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  • há 1 dia
O coordenador do núcleo de Atualidades, João Thiago Dias (36), e o repórter Gabriel Pires (23) personificam essa trajetória de crescimento interno, marcada por aprendizado, erros e a constante atualização.

Reportagem: Gabriel da Mota
Imagens: Cristino Martins
Edição: Bia Rodrigues (supervisão: Tarso Sarraf)

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Notícias
Transcrição
00:00Eu entrei no jornal em 2014 na função de estagiário.
00:12Claro, como todo estagiário, muito assustado, com certo receio, uma certa insegurança,
00:19mas também como quase todo estagiário, muito entusiasmado, muito feliz de estar realizando
00:25um sonho porque eu acredito que muitas pessoas que entram no jornalismo sonham em entrar
00:29no jornal liberal, que é uma referência no Pará em comunicação da região norte do Brasil.
00:36Então, entrar aqui em 2014 foi realizar um sonho, porque eu já me imaginava trabalhando
00:41aqui durante muito tempo, sempre fui apaixonado por texto, por jornal impresso, por escrever,
00:46por ler, então entrar aqui foi realizar um sonho.
00:49Mas claro que esse sonho vai sendo lapidado, a gente vai vendo na prática como é que funciona,
00:54vai sentindo na pele o medo, vai errando, vai aprendendo com os erros e é muito importante
00:59a gente aprender com os erros.
01:01A gente, claro, fica se penalizando às vezes, fica se matrizando porque errou, mas é importante,
01:06tem que levar o aprendizado diante dos erros.
01:09Então, foram dois anos ali de estágio, dois anos de aprendizado, de erros, de orientações
01:15importantes de pessoas que trabalhavam aqui, que hoje não estão mais aqui, editores do impresso,
01:21coordenadores, chefia, outros repórteres mais experientes.
01:25Então, assim, cada observação, cada detalhe, cada orientação mesmo valeu muito a pena.
01:31A gente vai somando isso nesse caminho, não tem como somar num dia apenas, numa semana
01:36apenas, a gente vai somando, vai pegando ali a cada dia, até chegar no ponto que a gente
01:41vai errar menos.
01:42Não vai ser perfeito nunca, mas a gente vai errar menos.
01:45A gente vai conseguir pegar o ponto ali para fazer valer, ser produtivo e entregar o que
01:50é a empresa que é quem entregue.
01:52Então, foram dois anos de estágio, depois, 2014 e 2015, depois desse período, fui daqui
01:58para uma assessoria de imprensa, com indicação de pessoas daqui, inclusive.
02:04Consegui um histórico bacana na assessoria, contato.
02:08Fiz uma coisa muito importante para a área da comunicação, que é o nosso network.
02:12Então, aumentei essa minha lista de contatos, ampliei muito o meu conhecimento de assessoria
02:17em lidar com a imagem do outro, em fazer a imagem da outra pessoa, em preparar texto
02:22para mandar para a imprensa e, como eu já tinha esse contato com o jornal, era muito
02:26mais fácil mandar um contato para cá.
02:27Então, fiquei alguns anos na assessoria e, quando surgiu uma oportunidade de contratação
02:31no Jornal Liberal, me chamaram para um teste.
02:33E aí, vim fazer um teste e fui aprovado.
02:35Então, foi esse meu retorno em 2018, já como repórter, repórter já do núcleo de atualidade,
02:40que era o núcleo onde eu era estagiário.
02:42Então, eu meio que voltei para casa, a sensação foi essa, de voltar para casa, de voltar para
02:47o que eu já fazia, eu já sabia fazer ali na área de saúde, trânsito, educação,
02:52meio ambiente, religiosidade.
02:54Então, já voltei para casa mais experiente, com mais contatos, com a cabeça mais ali centrada
02:59no que realmente um profissional deveria fazer.
03:02E daí em diante, foi um amadurecimento, assim, digamos, até bastante rápido, no sentido
03:06que depois a gente não tem muita noção do tempo passando, assim, porque veio pandemia,
03:11então foi tudo muito conturbado.
03:13E a experiência profissional de repórter, ela foi muito rápida, assim, ela era na rua,
03:17várias pautas, e cada dia uma pauta que a gente não imagina qual vai ser.
03:20Depois que passa esse período ali, eu consigo amadurecer mesmo enquanto repórter e já sei,
03:25assim, de uma forma mais segura o que deve ser feito, porque eu já sei o que é casa,
03:30o que é a empresa, o formato do texto, o tom do texto.
03:33Aí eu consigo uma oportunidade de poder mostrar isso de uma forma mais ampla,
03:38que é coordenando a equipe.
03:39Então aí, logo depois da pandemia, surgiu uma oportunidade ali de substituir as férias
03:44de um colega de núcleo na coordenação.
