- há 2 dias
Empresária, cozinheira e apresentadora do reality Infiltrado na Cozinha, do GNT, relembra início da relação com a comida e a profissão de chef e a trajetória na mídia
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CriatividadeTranscrição
00:00Olá, você está acompanhando a Ideia, podcast do Meio Mensagem, que é um espaço para falar de ideias.
00:05Eu sou Isabela Lessa e hoje converso com ela, uma cozinheira profissional,
00:10cuja carreira se expandiu para além do universo gastronômico,
00:13porque além de estar à frente do restaurante do qual ela é proprietária, o Arturito e do Café La Guapa,
00:20ela passou a dividir o seu tempo como apresentadora, primeiro de um reality show gastronômico
00:25e depois foi ganhando mais espaço com outros programas e com o seu próprio canal no YouTube,
00:30onde ela ensina receitas.
00:32Em setembro, ela estreou um novo programa no GNT, Infiltrado na Cozinha,
00:37que é um dos assuntos da nossa conversa de hoje.
00:40Seja muito bem-vinda, Paola Carrossela.
00:42Muito obrigada, é um prazer estar aqui, Isabela, obrigada mesmo.
00:45O prazer é nosso.
00:46Mas como é que é, então, Paola?
00:54Já indo direto ao ponto que é o Infiltrado na Cozinha,
00:57que parece que é um formato muito diferente de outros que você fez antes.
01:02Então, o Infiltrado é um reality que tem muito humor e mistério,
01:08e é um reality que tem comida, mas me coloca numa posição onde eu não cozinho,
01:12nem estou avaliando os pratos, não sou a jurada.
01:15Quem são os jurados?
01:17A Luana Azul Coloto e o Fabão, que são dois comediantes, atores muito engraçados.
01:23E são eles que têm a difícil tarefa de encontrar o Infiltrado na Cozinha
01:29e também descobrir ou escolher quem fez o melhor prato.
01:33Eu também tenho que tentar decifrar quem foi o Infiltrado.
01:37Quase nunca consegui, porque a produção arrasou na escolha dos participantes e no treinamento,
01:43porque são três participantes, sendo dois cozinheiros profissionais e um ator treinado.
01:48E o ator treinado sabe as receitas, enquanto os participantes cozinheiros não sei se sabem muito bem
01:54o que eles vão ter que fazer.
01:56Então, o ator treinado tem uma pequena vantagem, porque ele foi treinado para essa receita.
02:01E o trabalho deles é descobrir quem é esse Infiltrado.
02:06E o meu foi de entrar em um lugar novo, que é de apresentar um programa com muita leveza, bastante humor.
02:15Tem um que é ali também de atriz?
02:17Tem um pouquinho, né?
02:18Tem um pouquinho, porque a cenografia, figurino, iluminação, tentam remeter um pouco os filmes de Agatha Christie,
02:26ou film noir, então sai do que se entende, ou do que a gente espera quando pensa em um reality de gastronomia,
02:34que é o balcão de cozinha, as pessoas todas iguais.
02:38Então, a cenografia, o figurino, a luz e a direção puxavam para ir para um lugar que tivesse um pouco mais de mistério.
02:47E como que foi para você a sua trajetória na televisão?
02:51Qual que foi o momento em que você descobriu que você podia fazer isso, que você podia ser boa nisso?
02:58Demorou para você ficar à vontade na frente das câmeras?
03:01Sim, demorou bastante tempo para eu ficar à vontade na frente das câmeras.
03:07E para eu entender o que estava fazendo lá na TV também.
03:09Eu sou muito curiosa e eu sou ambiciosa no sentido de que eu gosto de fazer coisas,
03:17não gosto de ficar parada nos lugares de conforto, eu gosto sempre de me desafiar.
03:21Parece um clichê, mas eu gosto de me desafiar e colocar em lugares novos, desconhecidos, incômodos,
03:27para crescer e para fazer coisas novas.
03:30Quando eu topei fazer o Masterchef, eu não queria fazer.
03:35Eu tinha falado não algumas vezes para mim, para outras pessoas.
03:42Falei, não vou fazer esse programa, TV não é para mim, eu sou uma cozinheira muito séria.
03:46E eu tive uma conversa com o meu sócio, com o Beni, e ele falou,
03:50eu acho que vai ser divertido para caramba você fazer isso.
03:55E aí eu topei fazer, porque ia ser um desafio, porque ia ser novo e porque podia ser divertido.
04:01Não foi tão divertido o primeiro ano, foi bem difícil.
04:04E eu demorei mais ou menos uns dois anos, por incrível que pareça,
04:09para entender que a pessoa que estava lá na TV era uma personagem que não era eu
04:15e que ali tinha algo muito bom, muito interessante para mim
04:21e que tinha um grande desafio para aprender.
04:25Por mais que pareça estranho que demoraram, passou dois anos para isso,
04:29passaram-se dois anos mesmo para mim, para eu entender de fato o que eu estava fazendo.
04:36Quando eu entendi o que eu estava fazendo, eu comecei a me divertir muito.
04:40E criei ainda a Paola mais personagem, que era a Paola meio professora.
04:46Eu comecei a conversar com a Larissa, que fazia figurinos, e falei que quero figurinos,
04:52quero gravatas, quero figurinos mais dramáticos, camisa com a gola fechada e saia comprida,
05:00uma coisa meio professora.
05:02E aí eu comecei a entender o que eu estava fazendo lá, que isso era a TV.
05:06Porque a reality é um caminho da TV, é um formato que já o próprio nome te fala,
05:17ele tenta trazer uma realidade de alguma maneira, mas não é, você está na TV.
05:22Roteirizado, é editado.
05:24É, mas você não entende isso no início, porque é roteirizado, é editado,
05:30mas para você que está lá fazendo e que você nunca fez TV,
05:33não, você está aí parada fazendo o que te mandam fazer.
05:38Então, demora para você entender que ali, por mais que seja um reality, entre aspas,
05:43e que você é Paola Carosella, na verdade é uma personagem que precisa ser construída.
05:48E eu acho que foi ali quando eu entendi que isso era TV, demorou uns dois anos.
