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NotíciasTranscrição
00:00Só vale a verdade.
00:06Olá, estamos começando mais um Só Vale a Verdade.
00:09Vamos conversar hoje um pouco sobre a economia brasileira,
00:13como é que está a conjuntura, o que aponta os caminhos e perspectivas da economia brasileira.
00:19Ainda nesse ano, nos próximos anos, o ano que vem teremos eleição presidencial,
00:25isso evidentemente é uma influência direta sobre a economia brasileira,
00:29assim como os fenômenos desse ano, especialmente as relações entre o governo norte-americano
00:34e o governo brasileiro, a questão do tarifácio e esse reordenamento da economia mundial
00:38que nós estamos assistindo.
00:40Fiz questão hoje de convidar um economista que eu acompanho há muito tempo,
00:44não só em livro, mas acompanhando seus artigos jornalísticos.
00:47No caso da Folha de São Paulo, se não me engano, desde 2012, aproximadamente,
00:51que eu ia sempre lendo, acompanhando, falava, puxa, olha, tem um olhar aqui muito interessante.
00:56Então, com muito prazer, agradeço o doutor em economia, Samuel Pessoa, ter aceito o meu convite.
01:01Samuel, a primeira pergunta parece muito simples para quem pergunta,
01:05que é a questão, alguns falam que a economia brasileira vai muito mal,
01:11que a situação é muito grave, que a situação das contas públicas estão totalmente desorganizadas,
01:18e outros dizem que não, que há sinais bastante robustos da macroeconomia brasileira.
01:26E aí dão exemplos da balança comercial, das reservas monetárias,
01:30da menor taxa de desemprego da série histórica desde 2012.
01:34Quem é que está com a razão?
01:35Olha, os dois.
01:37Então, vamos olhar qual é o nuance.
01:40As pessoas que estão mais otimistas, que estão olhando o copo meio cheio,
01:44elas estão corretas e elas estão olhando a situação corrente.
01:49De fato, a gente tem desemprego nas mínimas históricas,
01:55a inflação não dá sinais de descontrole, apesar de estar acima da meta,
02:01e o componente de serviços da inflação está bastante acima da meta, isso preocupa.
02:08E o crescimento econômico nos últimos quatro anos foram muito bons.
02:11E balança comercial, setor externo, tem nuance aí.
02:18Por quê, Vila?
02:19A balança está muito positiva, mas nós temos que lembrar
02:23que temos um superávit nas contas de petróleo de 30 bilhões de dólares.
02:31É muita coisa.
02:32Para nós que vivemos choque do petróleo, anos 70,
02:36imaginar que nós teríamos 30 bilhões de dólares superávit só na conta de petróleo,
02:43no entanto, nas transações correntes que consolida balança comercial de bens,
02:49balança comercial de serviços e balança de rendas, juros e dividendos,
02:54esse ano vai dar um déficit de 3,5% do PIB.
02:57Então, me preocupa, porque, dado a nossa posição muito superávitária na exportação de petróleo,
03:04nós deveríamos estar com umas transações correntes melhor.
03:08Bem, de qualquer forma, a situação corrente, ela não é ruim.
03:12Agora, qual é a verdade?
03:15Então, eu falei um pouco a verdade das pessoas que olham o copo meio cheio.
03:20Qual é a verdade das pessoas que olham o copo meio vazio?
03:23É que tem uma falta de sustentabilidade na política econômica.
03:29E qual é a expressão dessa falta de sustentabilidade na política econômica?
03:35É a acumulação da dívida pública.
03:37Quando o presidente Lula assumiu, a dívida pública era 71% do PIB.
03:44E o final do ano que vem, dezembro do ano que vem, provavelmente vai ser 82% do PIB.
03:49Então, haverá no quadrinho, no terceiro mandato do presidente Lula,
03:53uma acumulação de dívida pública de 11% do PIB, 11 pontos percentuais do PIB.
03:58Não é pouca coisa.
04:00E, evidentemente, isso sinaliza que a política econômica não pode continuar deste jeito.
04:09Porque, senão, uma hora a gente bate numa crise fiscal profunda
04:13e desfazemos as boas coisas que temos feito agora.
04:17E qual é o problema?
04:19O problema é o déficit fiscal.
04:21Ele que está produzindo essa acumulação de dívida.
