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  • há 21 horas
Nova obra do jornalista e escritor reúne 40 textos inéditos sobre música, jornalismo, cultura e o Brasil pós-pandemia.
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Transcrição
00:00Já começo recomendando aqui no Estúdio Tribuna Online a leitura do livro
00:10A Onda que Invade a Ilha, de Luiz Trevisan, uma coletanha de 40 contos,
00:16escrito por ele, que é o último filho de uma fieira de 11,
00:21como ele descreve aqui em uma de suas crônicas.
00:24Trevisan, é um prazer tê-lo aqui conosco no Estúdio Tribuna Online.
00:28Prazer é meu, hein?
00:29E de castelo para o mundo, o que esses olhos viram ao longo desse período da sua vida
00:36e que você transformou em crônicas?
00:38Pois é, de castelo por cachoeiro, por vitória pelo mundo, pelas ilhas da vida.
00:44A Onda que Invade a Ilha tem um pouco disso, das minhas vivências pelas cidades do Espírito Santo,
00:52cidades do interior, capital, do mar à montanha, sempre convivendo com comunidades,
00:59observando o cotidiano das pessoas, verificando, analisando fatos, episódios,
01:08observando personagens curiosos, personagens marcantes, alguns famosos, alguns anônimos,
01:15mas sempre buscando identificar o cotidiano dessas pessoas.
01:22E também não é só o Espírito Santo, não apenas o Espírito Santo que está aí,
01:28tem vivências vindo por esse país afora, a viagem lá na Paraíba, no Nordeste,
01:37a viagem pelo Uruguai, não sei o quê, fora do país e alguns outros países.
01:42Mas acho que o seguinte, fundamentalmente, aonde quer que você vá, seja aqui, seja no exterior,
01:50o fundamental, já dizia Tolstói, era você cantar a sua ilha.
01:56Cante a sua ilha, ou seja, narre a sua ilha, informe tudo sobre a sua ilha,
02:03que você vai estar resumindo o mundo.
02:05Mas, em resumo, é isso que o russo lá, o grande Tolstói, disse.
02:10O seu livro traz um prefácio do Roberto Bellin, que foi, inclusive, meu professor
02:14na Universidade Federal, na UFSS, o grande professor Roberto Bellin,
02:18e traz aqui, no que a gente chama de orelha do livro, uma belíssima introdução
02:24escrita por sua filha, a Taita Campos Trevisan.
02:31Trevisan, o Cavaco não cai longe do pau, como se dizia lá em Castelo,
02:36meu pai sempre falava isso, o Cavaco não cai longe do pau,
02:40é porque os filhos trazem muito do DNA dos pais.
02:45Trevisan, a gente queria falar com você...
02:47Eu acho que ela escreveu muito bem, resumiu muito bem,
02:51eu acho que ela coloca uma coisa importante aí,
02:54que ela fala que a crítica e a poesia sempre andam de mãos dadas com a minha prosa.
03:01Eu sempre estou analisando com fatos, pessoas, e sempre tem um olhar crítico
03:07e, ao mesmo tempo, um olhar poético.
03:09Eu acho que, em algum momento, ela colocou isso,
03:12eu acho que definiu bem o meu jeito de escrever,
03:15enfim, o meu jeito de observar as coisas.
03:18Eu queria até fazer essa...
03:19Eu dou uma pequena parte logo.
03:20Jornalista político de olhar arguto,
03:23músico de acordes sensíveis e melodias não óbvias.
03:28Roteirista que transforma fatos em narrativas poéticas
03:31e cronista dotado de estilo literário sofisticadamente simples e fluido.
03:36Isso é importante dizer porque você tem uma trajetória que é de jornalista,
03:40você tem dois CDs gravados,
03:42que eu conheço sua música, música de qualidade,
03:45e esse é o seu segundo livro de crônicas.
03:47Até que ponto o jornalista Trevisan se mistura com o cronista,
03:51que se mistura com o músico?
03:53Olha, primeiro veio a música na minha vida.
03:56Eu, como todo garoto,
03:58inicialmente pensava em ser jogador de futebol,
04:00como todo garoto.
04:02Depois você pensa em ser artista de circo,
04:05depois você pensa em ser motorista de caminhão,
04:11conhecer o mundo.
04:11Cabeça de criança é fogo,
04:13é um negócio,
04:15uma combustão enorme.
04:17Mas, quando comecei a encarar mesmo,
04:20já vim em 19, 20 anos,
04:22a encarar mesmo o mundo,
04:23o que eu quero ser na vida quando crescer,
04:26falei, você é músico.
04:27Eu sempre gostei muito de música,
04:29comecei a estudar música,
04:31comecei a exercitar muito aquilo.
04:34Mas, depois, percebi uma coisa,
04:35era um desafio enorme.
04:37Eu tinha que ir para um grande centro,
04:41Rio de Janeiro, São Paulo.
04:43Não dava para fazer música,
04:45ficar lá em Cachoeiro,
04:46em Vitória,
04:47mesmo que aqui o mercado fosse maior na época.
04:51Estou falando disso em 1970, por aí.