05:52Mas aí depois do Masterchef você passou a apresentar programas, né,
05:57que era diferente do seu trabalho como jurada no Masterchef.
06:00E aí você conseguiu levar adiante esse personagem ou você teve que inventar tudo de novo?
06:06Não, porque a Paola do Masterchef é muito Paola do Masterchef.
06:10É essa pessoa que não existe em nenhum outro lugar.
06:14E que eu acho que só existiu nesse momento,
06:16porque depois, um pouco tempo atrás, eu voltei para fazer uma participação
06:20e eu era outra pessoa, não dava para ser a mesma,
06:22porque passou muito tempo, eu era outra pessoa.
06:24Então, essa figura do Masterchef Ness, assim, há 10 anos, não sei quando foi,
06:29saí em 2022, eu acho.
06:32Faz um tempinho, né?
06:34Eu não sei quando eu saí mesmo.
06:35Foi antes da pandemia, em 2020.
06:37Já faz cinco anos que eu saí.
06:39Então, essa Paola, né, que começou em 2014, é outra.
06:43Ela ficou lá, não tem outra.
06:45Aí, eu acho que cada formato puxa ou demanda algo de mim diferente,
06:54dentro das minhas limitações.
06:56Então, a alma de cozinheira era uma figura.
07:01No meu canal de YouTube, eu sou muito mais eu.
07:05Mas essa coisa de ser muito mais eu é engraçado,
07:08porque tem uma câmera ligada e você está passando uma mensagem.
07:11Então, você é você, mas roteirizada, de alguma maneira, né?
07:15Com ressalvas ali, né?
07:16Tem um filtro ali que você já, quando a câmera liga, você coloca, né?
07:20É.
07:20E aí, no infiltrado, é outra, né?
07:22O infiltrado é completamente diferente.
07:26Eu gostei muito de fazer esse programa.
07:28Eu me diverti muito fazendo esse programa.
07:31E você falou lá no começo que, no primeiro ano todo de gravação do Masterchef,
07:36foi difícil.
07:36O que você achou mais difícil?
07:38A primeira coisa difícil é você receber, você reparar que você começa a virar uma pessoa
07:46da qual outras pessoas falam, né?
07:48Para quem era completamente desconhecida.
07:52De repente, você ser reconhecida na rua ou ver que saem matérias tuas,
07:56ou que uma fala tua no Twitter repercute do jeito que repercute.
08:00Você precisa arcar com as consequências, entender quais são.
08:03Se, de repente, chega essa fama, entre aspas, e ela é muito...
08:10Se leva um susto mesmo, porque acho que é uma coisa que só se aprende no susto mesmo.
08:15Não tem como alguém te ensinar o que é, o que vai ser.
08:19Sobretudo, eu imagino que é diferente virar famoso, entre aspas, de novo, em épocas de redes sociais, né?
08:26Onde as coisas têm um impacto diferente, maior, do que, sei lá, talvez 30, 40 anos atrás,
08:36que ficava um pouco mais nichado ou reservado para certos espaços.
08:40Eu acho que foi difícil, foi tudo isso.
08:43Foi como levar a sério e, ao mesmo tempo, me divertir.
08:47Eu conto isso muitas vezes, mas porque para mim foi muito importante.
08:52Teve um dia que eu estava gravando, estávamos todos gravando o programa,
08:56e a gente ficava sentado esperando as nossas cenas em umas cadeirinhas ao lado do palco.
09:03E a Ana Paula Padrão falou...
09:07Mana, você não está feliz?
09:09E essa frase me impactou muito, porque eu não estava.
09:12Eu não tinha percebido.
09:16Era como se tudo fosse uma obrigação, um peso, uma carga.
09:24E eu fiquei meio chocada.
09:27E ela falou, porque se você não está feliz, não precisa fazer.
09:32E, de verdade, parece uma coisa muito boba.
09:36Porque a gente deveria, o tempo todo, mais ou menos, se perguntar.
09:39Eu estou feliz? Não preciso fazer isso se não me faz bem.
09:42Mas a gente não faz.
09:43Muitas vezes entra...
09:45Ou é uma obrigação, ou precisa fazer porque tem que fazer.
09:49Ou está fazendo, mas não está curtindo.
09:51E o que eu reparei é que eu não estava me divertindo,
09:52porque eu estava levando tudo muito...
09:56Bom, do jeito que eu sou, né?
09:57Muito intenso e tudo muito cuidado.
10:01Eu preciso explicar que, para uma cozinheira
10:04que passou tantos anos estudando e se formando e preparando,
10:09e que leva a cozinha de uma maneira tão séria,
10:11de repente, fazer TV parecia quase que o oposto
10:15de tudo aquilo para o qual eu estava me preparando.
10:18E eu não entendia que eram duas coisas diferentes
10:20e que podiam se complementar.
10:22Que eu podia ser a Paola, a dona de restaurante,
10:24o cozinheiro, o chefe de cozinha que eu era.
10:27E, ao mesmo tempo, eu podia ser a jurada do Masterchef,
10:29acima do palco, fazendo uma coisa que talvez seja...
10:31Ou era entretenimento.
10:34Então, uma coisa era um trabalho muito sério, né?
10:36Dentro de uma cozinha.
10:39E a outra era fazer entretenimento.
10:42E eu estava em uma briga com essas duas figuras.
10:45Não conseguia conciliá-las.
10:48Até que eu entendi que eu podia me permitir
10:49ser essa, essa e ser outras também.
10:52Eu acho que ali tem, talvez, um pouco, não sei,
10:55a ver com o nosso papel de mulheres,
10:57que, às vezes, a gente é bastante colocado no nicho, né?
11:01Se você faz uma coisa, não pode fazer outra.
11:03Se você é inteligente, você não pode ser bonita.
11:05Se você é cozinheira, você não pode usar o salto.
11:08Sempre tem...
11:09Você precisa escolher o que você vai ser
11:10e seja isso, por favor, para que fique claro para os outros.
11:13Não me confundem com ser outra figura.
11:16E eu acho que parte do meu amadurecimento também foi esse,
11:19de eu me permitir ser muitas versões,
11:23livremente, exercendo todas elas com seriedade e responsabilidade,
11:27mas colocando a intenção para cada uma delas que lhe corresponde
11:31e me divertindo.