04:26E o que é que eu sempre, tanto no Visão Crítica aqui,
04:31Salmoel, como no Salvo Vale a Verdade,
04:32de vez por outra eu interrompo e vem a questão professoral.
04:37Acho que depois de quatro décadas andou aula.
04:41E muitas vezes as pessoas ouvem uma série de questões no campo da economia,
04:44um linguajar mais sofisticado e natural, né?
04:47Na profissão, cada área tem, cada ciência tem o seu vocabulário.
04:51Outro dia, no Visão Crítica, alguém falou fintech.
04:54Eu falei, vamos fazer o seguinte, explica, se for possível.
04:56Eu falei, um minuto e meio aqui, que é uma fintech.
05:00Então, justamente agora, as questões no final que você está colocando
05:04sobre a questão de déficit público.
05:07O que isso significa, assim, concretamente para as pessoas?
05:10Só para que as pessoas possam entender.
05:11Quando a gente diz que tem um déficit público,
05:14a gente diz que a receita de impostos é menor do que os gastos.
05:21E os gastos, a gente divide em dois tipos de gastos, viva.
05:26O gasto não financeiro e o gasto financeiro.
05:30Gasto financeiro é só juros.
05:33Amortização de dívida não é gasto financeiro para economista.
05:37Então, quando o economista fala gasto financeiro, ou contador,
05:42tanto na contabilidade ou na economia, gasto financeiro são juros pagos.
05:47Quando a gente olha superávit primário, o que é o superávit primário do setor público?
05:54É a receita de impostos menos os gastos não financeiros.
05:58Mas, Samuel, por que você está tirando de lado os gastos financeiros com juros?
06:06Porque os gastos com juros são gastos que tanto o presidente, o executivo,
06:13quanto o legislativo não conseguem mudar.
06:16Porque são gastos que estão associados a empréstimos que o Tesouro Nacional fez
06:21com pessoas, com terceiros, e eles terão de ser pagos na forma em que eles foram contratados.
06:29Então, o Congresso mais o executivo consegue alterar, para mais ou para menos,
06:34os gastos que a gente chama de gastos primários.
06:39E, portanto, a gente tem um problema que é a receita do governo,
06:45ela é estruturalmente menor do que os gastos primários.
06:49E aí, não tem dinheiro para pagar a dívida pública.
06:56Porque eu tenho que ter uma receita maior do que os gastos primários,
07:00aí a diferença eu abato a dívida, vou reduzindo a dívida.
07:04Agora, se a receita é menor do que os gastos primários,
07:08eu tenho que continuar fazendo dívida para me financiar,
07:12sendo que eu já tenho uma dívida que está crescendo muito.
07:15Então, esse é o problema.
07:17Agora, além do crescimento da dívida, tem um outro problema,
07:21que é quando os gastos crescem em uma velocidade grande,
07:26eles pressionam a demanda agregada.
07:30Pressionando a demanda agregada,
07:32se a economia está com desemprego generalizada,
07:35você pressiona a demanda agregada,
07:37a roda da economia roda, e aí é bom.
07:40Pressionando a demanda agregada,
07:42as pessoas estão com mais dinheiro no bolso,
07:45elas gastam mais, os estoques se reduzem,
07:48o varejo pede novos produtos para se refazer seus estoques,
07:53a indústria contrata mais,
07:55e a economia cresce.
07:57Agora, essa narrativa,
08:00ela só vale se tem desemprego na economia.
08:03Se a economia está a plena carga,
08:06que é o caso atual,
08:08se eu aumento o gasto primário,
08:11eu gero inflação.
08:12Então, para o espectador entender,
08:15eu vou dar um exemplo bem prático de duas semanas atrás.
08:18O presidente Lula acabou de aprovar uma medida,
08:21que inclusive foi uma promessa de campanha,
08:23quando ele era candidato,
08:24tanto dele quanto do Bolsonaro,
08:27os dois estavam competindo lá no processo eleitoral de 2022,
08:30e ambos os candidatos disseram que iriam atualizar
08:34a tabela do imposto de renda
08:36para desonerar as pessoas até R$ 5 mil.
08:41Então, houve a decisão,
08:44o Congresso aprovou quase unanimidade,
08:46a Câmara, agora o projeto está tramitando no Senado,
08:51e com isso,
08:53as pessoas que têm rendas mensais até R$ 5 mil
08:56estão isentas do imposto de renda.