04:55Era muito difícil viver de música nisso.
04:58Você tinha que montar uma banda,
04:59fazer cover para ganhar uns trocados,
05:02tocar num bar, tocar num baile.
05:05E aquilo não me interessava.
05:06Eu nunca quis ser cover na vida,
05:10nem de mim mesmo, como diria.
05:12Eu nunca quis ser cover, nem de mim mesmo.
05:15Eu queria uma coisa original,
05:18um trabalho autoral.
05:19Então, não tinha muito mercado para isso,
05:21a não ser os festivais, alguns shows.
05:24E, depois, ao mesmo tempo,
05:26quando eu ainda estava muito nessa engrenagem de música,
05:29surgiu a oportunidade de começar a trabalhar com jornal,
05:32com convivência com amigos que já trabalhavam em jornais.
05:37E eu falei, rapaz, eu acho que esse negócio é para mim também.
05:41E aí comecei a enveredar pelo jornalismo.
05:44Comecei a ter experiências, vivências, estágios aqui e ali.
05:50E, depois, até que me tornei profissional aqui em A Tribuna,
05:53foi o meu primeiro emprego, carteira assinada.
05:58Comecei depois a fazer o...
05:59Aí veio o curso de comunicação, realmente se profissionalizou.
06:05Veio o curso que você fez, o professor Roberto Belli.
06:09Era um dos professores do curso.
06:11Um sinal muito bom, você já citou isso.
06:14E aí comecei a engrenar no jornalismo,
06:17e o jornalismo me permitiu uma coisa que na música era muito difícil.
06:20Salário, sobrevivência, subsistência.
06:24Uma carteira assinada, um dinheirinho em décimo terceiro, férias.
06:29Tudo isso que essa coisa da pejotização está tentando eliminar na vida do brasileiro.
06:36Quando comecei a fazer jornalismo,
06:38entrei em um jornal e comecei a trabalhar em jornal,
06:42vi como era bom trabalhar em jornal.
06:45Vi como me identificava com aquela falta de rotina.
06:48Não tem rotina.
06:50Não tem estresse de...
06:53Ah, vou ter que trabalhar, acordar amanhã,
06:56encarar aquele emprego chato.
06:59Não, eu fazia com o maior prazer.
07:01Sempre fui jornalista com o maior prazer.
07:04Perfeito.
07:05Voltando à música aqui, Trevisão.
07:07Você fala uma parte de você como músico e tal.
07:10E eu percebo também essa questão...
07:12Não é uma questão de gosto musical.
07:14Não é uma questão de gosto musical.
07:16Porque o ecletismo, a possibilidade de você gostar de diversos gêneros é normal.
07:23Mas você menciona no seu livro, sim, é impressionante como a nossa educação musical,
07:28a nossa do brasileiro, anda embaixo.
07:30Tem um trecho que você fala.
07:32Muito inquieto.
07:33Você como compositor e suas composições são refinadas.
07:36Eu queria que você falasse um pouco sobre essa questão da deseducação musical
07:40que vem galopando no Brasil.
07:44Você observa...
07:45Não diria que seja culpa exclusivamente do avanço digital,
07:51das plataformas digitais.
07:55Não.
07:55Porque eles vão padronizando aquilo ali e querem ganhar dinheiro, querem vender.
07:59Mas acho que isso está associado também à baixa cultura,
08:03à baixa educação, à qualidade da educação,
08:07que caiu muito nos últimos anos.
08:10E, ao mesmo tempo, tem todo esse papel da desinformação.
08:14O algoritmo pulsando o tempo todo e jogando um monte de informação que não procede.
08:22E, às vezes, deturpando a realidade.
08:25Tem muito isso.
08:27E você vê como é impressionante,
08:30porque as pessoas antigamente tinham uma preocupação
08:33de ter um piano em casa para alguém estudar,
08:37de ter um instrumento,
08:38de mandar o menino para a escola para aprender.
08:42Hoje é raro isso.
08:43Ainda tem.
08:44Infelizmente, tem.
08:45Nós tivemos no Brasil uma fileira de grandes pianistas.
08:51Grandes instrumentistas, grandes músicos.
08:53Você está falando do piano, que era o piano em casa que você tinha.
08:56Piano em casa, que já era uma escola.
08:57O Roberto Carlos começou estudando piano lá.
09:03Aliás, ele tem na casa, no museu dele lá.
09:06Não chega a ser um museu solar lá do Roberto Carlos, em Cachoeira.
09:12A última vez que estive lá, fiquei até meio chateado,
09:14porque tinha um piano lá, velho, quebrado, desafinado.
09:17Eu falei, rapaz, na sala do rei da canção.
09:21Aquele ouvido todo que tem o Roberto Carlos.
09:23Isso aí é uma afronta.
09:25Eu acho que a música caiu muito.
09:28Acho que se banalizou muito.
09:30Tem esse negócio da sofrência, do sertanejo.
09:34Você não enxerga isso como ondas, não?
09:36Porque nós tivemos...
09:37São ondas, mas são ondas muito ruins também.
