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Os presidentes do Senado, Câmara e STF se reuniram em Brasília na última quarta-feira (19). Entre os assuntos discutidos, Hugo Motta (Republicanos), Davi Alcolumbre (União Brasil) e Edson Fachin conversaram sobre a criação de um Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, além de reajuste de salário e criação de novos cargos. Thulio Nassa e Cristiano Beraldo analisam.


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Transcrição
00:00do Senado, Câmara e STF se reuniram em Brasília.
00:03Entre os assuntos, a construção de um marco legal de combate ao crime organizado.
00:08Janaína Camelo.
00:10Um dia depois da Câmara dos Deputados aprovar o projeto anti-facção,
00:14que agora vai pra análise dos senadores,
00:16o presidente do STF, ministro Edson Fachin,
00:19foi recebido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre,
00:22junto com o presidente da Câmara, Hugo Mota.
00:25A reunião aconteceu na manhã dessa quarta-feira,
00:27na residência oficial da presidência do Senado.
00:30Depois, nas redes sociais, Davi Alcolumbre publicou uma foto do encontro
00:34e disse que tratou com Mota e o presidente do STF
00:38propostas do Poder Judiciário em trâmite no Congresso.
00:41Que Fachin falou sobre avanços do programa Pena Justa,
00:45iniciativa de melhoria do sistema prisional,
00:48e escreveu que o diálogo entre poderes é essencial
00:51para avançar nas propostas que impactam o sistema de justiça.
00:55E que o compromisso do Senado e do Congresso
00:57é aperfeiçoar as leis que garantam justiça,
01:01proteção e cidadania para o país.
01:03Além de tratar de matérias no Congresso,
01:06de interesse do Poder Judiciário,
01:07como reajuste de salários,
01:09criação de novos cargos públicos,
01:11o assunto da reunião girou em torno
01:13da discussão sobre a segurança pública no país.
01:17Hugo Mota detalhou ao ministro Edson Fachin
01:20como que se deu até o momento
01:22toda a negociação sobre o PL antifacção.
01:25Segundo ele, todos na reunião
01:27se mostraram esperançosos
01:29na criação de um marco legal
01:31de combate ao crime organizado.
01:34E que, nas palavras de Mota,
01:36para uma pauta tão difícil como essa,
01:39o diálogo vai ser a principal ferramenta.
01:42A reunião estava prevista inicialmente
01:44para acontecer na semana passada.
01:46O assunto também vem sendo tratado
01:48diretamente com o ministro Alexandre de Moraes,
01:51relator temporário da DPF das favelas.
01:53No início do mês, logo após a mega-operação
01:56no Rio de Janeiro,
01:57o ministro foi recebido por Davi Alcolombre
01:59no gabinete do Senado
02:01em meio à instalação da CPI do crime organizado.
02:04Dias depois, Hugo Mota participou
02:06de audiência no STF,
02:07conduzida por Moraes,
02:09com procuradores dos estados,
02:11para tratar também sobre crime organizado.
02:14Deixa eu voltar com os nossos comentaristas.
02:16Agora, Cristiano Beraldo com a gente
02:18também nessa edição do Jornal da Manhã.
02:20Beraldo, segurança pública em pauta no Brasil, né?
02:23O assunto tem sido destaque das últimas semanas.
02:26E com tantos revés em relação ao governo,
02:29em relação ao texto do PL antifacção,
02:31tem a possibilidade do projeto ser barrado?
02:33Qual que é a sua avaliação?
02:36Estamos no Brasil, tudo é possível, Paula.
02:38Bom dia a você, ao Nonato, ao Túlio,
02:40bom dia a audiência que prestigia diariamente
02:42o Jornal da Manhã.
02:43Olha, Paula,
02:44A Câmara dos Deputados
02:45deu uma mensagem muito direta
02:47ao Senado, ao Executivo e ao Judiciário.
02:52Há aprovação com uma votação expressiva
02:54de um PL que endurece
02:55o combate ao crime organizado.
02:59Isso é fundamental para o Brasil,
03:00porque o Brasil está dominado
03:02por essas organizações criminosas.
03:05É inegável isso.
03:06O brasileiro sente isso no dia a dia.
03:09Nós saímos às ruas com medo,
03:11quando as pessoas precisam ir trabalhar,
03:14elas abrem mão de usar um relógio,
03:17as mulheres abrem mão da bolsa
03:19que elas querem usar,
03:20ficam preocupados com tudo,
03:22ficam preocupados com os filhos,
03:23não deixam ninguém sair sozinhos,
03:24idosos, aquela loucura.
03:26E isso aí todo dia acontece
03:29e parece que Brasília fecha os olhos
03:31para a realidade que o povo brasileiro vive.