08:59Isso vai colocar mais renda no bolso delas.
09:02O governo, para equilibrar,
09:06aumentou a tributação sobre os mais ricos,
09:09que é uma medida correta,
09:11porque aumenta a progressividade dos impostos de renda,
09:15é uma medida justa do ponto de vista distributivo.
09:20Então, está tudo certo.
09:22E o governo disse,
09:23olha, eu fiz a medida de forma a equilibrar o orçamento,
09:27ou seja, o que eu estou perdendo de arrecadação com as pessoas que ganham até R$ 5 mil,
09:32eu vou aumentar a minha arrecadação com o imposto que eu estou colocando.
09:37Até aí está tudo certo.
09:38Qual é o problema, viva?
09:39As pessoas com as quais eu estou aumentando a arrecadação,
09:43eu estou reduzindo a arrecadação,
09:44eu estou desonerando,
09:46elas poupam menos do que as pessoas com quem eu estou tributando mais.
09:52Então, eu estou tirando o dinheiro de quem poupa mais
09:56e transferindo o dinheiro para quem poupa menos.
09:59Do ponto de vista do balanço entre oferta e demanda,
10:03essa medida vai ser expansionista na demanda.
10:07Apesar de ser neutra do ponto de vista do orçamento do setor público,
10:11ela não é neutra do ponto de vista do equilíbrio entre oferta e procura
10:16no mercado de bens e serviços.
10:18Porque há uma demanda, não sei se eu estou correto, ou reprimida
10:21e as pessoas, por exemplo, querem comprar a linha branca,
10:25linha branca é geladeira, maclavai, etc.
10:28Querem viajar, há uma série de desejos.
10:33Isso não é bom para a economia social,
10:35mas porque estimula o aumento de fábricas,
10:38aumento de emprego,
10:39a expansão de setores e daquele emprego indireto,
10:43no sentido de transferir renda do andar de cima
10:46para os andares, no plural, intermediários.
10:51Isso é bom se houver desemprego generalizado,
10:55porque a roda da economia gira e aumenta o PIB.
10:59Agora, se você fizer essa transferência,
11:01como está sendo feita,
11:04em que você está tirando de quem poupa mais,
11:06transfere para quem poupa menos,
11:08liquidamente vai gerar mais demanda.
11:10Economia não tem desemprego,
11:12mais demanda numa economia plena carga é mais inflação.
11:16Mais inflação é mais selic.
11:20Então, não é uma medida que é correta
11:23do ponto de vista distributivo,
11:26mas do ponto de vista do equilíbrio da economia
11:28não é muito oportuna,
11:30porque a economia está plena carga.
11:33Eu queria colocar para você a seguinte questão
11:36da taxa de juros.
11:37Não é de hoje que o Brasil sempre está,
11:39ou é medalha de ouro, é de prata, é de bronze.
11:43Exatamente.
11:44Taxa de juros.
11:45Eu ouço isso falar há muito tempo,
11:48especialmente, não sei,
11:49desde o momento lá do plano real,
11:51você tem momentos de taxa de juros muito altas.
11:53Para as justificativas as mais diferentes possíveis,
11:56depende do momento histórico.
11:58Hoje, por que a taxa de juros no Brasil,
12:01e lembrar que nos governos do Lula 1 e Lula 2,
12:04especialmente no Lula 1,
12:05o vice-presidente da República,
12:06que José Alencar sempre falava contra a taxa de juros e tal.
12:10Por que nós temos uma taxa de juros
12:12que sempre é uma das maiores do mundo,
12:14em termos reais?
12:15Porque a gente vive quase que permanentemente
12:19um equilíbrio com excesso de demanda.
12:23E aí, para equilibrar esse excesso de demanda,
12:26a gente acaba tendo que manter
12:28a taxa de juros elevada.
12:31Quais são os sinais, por exemplo,
12:33agora que a gente tem excesso de demanda?
12:35Como eu falei, primeiro sinal,
12:37um déficit externo
12:38de transações correntes
12:41de 3,5% do PIB.
12:44Numa economia que está produzindo
12:464 milhões de barris de petróleo por dia
12:49e que tem um superávit
12:51na balança de petróleo
12:53de 30 bilhões de dólares por ano.
