossos parceiros comerciais
39:43e mais do que isso
39:44eventualmente
39:44a própria instituição
39:46ela começa a sofrer
39:47um pouco
39:47para renovar
39:48seus quadros
39:49para manter
39:50o grau de competência
39:52infelizmente
39:52eu acho que
39:53isso está acontecendo
39:55mas sempre tem
39:56algum custo
39:58é isso mesmo
39:58agora
39:59Zé Roberto
39:59você tocou
40:00num ponto fundamental
40:01eu sou um daqueles
40:03que acredito
40:03que a Europa
40:04vai ser
40:04a grande beneficiária
40:06nessa bipolarização
40:07porque a Europa
40:08tem enorme qualidade
40:10de capital humano
40:11tem capital físico
40:12tem tecnologia
40:13o que precisa
40:14é acertar essas regras
40:15fazer o mercado
40:16como um europeu
40:16ser um mercado
40:17comum de fato
40:18ter um mercado
40:19de capitais único
40:20regras mais
40:22regras mais iguais
40:25parecidas
40:25para poder atuar
40:26no mercado
40:27etc
40:27e o plano drag
40:28muito indica
40:30esse caminho
40:31e toca num ponto
40:32fundamental
40:33que a indústria
40:33de defesa
40:34como um grande
40:35alavancador
40:36de investimento
40:36como você vê
40:37a Europa
40:38nesse mundo bipolar
40:39e se ela pode ser
40:41essa terceira parte
40:43e uma parte
40:44muito mais voltada
40:45ao comércio exterior
40:46do que próprio
40:47China e Estados Unidos
40:48olha
40:48eu partilho
40:49dessa visão
40:50que a Europa
40:50tem uma grande
40:51oportunidade
40:52pela diante
40:52e não
40:53não compro
40:55de jeito nenhum
40:56a ideia de muitos
40:57que ela já é
40:58uma carta fora do jogo
40:59uma coisa menor
41:00não acho que seja
41:01verdade
41:02além do que
41:04você falou
41:06eu acho que é uma
41:07coisa importante
41:08a Europa reconheceu
41:09que ela
41:10negligenciou
41:15da questão
41:16de defesa
41:16num mundo
41:17que estava ficando
41:18mais complicado
41:19e em particular
41:19tendo um vizinho
41:20que é a Rússia
41:21que é um vizinho
41:22complexo
41:23eu me lembro
41:24de lá
41:27para 2007
41:28mais ou menos
41:29escutar
41:30do presidente
41:31de uma grande
41:31corporação alemã
41:33que me disse
41:34que estava aqui
41:35no Brasil
41:36tem operação
41:37no Brasil
41:37há muito tempo
41:38mas ele me falou
41:38a vizinhança
41:39com a Rússia
41:40é uma coisa
41:41uma posição geográfica
41:43não vai mudar
41:44então a nossa estratégia
41:45naquele momento
41:46era uma convivência
41:48via integração
41:49e isso acabou
41:50não funcionando
41:51como nós vimos
41:52e ela aprendeu
41:53da pior forma possível
41:54que realmente
41:56não funcionou
41:56e exatamente
41:58a Alemanha
41:59que fez a primeira
42:00a grande mudança
42:01de verdade
42:02que é
42:03o reconhecimento
42:04mudar até a Constituição
42:05para ter uma política
42:07fiscal mais ativa
42:08deixar para trás
42:09aquela herança
42:11da visão
42:12da hiperinflação
42:13de 1923
42:14e tudo mais
42:15e dizer
42:17nós vamos investir
42:18500 bilhões
42:19de euros
42:20em infraestrutura
42:21e na defesa
42:23ora
42:24isso dá um horizonte
42:25para a tecnologia
42:26porque como
42:28desde sempre
42:29boa parte
42:31do avanço
42:31tecnológico
42:32nasce
42:33das necessidades
42:34da pesquisa militar
42:35isso
42:37que significa
42:38que você pode
42:39ter um choque
42:39de tecnologia
42:40que a Europa
42:41havia perdido
42:42e com a vantagem
42:44adicional
42:45que eu acho
42:45que está sendo
42:45subestimada
42:46é que os nórdicos
42:48por conta
42:49da reação
42:50à Rússia
42:50eles entraram
42:52mais próximos
42:53nisso
42:53e os nórdicos
42:55eles
