Neste domingo (19), os bolivianos vão às urnas para eleger o próximo presidente do país, em um segundo turno inédito na história da Bolívia. A eleição marca o fim de duas décadas de hegemonia de governos de esquerda no território. Os comentaristas Felippe Monteiro e Cristiano Vilela analisam. Reportagem: Pedro Tritto
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00:00Bolivianos vão às urnas hoje para eleger o próximo presidente do país em segundo turno inédito na história da Bolívia, já que marca o fim de duas décadas de hegemonia na esquerda do país.
00:11A reportagem é do Pedro Trito.
00:16Na véspera do segundo turno da eleição presidencial, os bolivianos manifestaram dúvidas e demonstraram ansiedade para o início do pleito.
00:24O açougueiro Marcos Carrasco quer que a população pesquise mais sobre os planos de governos dos candidatos.
00:31Acho que as pessoas precisam prestar mais atenção para poderem eleger um novo representante aqui na Bolívia, afirmou.
00:44Já a funcionária pública Marisol Sileriti torce para que o próximo presidente se envolva com as questões da população e possa trazer mudanças ao país.
00:54O ex-presidente de direita Jorge Quiroga e o senador de centro-direita Rodrigo Paz, que vão disputar a presidência da Bolívia no segundo turno neste domingo,
01:11propõem abordagens diferentes para lidar com a aguda crise econômica.
01:15O país de 11 milhões de habitantes está encerrando um ciclo de 20 anos de governos de esquerda e a crise econômica é a pior em quatro décadas.
01:25A Bolívia quase esgotou as reservas em dólares para sustentar uma política de subsídios aos combustíveis.
01:32A escassez da moeda estrangeira e combustíveis desencadenharam uma inflação anual de 23%.
01:39O ex-presidente de direita Jorge Quiroga prometeu abrir a economia boliviana aos mercados internacionais.
01:45Vocês têm que insultar os gringos.
01:47Não, não, não, não. Isso foi um erro.
01:49Os gringos, os europeus, os chineses, os coreanos, os japoneses, os vizinhos.
01:54Vocês não precisam insultá-los.
01:57Vocês têm que vender a eles produtos que gerem empregos,
02:00que lhes tragam investimentos, que nos tragam divisas,
02:04que nos deem um futuro, afirmou.
02:06Ele foi presidente da Bolívia por 12 meses,
02:09depois que o ex-presidente Hugo Banzer, um ex-oficial militar democraticamente eleito,
02:14foi forçado a renunciar devido a um câncer terminal,
02:18quando Quiroga era o vice-presidente.
02:19Ele se define como o liberal que vai por fim a 20 anos de socialismo.
02:24Já o candidato Rodrigo Paz evita pretensões ideológicas e propõe capitalismo para todos.
02:30Ele distribuiria metade do orçamento público entre os nove departamentos
02:35e reestruturaria as finanças estaduais antes de recorrer a novos empréstimos internacionais.
02:42As pessoas querem capital.
02:44Por isso, propusemos capitalismo para todos.
02:47Para que o dinheiro entre e você possa abrir sua empresa,
02:50seu negócio, comprar um carro, um teto, saúde e educação.
02:55Disse Paz, que foi deputado federal, prefeito e agora senador por Tariha,
03:00um departamento rico em gás e petróleo, de onde veio sua família.
03:05Ele é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora e teve a família perseguida por ditaduras militares.
03:11Ele chegou inesperadamente ao segundo turno e venceu o primeiro.
03:15As pesquisas o colocavam entre o terceiro e o quinto lugar uma semana antes daquela eleição.
03:21E agora, Paz também não parece ser o favorito.
03:24E para falar sobre as eleições da Bolívia que acontecem hoje,
03:30eu convido os nossos analistas Felipe Monteiro e Cristiano Felipe Monteiro.
03:34O fim aí da esquerda, né, depois dessa hegemonia, depois de 20 anos, não conseguia ir por segundo turno.
03:40Você acredita que isso pode redesenhar a geopolítica econômica aqui da América Latina
03:46por conta disso nessas novas eleições?
03:48Com certeza. A única certeza que nós temos da Bolívia é que a esquerda vai ficar fora do poder
03:54depois de mais de 20 anos, não é?