12:56Então, não era para a gente ter
12:56um déficit externo de 3,5% do PIB.
13:00Nós também estamos com uma inflação
13:03de serviços de 6% ao ano.
13:06Por que eu estou enfatizando
13:08a inflação de serviços?
13:09Porque serviços são um tipo de bem,
13:13os serviços, que a oferta é local.
13:17Fica mais caro, não dá para importar.
13:19Fica mais caro, eu tenho que aumentar o preço.
13:23Então, a inflação de serviços
13:25dá uma ideia de como está o balanço
13:29entre oferta e demanda.
13:31E outro lugar que a gente olha
13:32é o mercado de trabalho.
13:34Olhar nos últimos anos,
13:35os salários, na média,
13:37eles têm crescido a uma velocidade
13:39superior à velocidade de crescimento
13:42da produtividade do trabalho.
13:44Se os salários estão crescendo
13:46mais do que a produtividade,
13:48as margens do setor privado
13:50estão sendo comprimidas,
13:52isso é um sinal de uma economia
13:54além do pleno emprego,
13:56uma economia que está pressionando
13:58a sua base de recursos materiais.
14:02Há um tempo atrás,
14:03eu olhei para comparar,
14:05porque o Brasil não é que a gente
14:06é campeão de juros
14:07se eu comparar com a Coreia,
14:09com o Japão ou com a China.
14:11Não, o Brasil é campeão de juros
14:12se eu comparar com o Chile,
14:16Colômbia, Peru, México,
14:19países aqui do nosso entorno.
14:23Aí eu olhei alguns dados.
14:25Pega a taxa de poupança.
14:27Taxa de poupança brasileira
14:29de 4 a 5 pontos percentuais do PIB
14:31menor do que a dos nossos pares.
14:34Dois, pega gasto previdenciário.
14:38A gente gasta 4 a 5 pontos percentuais
14:41do PIB a mais em previdência
14:42do que esses nossos pares.
14:46Carga tributária.
14:47A gente tem uma carga tributária
14:488 a 9% do PIB maior
14:51do que esses nossos pares.
14:55A gente tem um gasto público
14:5710% do PIB maior
14:59do que esses nossos pares.
15:01Então, estou dizendo que a gente é diferente,
15:03não estou dizendo que a gente é diferente
15:04da Coreia, de Taiwan, do Japão.
15:07Não, a gente é diferente
15:08quando olhamos o setor público,
15:11gasto previdenciário,
15:12arrecadação de impostos.
15:14A gente é diferente do Chile,
15:17do Peru, da Colômbia e do México.
15:20E aí não tem a ver,
15:22alguns falam o seguinte,
15:24nós temos uma das piores distribuições
15:27de renda do mundo.
15:28Uma concentração enorme aqui no Brasil.
15:31Então, na hora que há algum aumento
15:33real de salário,
15:34que, por exemplo,
15:35derivado dessa medida
15:36do imposto de renda,
15:37acaba havendo um aumento
15:39de salário,
15:41como há uma demanda
15:43reprimida muito grande,
15:44as pessoas querem viver
15:45um pouquinho melhor.
15:46Isso numa linguagem
15:47muito popular.
15:48E aí é legítimo.
15:49As pessoas querem viver
15:50um pouco melhor,
15:51poder comprar aquilo
15:52que não compravam normalmente.
15:54E isso é derivado,
15:55segundo alguns,
15:57da péssima distribuição de renda.
15:58Ou seja,
15:59o andar de cima
16:00é muito pequeno,
16:01numericamente falando,
16:02entre os mais de 200 milhões
16:04de brasileiros.
16:05Mas eles têm um poder
16:06de força político
16:07muito grande
16:08nos órgãos decisórios,
16:10fundamentalmente
16:11no Congresso Nacional.
16:13E que não há
16:14a perspectiva,
16:15ao menos a história mostraria,
16:17isso eu estou só levantando
16:19essa pergunta para você,
16:21que nos últimas décadas
16:22essa concentração
16:23tem dado sinais
16:24de melhora,
16:25de desconcentração.
16:27E isso explicaria,
16:29e aí eu passo a questão
16:30para vocês,
16:31segundo algumas leituras,
16:33o baixo índice de poupança.