11:33Foi uma descoberta e tanto, então, né?
11:36Com a ajuda, um empurrãozinho da Ana Paula Padrão.
11:39Que sabe das coisas, sim.
11:40E a sua relação com comida mudou, de certa forma,
11:45o seu olhar a partir de tudo que você foi vivendo
11:49nas experiências com televisão?
11:53Acho que com experiências específicas com televisão,
11:55não necessariamente.
11:57Mas...
11:57Eu fui mudando, porque também era uma mudança necessária,
12:07era algo que eu queria fazer.
12:08Eu cozinho há 35 anos, mais ou menos.
12:12Comecei a cozinhar com 17.
12:15Tenho 52, mas alguém que faça as contas, 34, 35 anos, por aí.
12:20É muito tempo.
12:21E, como eu falei no início da nossa conversa,
12:25eu não consigo ficar muito quieta no mesmo lugar,
12:28sem ter novas perspectivas para a mesma coisa.
12:31Então, talvez o que aconteceu nos...
12:3411 anos de carreira junto à gastronomia na TV,
12:40é que eu entendi que eu precisava também sair do cotidiano da cozinha
12:45e exercer a minha profissão, meu amor pela gastronomia,
12:48meu amor pelo trabalho em si, de uma outra maneira.
12:51Então, hoje em dia, eu não cozinho mais nos meus restaurantes já faz um tempo.
12:55Na verdade, faz bastante tempo.
12:57Eu sou dona de restaurante agora, que é diferente, uma outra figura.
13:01E isso, para mim, foi muito difícil também.
13:04Eu reconhecer que eu não cozinhava mais foi um trabalho muito difícil,
13:09mas muito desejado ao mesmo tempo também.
13:12Eu queria migrar para eu estar em um outro lugar dentro das minhas empresas.
13:18E não necessariamente...
13:21Eu tenho a sorte de que você pode comer muito bem no meu restaurante
13:25e eu não estou cozinhando.
13:27E isso é um privilégio,
13:28porque eu tenho cozinheiros incríveis que trabalham comigo há muitos anos.
13:33E a gente se organiza assim.
13:35Você queria ficar mais olhando para o negócio?
13:39Para o todo, projetando serviços, salão, uniformes,
13:43vontade de fazer coisas diferentes.
13:46Sei lá, a gente mudou de endereço, mudou um pouco o perfil do restaurante.
13:52Porque, não sei, eu não consigo ficar parada, né?
13:54O Arturito vai fazer 18 anos o ano que vem,
13:57não é um restaurante novinho que começou agora.
13:59Então, você tem que manter 18 anos qualquer coisa no mercado
14:03e você precisa se reinventar, mudar, alterar coisas e ir se mexendo.
14:09E essa experiência como empresária de um restaurante,
14:18que a gente ouve falar muitas histórias, né?
14:20Sobre o quão difícil é manter um restaurante de pé.
14:24Como é que foi esse começo dessa jornada?
14:27E o que você diria que você tirou de lição com os principais, né?
14:31Lá ali no começo, quando você estava estruturando tudo,
14:35o que você aprendeu ali, né?
14:37Como empresária novata ao criar o Arturito?
14:42Nossa!
14:44Eu não sei se eu consigo reduzir a alguns pontos.
14:49Sobretudo porque eu sou empresária de gastronomia há muito tempo, né?
14:56Primeiro veio o Júlia, em 2003.
14:58Então, são 22 anos de empresas no Brasil.
15:07Acho que talvez o que eu vou falar é que você precisa gostar muito
15:11do que você está fazendo
15:13para que a quantidade de empecilhos, digamos,
15:20os quais você vai encontrar no caminho,
15:22porque não é muito fácil.
15:26Nenhuma pequena empresa é fácil, né?
15:28Empreender não é fácil.
15:30Eu acho que empreender, e até para o pequeno empreendedor,
15:33e muitas vezes na gastronomia,
15:35as pessoas acabam se fechando muito nos seus restaurantes,
15:38nas suas cozinhas, e têm pouco apoio,
15:40pouca ideia, pouca noção de onde ir.
15:43Ficam muito sozinhos e muito ensimismados, né?
15:46Os problemas deles com eles mesmos,
15:48sem receber muito apoio e muita ajuda de fora,
15:51porque não têm,
15:52ou porque as pessoas não dividem e não se falam.
15:54Então, são profissões.
15:57Empreender na gastronomia é bastante solitário,
16:00e é muito difícil.
16:03Como eu imagino que deve ser empreender em outras áreas,
16:05mas eu só conheço essa.
16:07É muito difícil.
16:09Porque se lida com muitas pessoas,
16:10tanto com clientes como funcionários,
16:13muitas...
16:15Enfim, eu acho que o que eu aprendi é que você tem que gostar muito do que você está fazendo,
16:20para que todas essas coisas sejam...
16:23Para que você não reclame delas.
16:25Sabe?
16:26Eu falo muito sobre não reclamar,
16:28e algumas amigas falam,
16:29deixa eu reclamar, que é a melhor coisa que tem.
16:30Eu falo, não, pode reclamar super, beleza.
16:32Mas é que eu acho que às vezes ficamos...
16:35A gente compra uma briga, né?
16:38Ao fazer determinada coisa.
16:39Compra o pacote, o que é legal e tudo que vem dentro.
16:45E eu já sei que eu vou chegar no restaurante,
16:47vai ter 58 coisas para resolver e uma gostosa.
16:52O ar-condicionado quebrou,
16:54o exaustão não está funcionando,
16:55o esgoto,
16:57sei lá,
16:59na rua choveu demais,
17:00entupiu,
17:01coisas que são completamente quase que alheias ao funcionamento, né?
17:05São parte do funcionamento.
17:06Não tem nada a ver nem com um prato.
17:08Não estou nem falando de um prato,
17:10nem de um cozinheiro.
17:11É toda a estrutura em volta.
17:12Então, você tem que estar preparado para tudo isso, eu acho.
17:15Quando as pessoas planejam ou sonham em abrir um restaurante,
17:19elas se veem, sei lá,
17:20cozinhando e colocando uma flor na mesa.
