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  • há 2 dias
Ricardo Feltrin relembra como foi cobrir o caso Marcius Melhem e conta o que descobriu ao ter acesso a documentos, depoimentos e decisões judiciais que não chegaram ao público.

Ele fala sobre as pressões dentro das redações, o peso da opinião pública na construção de narrativas e as contradições entre o que foi divulgado e o que está registrado nos autos. A conversa aborda o impacto emocional e profissional para todos os envolvidos, os limites entre justiça e linchamento virtual e como a mídia pode influenciar percepções antes que qualquer julgamento seja concluído.

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Transcrição
00:00E como que foi pra você essa coisa de sair do UOL, que era onde você estava numa casa grande no jornalismo,
00:07pra virar independente? Como é que foi?
00:11Foi brigando por causa do caso de Mellin, né? Comecei a ser perseguido dentro do UOL, pelas feministas,
00:16até pelo ombudsman do UOL. Você ouviu falar do Mário Magalhães?
00:21Mandou uma... Eu tenho um e-mail até hoje, né? Se eu pegar esse cara, eu não sei o que eu faço.
00:26Mas eu tô falando sério. Me humilhou na frente dos outros, falando que eu era um...
00:32Eu tava humilhando o UOL, o jornalismo, que eu chamava de caso calabresa, que um dia o UOL vai ser humilhado no futuro, né?
00:40E aí eu não posso mais cobrir esse caso aqui. Tanto que agora o Tribunal de Justiça mandou suspender o caso Mellin,
00:47que é o outro caso, eu sou acusado de violência psicológica, com ele e ele tá sendo acusado de assédio sexual.
00:52O TJ viu que tá tudo errado, porque a promotora falou que não pode.
00:57Tudo isso que eu falei, que não foi arquivo, arquivo, e a juizando quis, o TJ falou, opa, o que é isso que tá acontecendo aqui?
01:03E agora tem Mili Lacombe, hoje Cris Fibbi, ontem Maria Bop, depois lá fulana,
01:09todas pressionando o judiciário a condenar um cara que é inocente.
01:14Entendem? Se unem, fazem, é tudo, e você vai ver, só branca de classe média defendendo brancas de classe média.
01:25E a gente, essa história do Mellin, eu errei no começo, porque eu acreditei, você também, né?
01:31Eu fiz uma...
01:31Você que me falou, aliás, você que me falou, não é isso.
01:36Eu lembro de uma festa que a gente tava com o pessoal...
01:38Que a gente tava com o pessoal e você falou pra mim, não é isso.
01:40Na casa da Carla Vilena.
01:41Na casa da Carla Vilena.
01:43Aí eu falei, eu me senti tão idiota.
01:46Eu lembro, eu falei...
01:46Eu me senti tão idiota, porque aí eu fui ler o processo...
01:48Gente, foi em 2021 isso.
01:50Nossa, mas eu caí feito uma pata nessa história.
01:53Defendi pra caramba.
01:55Eu escrevi um texto que era assim...
01:57Futuro profissional de calabresa corre risco.
02:01Globo tem que proteger dando em calabresa.
02:03E depois, quando eu vou vendo o negócio, eu falo assim...
02:04Tem que proteger porra nenhuma.
02:06Quem é que punir?
02:07E não pune.
02:08Porque todas as acusadoras do Mellin estão hoje empregadas, fazendo alguma coisinha na Globo.
02:12E ele tá cinco anos desfazendo o patrimônio, dilapidando tudo, inclusive das filhas, sem poder trabalhar.
02:20E a Globo deu o documento dizendo que não houve assédio.
02:23E ainda assim mantém essas mulheres.
02:25Por isso que quando a Globo vem com essa história de complice...
02:28Enfia o complice na toba, porque é tudo mentira.
02:31Mas é um...
02:32Assim...
02:33Não é a questão do assédio porque a empresa permitiu que o ambiente profissional fosse uma suruba, praticamente.