16:34Você só poupa
16:35quando você tem
16:36um relativo consumo
16:38que permite
16:39que parte dos recursos
16:40que você tem,
16:41você guarde
16:41para no futuro
16:42utilizá-lo da forma
16:43como bem desejar.
16:45Mas como as condições
16:46de vida
16:47são muito precárias
16:48no país,
16:49essa taxa de poupança
16:51seria baixa
16:51em parte por causa disso.
16:53E em parte
16:53porque há privilégios fiscais
16:56fabulosos
16:58aos donos do poder
16:59para lembrar
17:00do Raimundo Faoro.
17:02É por aí ou não é?
17:03Ou é mais ou menos?
17:04É mais ou menos por aí.
17:07Eu vou te dar um número
17:08para você ver
17:08como a coisa é complicada.
17:11A Índia é mais pobre
17:12do que a gente.
17:12A Índia
17:14como país
17:15é bem mais pobre
17:16que o Brasil.
17:17Mas com o PIB
17:18muito maior que o nosso, né?
17:19Não, não, mas
17:20o PIB per capita
17:21da Índia
17:21é muito menor.
17:22Perfeito isso.
17:23Porque quando eu estou
17:24falando taxa de poupança
17:25eu estou medindo
17:26tudo como proporção
17:27do PIB, né?
17:28Então a escala
17:30do país
17:30não faz diferença.
17:33Então a China
17:34a Índia é pobre
17:34bem pobre
17:36acho que ainda é
17:36renda per capita
17:3830% do Brasil
17:39alguma coisa assim
17:4020% ainda.
17:41Eles estão crescendo muito
17:42se a gente continuar
17:43nessa pasmaceira
17:44daqui uns 20 anos
17:45eles vão nos alcançar
17:46como a China
17:47nos alcançou
17:48há uns 5, 6 anos atrás.
17:49Mas eles ainda
17:50têm uma renda per capita
17:51bem menor do que a nossa.
17:53Pobres.
17:55Sabe qual é a taxa
17:55de poupança da Índia?
17:5735% do PIB.
18:00É mais do que o dobro
18:01da brasileira.
18:03Por que isso
18:04no nosso caso?
18:05Porque desde quando
18:06era pequenininho
18:07eu ouço
18:09é falado
18:10que a nossa
18:11taxa de poupança
18:11é muito baixa.
18:13É uma característica.
18:14Por que?
18:15Qual
18:15assim
18:16seriam as razões?
18:18Você apresentou alguma.
18:19Claro.
18:19É assim
18:19eu vou te dizer
18:20por que a gente poupa?
18:23A gente poupa
18:24porque a gente
18:26tem medo do futuro.
18:28A gente poupa
18:28para guardar
18:29para o futuro.
18:29O Brasil
18:32a gente tem um sistema
18:34a gente tem seguros públicos
18:37que dada a escala
18:39dada a renda per capita
18:41brasileira
18:41a gente gasta muito.
18:45Vou te dar uma ideia.
18:46Pega uma pessoa
18:47que ganha dois salários mínimos
18:49e contribui
18:50para a Previdência
18:50bonitinho.
18:52Ela vai se aposentar
18:53com dois salários mínimos.
18:56Não estou dizendo
18:56que está errado.
18:58Mas estou dizendo
18:58que dada a nossa
18:59regra previdenciária
19:01ela não precisa poupar
19:03porque ela já está
19:03poupando na Previdência.
19:06Só que a gente tem
19:07uma estrutura
19:08previdenciária
19:09que é extremamente
19:12benevolente.
19:15Os velhos no Brasil
19:16têm uma vida
19:17muito boa
19:17em relação
19:18à vida que eles tiveram
19:19na vida adulta
19:20antes de serem velhos
19:22na vida produtiva deles.
19:25O Brasil tem
19:26provavelmente
19:26o sistema previdenciário
19:28mais generoso
19:30do mundo.
19:32Não estou exagerando.
19:33Ah, mas o velho
19:34tem dificuldade?
19:36Não.
19:37O brasileiro
19:37tem dificuldades.
19:39Eu um dia olhei
19:40os números do Brasil
19:41comparados com a Coreia.
19:42Escrevi uma coruluna
19:43sobre isso.
19:44A Coreia tem
19:45uma renda per capita
19:46três ou quatro vezes
19:47a nossa.
19:49Por um critério
19:49equivalente
19:50dados do Banco Mundial
19:51a pobreza na velhice
19:52na Coreia
19:53é maior do que a brasileira.
