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  • há 4 horas

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Transcrição
00:00O Renê está lá na cadeira, desde o início, e não teve o prazer de colocar a cara para fora.
00:06A justiça não deu isso para ele, porque essa era a certeza que ele tinha,
00:11e que a esposa dele deu ele essa certeza.
00:13Então, assim, eu fico feliz por ele estar lá, e a justiça está trabalhando,
00:19e o resultado vai chegar, tanto financeiro, quanto mesmo a justiça em si.
00:24Eu tenho confiança nisso, e também a justiça de Deus.
00:28Ela também vai ser feita.
00:31Então, isso traz uma liga de saber que ele está lá.
00:35Em relação à delegada, eu estou decepcionada com ela,
00:38porque com uma mulher chamando o bacanato, ela chegou,
00:41e deixar a carreira dela nas mãos de um homem com ele.
00:44Ela não pode falar que ela não conhecia o que ela conhecia.
00:47Então, assim, isso é decepcionante, né, como mulher.
00:51Mas quem sou eu para julgar ela?
00:53Que a justiça possa ser feita também para ela, da forma correta.
00:58E que essa justiça, eles venham repensar na vida deles.
01:02O que é outras pessoas para eles, né?
01:06Porque para o Renê, o Lauro é um saco de lixo.
01:09E para a delegada?
01:11A partir do momento que ela coloca a mão, a arma na mão dele,
01:14e fala para ele, olha, você pode fazer qualquer coisa.
01:16Mas ela não falou.
01:16A partir do momento que você coloca, você está dando a legalidade para isso.
01:19Ainda mais ela sendo uma delegada.
01:20Então, assim, que eles possam repensar na vida deles,
01:23os trajetos que eles vão fazer daqui para frente.
01:26E valorizar a vida, não só deles, mas das pessoas também.
01:30Isso mesmo.
01:32Última pergunta.
01:33Sim, de fato.
01:34É que eu tenho que fazer uma salvaça,
01:37mas depois eu tenho dificuldade para transcrever.
01:40Liliane, qual a importância da profissão dos garis?
01:42É uma coisa que a população gosta muito do trabalho dos garis, né?
01:46Ajuda, tem...
01:48E acontece uma coisa dessas.
01:49Ou eu estou enganada em relação a esse bom tratamento dos garis?
01:53Você trabalha com o que, mulher?
01:54Eu sou auxiliar de dentista.
01:56Sou técnica de genie bucal, trabalho no SUS.
01:59Olha, os garis, eles são agentes de saúde.
02:03Eles não só limpam a rua, levando saúde para a gente,
02:07como eles também, ele leva saúde mental para a gente.
02:10Porque quando eles passam com aquela alegria,
02:12gente, não tem como você não pensar assim,
02:14gente, eles que estão trabalhando desse jeito,
02:16eu no meu ar-condicionado, muitas das vezes, né?
02:19Na minha casa, no conforto da minha casa,
02:21ou no meu local de trabalho, que tem tantos benefícios,
02:24eu estou reclamando de alguma coisa.
02:25Eles não.
02:26É chuva, é sol, eles passam.
02:28Você fala, olha, tira uma foto comigo, eles param, tira foto.
02:31Eu tenho um irmão, que ele era gari,
02:33e meu irmão falava assim,
02:34no estribo há uma luz diferente,
02:37há uma energia diferente.
02:40Que só o gari sente.
02:42Então é por isso que ele transmite.
02:44E é verdade, só ele sente.
02:46Nem todo mundo que quer ser gari, ele é gari.
02:49A pessoa tem que nascer gari.
02:51Olha para você ver.
02:52As pessoas se formam em muitas coisas,
02:54mas para ser gari não tem formação.
02:56Você tem que nascer com aquilo,
02:57porque você vai ter um trabalho tão árduo,
02:59tão doído,
03:00e ainda levar alegria.
03:01Então eles são uma gente de saúde em todas as áreas.
03:06E é uma profissão de enorme importância para a cidade, né?
03:09É essencial.
03:11É essencial, porque não desfazendo das outras áreas, né?