09:41Você não vê evolução.
09:44O funk é legal, tem uma batida legal.
09:47Mas é muito aquilo, é muito ritmo e pouca harmonia.
09:52E uma coisa pior no funk, a meu ver,
09:54é que o funk vulgariza a mulher.
09:59Vulgariza a mulher.
10:02As letras, com raras exceções,
10:05são letras de péssimo gosto, baixo nível.
10:08Essas músicas de sofrência, de sertanejo,
10:11são raras.
10:13Uma ou outra que salva, que tem alguma coisa,
10:15alguma melodia, alguma coisa.
10:17Mas, em geral, é muito ruim.
10:19Vejo que o Brasil, que já produziu Tom Jobim,
10:23Chico Buarque, Pixinguim,
10:25está produzindo o quê agora?
10:29Até o nosso reconhecimento no exterior,
10:31não é?
10:32Nós tínhamos um reconhecimento no Brasil,
10:34no exterior, que era pela qualidade musical.
10:36O que estourou aqui?
10:37Era a Bossa Nova.
10:38Depois veio a geração dos festivais,
10:40o Milton Nascimento.
10:43Edu Lobo, esses grandes compositores,
10:45grandes intérpretes,
10:47Ediz Regina, Gal Costa e tantos outros intérpretes.
10:52Grandes músicos,
10:53Hermeto Pascoal, Egberto Germonte,
10:57Hélio Delmiro,
10:59enfim, tantos músicos renomados, famosos,
11:04talentosíssimos.
11:05Eu vejo com muita preocupação hoje
11:08que é uma redução nessa qualidade.
11:13Sobre o livro,
11:14a gente conversava aqui antes de começar a entrevista,
11:18e eu dizia que a gente discutia aqui sobre
11:21o livro físico está renascendo,
11:27as pessoas estão readquirindo ou não o hábito de ler,
11:30eu tenho sinais que sim,
11:34e às vezes, ao mesmo tempo,
11:35a gente me parece que nós precisamos
11:38reaprender a ler
11:40nessa velocidade que exige do mundo atual.
11:45Quando eu digo a gente,
11:47enfim, todas as pessoas,
11:49porque tudo é tão rápido,
11:50tudo é tão cheio de atrativos,
11:53que é preciso reaprender a ler.
11:54Eu brincava até que eu li o livro
11:56O Crime do Padre Amaro em cinco anos,
11:57Gerson de Queiroz e Trevisan Rio,
12:00porque eu falava cinco anos,
12:00mas nesse meu tempo eu li outras coisas,
12:02mas de vez em quando eu pegava o livro
12:03e falava assim,
12:03o que esse padre de aleria lá está aprontando, né?
12:07E reencontrava esse livro na minha casa.
12:10Você lança um livro,
12:12um livro de crônicas,
12:14de certa forma,
12:15é uma aposta
12:16no interesse das pessoas pela leitura.
12:21Sim.
12:21Você acredita que a leitura do livro
12:23está ressurgindo?
12:25Ela é algo a ser mantido,
12:27porque é importante.
12:30Qual é a sua opinião sobre o livro hoje?
12:32Eu acho que ele deve ser mantido,
12:34primeiro, porque, como você citou,
12:36é importante,
12:37a leitura é importante,
12:38a leitura forma, informa,
12:40abre mundos, né?
12:42Abre mundos.
12:44Abre fronteiras.
12:46Eu acho que a leitura é fundamental
12:47na vida de qualquer um.
12:49Agora tem que ver
12:50que tipo de leitura
12:51que nós vamos valorizar,
12:53porque está o mercado,
12:56há um certo renascimento
12:57na venda do livro.
12:59Ah, mas que tipo de leitura
13:01que vende hoje?
13:04Que tipo de leitura
13:05que mais vende hoje no Brasil
13:07é o livro de colorir, né?
13:10É a mãe que compra para o filho,
13:12o avô compra para o neto,
13:14é o livro de colorir.
13:16Segundo livro,
13:17tipo de livro mais vendido,
13:19é o livro da autoajuda,
13:20que não chega a ser
13:22propriamente uma literatura,
13:24é um amontoado de clichês ali,
13:28de frases feitas, né?
13:32A verdadeira literatura,
13:35a literatura criativa,
13:38a literatura dos grandes mestres, né?
13:41Eu estou falando,
13:42no caso de brasileiro,
13:43Machado de Assis,
13:45Peça de Queiroz,
13:46Guimarães Rosa,
13:51essa literatura,
13:53a não ser os clássicos, né?
13:55O clássico vende,
13:56porque a escola recomendou,
13:59citei aqui alguns clássicos,
14:01esses caras vendem ainda até hoje,
14:04porque estão lá,
14:06desde sempre,
14:07se tornaram clássicos da literatura.
14:10Mas a nova literatura vende,
14:12eu digo,
14:13a nova literatura,
14:14os grandes escritores de hoje vendem,
14:22não sei,
14:22não sei até que ponto.