42:55tem um modelo
42:57escandinavo
42:58de desenvolvimento
42:59sempre foi
42:59o meu herói
43:01é aquele que consegue
43:02ser
43:02trazer igualdade
43:04crescimento
43:05liberdade
43:06construção
43:07e etc
43:07e isso vai
43:09acho que pode fazer
43:09muito bem
43:10muito bem
43:11para essa Europa nova
43:12a Espanha
43:14por outro lado
43:15que passou
43:15o diabo
43:16algum tempo atrás
43:17depois da crise
43:18imobiliária de 2008
43:19que voltou
43:20é o país
43:21da Europa
43:22que mais
43:23construtivamente
43:25se relaciona
43:26com a imigração
43:27e hoje
43:29é um dos países
43:30puxadores
43:30de crescimento
43:31então essa combinação
43:33é uma renovação
43:34alemã
43:35a entrada
43:36dos nórdicos
43:37com esse
43:38e uma indústria
43:40uma indústria sueca
43:41são realmente
43:42de primeira
43:43inclusive
43:44de defesa
43:45essa coisa nova
43:47do sul da Europa
43:48pode dar
43:49uma amálgama
43:50mais
43:50uma visão estratégica
43:52do plano
43:53Drag
43:53que está dizendo
43:53exatamente isso
43:54a nossa grande vantagem
43:57única
43:57é ter feito
43:58uma coisa comum
43:59com a montanha
43:59de países
44:00mas agora
44:01tem que tirar
44:02o resto
44:03das paredes
44:03tem que nivelar
44:05mais o plano
44:06para poder fazer
44:06uma coisa
44:07eu estou com você
44:09e a Europa
44:10é detetora
44:11de um riquíssimo
44:13soft power
44:14de um conhecimento
44:15de uma sabedoria
44:16tem uma chance
44:18única
44:18o atual governo americano
44:20está maltratando
44:20a universidade
44:21é uma chance
44:22numa geração
44:23de ter os melhores
44:24laboratórios
44:25do mundo
44:26e que está sendo aproveitado
44:28o Canadá também
44:29está fazendo
44:29um pouco isso
44:30mas o Canadá
44:30é menor
44:31e é sozinho
44:32a Europa
44:33está fazendo
44:33então se somar
44:35todos esses pedaços
44:36e que pese riscos
44:37enormes
44:38por exemplo
44:40o que vai acontecer
44:41na Ucrânia
44:42mas acho que a Europa
44:43tem muita condição
44:45e aliás
44:46o exemplo
44:46se de fato
44:47assinarmos agora
44:48no dia 20
44:49acordo com a Europa
44:50do que eu sei
44:51eu acho que não tem
44:52nenhuma informação
44:53privilegiada
44:54a liderança europeia
44:58diz
44:58olha
44:58diz para a França
44:59e para a outra
45:00vamos parar
45:01com essa
45:01política aqui
45:03de
45:03pequena
45:06por causa da agricultura
45:08isso daquilo
45:08nós temos o futuro
45:10da Europa na frente
45:11temos que ter outros caminhos
45:12além dos Estados Unidos
45:14os outros
45:14tem que fazer
45:15um acordo
45:15com o Mercosul
45:16essa é a coisa
45:17para de falar
45:18e Macron
45:19se vira aí
45:20com seus agricultores
45:22tem que ter uma forma
45:23tem que fazer isso
45:24com elas
45:24tem que fazer isso
45:25com outros
45:25então tem muita coisa
45:27acontecendo
45:28e eu queria adicionar
45:30só mais algo
45:31eu não sei
45:32o que vai acontecer
45:33na coisa da Ucrânia
45:34mas
45:35a nossa visão
45:37de mercado
45:37de petróleo
45:38para o ano que vem
45:39é de uma queda
45:40significativa
45:41no preço do petróleo
45:42porque
45:43a produção
45:46segue aumentando
45:47e o petróleo
45:48está mais para ir
45:49para 50 dólares
45:50claro que pressupõe
45:51que o conflito
45:52não escala nisso
45:54você imagina
45:55e aí o gás natural
45:56volta
45:57o país
45:58como o Canadá
45:59montou
46:01uma operação
46:02de exportação
46:02de gás natural
46:03bastante grande
46:05que está começando
46:06a entrar
46:06começar a ter a Europa
46:08de repente
46:09se ela não depender