17:23Então,
17:23é 5% disso e 95% de coisas que você nem fazia ideia.
17:29E, Paula, voltando um pouco ao passado,
17:32você cozinha há 35 anos, né?
17:36Qual que foi a sua primeira...
17:38Você tem isso, assim, com você?
17:40A sua primeira lembrança com comida?
17:43Eu tenho muitas primeiras lembranças.
17:45Eu me lembro dos meus avós,
17:47me lembro das minhas avós cozinhando,
17:49me lembro da horta,
17:50me lembro dos coelhos e as galinhas no galinheiro.
17:53Eu cresci muito rodeada de comida, de terra, de planta.
17:59Eu sou filha de imigrantes italianos,
18:02filha, neta de imigrantes italianos.
18:03E eles são de que região?
18:04Meu pai nasceu em Arqui, província de Quiete,
18:11e a minha mãe, Ancona, no Lemarque.
18:15São marquedianos só.
18:16Minha família é Lemarque.
18:18E ambos emigraram para a Argentina.
18:22Então, na minha casa não se falava nem espanhol,
18:25todo mundo falava italiano.
18:27Então, eu tenho pouco de argentinar,
18:30porque cresci em uma família muito italiana.
18:34Até que bom,
18:35depois trabalhei com grandes cozinheiros na Argentina,
18:37tudo mais.
18:38Mas, enfim, meu berço foi das avós italianas.
18:41Então, criavam coelho, matavam coelho,
18:44criavam galinha, matavam galinha,
18:46faziam o molho, faziam a massa, macarrão.
18:48Então, tem todas as memórias.
18:50E depois tem as memórias da minha adolescência,
18:53de quando eu comecei a cozinhar profissionalmente,
18:57muito nova, com 18, 17 anos.
19:00Eu terminei a escola,
19:02e eu já pedi para minha mãe fazer estágio
19:04num restaurante,
19:05que não existia isso,
19:06e não existia nem restaurante,
19:08muito para fazer estágio.
19:10Mas, depois de algumas voltas,
19:12eu consegui uma cozinha que me acolhesse,
19:14e eu paguei para fazer,
19:16a minha mãe pagou para fazer o primeiro estágio.
19:20E eu acho que o que me levou para a cozinha,
19:24hoje, me parece,
19:25olhando para trás,
19:27me conhecendo um pouco mais,
19:29que o que me levou para a cozinha
19:30foi um constante desejo de fazer.
19:33Eu sou uma facedora,
19:35eu sempre tenho que estar fazendo alguma coisa,
19:37não sou muito quieta, não.
19:38E gostava de cozinhar,
19:43adorava o que as minhas avós faziam,
19:45gostava de ver programas de culinária na TV,
19:49mas quando eu entrei numa cozinha profissional
19:52e eu vi as panelas, as bancadas,
19:55os cozinheiros, o fogão, o barulho,
19:58as comandas, os clientes, o frenesi,
20:01eu acho que foi ali que tudo isso me seduceu muito.
20:04Eu podia ficar lá o dia inteiro fazendo coisas
20:06e o tempo passava voando, sabe?
20:08Eu gostava muito disso.
20:09Você já cogitou alguma outra profissão
20:12que não é de cozinheira?
20:13Sempre foi isso.
20:15E você se lembra o primeiro prato que você cozinhou?
20:19O primeiro prato que eu cozinhei,
20:21não lembro,
20:21mas eu lembro
20:22de algumas receitas
20:25muito anos 80, assim,
20:28uma terrinha de três cores,
20:29espinafre, beterraba e branca,
20:32alguns pratos que eu tentava copiar
20:35de revistas da Nouvelle Cuisine,
20:38mas não sei qual foi o primeiro prato.
20:42E a influência da cozinha italiana
20:44sempre esteve muito presente
20:46e está presente também, né,
20:47no seu restaurante Arturito.
20:49Sim.
20:49Você acha que a cozinha italiana
20:50é a melhor do mundo?
20:52Não, não tem cozinha a melhor do mundo,
20:54tanto que não tem.
20:55Acho que é impossível.
20:56Todas são muito,
20:57incrivelmente gostosas.
20:58E eu não teria como entrar
20:59nessa briga, não.
21:01Não tem.
21:01E a cozinha argentina,
21:03tem alguma coisa,
21:04algum ingrediente
21:06ou algum prato
21:07que é muito caro pra você,
21:10que é muito especial?
21:11É...
21:12Então, é que eu cresci
21:17nessa família italiana
21:18onde o que se colocava na mesa
21:20era muito o que elas sabiam fazer,
21:23que tinham aprendido na Itália.
21:25E o meu pouco tempo na Argentina,
21:28porque com 26 anos eu já vim pra cá.
21:31E antes eu tinha passado um tempo em Nova York.
21:34Então, passei 24 anos na Argentina.
21:36E cozinhando dos 17 até os 23.
21:40Eu acho que com 23, 24,
21:42eu fui pra...
21:43É...
21:44Fui pra Nova York.
21:46E...
21:47Pra trabalhar.
21:48É...
21:49Esses anos na Argentina
21:51eu trabalhei com Francis Malman,
21:52que é um chefe de cozinha
21:53que faz uma leitura própria
21:55da culinária argentina,
21:57muito com carvão, braça,
21:59forno a lenha e tudo mais.
22:01Mas eu não tenho, assim,
22:02uma coisa que você fale,
22:03nossa, eu tenho saudades disso.
22:04Porque a culinária argentina,
22:06a qual eu fui apresentada também,
22:08ela era muito...
22:10É...
22:11Não era uma culinária muito argentina,
22:12era uma culinária mais portênia,
22:14com muita influência italiana e espanhola.
22:16Então, são coisas fáceis, digamos,
22:19de achar ou de reproduzir.
22:21E aí você disse que assim que você viu
22:23toda aquela bagunça
22:25que é a cozinha de um restaurante,
22:28você foi seduzida por aquilo.
22:30O que que você...
22:32Você fez uma ressalva.
22:33Não, eu ia respirar, sim.
22:34Eu fui seduzida por aquilo, sim.
22:36E aí, o que que te...