14:23Um ou outro ganha destaque,
14:25ganha um prêmio aqui,
14:26é premiado com o Jabuti,
14:28a colar,
14:29o prêmio Oceano,
14:31não sei o quê,
14:31aí aquilo ali abre uma vitrine grande,
14:35e essa pessoa,
14:37o Itamar lá,
14:38torturado,
14:40ganhou todos os prêmios
14:43e o livro dele vende,
14:45mas é um
14:46que superou essa barreira toda
14:49que eu me referi antes,
14:52dessa multiplicidade que existe hoje,
14:55que é boa,
14:56mas, ao mesmo tempo,
14:57ela dificulta o surgimento,
15:01o aparecimento de uma obra.
15:04Eu aposto,
15:04o meu livro
15:05não é um sentido
15:07de que vou vender o livro,
15:09não é isso.
15:10Eu acho que é importante
15:11passar um pouco
15:12da minha vivência,
15:14do mundo,
15:14passar um pouco
15:15da minha história,
15:16um pouco do meu conhecimento
15:18dentro do jornalismo,
15:20fora do jornalismo.
15:22Eu acho que eu escrevi
15:24esse livro
15:24muito mais no intuito
15:26de agradar
15:28um pouco a mim,
15:29com a minha consciência,
15:31e tentar influenciar
15:32algumas pessoas
15:33que se interessem
15:34por uma leitura agradável,
15:38que se interessem
15:39por boas histórias.
15:41Esse foi o objetivo,
15:42não exatamente vender.
15:44Eu não vivo de vender livro.
15:46Aliás,
15:47vou te dizer,
15:47eu sou um péssimo mercador.
15:50Não sei vender livro,
15:51não sei vender disco,
15:53não sei vender nada.
15:54Mas você usou uma palavra
15:55que é influenciar.
15:57Sim.
15:58Eu acho que,
16:00talvez,
16:01eu vejo uma sociedade
16:03em construção,
16:04em reconstrução,
16:05com tijolos diferentes.
16:06É, a gente vive ciclos, né?
16:08Com tijolos diferentes,
16:09com tijolos tecnológicos.
16:10E a importância que eu vejo
16:11no seu livro,
16:13aqui,
16:14eu acho que o Espírito Santo,
16:15em especial,
16:17é um Estado
16:17que está à procura
16:19de uma consolidação
16:20de uma identidade cultural
16:21e histórica.
16:23Você dá vários exemplos,
16:24desde o Caboclo Bernardo,
16:25que é o Maurício Oliveira,
16:26a sua ida a Linhares
16:27com o Maurício Oliveira.
16:29Sim.
16:29Em que o Maurício Oliveira,
16:31que foi o...
16:32Acho que é o músico...
16:33Mais famoso.
16:34Mais famoso do Espírito Santo.
16:36Não vou dizer o melhor,
16:37mas que levou
16:38o nome do Espírito Santo
16:40na música...
16:40Como instrumentista.
16:41Como instrumentista.
16:42E ele dizia que
16:43devia mudar o nome de Regência
16:45para Caboclo Bernardo.
16:46Sim.
16:47Na sua crônica,
16:48você fala isso.
16:49Mas acho que a importância
16:50do seu livro
16:51é que ele ajuda.
16:53e acho que todo livro
16:54é importante
16:55porque ele cristaliza
16:57opiniões e conceitos.
16:59Sim.
16:59E aqui você fala
17:00de coisas interessantes
17:01sobre capixabas
17:04ou pessoas de outros estados
17:05que viveram aqui
17:06que construíram
17:07a boemia,
17:08a informação,
17:09a cultura do Espírito Santo
17:10durante muito tempo.
17:11E tem uma passagem
17:12no seu livro
17:12que você fala
17:13da estátua de Marisa de Oliveira
17:14em Cambori.
17:15Cambori.
17:16E nessa crônica sua,
17:17você cita,
17:18você acha ele meio solitário
17:19lá em Cambori.
17:20Isso, verdade.
17:21Se você tivesse que escolher
17:22um ou dois personagens
17:23do Espírito Santo,
17:24da cultura do Espírito Santo
17:25para estar sentado ali
17:26ao lado de Marisa de Oliveira
17:28em Cambori,
17:28quem que você escolheria?
17:29Rapaz, é difícil.
17:31Eu citei aí na crônica.
17:33Vários.
17:33Wilson Henrique citou
17:34muita gente.
17:35Hamilton Almeida.
17:37Mas eu acho...
17:38Olha, é difícil, sim.
17:40Mas eu acho que o Rubem Braga
17:42seria um nome...
17:44Fora de disputa, né?
17:46Fora de disputa.
17:46Bota aquele velho
17:48rabugento,
17:49mas que era genial, né?
17:50Eu brinco muito
17:51com o sobrinho dele,
17:53o Afonso Abreu,
17:54o grande músico,
17:55o grande amigo
17:56do Afonso Abreu.
17:58Mas tio Rubem
18:00era rabugento mesmo.
18:02Mas, assim,
18:04era um mal-humorado
18:05que escrevia muito bem,
18:07com leveza,
18:07com alegria.
18:09Rubem Braga
18:10certamente é um...