03:34Só que depois da operação
03:37que aconteceu no Rio de Janeiro,
03:38as pesquisas mostram de forma inequívoca
03:42que a população quer um endurecimento
03:44pesado do combate ao crime.
03:46Mas há resistências, olha só vocês,
03:49há resistência no poder executivo,
03:52na presidência da República,
03:54e há resistência também no judiciário.
03:57A gente está falando do endurecimento
03:59do combate ao crime,
04:00o judiciário está lá filosofando
04:02sobre o pena justa,
04:04tem que ser uma pena mais humanitária.
04:06E aí a gente fica nesse processo absurdo
04:10de progressão de regime,
04:13de auxílio-reclusão,
04:15de visitinha, de visita íntima,
04:18saidinha.
04:19Isso não faz absolutamente nenhum sentido
04:21num país que está na situação
04:24de criminalidade que o Brasil está.
04:26Portanto, se não houver
04:28um avanço concreto
04:31desse aprimoramento das leis
04:34e depois da aplicação das leis
04:37e também do fortalecimento das polícias
04:40para que possam exercer o seu papel
04:43e de fato combater o crime
04:45sem medo de represálias,
04:46nós não vamos sair do buraco que estamos.
04:49Ao contrário,
04:49o Brasil será cada vez mais dominado
04:52por organizações criminosas
04:54que em parceria com políticos
04:56inescrupulosos estão tomando conta do Brasil.
04:58Túlio Nassar, queria te ouvir também
05:00nessa questão entre os pontos criticados
05:02pelo governo e que o governo
05:03pretende derrubar possivelmente.
05:06Há, por exemplo,
05:07o que ele chama de desidratação
05:09do Fundo Nacional Antidrogas,
05:12que hoje recebe recursos de apreensões
05:14de bens relativos a crimes
05:15ligados ao tráfico.
05:17E aí o projeto Derrite
05:18levaria esses recursos
05:19para outros fundos.
05:20O governo entende que isso é prejudicial.
05:22Por outro lado,
05:23a criação de uma nova norma
05:25com um tipo penal similar
05:26ao de organização criminosa
05:28sem revogar a lei já existente.
05:31O governo avalia que isso pode criar
05:32algum tipo de brecha
05:33mais para frente,
05:35dando margem para que os marginais,
05:38os delinquentes,
05:39possam se livrar
05:40de algum tipo de encarceramento.
05:42Como é que você vê essa discussão?
05:44Ele será muito modificado no Senado?
05:47Porque é isso que o governo vai trabalhar, né?
05:50Olha, Nonato,
05:51eu não acredito que o Senado
05:53vai dar um tiro no pé
05:54como o governo federal tem feito,
05:56até porque a opinião pública
05:58está esmagadoramente a favor
06:00desse projeto de lei
06:02da forma que ele foi aprovado.
06:04Bom dia também ao Beraldo,
06:05que se junta a nós, né?
06:07E sobre esse assunto, então, Nonato,
06:09eu vou citar aqui Mário de Andrade,
06:11que dizia que as pessoas
06:12não debatem conteúdo,
06:14apenas rótulos.
06:16O que o governo federal
06:17está querendo fazer nesse momento,
06:18ao desidratar o PL do Derrite,
06:20é debater apenas rótulo.
06:22Exatamente.
06:24Olha só,
06:24essa questão da definição,
06:26se é organização criminosa
06:28ultraviolenta,
06:29se é de domínio social,
06:31se pode ou não ser chamado
06:32de grupo terrorista,
06:33isso é o da menor importância.
06:35O importante mesmo
06:36é o conteúdo.
06:37E o PL do Derrite,
06:39da forma que se encontra,
06:40tem um conteúdo eficaz
06:41no combate
06:42contra essas facções criminosas.
06:44Aumenta a pena,
06:45cria mecanismos
06:46como perdimento
06:47e sequestro de bens,
06:49diminui o regime de progressão,
06:51e também teve recuos.
06:52Exatamente.
06:53Recuou, por exemplo,
06:54mantendo aí as competências
06:56e a desnecessidade
06:57da Polícia Federal
06:58de pedir autorização
06:59para os governadores.
07:00Então, por essas e por outras,
07:01o conteúdo desse projeto de lei,
07:03ele está bem colocado
07:04da forma que se encontra.
07:06Agora,
07:06o que o governo federal
07:07está querendo,
07:08na verdade,
07:09é brigar em relação
07:10à paternidade.
07:12Ele quer ser o pai
07:13dessa briga
07:14contra o crime organizado.
07:15Mas eu acho que ele chegou
07:16muito tarde nessa história
07:18e agora quer sentar
07:19na janelinha do ônibus.
07:20Fica muito difícil, Nonato.
07:23Oito horas e doze minutos.
07:25Repita.
07:26Oito e doze.
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