22:38O que que você guarda, assim,
22:41que você aplica no seu dia a dia
22:43desse aprendizado de cozinha profissional,
22:47que parece que é uma coisa caótica,
22:50mas tem muita ordem ali, né?
22:52Assim, uma sequência...
22:53Se ela é caótica,
22:55é porque alguém não fez o trabalho certo.
22:57Acho que a gente vê muito realities e filmes
23:01onde a cozinha é um caos.
23:03E sempre se mostra essa parte do caos,
23:06porque eu acho que se não se mostrasse a parte do caos,
23:08seria um tédio,
23:09porque uma cozinha organizada é muito calma.
23:11E eu gosto de cozinhas muito calmas e organizadas.
23:13Eu sou muito organizada.
23:16Muito, muito organizada.
23:17Na minha vida pessoal, com a minha agenda,
23:20com as minhas gavetas, com as minhas roupas,
23:24tudo é muito organizado.
23:27Se a minha mãe estivesse viva, ela não ia acreditar,
23:29porque eu não era uma adolescente organizada,
23:32mas depois eu fui me organizando.
23:33Eu não sei se eu tenho consciência
23:39para conseguir identificar como se eu pegasse uma pinça,
23:44separasse os ingredientes de mim.
23:46Olha, isso aqui vem da cozinha,
23:47isso aqui foi a TV,
23:48isso aqui foi a minha mãe que me ensinou.
23:51Acho que a gente vai sendo um pote vacio,
23:54nasce e vai se enchendo de um monte de coisas
23:57e vai se construindo como gente.
24:00E as experiências nos mudam completamente.
24:05Mas eu não sei exatamente o que a cozinha me deu.
24:08Talvez um gosto pela constância.
24:18Não sei, continuo sendo apaixonada por restaurantes,
24:22mas hoje em dia mais pelas pessoas que trabalham comigo
24:25e as suas histórias e como mantê-las felizes
24:29do que por fazer o melhor prato da cidade, sei lá.
24:32Eu já sei que no meu restaurante a comida é gostosa
24:36e eu tento manter um relacionamento bom com,
24:41obviamente, eu tento não,
24:42o foco é manter um relacionamento bom entre clientes,
24:45cardápio e cozinheiros,
24:46mas sou mais apaixonada hoje em dia
24:48pelas relações humanas.
24:50Eu acho que...
24:51Que marcam muito a experiência do restaurante,
24:54para além da comida,
24:55porque é um lugar de encontro também.
24:57Para mim é o ponto principal, assim,
24:59quando eu vejo qualquer pessoa, né,
25:03que quer abrir uma empresa
25:05ou que pense em qualquer tipo de empreendimento,
25:09acho que se não pensa primeiro nas pessoas em volta,
25:11não tem como pensar em quem é o depositário
25:14desse teu trabalho, né?
25:16Primeiro é quem cria junto com você,
25:19quem está oferecendo esse serviço com você, né?
25:21E a partir do momento que você deixou de efetivamente cozinhar no restaurante,
25:28qual que é o tempo, você reserva esse tempo para cozinhar,
25:34é mais para os seus amigos, é mais na sua vida pessoal?
25:37Como é que se dá esse momento da sua relação com a cozinha hoje?
25:41Eu trabalho muito, trabalho muito, muito, muito.
25:44E agora, às vezes, eu cozinho à noite,
25:47quando faço jantar para minha filha, para a família.
25:50Sei lá, ontem eu fiz vichy soise,
25:54que é uma sopa de batata com alho porró.
25:56Que é uma delícia.
25:59Faço receitas simples, digamos,
26:01mais ou menos simples no dia a dia.
26:03Quando mais cozinho é quando preparo coisas para o canal,
26:10para o YouTube,
26:11porque aí eu faço mais receitas e cozinho mais.
26:14E quando mudamos o cardápio no Arturito,
26:16aí também eu projeto, planejo, faço testes.
26:19Eu entro na cozinha do Arturito também,
26:21não é que eu não entro nunca, não saí.
26:23Mas vai mudando a relação com a cozinha.
26:27Eu não sou mais essa pessoa que,
26:29sei lá, no Júlia Cocina,
26:30meu primeiro restaurante em São Paulo,
26:32que abriu em 2003,
26:33eu chegava às seis e meia da manhã
26:35e saía às uma da manhã.
26:37Todos os dias.
26:38E eu era uma máquina,
26:40e eu mudava o cardápio duas vezes por dia.
26:42Às vezes mudava dois pratos no almoço
26:44e dois no jantar.
26:46Aí depois terminava internada no hospital,
26:48porque era uma loucura, né?
26:49Mas eu me jogava, assim,
26:50eu sou...
26:51Acho que era muito intensa na época.
26:53Depois eu aprendi que isso não era tão bom,
26:55nem para mim, nem para os clientes,
26:57porque os clientes voltavam para buscar
26:58a mesma coisa e não tinha.
26:59Então, esse negócio de ser empreendedor,
27:04o próprio caminho é a faculdade.
27:08Você vai aprendendo conforme você...
27:10O caminho é o ensinamento, né?
27:12Não tem muito como fazer
27:14antes de você se jogar.
27:17E você falou, Paola,
27:18que você não gosta do conforto,
27:20você gosta de sempre buscar
27:21alguma coisa nova,
27:23de se desafiar.
27:24Você encontra esse desafio hoje
27:26na cozinha,
27:28tem essa vontade
27:30de sempre estar reinventando,
27:31de descobrindo alguma coisa nova
27:33e você leva isso para o Arturito?
27:36Como é que é?
27:40Eu não tenho mais,
27:42há uns anos já,
27:43nenhuma vontade,
27:45eu desejo de surpreender ninguém
27:47com algo novo, raro,
27:49que a pessoa não tenha visto ainda.
27:50durante algum tempo
27:53devo ter sido influenciada
27:56por, sei lá,
27:59jornalistas ou prêmios
28:01ou coisas que você fala,
28:02ah, e se eu fizer um prato
28:03muito esquisito,
28:05esquisito não,
28:06diferente, sofisticado,
28:08raro, as pessoas...