02:42O Carvalho namorou com a Ana Paula Arósio.
02:46O outro namorou.
02:47Nunca existiu nada disso.
02:48Assédio é diferente.
02:49Assédio é diferente.
02:50O que havia lá é um ambiente absolutamente promíscuo.
02:54Mas assim, a Folha também era.
02:56A Folha também era.
02:56Porque quando eu trabalhava nos anos 90, entrava qualquer repórter nova e um monte de rubu em cima da menina.
03:02É verdade.
03:02Eu conheço uma menina que foi trabalhar na Veja.
03:06Todo mundo foi por lá.
03:07Inclusive o chefe da redação dando em cima dela.
03:10E isso mudou.
03:11A consciência das pessoas mudou.
03:14Hoje...
03:15Mas você, por exemplo, não fazia isso.
03:17Não, eu nunca fiz.
03:18Eu nunca namorei.
03:18Nunca namorei.
03:19Nunca dei em cima de uma repórter que eu tive.
03:22Eu tive mais de 70 ao longo de 10 anos na Folha.com.
03:25Porque eu sempre pensava o seguinte.
03:27Se eu começar a namorar uma menina da redação, eu não vou poder dar mais aumento pra ela.
03:31Eu não posso dar viagem pra ela.
03:33Você sabe que a gente ganha muita viagem, né?
03:35Eu não vou poder elogiar o trabalho dela nunca.
03:38Porque se eu fizer isso, vai...
03:39Tá vendo?
03:40Ele tá comendo.
03:41É por isso.
03:41Então eu prejudicaria ela.
03:43Tive repórteres maravilhosas.
03:45Cheguei a ter caso com alguma depois que ela saiu.
03:48Mas ali dentro eu não podia fazer isso.
03:50Mas é meu estilo.
03:51Agora eu não trabalho na Globo.
03:52É uma prática...
03:54Eu acho que isso vai de cada um.
03:56Porque eu lembro que no meu primeiro emprego veio a Uruguzada todo.
04:00E meu chefe era o Fernando Vieira de Mello.
04:01Ah, Jovem Pan.
04:04Não, Natrianon.
04:06Nossa!
04:06Você trabalhou Natrianon?
04:07O Fernando Pai.
04:08É.
04:08Eu fui a última cria de Fernando Vieira de Mello.
04:11Gente.
04:11Aí eu lembro que chegou aquela Uruguzada toda.
04:14Eu tinha 17 anos.
04:15Nossa.
04:17Com covinhas ainda.
04:18O seu Fernando...
04:20Um dia eu peguei ele.
04:21Ele reuniu os caras e falou.
04:22Se eu souber que alguém saiu com ela, tá na rua no dia seguinte por justa causa.
04:27Isso que ano?
04:2896.
04:29Então, eu...
04:30Mas é que o seu Fernando não gostava dessas coisas, entendeu?
04:35Mas uma coisa que ninguém fala.
04:37Por exemplo, eu vi na Folha.
04:38Não era chefe.
04:39Tinha chefe dando em cima.
04:40O chefe até promovia a mulher que estava saindo.
04:43Mas assim.
04:44O pior eram os repórteres dando em cima das repórteres.
04:48Então, chegava uma pessoa nova.
04:50Aparecia um monte de urubu.
04:51E aí, esse é lindo, hein?
04:53Vamos tomar um, não sei o quê.
04:54Eu vi um cara embebedando uma menina dentro da redação para levar ela para casa.
04:59E a menina estava fazendo trabalho há muitas horas.
05:01Não tinha almoçado.
05:02E o cara sabia.
05:03Deu uma bebida forte.
05:04Acho que era araque ou sei lá qual.
05:07Para levar ela para casa dele.
05:09Porque ela começou a passar mal.
05:10Não, não.
05:10Deixa que eu cuido dela.
05:12E a gente juntou.
05:13Falou.
05:13De jeito nenhum.
05:13Você não vai fazer isso.