03:15Mas se o gari ficar sem coletar o lixo,
03:17o nosso lixo que nós colocamos para fora de forma incorreta,
03:22imagine só.
03:23Hoje, por exemplo, hoje é feriado.
03:26Amanhã.
03:26Imagina se eles ficam, esses dias só voltam na segunda-feira.
03:29Como que vai ficar a nossa casa?
03:31O lixo que nós colocamos na nossa lixeira
03:32vai fazer mal para a gente dentro de casa.
03:35Não é mesmo?
03:36É isso mesmo.
03:36O Lézé é muito maravilhoso.
03:38É da Cida.
03:39Ela é uma artesã.
03:41Ela faz alguns bonecos e algumas tragédias, né?
03:43Ela não dá alguns bonecos.
03:45E ela sentiu de me dar esse boneco.
03:47Então foi uma primeira homenagem que eu recebi
03:51de alguém que gosta tanto dos gari.
03:57E eu amo com ele.
03:59Às vezes eu durmo com ele, né?
04:01Ele me traz muita paz, muita força.
04:03É algo simples, né?
04:05Mas foi feito com tanto carinho que eu sinto esse carinho.
04:07Então, nos momentos mais difíceis ali,
04:09eu carreguei ele, como agora.
04:11Ah, que burro.
04:12O que é a Cida?
04:13Ela mora em BH, sabe assim?
04:15Ela faz tipo esse boneco de tragédia?
04:18Isso, igual aquela da barragem.
04:19Ela fez os bonequinhos, só que ela montar.
04:21Ela guarda esses bonecos.
04:22Ah, montou a madeira com a Cida.
04:23Guardou a madeira com a Cida.
04:24Você tem o contato dela?
04:25Tem.
04:25Ela é maravilhosa.
04:26Com certeza, sim, houve certo de racismo.
04:29A data foi muito bem pensada.
04:31Eu tive a intenção de colocar essa data mesmo,
04:34porque o Lau, ele...
04:36Foi um racismo que ele sofreu.
04:38Não só ele, mas a Ele também.
04:39Então, foi uma data que eu pensei
04:43para deixar registrado isso.
04:45As pessoas julgam muito,
04:47as pessoas pela cor, pela condição,
04:49e infelizmente.
04:50Por isso, o que aconteceu?
04:53Ele teve intolerância ali em relação a ela,
04:55por ela ser motorista,
04:56por ela ser mulher,
04:57por ela ser negra.
04:58E a mesma coisa com o Bandele.
05:00Tanto que quando ele atira,
05:01ele atira no fraco de lixo.
05:02O lixo é preto.
05:03Então, só que ele acerta o meu lado.
05:07Então, a data foi muito bem pensada.
05:10E como é que vocês estão fazendo?
05:11100 dias, a família?
05:13Como é que está esse período para vocês?
05:16Está muito difícil.
05:17Não está fácil.
05:19A gente está lutando a cada dia.
05:22Eu tenho um médico que gostava muito dele.
05:25Esse médico procura ele dentro de casa.
05:27Ele só vai dormir quando ele vê a foto,
05:29ele faz carinho.
05:30E ele pega a blusa, ele beija,
05:32ele dorme com essa blusa.
05:34Então, assim,
05:34isso tudo dói demais na gente.
05:36A gente vai refazendo a cada dia, né?
05:39Levando em consideração
05:40tudo o que o Lau deixou para a gente.
05:42É viver mesmo, fazer o melhor,
05:44estar sempre juntos, né?
05:46E a gente tenta fazer isso a cada dia.
05:49O seu netinho, como é que se chama?
05:51Se chama João, João Lucas.
05:52Quantos anos tem o João?
05:53Um ano e dez meses.
05:54Nozinho, né?
05:55E ele é filho da sua menina?
05:57Ele é filho da minha filha, é.
05:59E o Lau era padrinho dele.
06:01Então, assim, ele gostava demais dele.
06:03Ele tinha uma rotina, uns dois,
06:05de ver desenho, de comer juntos.
06:07O Lau ia sair para me buscar,
06:09ou ia no supermercado e levava ele.