28:09Hoje em dia,
28:10o que me importa
28:11é manter,
28:12como eu te falei,
28:12manter uma empresa saudável
28:14e a qualidade constante,
28:22mas o que a gente faz,
28:25o que eu faço,
28:26se é mudar o cardápio,
28:27umas, mais ou menos,
28:28duas vezes por ano
28:29mudam várias coisas
28:30do cardápio
28:31e aí sim,
28:31tem a ver com desejos,
28:33curiosidade,
28:33necessidade,
28:35ai, quero muito
28:36fazer tal coisa
28:37porque eu estou muito afim
28:38de comer tal coisa,
28:40mas não...
28:42Nunca foi meu estilo
28:44ser uma chefe de cozinha
28:45que busca coisas novas
28:47ou inovar,
28:48eu não tenho...
28:49Tenho zero intenção
28:50de inovar na cozinha,
28:52sério,
28:52o que eu busco
28:53é constância e qualidade.
28:55E aí,
28:56no seu canal do YouTube
28:57que você ensina receitas,
28:59tem uma interação
29:00muito grande,
29:01muito próxima
29:02com o público.
29:02Eu amo o YouTube,
29:04queria ter mais tempo
29:04de fazer mais.
29:05De ser creator.
29:07Eu amo o YouTube
29:08porque eu,
29:08precisamente,
29:09eu gosto disso,
29:10de estar perto da audiência.
29:11Que deve ser.
29:12Muito perto,
29:12você pode responder, né?
29:14É uma relação
29:15mais próxima
29:15do que na TV, né?
29:17YouTube eu amo muito,
29:19mas esse ano
29:20não acho que eu vou
29:21conseguir produzir mais nada,
29:23eu estou me organizando
29:24para o ano que vem
29:24fazer pelo menos
29:2540 programas,
29:28que são mais ou menos
29:2940 sábados
29:30que é quando sai
29:31o programa
29:32todo sábado
29:33às 9 horas da manhã.
29:35Então,
29:36estou me organizando
29:36para em março
29:37já começar
29:38e poderei entregar
29:39pelo menos 40 programas,
29:40que é muito trabalho.
29:43As pessoas acham
29:43que sou eu ligando o celular
29:45e fazendo algo
29:45no fogão,
29:46é muito trabalho
29:48e é muita gente envolvida
29:49e é muito teste
29:50e é muita...
29:51É,
29:51eu gosto de fazer
29:54as coisas direito
29:55e aí isso leva tempo.
29:56mas é...
29:58Então,
29:58meu YouTube é isso
29:59que eu gosto muito
30:00e eu quero me programar
30:01para 2026
30:02entregar pelo menos
30:0340 programas.
30:05E a sua rotina
30:06é super multitasking,
30:08você já falou
30:09em outras entrevistas
30:10que você gosta
30:11de fazer várias coisas
30:12ao mesmo tempo
30:13e quando você tem
30:14finalmente um tempo
30:15livre,
30:16que você não esteja
30:17com a sua filha,
30:18que você não esteja
30:19fazendo todas essas
30:19outras coisas
30:20que não sejam trabalho,
30:22qual que é a sua fonte
30:23de inspiração?
30:24Como que você se re...
30:27recarrega as energias?
30:29Essa palavra é difícil.
30:30Eu gosto de ver
30:31coisas bonitas,
30:32então gosto de ver arte,
30:34gosto muito
30:35de decoração
30:36e arquitetura,
30:38então acompanho
30:39tudo que tiver
30:40de obra,
30:41de mostra,
30:41de instalação,
30:42de coisa,
30:43de...
30:44esse pé arte,
30:45o que for,
30:45eu vou,
30:46porque eu gosto muito
30:47de ver arte,
30:49eu gosto muito
30:50de leitura,
30:52e eu gosto
30:53de bordar,
30:54então às vezes
30:54eu passo a tarde,
30:55tardes,
30:56quando eu tenho tempo,
30:57sei lá,
30:58uma vez a cada 15 dias,
31:00alguns sábados,
31:01se eu consigo,
31:02eu gosto de bordar
31:03e ouvir podcasts
31:05de entrevistas
31:06de pessoas
31:06que eu admiro,
31:09eu sou apaixonada
31:11por Wiser Than Me
31:12com a Julia Louis Dreyfus,
31:14é muito,
31:14muito bom,
31:16eu gosto de leitura,
31:17como eu te falei,
31:18então eu gosto,
31:19ultimamente eu tenho
31:19lido muitas mulheres,
31:21e isso também
31:23me inspira muito,
31:24não necessariamente
31:25é uma inspiração
31:27no sentido
31:28que a gente
31:29espera ou imagina
31:31do óbvio,
31:33eu saio andar no parque,
31:35então meus cérebros
31:35vaciam e aí
31:36aparece uma nova ideia,
31:38mas é mais
31:39uma inspiração
31:40no sentido de
31:41a certeza
31:43e a segurança
31:44de ser quem eu sou,
31:46e a partir desse ponto
31:47poder fazer melhores
31:48e mais firmes escolhas,
31:51acho que é por ali.
31:52Qual que foi esse
31:53momento,
31:55se é que teve,
31:56se isso é claro,
31:57assim que você
31:58se viu nesse lugar
31:59de saber quem você é,
32:01de ter essa segurança?
32:03É,
32:03não sei se a gente
32:04tem essa segurança,
32:06se eu sei quem eu sou,
32:07mas com certeza
32:09eu sou mais segura
32:10hoje,
32:11aos 52,
32:12do que eu era
32:12aos 27,
32:1328,
32:1430,
32:1435,
32:15até os 40,
32:16porque uma das vantagens
32:18eu acho
32:18de uma vida
32:20bem vivida
32:23no sentido de
32:24vivida,
32:26de prestar atenção
32:27à vida,
32:28de se responsabilizar
32:29por ela
32:30e de buscar
32:32a melhor maneira
32:32de vivê-la,
32:34é que em algum momento
32:34você
32:35começa a se sentir
32:37um pouco mais confiante
32:38de qual é o teu lugar,
32:40de quem você é,
32:42de quem
32:43não precisa muito
32:44da tua atenção,
32:45de o que não deveria
32:48te estressar tanto,
32:50se te estressa,
32:51por quê,
32:51o que você consegue mudar,
32:53acho que é ficar
32:54um pouco mais
32:55astuta
32:56nesses aspectos,
33:01isso vem com o tempo,
33:02me parece,
33:03e como prestar atenção,
33:04tem pessoas muito mais novas
33:05do que eu,
33:06bem melhor resolvidas,
33:07mas eu acho que
33:10prestar atenção,
33:14se comprometer
33:15com a vida
33:15é importante.