03:46Fiquei substituindo e tentei dar o meu melhor ali no sentido de ajudar a equipe.
03:51Eu entrei no time da coordenação pensando sempre assim, de ajudar a equipe,
03:54de fazer com que todo mundo pudesse acertar, ajudar um por um ali,
03:58porque antes eu me ajudava sozinho enquanto repórter.
04:00E depois o que aconteceu é que eu comecei a olhar para o time.
04:03A maior diferença foi essa.
04:05Olhar para o jogador sozinho e depois olhar para o time para fazer dar certo.
04:09Então, a partir desse momento, deu certo, foi bacana, foi uma experiência legal
04:12e surgiu o convite de continuar.
04:14Eu não voltei mais para a reportagem, já segui direto e estou até agora nessa função.
04:18Já tive a experiência também de ficar na chefia de reportagem,
04:21coordenando a redação toda, por um período também de férias da nossa chefe de reportagem.
04:25Também foi uma experiência bem árdua, assim, de olhar para toda a redação,
04:30não é mais só minha equipe, não é mais apenas o meu núcleo,
04:33é toda a redação, todos os núcleos, vários temas ao mesmo tempo, é bastante dinâmico.
04:38Mas é isso, eu acho que esse crescimento profissional, ele é muito importante
04:42para quem está começando hoje no estágio, para quem está vendo essa oportunidade surgindo hoje,
04:46para quem está errando.
04:48Não sei se eu estou com o erro, claro que a gente tem que se policiar,
04:51mas imagina que aquilo ali vai ajudar a construir, vai ajudar a deixar mais sólido
04:56para um dia a gente conseguir, claro, mostrar o nosso potencial mesmo.
04:59Porque potencial não tem jeito, a gente tem o potencial,
05:02mas a gente vai lapidando ele até ficar no ponto certo.
05:05Eu nunca sonhei em trabalhar com jornal impresso, eu acho que todo esse caminho na faculdade
05:18me trouxe até aqui.
05:20Comecei na faculdade querendo fazer rádio jornalismo.
05:22Então, ter parado no impresso foi uma coisa totalmente, foi oportunidade que me encontrou
05:27e eu conseguia agarrar isso de uma forma muito boa, conseguir me encontrar de uma forma
05:32muito significativa.
05:34Então, ter sido meu primeiro estágio dentro de uma redação e consequentemente também
05:39ter sido meu primeiro emprego e até agora também está sendo, é muito representativo
05:44e muito gratificante também como profissional de saber que eu estou fazendo algo que eu gosto,
05:49de saber que eu posso estar ajudando as pessoas, seja em uma tela de denúncia, seja em qualquer
05:54outro tipo de pauta que às vezes pode ser pequena, mas para quem está sendo ali entrevistado
05:59significa muito.
06:00E o que essa transição do estágio para a contratação significa para ti?
06:05Eu acho que é consolidar parte dessa formação, né?
06:11Uma coisa agrega a outra.
06:13Ao estágio a gente entende e vai aprendendo o que é ser um repórter no dia a dia e essa
06:19transição do estágio para a reportagem de fato é onde a gente começa a moldar isso
06:25com muito mais vigor, né?
06:28Seja na externa do dia a dia, seja nas coberturas aqui dentro da redação, porque coloca a gente
06:34de fato diante da realidade como ela é.
06:37As coberturas no estágio vão te transformando como pessoa, como profissional, mas quando tu
06:44chega na rua, na externa, que tem aquele olhar muito mais próximo da realidade, eu acho que
06:49isso aqui é muito mais transformador, no sentido quando tu compara uma fase com a outra.
06:54Quando a gente está ali na função de repórter, no meu caso especificamente, eu não conseguia
07:00ter esse olhar mais amplo para o lado, para frente, para trás, para o que os outros colegas
07:04estavam fazendo.
07:05Claro que eu lia as outras reportagens disso aí, mas o meu foco era muito no que eu estava
07:09entregando, eu me preocupava muito no meu texto, na minha entrega, no meu produto, no
07:14meu conteúdo e eu não tinha esse olhar amplo, porque o meu colega está entregando, o jornal
07:18está dando certo, todas as matérias estão saindo corretamente e a partir do momento
07:23que a minha experiência de tomar cuidado do que eu estou entregando, ela fica sólida,
07:28eu acho que é o principal pilar para fazer com que esse meu olhar seja ampliado para os
07:33outros colegas.
07:34Quando eu me sinto mais seguro para escrever, quando eu vejo que a minha escrita já está mais
07:39dentro do padrão do jornal, eu acho que eu consigo também orientar uma equipe, acho
07:44que eu também consigo compartilhar isso com uma equipe.