46:09do gás da Rússia
46:11puder trazê-lo
46:12a preços competitivos
46:14do Canadá
46:15do Qatar
46:16e dos outros lugares
46:17e também
46:18dos Estados Unidos
46:19ela também tem
46:22ou seja
46:23está formando
46:24uma coisa
46:25que pode ser
46:27muito construtiva
46:28do político
46:29da Europa
46:29e eu acho
46:30que para o Brasil
46:31está o mais ligado
46:33possível nisso
46:34é indispensável
46:35agora
46:35Zé Roberto
46:36quem diria
46:37que os dois patinhos
46:38feios da Europa
46:39hoje
46:39é a Inglaterra
46:41e a França
46:42é negócio
46:43inacreditável
46:44parece que são os dois
46:45que estão tendo
46:45mais dificuldade
46:46de se adaptar
46:47a essa nova Europa
46:48que você está
46:49descrevendo
46:49não é por acaso
46:51que uma das razões
46:52chaves nisso
46:53é uma situação fiscal
46:55que foi deteriorando
46:56e que ninguém
46:57conseguiu se acertar
46:58e no caso da França
46:59é pior
47:00porque
47:01eu acho até
47:03porque
47:04a oposição
47:06à direita
47:06também é partidária
47:08do governo grande
47:09então
47:10você não tem
47:11proposição
47:11de lado nenhum
47:12de vamos
47:13então
47:15isso
47:15é surpreendente
47:17é realmente surpreendente
47:18e você imaginar
47:19que Grécia
47:20e Espanha
47:21estão fazendo
47:21uma coisa desse tipo
47:22eu acho que
47:24uma coisa que eu gostaria
47:25de ver
47:25que ainda não tem
47:26é uma participação
47:28mais efetiva da Itália
47:30que a Itália
47:31também excede
47:32em soft power
47:34tem uma tradição
47:35industrial
47:36etc
47:36entretanto
47:37a líder
47:39italiana
47:40Meloni
47:41ela está
47:43três anos
47:44no poder
47:44mas
47:45eu vi mais de uma análise
47:47dizendo que
47:48uma das razões
47:48para isso
47:49é ela não usar
47:50nada politicamente
47:51então não mexe
47:52com nenhum dos lados
47:53e ela é muito jeitosa
47:55vai muito bem
47:56se dá bem
47:56com a
47:57Úrsha von der Leyen
47:58mas não avança a Itália
48:01que precisaria
48:02por ser uma coisa
48:03mas
48:04não sei
48:05eu sou
48:06eu sou construtivo
48:07nessa percepção
48:09e mais do que tudo
48:10desde 1870
48:12a Alemanha
48:13quando põe numa direção
48:14eles são de uma eficiência
48:16não acreditaram
48:17é verdade
48:17eu acho que vai ter
48:18vai ter uma construção grande
48:21e eu acho
48:22que a gente precisa estar
48:24nesse conjunto
48:24mas eu tenho a impressão
48:25que a Itália
48:26tem mais chance
48:27de ser empurrada
48:27por essa força
48:29gravitacional
48:30de uma Alemanha
48:31forte
48:32e dessa Europa
48:33Mediterrânea
48:34eu concordo
48:35do que a França
48:35e a Inglaterra
48:36que estão mais engessadas
48:37mais engessadas
48:38historicamente
48:39tem muito mais condicionante
48:41e por aí vai
48:43mas
48:44vamos ter que acabar
48:45vamos ter que acabar
48:47indo adiante
48:47o caso da Inglaterra
48:49é espantoso
48:51porque
48:51está perdendo
48:54a condição
48:54da City
48:55que era o que fazia
48:57uma boa parte
48:57aí a indústria
48:58ele perdeu toda
48:59não sobrou mais nada
49:00de indústria relevante
49:02então é complexo
49:03é uma pena
49:04agora
49:05José Roberto
49:06como você vê
49:07o mundo
49:08em 2026
49:09assim
49:09primeiro o cenário global
49:11e depois Brasil
49:11olha
49:12eu acho que para 2026
49:15a coisa que mais
49:17vai ser determinante
49:18é se nós vamos ou não
49:20ter um ajuste
49:21na Bolsa Americana
49:23correção dos preços
49:25dessa
49:25que eu acho
49:26que já é uma mania
49:27do investimento
49:28em inteligência artificial
49:29falo isso por quê?