18:11Mas tem tanto aquele...
18:14Eu acho que poderia
18:15botar lá o Hamilton Delmeida,
18:17que é o nome do jornalismo,
18:19da cultura capixaba.
18:22O Amelio Jameda
18:22foi um crítico de cinema
18:23fantástico para quem não...
18:25Mas, assim,
18:25poderia ser o Milso também,
18:28que foi uma figura relevante.
18:30O Marcos Rezende,
18:31o pianista,
18:32o Pirão,
18:34o Ercílio Pirão,
18:35o nosso chefe de poesia.
18:37Eu citei as pessoas
18:38que, infelizmente,
18:39já foram embora.
18:41Então, citei alguns
18:42desses nomes.
18:44daí...
18:44Fica uma sugestão
18:46para povoar
18:47aquele espaço ali
18:49com nomes da cultura.
18:50De reconstruir.
18:51Porque veja como é importante,
18:52né?
18:53Você passar ali,
18:54você vê,
18:55num lugar de tanta
18:56passagem de pessoas,
18:58e você vê
18:59a referência,
19:00a Maurício Oliveira,
19:01ao músico sensacional
19:02que ele foi.
19:03Você cita no livro,
19:04assim,
19:05o saraus que ele fazia
19:06na garagem.
19:07É verdade.
19:07Aquela casa, né,
19:08que tinha uns buganvilles
19:09caindo ali em barra vermelha.
19:11Aquela coisa maravilhosa.
19:12Aquela Fortaleza, né?
19:12Eu escrevi a Fortaleza Sonora.
19:14Fortaleza Sonora.
19:15A Fortaleza das Cordas Sonoras.
19:17É o título da crônica
19:19que a gente está se referindo.
19:20É sobre a casa
19:21do Maurício de Oliveira,
19:23que tem um filho,
19:26outro violonista.
19:27Seu Oliveira é um espetáculo.
19:29Seu Oliveira.
19:29Seu Trazeiro aqui,
19:30bater um papo,
19:31ele trazer aquele violão dele aqui.
19:32É uma grande sugestão.
19:34É.
19:34E tem lá vários outros, né?
19:37A Carmélia,
19:39a Maísa,
19:40a Nara Leão.
19:41São outras pessoas
19:42que poderiam ter
19:43uma estátua aqui e ali.
19:45São pessoas
19:46que marcaram
19:47a nossa história,
19:48fizeram a nossa aquarela,
19:50como eu disse aí
19:51na redação.
19:53Eu acho que
19:53por voar
19:54não só as praias,
19:56mas parques,
19:57praças,
19:57com essas estátuas,
19:59eu acho que seria
19:59uma forma
20:00de perenizar um pouco
20:02as nossas referências.
20:04É isso.
20:04É isso.
20:05E daí eu acho
20:05que a importância
20:06do influenciador,
20:08eu acho que nós
20:08não podemos escapar
20:09dessa palavra.
20:10Eu não consigo...
20:12Houve uma certa
20:13banalização do influenciador,
20:15como é aquele sujeito
20:15que vende,
20:16falar qualquer coisa
20:17nas redes sociais,
20:19mas acho que nós
20:20precisamos influenciar
20:21as pessoas positivamente
20:23também em relação
20:24à cultura,
20:25à educação,
20:26à música, etc.
20:27Eu acho que é isso.
20:28Cultura...
20:29De certa forma,
20:29você é o influenciador aqui.
20:31Você,
20:31mesmo não querendo,
20:32você está influenciando,
20:34pelo menos a minha,
20:35como seu leitor,
20:35que lia aqui talvez
20:3660, 70% das crônicas
20:38do seu livro,
20:39eu fui influenciado
20:41de alguma forma
20:42pela sua história.
20:43Então você não pode
20:45mais fugir disso
20:46e até uma parte
20:46que eu vou falar aqui.
20:47Mas eu queria dizer,
20:48Trevisan,
20:48sobre uma crônica
20:50que me impressionou muito,
20:53me emocionou muito,
20:54que foi sobre o seu pai,
20:56quando você fala
20:57que ele te levou ao mar.
20:58Ah, sim,
20:59a água no sol da pele.
21:00E essa crônica
21:02começa com uma frase
21:04que eu não conheci
21:04que eu achei maravilhosa,
21:05de uma dinamarquesa.
21:08Dinamarquesa,
21:09que ela fala assim,
21:10a cura para qualquer coisa
21:13é água salgada,
21:15lágrima, suor
21:16ou água do mar.
21:17Ou seja,
21:17a água salgada,
21:18seja em forma de lágrima,
21:19seja em forma de suor
21:21ou da água do mar.
21:22Você tem uma relação
21:24importante com o mar,
21:26com o seu pai aqui
21:27que você menciona,
21:29e às vezes nós vemos,
21:31e você com essa relação,
21:32você vê o litoral
21:32muito maltratado aqui.
21:34Você é uma pessoa,
21:35e eu costumo dizer
21:35que em nenhum lugar
21:36você vê tanto
21:37os problemas do ser humano
21:40como na beira da praia.