33:17E é uma pauta,
33:18né,
33:18inclusive,
33:19recorrente lá
33:19no Wiser Than Me,
33:20né,
33:21que são trajetórias
33:22de mulheres incríveis
33:23que contam muito,
33:24né,
33:24sobre essa autodescoberta,
33:26né,
33:26de como se
33:28se colocam no mundo.
33:29Sim,
33:30por isso eu gosto
33:30de ouvi-las também,
33:32eu gosto muito
33:33porque é inspirador,
33:34é muito inspirador,
33:35e é muito inspirador
33:36também como mulher
33:37você ouvir outras mulheres
33:39e mais velhas
33:42e Wiser
33:43e ver que elas estão
33:46muito mais seguras
33:47ocupando o espaço hoje,
33:48mas que elas também
33:49foram muito inseguras
33:50e entender que grande parte
33:51dessa insegurança nossa
33:53também é uma construção.
33:55É confortável
33:56para a sociedade
33:56que a mulher
33:57seja insegura.
33:59É confortável
33:59para uma sociedade
34:00misógina
34:02como a nossa
34:02que a mulher
34:03esteja num lugar
34:04muito fragilizado.
34:06Então,
34:06são coisas
34:08que para você
34:09desconstruir,
34:12quebrar
34:12alguns certos paradigmas
34:14você precisa muito ouvir
34:16e aí você tem que,
34:17é bom,
34:18é inspirador
34:18ouvir mulheres
34:19com essas vidas
34:20de tão,
34:22com tantas coisas feitas
34:23e com tantas experiências.
34:25E você,
34:27a sua influência
34:28de mulheres
34:29na sua vida
34:30vem desde muito cedo
34:31porque você falou
34:32das suas avós
34:33que cozinhavam bastante,
34:35o Júlia,
34:36o restaurante
34:36é por causa
34:37da Júlia Childs.
34:38Sim.
34:39E hoje,
34:40quais são as suas referências
34:41mais recentes
34:43de mulheres
34:44na sua vida?
34:45Então,
34:45como eu te falei,
34:46eu gosto muito de,
34:47sempre que,
34:48onde tem alguém
34:49lendo uma mulher
34:50e eu acho o assunto
34:51interessante,
34:52eu vou ler mulheres,
34:53eu vou assistir coisas,
34:55entrevistas de mulheres,
34:57podcasts de mulheres.
34:58não tenho um modelo
35:01a seguir,
35:02um role model
35:03ou alguém que fale,
35:04nossa,
35:05mas eu gosto
35:06de ouvir mulheres
35:07que eu considero
35:07inteligentes
35:08e de me nutrir
35:09e privilégio.
35:11Hoje em dia,
35:12a gente fala
35:13dos perigos
35:14de estar hiperconectado,
35:16né,
35:16que são muitos,
35:18mas também tem
35:19as vantagens
35:19de você ter
35:21tanto conteúdo
35:22incrível
35:22muito fácil,
35:25né,
35:25só você saber
35:26escolher
35:27o que você quer
35:28ouvir.
35:29E você mencionou
35:31um pouco antes
35:31sobre,
35:32lá no começo,
35:33quando você começou
35:34a fazer TV,
35:35que te assustou
35:36um pouco
35:36pessoas tendo
35:38opiniões
35:39sobre você,
35:40como que você lida
35:40hoje com
35:41as redes sociais,
35:44tem que dar
35:44um basta ali,
35:46você lê comentário,
35:48você se distanciou
35:48disso,
35:49consegue ter uma
35:50relação saudável
35:51com o feed
35:52das redes sociais.
35:54O feed do meu
35:55perfil é muito
35:56amoroso,
35:57quando fura a bolha
36:00e vai parar
36:00em outros lugares,
36:01eu tento não ver,
36:02porque é óbvio
36:03que algumas pessoas
36:04não vão gostar
36:04de você,
36:05ou que vão ter
36:06uma ideia
36:07equivocada
36:08de quem você é,
36:09porque hoje em dia
36:10o que mais temos
36:11é desinformação,
36:13e então
36:14tento me proteger,
36:16né,
36:16não vou muito atrás
36:18de ver o que as pessoas
36:19falam de mim.
36:20E, Paula,
36:22a gente tem
36:23um trocadilho
36:24um pouco infame
36:25com o nome
36:26do programa,
36:26que é a ideia.
36:27Sim.
36:28Qual que é a melhor
36:29ideia que você
36:30já teve?
36:34A melhor ideia
36:35que eu já tive
36:36é fazer terapia.
36:41É recente?
36:42Não,
36:43não.
36:44Eu faço terapia
36:45desde os
36:4720 anos,
36:48mais ou menos.
36:51Então,
36:52tenho uns
36:5330 e poucos
36:54anos de terapia.
36:55Mas eu vou
36:56reformar,
36:57eu acho que a melhor
36:57ideia que eu tive
36:58foi ter uma filha,
37:00porque
37:00é a experiência
37:02mais
37:03amadurecedora,
37:05enriquecedora
37:06e amorosa
37:06pela qual eu passei
37:07na minha vida,
37:08é ser mãe.
37:10E a pior ideia
37:11que você já teve?
37:12Há várias.
37:13Há várias.
37:15Há várias.
37:19Eu acho que a pior
37:20ideia
37:21foi
37:22talvez
37:23eu sou
37:26muito
37:27isso é uma coisa
37:30que muitas pessoas
37:31me falam
37:31quando falam
37:32comigo na rua,
37:33falam,
37:33nossa,
37:34você é incrível
37:34porque você é
37:35muito autêntica,
37:36você fala tudo.
37:39Às vezes é isso,
37:40não filtrar
37:41em determinados lugares
37:42essas opiniões
37:43ou o que você pensa.
