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  • há 2 dias
Transcrição
00:00Bom, e agora com as férias escolares a convivência entre pais e filhos é maior
00:05e com isso as alegrias e as confusões também são grandes.
00:09E daí muitas vezes vem aquela dúvida, o que eu devo fazer, o que eu não devo fazer
00:15para não prejudicar o desenvolvimento emocional do meu filho?
00:18A resposta, quem tem, é o educador Marcos Merck, que está aqui com a gente.
00:22Bom dia, Marcos.
00:23Bom dia.
00:24E tem muita coisa que a gente fala para os nossos filhos que a gente não deve falar, né?
00:28É verdade.
00:29E a começar, eu acho que é muito comum nas casas, né?
00:33Olha, se você comer tudo, você vai ganhar alguma coisa.
00:38Isso é muito comum, mas é complicado.
00:40É.
00:41Veja, quando a gente dá um prêmio para uma criança, se ela fizer algo bom, se ela fizer algo correto,
00:46ela começa a aprender que ela pode ficar negociando com a mãe e com o pai.
00:50Então ela só faz se receber algo.
00:53Se não receber, então ela não vai fazer.
00:55Esse é um péssimo aprendizado, hein?
00:57É melhor que ela aprenda que ela tem que fazer as coisas porque é bom para ela.
01:01Então como é que a gente faz?
01:02Quando faz direito, quando faz aquilo que a gente quer, a gente elogia, a gente abraça,
01:08a gente dá um incentivo.
01:09Porque daí ela começa a perceber que é gostoso acertar, que é bom fazer isso.
01:13Então as três coisas que eu acho que é bem simples dos pais gravarem,
01:18as três coisas que nunca você deve passar para a criança são elas.
01:23Desamor, desvalor e desamparo.
01:26É bem fácil de entender.
01:27Por exemplo, desvalor.
01:29Quando você diz assim, é, eu te peguei no caminhão de lixo, vou te dar para o lixeiro te levar.
01:34Isso é muito comum em algumas famílias, né?
01:37Eu vou te dar para o catador de papel.
01:40Para o homem do saco.
01:41Para o homem do saco.
01:42As famílias alemãs têm um mito aí, né?
01:44Eu vou te dar para o homem do saco levar.
01:46Então essa informação para a cabecinha da criança é, eu não tenho valor nenhum.
01:51É tão terrível isso que mais tarde na terapia, na psicologia, a gente tem que consertar isso.
01:57Isso sempre aparece, né?
01:59A outra, o desamor.
02:00Como é que a gente mostra isso para a criança?
02:02Eu odeio você.
02:04Também é uma péssima informação para a criança.
02:06Não dá para fazer isso, nem no momento de maior explosão, né?
02:10Pelo amor de Deus.
02:11Porque às vezes a criança apronta tanto que dá vontade de falar.
02:14Mas mude um pouquinho a frase.
02:16Por exemplo, vamos supor que a criança sempre faça algo que você acha terrível, mas terrível mesmo.
02:22Então, em vez de você falar assim, eu odeio você, você pode pôr tua raiva para fora e dizer assim,
02:27eu odeio isso que você faz.
02:30Não, isso que você faz.
02:31Porque daí a criança percebe, opa, é isso que a mãe odeia, que o pai odeia.
02:35Não a mim, né?
02:37E a outra é desamparo.
02:39Desamparo é a criança que não se sente apoiada de forma nenhuma.
02:43Então, por exemplo, a criança está num estouro emocional, chorando, gritando e tal.
02:48Às vezes passa horas assim.
02:50E aí o que muitos pais fazem?
02:53Eles gritam com a criança.
02:54Pare com essa choradeira!
02:56Eles próprios se alteram emocionalmente e aí não ajuda absolutamente nada.
03:01A criança não está sendo amparada.
03:03Ela, nesse momento de estouro emocional, o que ela precisa?
03:06Ela precisa de cuidado, de carinho.
03:09Calma, meu amor, já passa.
03:11Eu sei que eu dei uma bronca em você, mas você mereceu.
03:15Você pode falar com tranquilidade, mas mostre para a criança...
03:17Isso não desautoriza a bronca.
03:20Exatamente, não desautoriza.
03:21Você está mostrando para a criança que você a ama, apesar de você ter corrigido.
03:25Aí ela vai perceber que quando ela é corrigida, é para o bem dela, é por amor que você faz e não por ódio, por raiva ou qualquer outra coisa.
03:34Então, quando a gente tem esses estouros emocionais, a gente atrapalha a maturidade, o crescimento da criança.
03:39A gente tem que fazer o contrário.
03:40Nós temos que ser referência emocional.
03:44E aí a criança se acalma.
03:45Agora, outra coisa que a gente ouve muito falar, principalmente em lugares públicos, enfim, rua, shopping, é assim, não saia de perto de mim.
03:55Não saia de perto de mim aqui do meu lado, senão alguém vai passar e vai te levar.
03:59Ou tem um bicho lá, muito perigoso, ou o próprio homem do saco.
04:04Estimula o medo.
04:07Não dá, né?