05:14Porque a gente já conhecia a fama do cara.
05:16Então, tem essa questão do assédio também de funcionário.
05:20Não só de chefe, né?
05:21Que não é considerado assédio, você sabe.
05:23É, porque tem que ter a hierarquia, né?
05:27Para você poder considerar um assédio.
05:30Mas o fato é que lá o negócio do Melen não era só dele para com elas.
05:36Mas não tinha assédio.
05:38Não, porque elas...
05:41Você viu as mensagens?
05:42Eu vi da Birin...
05:44Não, não sou da Birinjão.
05:45Porque eu vi a da Birinjão.
05:46Eu falei, ah, vamos para...
05:47Você não viu os vídeos, né?
05:50Delas depondo para um juiz.
05:52Mentindo.
05:53Juiz, a Calabresa falando...
05:54Não.
05:54Eu te mando.
05:55A Calabresa falando assim...
05:56Não, o juiz fala assim...
05:57Mas ele estava te assediando?
05:58Sim, ele estava te assediando na festa.
06:01E a minha amiga viu.
06:03A Mayra Perazzo viu sim, não sei o quê.
06:05Mayra, você viu?
06:06E depois tem...
06:07Ela falou, não, não vi nada.
06:08Eles estavam super felizes.
06:09Não tinha nada das coisas.
06:11E você vê...
06:12É meio absurdo tudo isso, né?
06:13Mas era a cultura da Globo.
06:15E eu vou te falar mais.
06:16Continua assim, viu?
06:17Tem assédio.
06:18Agora, eu sempre falei que o assédio agressivo na Globo
06:21era no mundo LGBT.
06:25E por que que o assédio em cima dos meninos
06:29era mais forte?
06:31Mas nunca vou saber.
06:33Eu sei que tem diretor da Globo
06:34que se estivesse lá hoje, saia algemado.
06:37Porque era uma história assim...
06:39Ah, tem vários casos.
06:41O cara acabou de denunciar lá o Denis Carvalho.
06:44Falou que o cara agarrou ele...
06:46Isso não sou eu.
06:47Está escrito aí.
06:48O cara até, acho que processou.
06:49Que agarrou ele no meio do corredor e falou
06:51vamos namorar, vamos namorar.
06:53E outros diretores que estão lá.
06:55A Globo cortou esses primeiros.
06:58Os assediadores.
06:59A gente tem uma melhoria disso em alguns lugares
07:04mas com relação a essas políticas
07:07eu vejo muita hipocrisia.
07:09Eu vejo ninguém solta a mão de ninguém de um lado
07:12e as coisas continuam tudo igual do outro.
07:14Aqui na Paulista, na Faria Lima
07:15minha amiga, ela é consultora.
07:18Ela falou assim, não tem mais um banco
07:20uma empresa multinacional
07:21que um chefe possa ficar numa sala
07:24com uma mulher sem estar a porta aberta
07:26e sem ter uma outra mulher no ambiente.
07:29Meu amigo é médico de postinho.
07:32Ele falou, eu não atendo mais mulher.
07:34Eu atendo mulher se a enfermeira ficar do meu lado.
07:36Ah, mas a enfermeira está ocupada.
07:38Então eu não vou atender agora.
07:39Ele falou, não atendo.
07:40Eu não vou correr risco.
07:42Nossa, mas você está falando isso?
07:44Agora eu estou pensando
07:45é que eu me consulto mais com mulher.
07:47Eu gosto mais de médica, mulher.
07:51Às vezes que eu tive alguma consulta com homem
07:54de uns anos para cá
07:55realmente sempre tinha uma enfermeira na sala.
07:57Ou ele fica a três metros de distância, aberto.
07:59Não, nunca fiquei sozinha mais.
08:02Não pode, não pode.
08:03Eu acho positivo isso.
08:05Não acho negativo, não.
08:07Agora, isso está chegando na noite,
08:08nas festas,
08:09porque um homem não chega mais perto de ninguém.
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