49:32porque se houver
49:33essa correção
49:34que
49:34imensa maioria
49:36dos analistas
49:37dos players
49:37do mercado financeiro
49:39americano
49:39acham que vai acontecer
49:41se é caso
49:44ela de fato
49:45aconteça
49:45ela vai dar
49:47uma esfriada
49:48se ajusta
49:49nos mercados
49:50dá uma esfriada
49:51significativa
49:53aí nesses preços
49:55o dólar
49:56provavelmente
49:56vai desvalorizar
49:57voltar a desvalorizar
49:58mais um pouco
49:59e
50:00isso
50:02evita esse efeito
50:05aspirador
50:08do mercado financeiro
50:10americano
50:10isso é o mais importante
50:12e até porque
50:13vai determinar
50:14para onde está
50:14indo o investimento
50:16eu acho
50:17que isso nós vamos ter
50:18a pergunta é
50:20é um ajuste
50:20só um ajuste
50:21de preços
50:22ou é uma coisa
50:24mais grave
50:24do que isso
50:25eu acho que é
50:25antes de um ajuste
50:26de preço
50:27a inteligência artificial
50:28é uma daquelas
50:29ferramentas
50:30de mudança
50:31tecnológica
50:32que ocorrem
50:33de décadas
50:34em décadas
50:35e que vão mudar
50:35o mundo
50:36só que
50:37já aconteceu isso
50:39mais de uma vez
50:40a última vez
50:40foi na internet
50:41aqui presente
50:42e foi no século XIX
50:44com a ferrovia
50:44isso gera
50:46eventualmente
50:46uma mania
50:47de investimento
50:48infla
50:49exageradamente
50:50e depois
50:51quando o balão
50:53esfria
50:54mas fica
50:54a inovação tecnológica
50:56as ferrovias
50:56continuaram importantes
50:57a internet
50:58vai quando é importante
50:59a inteligência artificial
51:00também vai quando
51:01mas não vai ser
51:02essa coisa
51:03que só tem isso
51:03não tem mais nada
51:04e isso é importante
51:06para permitir
51:07os Estados Unidos
51:08começarem a olhar
51:08um pouquinho
51:08os ajustes
51:09que estão andando
51:10é um setor
51:11que vai muito bem
51:11e o resto
51:12que vai muito mal
51:12ou seja
51:13em 26
51:13a bolha estoura
51:14não sabe se vai ser
51:15um estouro enorme
51:17ou se vai ser
51:17um estouro
51:18mais moderado
51:18que ela está
51:19muito perto
51:20disso acontecer
51:21e vai aí
51:22influenciar
51:22em bitcoin
51:23ela já está
51:24influenciando
51:24em coisas desse tipo
51:25desinfla um pouco
51:27o balão
51:27do mercado financeiro
51:30e isso reequilibra
51:31um pouco o jogo
51:32a propósito
51:33a Europa
51:34não sairia mal
51:34nessas circunstâncias
51:35também
51:36a outra coisa
51:38que é muito incerta
51:39é a guerra
51:40na Ucrânia
51:41ninguém sabe
51:41o que vai acontecer
51:42então é muito difícil
51:44então pelo menos
51:45a expectativa
51:46é que isso
51:46não venha a piorar
51:47mas o ideal
51:49seria mesmo
51:49cessar fogo
51:51mantendo as fronteiras
51:53onde estão
51:53mas não é entrega
51:54de terreno
51:55que a Ucrânia
51:56não vai fazer nunca