06:10Sempre trazia algum agrado para ele.
06:12Então, assim,
06:13a gente tendo essa dificuldade, né?
06:16de falar com ele, de ensinar ele.
06:21Mas a gente sempre mostra para ele, né?
06:23Onde ele vem a foto do Lau e a gente fala,
06:24não, eu vou, eu vou, eu vou.
06:26Espera aí que eu vou fazer mais uma pergunta.
06:28Vou fazer o cartaz aqui.
06:33E você, o que você, o que você, o que você espera, assim,
06:42esse tempo da justiça?
06:44Vocês pediram bloqueio dos bens para tentar ter uma reparação econômica?
06:49Porque, obviamente, ela não vai resolver a falta que o Lau faz na sua vida.
06:53O Lau, né?
06:53Eu já estou até chamando ele de Lau.
06:55Pode ser.
06:56Não, eu vou ficar à vontade.
06:57Mas acontece que, pelo menos,
06:59era uma pessoa que ajudava nas despesas da família.
07:03Qual que é a expectativa de vocês em relação a essa questão,
07:06a questão da justiça,
07:09em relação ao assassino, a esposa dele?
07:11E a gente espera que, justamente, né?
07:15Eu também poderia ter sido...
07:17Não, ele atirou, foi o que pensou de não atingir, né?
07:19Mas pegou nele, né?
07:20Porque eu evitei que ele tirasse na mulher no caminhão, né?
07:23Que a motorista, a desculpa, ele de trabalho.
07:25Aí ele, não sei porquê, alterou a pontuação para a nossa direção,
07:29mas tirou e acabou acertando o meu colega.
07:31A intenção de atirar era nenhuma.
07:33Eu acho que, para mim, a pessoa pode ser isso tudo,
07:36mas se não tiver o sentimento ao próximo, ele não é nada.
07:38Ele não pode ser consciência negra, consciência branca.
07:41Porque eu acho que o ser humano tem que ter um pouco mais de amor com o próximo,
07:44e um pouco mais de respeito, paciência,
07:46porque nem todos têm a mesma vida, né?
07:48Porque tem cari que, muitas vezes, tem uma vida meio ruim,
07:51mas eles também são carregos, trabalhando.
07:53Aí vem alguém que tem um...
07:55acha que tem um poder de amizade,
07:56que são assim, ou que é meio que é um bom dia,
07:58que dá um dia a alguém,
08:00mata como se fosse um homem, né?
08:02Triste.
08:03É, eu tento perguntar isso também, né?
08:08Porque eu também tenho uma família em casa para esperar,
08:10assim como ele também tinha, né?
08:12Eu até falei para a esposa dele,
08:15que eu conheci ela num momento ruim,
08:17a qual eu não queria conhecer, né?
08:18Você é casado?
08:19Sou, eu tenho três filhos.
08:21Minha bebê tem dois anos, fez dois anos agora.
08:24E você ficou pensando assim, Tiago?
08:25Poderia ter sido eu?
08:28Com certeza.
08:29Aí eu cheguei em casa,
08:29a primeira coisa que eu fiz foi...
08:31colocar minha família na mesa, né?
08:33E comecei a falar com eles, né?
08:36E lá que me desceu no rosto e falando,
08:37vão comer, vão vir, vão brincar.
08:39Porque ele era muito aqui hoje, né?
08:42Alguém passou com uma vida transformada,
08:44deu um tiro em nós e pegou,
08:46acertando meu companheiro de trabalho.
08:49E a gente vê a nossa família.
08:51Eu estou aqui com tristeza a ele,
08:52mas com alegria também de estar aqui, né?
08:54Porque era passivo, né?
08:57Infelizmente, é triste.
08:59E o que você espera que aconteça com a...
09:01Eu espero que ele morra,
09:03porque isso aí é ser pior do que ele é.
09:06Sabe?
09:06Eu quero que ele só paga, né?
09:09E fica ali pra ele buscar na mente
09:11o jogo que ele fez,
09:13porque nem todo mundo é igual ele é, né?
09:15Então tem que ter respeito,
09:17amor ao próximo.
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