21:42Num verão,
21:42você vê todo tipo
21:44de deseducação,
21:45você vê todo tipo
21:46de intromissão
21:48na natureza,
21:49seja na forma
21:50de construções.
21:51que não são respeitadas,
21:52eles constroem
21:54em cima da restinga,
21:56é uma loucura.
21:56Você cita até Iriri,
21:58que Iriri é uma cidade,
22:00é um balneário
22:00que eu conheço
22:02e que hoje em Iriri
22:03são mais de 30 edifícios
22:05em construção em Iriri.
22:06Tem uma verticalização
22:08do nosso litoral
22:10que é meio absurda.
22:12Sim.
22:12Agora virou uma corrida
22:15para ver
22:15quem constrói
22:16o prédio mais alto.
22:18Se é Vila Velha,
22:18se é Vitória.
22:19Se é Camboriú,
22:20que está nas estrelas.
22:22Estão lá
22:22nessa de Dubai,
22:24de construir os prédios.
22:25Mas lá em Dubai
22:26os caras têm
22:27petrodólar.
22:29Mas enfim,
22:30tem gente
22:30que estão construindo
22:32porque tem gente
22:33que tem dinheiro
22:33para comprar.
22:34Beleza.
22:35Mas não precisa
22:36ter esse emparedamento
22:39do nosso litoral
22:40com esses prédios gigantes.
22:42Mas não é só prédios,
22:43também há outros problemas
22:44de saneamento,
22:46esgoto,
22:47lixo.
22:49É muito animal
22:50no meio da rua.
22:51Você vê, cara,
22:52a situação
22:53de animais soltos
22:55no meio das praças,
22:58pessoas atacadas.
23:00Eu cito aí,
23:01inclusive,
23:01o caso da mulher
23:04na escritora
23:05do Rio de Janeiro
23:06que foi atacada
23:07por um futebol.
23:07Perdeu um braço.
23:09Perdeu um braço,
23:10ficou deslacerada.
23:13E dias depois,
23:14aqui na mata da praia,
23:16teve um entreveiro,
23:17dois caras discutindo
23:19por causa de cachorro,
23:20sem focinheira.
23:21Um matou o outro.
23:22Cara, assim,
23:23a tiro.
23:24Um faroeste urbano.
23:27Então,
23:27a gente tem muitos...
23:29Você estava falando
23:30dos conflitos,
23:31da falta de bom senso.
23:33da falta de civilidade também.
23:36Acho que é um pouco...
23:37Falta de educação,
23:38falta de civilidade.
23:39O sujeito que impôs
23:40uma caixa de som
23:41numa praia, por exemplo,
23:42impôs o gosto musical
23:44a todo mundo.
23:44Você vê,
23:45o cara vai lá,
23:46liga aquela caixa,
23:47daí a pouco
23:47vem outro com outra caixa
23:49que vê aquela babel,
23:51ninguém ouve ninguém,
23:53aquela...
23:54E é impressionante,
23:56e eu cito isso
23:56quando falei
23:57da baixa qualidade,
23:58porque esse pessoal
24:00das caixas de som
24:01nas praias,
24:03você vai observar
24:04o que eles tocam.
24:07Geralmente,
24:08é de baixíssimo nível,
24:09é um mau gosto,
24:11é um negócio primário,
24:13é um baticom,
24:15letras vulgárias.
24:18Você não vê o cara
24:19botar lá um Tom Jobim
24:20para tocar.
24:21Não tem,
24:21o cara não sabe
24:22o que é Tom Jobim.
24:24E parece que é a imposição
24:26do indivíduo máxima.
24:29Eu estou aqui,
24:30gosto disso,
24:32queiram ou não,
24:33e quero que todos gostem também.
24:35É,
24:35impor a vontade,
24:36não tem aquela velha máxima,
24:39o meu direito termina
24:41onde o seu começa.
24:43Só que com a tecnologia
24:43você não sabe
24:44onde é que começa
24:44e termina,
24:45mas direito nenhum,
24:46tudo embaralhado.
24:47Banalizou tudo.
24:49Mas eu acho que tem isso,
24:50é preciso cuidar melhor
24:52das nossas cidades,
24:53é preciso um pouco mais
24:54de urbanismo, urbanidade,
24:57civilidade.
24:59Isso vem também do quê?
25:02Conhecimento, berço, escola,
25:05o ensino,
25:05o tipo de ensino
25:06que nós estamos dando
25:08para essas pessoas.
25:09Dentro de casa
25:11e nas escolas,
25:12a gente precisa repensar
25:13isso constantemente.
25:15Eu acho que educação
25:16é um desafio permanente
25:20que você tem que conviver
25:22com a educação,
25:24às vezes com a falta
25:25de educação,
25:27para tentar avançar
25:29na questão da educação,
25:30da cultura,
25:31da civilização.
25:33Enfim,
25:34eu acho que em alguns momentos
25:35a gente tem uns picos
25:38evolutivos e involutivos.
25:41E aí eu lembro
25:42de um teórico,
25:44a gente estava falando
25:46dos anos de chumbo aqui,
25:47da ditadura militar.