51:56mas congela a situação
51:58enquanto vai se discutir
52:00nessas circunstâncias
52:03eu acho que o mundo
52:04cresce menos
52:05mas distensiona um pouco
52:08do que está acontecendo
52:10e isso
52:13é relativamente
52:15positivo
52:16para nós
52:17não é ruim
52:17porque permanece
52:19permanecerá
52:20a possibilidade
52:22de um crescimento
52:24moderado
52:24não resolve
52:25os nossos problemas
52:25internos
52:26mas pelo menos
52:27tira um pouco
52:28da pressão
52:30da pressão externa
52:32acho que
52:33como mencionei
52:33nessas condições
52:34o petróleo
52:35enfraquece
52:37vai para uns 50
52:38e tem que ter
52:41uma certa recomposição
52:43desse período
52:44muito nervoso
52:45muito guerreiro
52:46muito
52:46e vai estar
52:48todo mundo
52:49reconstruindo
52:49as suas
52:50as suas linhas
52:51comerciais
52:52o Canadá
52:53interessa
52:53se ligar
52:54mais com a Ásia
52:55mais com a Europa
52:56Europa
52:56com a América do Sul
52:57e isso
52:58pode
52:59talvez
53:00equilibrar
53:01um pouco
53:01o jogo
53:01é uma
53:02possibilidade
53:04que me parece
53:07mais razoável
53:08e do nosso ponto de vista
53:10China
53:10só um ponto
53:11China
53:11eu acho que a China
53:13não vai mudar muito
53:14ela continua onde está
53:15ela
53:16o que ela não vai conseguir fazer
53:20é aumentar tanto
53:21a exportação
53:22como ela aumentou
53:23porque ela está com mais
53:24do que compensou
53:25tudo que perdeu
53:25para os Estados Unidos
53:26para outros países
53:27tem um limite
53:27onde ela pode fazer
53:29ela tem que
53:31eu acho que
53:34no curto prazo
53:36ela tende a ganhar
53:37com isso
53:37mas os seus próprios
53:39problemas vão aparecer
53:40a China tem um problema
53:41demográfico
53:42tem um consumo interno
53:44contido
53:44que não irá adiar
53:45tem bolha imobiliária
53:46a bolha que estourou
53:47não digeriu ainda
53:48todo o estudo
53:49que está aí
53:50ela tem muitos
53:51muitos problemas
53:53ainda
53:54a resolver
53:56eu acho que
53:56tem um interesse
53:57mas para mim
53:58para construir qualquer cenário
54:00esse cenário
54:01do mercado americano
54:02pela impocritação que tem
54:03no juro
54:04no comércio
54:04etc
54:05aí é o que seria
54:06mais relevante
54:07para nós
54:08tem que lembrar
54:10que aqui nós temos
54:10um ano eleitoral
54:11mas um cenário
54:13como esse
54:14permite
54:15que
54:15que é o cenário
54:16mais provável
54:17a gente atravesse o ano
54:18com baixo crescimento
54:21uma certa desaceleração
54:22mas também
54:23sem pressão
54:23impracionária
54:24e aí
54:25aí o jogo mesmo
54:27é o que vai fazer
54:28um novo governo
54:28seja ele qual for
54:29e aí volta
54:30o nosso começo
54:31de conversa
54:32temos um desafio
54:33oportunidade
54:34e esse baixo crescimento
54:36quantos estão projetando
54:37para o próximo ano?