19:55E por que será isso?
19:57Porque o sistema
19:58previdenciário deles
19:59é super avarento.
20:00Você tem que poupar
20:01privadamente
20:02para ter renda
20:02na Previdência.
20:03Você não tem
20:03uma Previdência
20:04pública tão generosa
20:05quanto a nossa.
20:07E aí
20:08um parênteses.
20:08Então assim,
20:09você vai na China.
20:10A China poupa
20:1150% do PIB.
20:13A China poupa hoje
20:15que é mais rica
20:15do que o Brasil,
20:17mas há 30 anos atrás
20:19quando era muito
20:19mais pobre
20:20do que o Brasil
20:20também poupava
20:2140, 50% do PIB.
20:24Porque lá,
20:24Vila,
20:25se você precisar
20:26de hospital
20:27você tem que ter dinheiro.
20:29Porque paga.
20:30seu filho
20:31vai para uma escola
20:32pública secundária,
20:35escola pública secundária
20:36é paga.
20:37Não sei como está hoje,
20:38mas até uns 5,
20:396 anos atrás
20:40era paga.
20:41Universidade pública
20:42nem se fala.
20:43Na China
20:43é sempre paga.
20:45Não tem
20:45universidade pública
20:46de graça
20:47para ninguém.
20:48Aposentadoria
20:49é o que você
20:49poupar no banco.
20:51Não tem
20:51aposentadoria pública.
20:52então,
20:55esses países
20:56de alta poupança,
20:58eles são países
20:59que não têm
21:00seguros públicos.
21:02Ou os seguros públicos
21:04são bem avarentos.
21:06No sentido,
21:06você contribui muito
21:07e tem de volta
21:08menos do que você
21:09contribuiu.
21:12E os países
21:13latino-americanos
21:14têm menos
21:15seguros públicos
21:16do que o Brasil.
21:18O Brasil
21:18tem o maior
21:20gasto previdenciário
21:21do mundo
21:22se você controlar
21:23pelo perfil
21:25etário.
21:26O que eu estou
21:27querendo dizer?
21:28Pega
21:28uma série
21:30de 140 países.
21:32Já fiz
21:32essa conta,
21:33está no meu blog
21:34essa conta.
21:35140 países
21:37gasto previdenciário
21:38com proporção
21:39do PIB.
21:40Claro,
21:41tem países
21:41que a população
21:43é mais envelhecida
21:44vai gastar mais.
21:45Então,
21:46você faz
21:46uma correlação
21:47entre gasto
21:48previdenciário
21:49e estrutura etária.
21:50Proporção
21:51da população
21:51com mais de 65 anos.
21:55Aí vê
21:55o resíduo
21:56dessa regressão.
21:57Vê o sim.
21:58O que quer dizer isso?
21:59Para a pessoa entender.
22:00Vê o quanto
22:01que um país
22:02gasta
22:03mais de previdência
22:04em relação
22:05à média do mundo
22:06e o quanto
22:08que o país
22:08gasta
22:09menos de previdência
22:10em relação
22:11àquela média
22:11do mundo,
22:12já controlando
22:13pelas diferenças
22:14demográficas.
22:16Eu fiz essa conta
22:17para uma amostra
22:18de 140 países.
22:19o Brasil
22:19era o segundo
22:20que mais
22:20gastava no mundo.
22:21Só a Ucrânia
22:22ficava na frente
22:23da gente.
22:25E o número
22:26que deu
22:26foi o seguinte,
22:27a gente tinha
22:28na época
22:28quando eu fiz
22:29essa conta
22:29um sobregasto
22:31com previdência
22:33de 7%
22:34do PIB.
22:37Esse
22:37sobregasto
22:38com previdência
22:39significava
22:40uma taxa
22:41de poupança
22:415%
22:42do PIB
22:43menor.
22:43Você tem
22:44uma ideia?
22:45O Japão
22:45tinha um gasto
22:47abaixo
22:48da média
22:49mundial
22:50de 5%
22:51do PIB.
22:53E é verdade,
22:55se eu olhar
22:55os jornais
22:56tem umas notícias
22:57engraçadas,
22:58às vezes no Japão
22:59a gente vê isso,
23:00essas notícias,
23:02um velho
23:03praticou
23:05um pequeno crime,
23:06aí você
23:06roubou
23:08uma coisinha,
23:09um idoso
23:09no Japão.