25:48Tinha o Gouberi do Couto e Silva,
25:50porque tinha uns caras ali
25:53que eram inteligentes,
25:54o Delfino.
25:55Sim.
25:56Você podia não concordar
25:58com a doutrina deles,
26:01com a tese deles,
26:02mas era um cara inteligente.
26:04Eu li com a Resende mesmo,
26:05que é um personagem de patróleo.
26:07Um cara letrado,
26:08inteligente,
26:09não é esses bananinhas
26:12que vão lá para o Congresso
26:14fazer bananada.
26:15Não era isso.
26:19Você vê o Gouberi do Couto e Silva,
26:21plena ditadura militar,
26:24ditadura feroz,
26:25por sinal.
26:27Mandava aniquilar,
26:28matar, perseguir,
26:30torturar, exilar.
26:32O filme Ainda Estou Aqui
26:33retratou isso muito bem,
26:36recentemente.
26:37Mas o Gouberi, na época,
26:39falava que a civilização,
26:41as civilizações,
26:43seja onde for,
26:43na Grécia Antiga,
26:45na Grécia de hoje,
26:47na Europa,
26:48aqui, no Brasil,
26:49na América Latina,
26:50as civilizações vivem
26:52de cisto e de astro,
26:54de abertura e fechamento.
26:56Você tem ciclos.
26:58Em determinado período,
26:59aquilo parece que vai evoluindo.
27:01As artes,
27:03o conhecimento,
27:04aquilo vai evoluindo.
27:06A harmonização das lideranças,
27:09as lideranças falando
27:10uma linguagem mais ou menos comum.
27:12e depois você tem tudo
27:14com uma desconstrução.
27:16É o famoso
27:17abre,
27:18areja
27:19e depois fecha,
27:21comprime.
27:22Às vezes,
27:23a abertura é lenta e gradual,
27:24como propõe a...
27:26Aí já era o outro general,
27:28era o Geisel.
27:30Vamos fazer uma abertura
27:31lenta e gradual.
27:33Acho que tinha um terceiro adjetivo
27:34que eu não estou lembrando.
27:34lenta e gradual e...
27:37Irrestrito?
27:38Eu não me lembro.
27:38É irrestrito.
27:39Acho que era uma lenta e gradual
27:40e irrestrito.
27:41É alguma coisa assim.
27:43Mas é isso.
27:44Acho que a gente fica...
27:46Acho que o mundo
27:47vive nesses ciclos.
27:50Você experimenta
27:51um determinado avanço aqui,
27:53um retrocesso ali.
27:55Acho que vive muito
27:56essas fases de avanço,
27:59retrocesso.
27:59Você vê lá
28:01os Estados Unidos
28:03com o Trump.
28:06Aquilo foi um avanço?
28:07Não, na minha opinião.
28:08Aquilo foi um retrocesso.
28:10Mas, enfim.
28:12Está lá no Chile.
28:15Agora tem a candidata
28:16mais poderosa
28:17e a candidata de esquerda,
28:19mas a direita cresceu muito
28:21e está a ameaça
28:22de roubar a candidata
28:24que ganhou o primeiro turno.
28:26Quer dizer,
28:26foi a mais votada
28:27no primeiro turno.
28:28O Chile também vive
28:31esse conflito
28:32do avanço
28:33e do retrocesso.
28:34O avanço e retrocesso.
28:36E a gente tem que
28:37tentar se equilibrar
28:38nesse meio.
28:39Sim.
28:40Tentar buscar
28:41consolidar os avanços.
28:42Os avanços
28:43e procurar de alguma...
28:45Aprender com os retrocessos.
28:46E aprender com o retrocesso,
28:48procurar consolidar os avanços.
28:50E acho que,
28:52tanto o livro
28:53quanto a imprensa,
28:54o jornalismo,
28:56têm papel fundamental
28:58que é para clarear,
29:00mostrar o que temos aqui,
29:03mostrar o que existe
29:04e o que não há.
29:05Acho que é essa
29:06a nossa missão.
29:08Nem sempre conseguimos fazer isso,
29:10mas temos que buscar isso
29:12permanentemente.
29:14queria encerrar, Trevisão.
29:15Sei que você tem
29:15um outro compromisso
29:16nessa sua jornada
29:18de divulgação
29:19do seu novo livro.
29:21Eu recomendo
29:22A Onda Que Invade a Ilha.
29:23Acho que as casas...
29:24Eu espero
29:26que as casas
29:28voltem a reservar
29:29um espaço
29:30para os livros.
29:31A gente sabe
29:31que hoje
29:31é uma realidade
29:32imobiliária.
29:34São apartamentos,
29:35casas, imóveis
29:36cada vez menores,
29:36com menos espaço
29:38para livros,
29:39etc.
29:40A biblioteca
29:41virou um negócio
29:42assim mesmo.
29:44Mas é
29:44você desfrutar
29:45da oportunidade
29:46de você puxar o livro
29:48e ver um pedaço,
29:48uma crônica
29:49da história
29:50do Espírito Santo,
29:51de personagens
29:52do Espírito Santo.