54:381,6
54:381,7
54:391,6
54:391,7
54:40pode ser um pouquinho mais
54:41porque essas coisas
54:42parafiscais
54:43que estão sendo postas
54:44na rua
54:44são desenhadas
54:45para fazer efeito
54:46no segundo semestre
54:47demanda das famílias
54:48subir então
54:49mas certamente
54:51é dois para baixo
54:52não acho que vai ter surpresa
54:53assim grande
54:54porque tem uma certa
54:56uma certa
54:57uma certa desaceleração
54:58o efeito da taxa de juros
55:00é grande
55:01e
55:01a gente ainda tem que digerir
55:04
55:04um
55:05um efeito
55:06de
55:07sempre você tem
55:08algumas empresas
55:09que estão
55:10essencialmente alavancadas
55:11cujo modelo de negócio
55:12está mais ou menos
55:14esse desarranjo
55:15leva um certo tempo
55:16para você digerir
55:18
55:18e não tem um
55:19um foro agronegócio
55:21que também está lambendo
55:22um pouco da
55:23dos excessos
55:24de medida
55:25aí pelas RJ
55:26não tem um puxador
55:28de crescimento
55:29vai estar todo mundo
55:30olhando o que vai acontecer
55:31mais adiante
55:32e taxa de juros
55:33como vocês estão
55:33planejando
55:34eu acho que o banco central
55:35vai abaixar
55:37a partir de janeiro
55:38não faz antes
55:39porque também só
55:40sobrou dezembro
55:41tá certo
55:41tem
55:42colegas
55:43acho que vai ter
55:44que demorar mais
55:45não acredito
55:46a inflação está
55:47caindo mesmo
55:47em parte
55:50porque a própria taxa
55:51de juros
55:52o câmbio
55:53que
55:54por causa dos Estados Unidos
55:56mais que tudo
55:56o real
55:57se valorizou
55:58e a safra agrícola
55:59foi excepcional
56:00então a custa de alimentação
56:02também está caindo
56:03tem um restinho
56:05de pressão
56:05em alguns preços
56:06de serviços
56:07mas isso tende
56:08a
56:09então não vai permitir
56:09o banco central
56:10começar uma baixa de juros
56:11talvez
56:12você sair dos 12
56:14dos 15
56:14chegar até perto de 12
56:16até 12
56:16que ainda é uma taxa
56:18grande
56:18porque a inflação
56:19também estará caindo
56:20mas pelo menos
56:21se está na
56:22e aí vai depender
56:23muito da proposição
56:24do que vier depois
56:25o que segue
56:27mas teremos oportunidade
56:29com algum ajuste
56:31ocorrendo
56:33a partir de 27
56:34de até ter
56:36uma continuidade
56:38nessa baixa de juros
56:39mas independe
56:39do que o novo governo
56:40vai fazer
56:41independe
56:41muita eleição
56:42eleição entra muito
56:43no radar
56:44no segundo semestre
56:45exatamente
56:46está longe
56:47da gente
56:48o que dá para dizer
56:49hoje
56:50que as pesquisas
56:51mostram
56:52é que está
56:53muito dividido
56:55inclusive
56:57esses eventos
56:58anormais
56:59recentes
56:59o
57:00acaio
57:01a melhora
57:01de prova de mão
57:02a nossa leitura
57:04quando você faz
57:06a média
57:06das pesquisas
57:08favor ou contra o governo
57:10gosta ou não gosta
57:11está na direção certa
57:12na direção errada
57:13etc
57:13é meio a meio
57:15não dá para você
57:17a única coisa
57:19que vai dizer
57:19que vai ser nervoso
57:20porque está
57:20meio a meio
57:21Zé Roberto
57:23muito obrigado
57:23pela conversa
57:24aqui no entrevista
57:25com o Davi
57:25foi um prazer
57:26falar com você
57:28e nós ficamos
57:29por aqui
57:30e para você
57:30que gosta do jeito
57:31Jovem Pan
57:32de notícias
57:32não deixe de fazer
57:33a sua assinatura
57:34no site
57:35jp.com.br
57:37lá você acompanha
57:38conteúdos exclusivos
57:39análises
57:40comentários
57:40e tem acesso
57:42ilimitado
57:42ao Panflix
57:43o aplicativo
57:44da Jovem Pan
57:45obrigado pela sua
57:46companhia
57:47e até o próximo
57:48Entrevista com Dávila
57:50Entrevista com Dávila
57:56A opinião dos nossos comentaristas
58:01não reflete necessariamente
58:03a opinião do Grupo Jovem Pan
58:05de Comunicação
58:06Realização Jovem Pan
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