03:57O movimento ao socialismo, o partido criado pelo livro Morales,
04:01e teve uma briga interna, ele com o Luiz Arce,
04:05que praticamente obstacalizaram eles a concorrerem à eleição.
04:10No caso, o Luiz Arce a concorrer à reeleição.
04:13Isso enfraqueceu à esquerda, houve uma fratura que não foi sanada antes das eleições,
04:19e aí dois candidatos de direita foram para o segundo turno, né?
04:23O Quiroga, que é o ex-presidente, e o Rodrigo Paes, né?
04:27E tem uma grande diferença, uma leve diferença entre os dois candidatos, né?
04:34O Rodrigo Paes, apesar de ser de direita, ele não quer romper com a política de desenvolvimento econômico
04:40do mais nos últimos 20 anos, né?
04:43Ele, apesar do lema de ser capitalismo para todos, né?
04:46Ele entende a parte de grandes coisas boas que o mais teve na Bolívia, né?
04:53Então ele não rompe 100% com o mais.
04:56Então isso pode fortalecer, com certeza, ele no segundo turno,
05:00dos votos dos camponeses, agricultores,
05:02e aquelas pessoas que tradicionalmente votavam no partido do Ivo Morales.
05:07Já o Quiroga, não. O Quiroga, ele quer romper de vez com o mais.
05:11Ele se identifica como liberal ao extremo, né?
05:15É praticamente humilheiro, né?
05:17Apesar de não ser libertário.
05:20E o Quiroga, ele quer romper com o mais e quer colocar o capitalismo,
05:24quer abrir a Bolívia para os grandes grupos econômicos,
05:28é a favor de bater na porta do FMI e pegar grande quantidade de empréstimo
05:33para ajudar a Bolívia a sair da crise econômica,
05:36que é a maior crise econômica dos últimos 20 anos, né?
05:39Que a Bolívia está passando, né?
05:41A Bolívia, bom lembrar que a economia é basicamente agricultura e gás natural, né?
05:45E a exploração de gás natural tem reduzido nos últimos anos, né?
05:49Então fez com que a Bolívia tivesse uma situação econômica muito ruim.
05:54Então, de fato, de fato, os dois candidatos, né?
05:57O que a gente pode afirmar é que os dois candidatos,
06:00um vai ganhar, claro, né?
06:02E vai romper com o passado da esquerda e do mais na Bolívia, né?
06:07Então vamos ver esse ano dos próximos capítulos
06:09e ver quem vai levar as eleições nos próximos dias.
06:13Cristiano Villela, como é difícil viver na América Latina, né, Villela?
06:17Infelizmente aí a população sofre mesmo.
06:20O Evo Morales, quando ele chegou na quarta reeleição, né?
06:23A terceira, na verdade, ele falou que ele queria ser presidente ainda
06:26porque ele não teria terminado de fazer tudo de bom para a Bolívia, né?
06:30E a gente observa onde ela chegou, né?
06:33A alternância de poder é fundamental mesmo, Villela?
06:36É fundamental, Matos.
06:38A democracia, ela prescinde justamente de que exista essa necessidade
06:45de governos de um lado, de outro lado,
06:49com visões distintas do ponto de vista político,
06:53que visões possam se contrapor e que o cidadão, ele possa ter
06:58uma perspectiva mais ampla do que um domínio caudilhesco
07:03ou um domínio voltado para um determinado grupo político.
07:05O fato é que todos os grupos políticos de esquerda, de direita,
07:10que vêm com uma visão homogeneizadora,
07:14no sentido de querer fazer com que suas pretensões,
07:17elas permaneçam para além dos mandatos estabelecidos
07:21e que elas permaneçam para além dos limites
07:24que as constituições estabelecem no sentido de evitar
07:28essa hegemonização do poder.
07:31Isso só leva a uma ruína do ponto de vista econômico, político, social
07:36e ao que nós vemos hoje na Bolívia.
07:38Esperamos todos que a partir dessa eleição
07:42a Bolívia possa retomar o caminho, acima de tudo,
07:45da democracia, do estabelecimento de uma legislação
07:49racional, correta, adequada e que possa haver
07:53a alternância de poder.
07:55Evitar realmente esse tipo de movimento como o Diabo Morales
07:58que pode, num primeiro momento, até estabelecer
08:02algum benefício social, mas que no médio e longo prazo
08:06só leva o país à ruína.
08:08E a gente fala tanta de violência aqui no Brasil
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