29:52É um grande prazer.
29:54E eu queria encerrar,
29:55Trevisão,
29:55na sua última crônica,
29:57que é justamente
29:58A Onda
29:59A Onda Que Invade a Ilha,
30:00o seu último parágrafo,
30:02você encerra o livro,
30:04eu achei muito interessante,
30:05talvez,
30:07como eu falava,
30:08que quando você escreve
30:09uma música,
30:10faz um filme
30:10ou escreve um livro,
30:12aquilo não te pertence mais.
30:13Sim,
30:14sai para o mundo.
30:15E aquilo pertence
30:16aos olhos
30:16de quem vai absorver.
30:19Gilberto Gil,
30:20que dizia,
30:21não se meta a entender
30:21a meta do poeta.
30:24E também,
30:25acho que o leitor
30:26e quem ouve a música
30:27tem a sua própria
30:28interpretação
30:29das coisas.
30:30Você diz o seguinte,
30:33e parece ser sina
30:35de todo náufrago,
30:36manter sempre
30:37no inconsciente
30:38o aflito desejo
30:40de ver entre as ondas
30:40uma montanha mágica
30:42se erguendo no horizonte.
30:44Você se sente
30:45um pouco náufrago
30:46nesse mundo
30:47de informações,
30:51nesse oceano
30:52de perdas?
30:53Às vezes, sim.
30:54Às vezes,
30:54eu tenho essa percepção
30:56de que estou ansioso
30:58por uma montanha mágica
30:59surgindo para eu ancorar.
31:01A montanha mágica
31:02ali é uma metáfora
31:04de você.
31:05Acho que a gente
31:07está sempre buscando
31:08ancorar em algum
31:09porto seguro,
31:11navegar,
31:11mas ancorar
31:12em algum porto seguro.
31:14E, às vezes,
31:15a gente,
31:16no mundo,
31:16você está falando,
31:17no mundo real hoje,
31:20a gente se sente,
31:21às vezes,
31:21um pouco náufrago,
31:22um pouco perdido,
31:23um pouco isolado.
31:24mas a gente
31:27precisa continuar,
31:29como se diz,
31:30remando,
31:31perseguindo.
31:33Náufrago jogando
31:34mensagens ao mar
31:35em garrafas.
31:35Garrafas ao mar,
31:37remando,
31:38nadando,
31:39boiando,
31:40tentando manter
31:42o equilíbrio,
31:43porque o grande equilíbrio...
31:47Você já experimentou
31:50uma sensação
31:51de náufrago?
31:51Não num navio,
31:54mas você...
31:55Não dessa história.
31:56Não, assim,
31:57exatamente assim,
31:58mas no mar,
31:59você,
32:00em um determinado momento,
32:02está num lugar muito fundo
32:03e você acha
32:04que não vai conseguir chegar.
32:06Cara,
32:06é um negócio
32:07que você...
32:07Só tem uma coisa
32:08que te salva,
32:10a sua mente.
32:12Você tem que respirar,
32:17manter ar nos pulmões,
32:19você tem que tentar
32:20manter o equilíbrio,
32:22não pode se afobar,
32:24porque,
32:24se você se afoba,
32:25você começa a engolir água,
32:28o ar sai do pulmão
32:30e você afunda.
32:31Então,
32:31a única coisa
32:32que te salva
32:33numa situação
32:34de naufrágio
32:35é o equilíbrio,
32:36você se equilibrar
32:38mente e corpo,
32:39corpo e mente.
32:40Eu acho que tem...
32:41É fundamental
32:42ter esse equilíbrio
32:43para você conseguir
32:44chegar na margem,
32:45senão você não chega.
32:47E na vida
32:48é um pouco assim também,
32:49às vezes,
32:50a gente se sente perdido,
32:51perdendo o ar,
32:52perdendo o pé,
32:54não está dando mais pé aqui,
32:56quando é que eu vou conseguir
32:57pisar terra firme?
32:59Eu acho que a vida
33:00é um pouco isso também,
33:01esse desafio
33:02de...
33:02mergulhar,
33:06nadar
33:06e, às vezes,
33:07até se afogar.
33:09Maravilhoso.
33:10Acho que nesse mundo
33:11de bilhões de náufragos
33:12no planeta hoje,
33:14essas palavras
33:14foram muito interessantes.
33:15Trevisan,
33:16agradecer demais
33:17pela sua conversa aqui.
33:20Já fica o convite
33:21para uma próxima,
33:23para a gente trocar
33:24novas ideias
33:24sobre a realidade.
33:25Grande sucesso
33:26para você.
33:27Obrigado,
33:27eu que agradeço,
33:28é um prazer sempre
33:29voltar aqui
33:30na tribuna,
33:31nessa casa
33:32que eu trabalhei
33:33tantos anos
33:34e com a qual
33:35me identifico muito.
33:37É sempre um prazer
33:38estar aqui com vocês.
33:40Esse foi mais um
33:40Estúdio Tribunal Online,
33:41obrigado pela audiência.
33:42Estúdio Tribunal Online
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