07:46E aqui é aprendizado o tempo todo, a gente ensina, a gente aprende também.
07:50E uma coisa muito importante para todas as áreas, qualquer profissional, mas eu acho
07:54que na nossa área da comunicação, ela vale mais ainda, é a constante atualização.
08:00Não adianta a gente achar que sabe tudo, achar que já vem para cá um roteiro pronto,
08:04porque não é assim.
08:05O jornalismo tem roteiro sim, tem roteiro sim, mas ele é adaptado o tempo todo.
08:11Então a gente tem que estar pronto para se adaptar, a gente tem que estar aberto a se adaptar,
08:15aberto a não ter preconceito, aberto a entender o outro, a conhecer todas as áreas possíveis,
08:21ler muito, seja no digital, seja no impresso, seja no revista, seja até grupo de whatsapp mesmo,
08:27mas ler de tudo um pouco, saber tudo o que está acontecendo no mundo, tentar estar antenado
08:32o tempo todo.
08:33Então eu acho que o diferencial para a gente conseguir lidar com uma equipe, com cabeças
08:37diferentes, com pessoas diferentes, com gestão de equipe, é a gente conseguir entender
08:41o que está acontecendo ao nosso redor e conseguir entender como passar isso para cada pessoa,
08:46porque cada um vai ter uma dinâmica diferente, uma logo de trabalho, ou é, mas a Julia demora
08:51mais um pouco, tem uma expertise em uma área, então a gente consegue ir identificando
08:55isso com o tempo, quem é que pode fazer isso aqui mais rápido, quem é que pode ter
08:58uma afinidade melhor com esse tema, então a gente tem que saber o que está acontecendo
09:02ao redor e tem que conhecer bem a equipe, e claro, esse conhecer aqui é muito importante
09:07que a gente sempre respeite a equipe, converse, não brigue, converse, dialogue, oriente e não
09:12puxe a orelha, não fique criando nenhum tipo de confusão, que possa vir aparecer algum
09:19tipo de assédio, não, isso aí não é esse o caminho, o caminho é conversar, dialogar,
09:25orientar, ouvir, saber ouvir e chegar no consenso do que a empresa quer que faça e do que o
09:32profissional precisa fazer, até para que ele cresça e ele também se sinta produtivo,
09:37se sinta crescendo e se sinta cada vez mais feliz de estar trabalhando nessa área.
09:41Eu acho que tiveram dois momentos que foram muito especiais, o primeiro é o sírio, eu acho que
09:48todo repórter, quando ele é contratado, depois que sai desse peda de transição do estágio para
09:54a reportagem em si, tem aquela expectativa de cobrir o sírio pela primeira vez, por mais que não seja algo
10:00novo na rotina de cobertura, mas é algo, é novo no sentido de ir para a rua, né, então tem aquela
10:07expectativa de saber como é, de estudar aquela treinarina, de toda, de vivenciar toda aquela
10:13loucura boa, né, que é a cobertura do sírio. Mas também teve uma outra coisa, uma coisa
10:19muito específica, que foram sobre as queimadas de mosqueiro, que aconteceu ano passado, várias
10:26comunidades inteiras, parte de algumas comunidades de mosqueiro que só teram queimadas severas,
10:33as que estão acontecendo naquela época, e foi uma cobertura muito, a gente tinha uma responsabilidade
10:40muito grande, porque foi, a gente não conseguiu produzir antes, então foi uma coisa muito
10:47na tentativa do que que a gente ia encontrar lá, né, e também ter sensibilidade de ouvir
10:52as pessoas de uma forma que a gente não fosse muito invasivo, porque a gente estava passando
10:57por um momento muito complicado, né, então tinha a questão da gente precisar fazer o nosso
11:01público, mas também tinha o serviço público, né, de informar sobre o que estava acontecendo,
11:06mas também ter essa sensibilidade de saber como abordá-las, né, então teve um certo desafio
11:13de chegar até essas pessoas, de entender a realidade delas, mas de fazer com que elas
11:18entendessem que isso também era importante, né, eu acho que isso mostra que a gente está
11:23no caminho certo, né, que a gente está fazendo o que precisa ser feito, quando a gente vê isso
11:30indo para além do dia a dia, eu acho que isso mostra que deu certo, que mostra que a gente
11:36realmente está comprometido com aquilo que a gente está fazendo, e que as pessoas, e que
11:40o nosso trabalho é muito dinâmico, né, eu acho que isso é a prova de que o jornalismo,
11:44ele não para só ali no impresso, ele não está só ali no portal, mas que, tipo, está na vida
11:49das pessoas no dia a dia, e eu acho que isso é o verdadeiro significado do fazer jornalismo,
11:54né, que não é algo barato, é algo dinâmico e que está em constante cumprimento.
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