04:07Não dá, porque é justamente isso, você faz com que o medo seja aquele que vai educar a criança e não a sua autoridade, o seu amor, o seu carinho.
04:16Então, você fala assim, não saia de perto de mim, porque se você pode se perder, e aí como que eu vou te achar?
04:23Não sei como eu vou achar você.
04:25Então, ela precisa sentir que você vai ficar muito mal se ela se perder.
04:29Ou simplesmente porque eu quero que você fique aqui, né?
04:32Isso, exato.
04:32Porque você tem que ficar aqui do meu lado.
04:34Perfeito, você tem essa autoridade.
04:36Então, você diz, você vai ficar do meu lado.
04:38Uma regra bem interessante para as crianças é assim, se você não me enxergar, se você não me vir, você volta correndo e me procura.
04:48Você não pode sair longe, porque a gente fala assim, não saia das minhas vistas.
04:53Mas o que a criança acha?
04:54Ah, eu vou muito longe, a mãe continua me vendo, porque às vezes eu estou fazendo coisa errada.
05:01Lá no quarto, ela grita, o que você está fazendo aí?
05:03Então, a criança acha que a mãe está em todo lugar, ela vê longe.
05:08Então, a gente tem que falar assim, só vá até onde você me enxerga.
05:11Se você não me enxergar, volta correndo que você está errado.
05:14Então, é claro que, por exemplo, em lugares com muita gente, praia, shopping e tal, você tem que manter um olhar muito mais cuidadoso e tem que estar em cima dessa criança.
05:25É muito fácil perder a criança.
05:26Às vezes a criança passa atrás de uma outra pessoa e passou pela gente, a gente nem viu e nem a criança viu.
05:32E em toda família tem, né?
05:34A gente parece que rotula as crianças.
05:36Aquele ali, aquele ali é um furacão.
05:39Aquele outro ali, ó, é o bagunceiro da família.
05:41Aquela lá é quietinha, não fala nada.
05:43Isso, a gente pode dar esse título pras crianças?
05:47Rótulo, faz bem ou não?
05:49Não, não faz.
05:51Veja, quando eu vi essa experiência, essa situação uma vez numa escola, os pais levaram a criança e falaram assim pro professor, ó, vê aí o que vocês fazem, porque a gente não aguenta mais.
06:02É preguiçoso, nunca faz lição.
06:04Qual é a criança que vai mudar de comportamento se os pais já disseram você é preguiçoso e publicaram isso pra todo mundo?
06:12Então a criança vai tender a continuar nessa posição, porque não adianta fazer nada.
06:17Então quando ela se esforça e faz lição, não muda nada.
06:20Ela continua sendo a preguiçosa, a vagabunda ou qualquer coisa do tipo.
06:23Por quê?
06:24Porque os pais disseram.
06:25Então quantas vezes ela tem que acertar pra mudar esse título?
06:28Talvez milhares.
06:30Então não dá.
06:31Então nunca rotule uma criança porque a tendência é ela permanecer naquela posição.
06:36Normalmente quando a gente tem uma ovelha negra na família, é sinal de que a família está doente e a febre, quer dizer, o único sinal que está aparecendo da doença de toda a família é essa ovelha negra.
06:51Então muito cuidado que às vezes é a família toda que não está dando certo.
06:54Você falou em algumas coisas, então, que a gente não deve dizer pras crianças.
07:02Mas a gente também pode, por exemplo, não pode, como que fala, proteger do fracasso.
07:09É isso, né?
07:09Por exemplo, isso daí está muito difícil.
07:11Isso aí não é pra você, não.
07:12Pode eu abandonar, isso não é legal, né?
07:14E nem começa que você não vai conseguir.
07:16Então esse tipo de informação é uma informação muito ruim porque a criança acha que ela não vai conseguir porque ela é incompetente.
07:25E não porque a tarefa é muito difícil.
07:27Então a gente tem que tomar muito cuidado com isso.
07:29Olha, quando é uma tarefa que você sabe que a criança consegue, se ela se esforçar, então você pode dizer, olha filho, vai, tenta de novo.
07:37É um pouco difícil, mas você consegue.
07:39É essa informação que você tem que dar.
07:40E se não der certo, você diz assim, puxa filho, que pena, era muito difícil fazer isso.
07:48E não assim, você não conseguiu.
07:50Então essa informação também a gente tem que tomar cuidado.
07:54Novamente, repetindo, né?
07:56Amor, valor e amparo são as coisas que a criança precisa.
08:00E o contrário faz um mal terrível.
08:02Desvalor, desamor e desamparo.
08:04Então qualquer coisa que dá essa informação, ela é ruim.
08:08Então cuidado com a mensagem que você manda ao dizer algo para a criança.
08:13Marcos, muito obrigada pelas suas informações, por essa conversa, principalmente agora nessa época de férias.
08:18Muitos pais devem estar com as crianças agora, na mesa de café da manhã.
08:22E já tomam um cuidadinho a mais, né?
08:25Obrigada, viu?
08:25Bom dia para você.
08:26Bom dia.

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