37:44Às vezes
37:45bate um arrependimento,
37:47ai,
37:47falei demais.
37:49É.
37:50Mas tudo bem também,
37:51passa, né,
37:52depois.
37:52É.
37:54E qual que foi
37:55o melhor,
37:56isso eu acho que
37:58é impossível
37:58de responder,
37:59mas talvez
38:00da sua memória recente
38:02a melhor coisa
38:03que você comeu?
38:06Ai,
38:06eu comi
38:06tanta coisa boa.
38:07deixa eu pensar,
38:11algo assim
38:11muito bom
38:12que eu tenha
38:12comido ultimamente.
38:18Não sei,
38:22é difícil.
38:24Você costuma
38:25ir em restaurantes
38:26no seu tempo livre?
38:28Pouco.
38:29Descobrir, assim.
38:30Pouquinho.
38:32Ultimamente,
38:33assim,
38:33há alguns anos
38:34eu tenho acordado
38:35muito,
38:36muito cedo.
38:37Eu tento acordar
38:39sempre às cinco.
38:40Então,
38:41isso faz com que
38:42à noite
38:42eu queira
38:42deitar cedo,
38:44assim.
38:44E eu encontrei
38:45que para eu estar
38:48saudável
38:48eu preciso muito
38:49dormir bem
38:50e para dormir bem
38:51eu preciso de rotina
38:52e a rotina
38:54implica que eu
38:54nove e meia
38:55esteja na cama.
38:57Então,
38:57já,
38:58meus amigos já sabem
38:59que os convites
39:00têm que ser todos
39:01para café da manhã
39:02almoço.
39:03mas realmente
39:04à noite
39:05não consigo
39:06eu fico com sono
39:07não consigo comer muito
39:08não consigo beber
39:09à noite.
39:13Mas, assim,
39:14eu vou te falar
39:15porque eu acho que
39:16quero responder
39:17a tua pergunta.
39:18Tem muita comida boa
39:19maravilhosa em São Paulo
39:20muita,
39:21muita,
39:21muita.
39:22Mas eu
39:23mudei de caça
39:25há pouco tempo
39:26e a festa de despedida
39:27da caça antiga
39:28foi
39:29eu
39:31pedi para um amigo
39:32cozinheiro
39:33que é o Sante
39:34que tem um restaurante
39:37que se chama
39:37Ping Yang
39:38que é um restaurante
39:39Thai
39:39e foi
39:41maravilhoso.
39:42Ele cozinha bem
39:43pra caramba
39:43e a comida dele
39:44é muito saborosa
39:46se dá água na boca.
39:48E qual que é?
39:49Maurício,
39:50Maurício de Sante.
39:51E qual que foi
39:52a melhor ideia
39:53que você já teve
39:54na cozinha?
39:55Eu acho que a melhor
39:57ideia que eu já tive
39:57na cozinha
39:58é parar de querer
39:59satisfazer os outros
40:00com as ideias
40:01ou tentando reproduzir
40:03o que está na moda
40:04ou do que está
40:04todo mundo falando
40:05e ser fiel
40:06ao que eu sei fazer
40:07ao que eu desejo
40:08e as minhas raízes.
40:10Que são as
40:11da sua família
40:12das suas...
40:13É, a cozinha
40:14mais tradicional
40:15clássica
40:16e sem muita coisa
40:18inventada
40:19só para
40:20surpreender.
40:21Eu acho que é isso
40:22a cozinha que nasce
40:23com o intuito de surpreender
40:25se ela não é autêntica
40:27para o cozinheiro
40:28já nasce errada.
40:30A cozinha precisa
40:31de autenticidade
40:32assim,
40:32para mim, né?
40:34E Paola,
40:34para a gente encerrar
40:35você disse que
40:37você está sempre buscando
40:38alguma coisa
40:39que te desafie.
40:40O que vem pela frente aí?
40:42Temos mais aí
40:42quatro episódios
40:43infiltrados na cozinha
40:45que vão ao ar ainda.
40:46Sim.
40:46E o que você tem
40:48pensado,
40:49planejado?
40:50Quais são os seus
40:51próximos passos?
40:52Então, como eu te falei,
40:53eu estou me organizando
40:54para aparecer
40:58bem mais no YouTube
40:59porque esse ano
41:00foi um ano
41:00eu mudei de caça,
41:03eu gravava os programas
41:04na minha caça
41:04e eu vendia essa caça
41:06e eu fiquei
41:06cem dias
41:07em apartamentos alugados
41:09enquanto reformava
41:10o meu apartamento,
41:11ou seja,
41:11eu fiquei cem dias
41:12sem cozinha
41:12e agora acabei de mudar
41:14faz dez dias.
41:16Então,
41:16o que vem por aí
41:17é eu sentar um pouquinho,
41:20tomar um chá,
41:22estamos em novembro,
41:23né?
41:24Estamos em outubro.
41:25Eu já estou novembro,
41:26mas estamos em outubro.
41:27Quase lá.
41:30Eu acho que o que vem
41:31é eu terminar o ano
41:33tranquila,
41:35pensando no que eu quero
41:36fazer em dois mil e vinte e seis,
41:37que com certeza vai ter
41:39Arturito e La Guapa,
41:40vai ter YouTube,
41:42que já é muita coisa, né?
41:44Já é bastante coisa.
41:44E não sei o que mais,
41:46com certeza algo novo,
41:48mas ainda não está pronto.
41:50Virá.
41:51É.
41:52Obrigada, Paola.
41:53Foi um prazer falar com você.
41:54Imagina, o prazer foi meu.
41:55O prazer foi meu.
41:55Muito obrigada.
41:56Até uma próxima.
41:57Obrigada.
41:58Tchau.
41:59Continue acompanhando a ideia
42:01em todas as plataformas
42:02de e-mail e mensagem,
42:03na nossa página no YouTube
42:05e nos agregadores de podcast.
42:06Até mais.
42:07Tchau.
42:08Tchau.
42:09Tchau.
42:10Tchau.
42:11Tchau.
42:12Tchau.
42:13Tchau.
42:14Tchau.
42:15Tchau.
42:16Tchau.
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