23:11Aí você vai ver
23:11porque ele fez isso,
23:12ele fez isso
23:13para ir para a prisão,
23:15porque a prisão
23:16funciona como um asilo.
23:18Uma sociedade
23:18que os idosos
23:21estão praticando
23:22pequenos crimes
23:23para ir preso
23:24tem algum problema.
23:25O problema
23:26é que eles gastam
23:26muito pouco
23:27em oferta,
23:29por isso a poupança
23:29é muito grande
23:30e a taxa de juros
23:31é muito baixa.
23:32E nesse sentido
23:32nós somos melhores
23:33que o Japão.
23:34A gente é o excesso
23:35contrário.
23:36A gente gasta
23:37demais
23:38em seguros públicos
23:40para a nossa realidade,
23:41consequentemente
23:43a taxa de poupança
23:44é muito baixinha
23:45e os juros
23:46são altos.
23:47Porque não será que...
23:48Aí vamos
23:49imbricando
23:50economia
23:51e política,
23:52porque
23:52isso acaba sendo
23:55mais que necessário.
23:56O nosso modelo
23:58seria o estado
23:58de bem-estar social
23:59da Europa Ocidental,
24:01vamos dizer,
24:01grosso modo,
24:02pós-segunda guerra mundial.
24:03Exatamente,
24:04esse é o nosso modelo.
24:05Só que nós não temos
24:06a mesma capacidade
24:07produtiva,
24:08esse é o nosso
24:09pequeno problema.
24:09Aí eu vou pegar um...
24:11Não, e outra coisa,
24:12a gente não tem
24:12a mesma capacidade
24:13produtiva
24:14e a gente tem
24:15um patrimonialismo.
24:17Sim.
24:17Eles têm menos.
24:17Então, eu vou pegar
24:19os privilégios,
24:20mistura as duas coisas.
24:22Primeiro,
24:23esse país
24:24dos privilégios,
24:25porque muitas vezes
24:25quando a gente está falando
24:26de aposentadoria em geral,
24:27para quem nos acompanha,
24:29eles falam assim,
24:30mas eu só conheço
24:31pessoas que ganham
24:32um salário mínimo,
24:33tal,
24:33normalmente é assim,
24:35que são...
24:36Agora,
24:36se a gente olhar
24:38os gastos
24:40e a média salarial
24:42do executivo
24:43é sempre menor
24:43que a do legislativo
24:45e lá em cima
24:45do judiciário.
24:46E temos aposentadorias
24:48fabulosas,
24:49nesses poderes,
24:51o judiciário e o legislativo
24:52comparado ao do executivo.
24:53E os militares também.
24:54E no executivo,
24:56a questão dos militares
24:57que recentemente
24:58não tiveram problema nenhum.
24:59A grande questão
25:00é que é uma tarefa
25:01política
25:01Hércules
25:03conseguir enfrentar
25:04esses privilégios
25:06que alguns são longuérrimos,
25:08são de décadas
25:08para poder enfrentar
25:10essa questão econômica.
25:11Depois que a gente
25:12ficou
25:12perfeitamente democrático,
25:15a brasileira,
25:17ou seja,
25:17muito lento,
25:20a gente está
25:20consertando
25:21tudo isso.
25:23Fez,
25:24se nós lembrarmos,
25:25em 2003,
25:26no primeiro mandato
25:27do presidente Lula,
25:29foi feita uma reforma
25:30dos servidores,
25:32que foi
25:33institucionalizada
25:35no primeiro mandato
25:36da presidente Dilma,
25:37lá em 2011,
25:3912,
25:40quando ela fez
25:41o FUNPRESP,
25:42que é o Fundo de Pensão
25:43Complementar
25:44dos Servidores Públicos.
25:46A partir daquele momento,
25:47todo novo servidor público
25:49que passou em concurso,
25:50ele não tem mais garantia
25:51da aposentadoria integral.
25:54É porque a aposentadoria integral
25:55para servidor público
25:57não faz sentido.
25:58é muito custoso
26:00e o que ele contribui
26:02nunca vai pagar
26:03aquele custo.
26:04Então,
26:05você tem uma aposentadoria
26:06para os novos servidores públicos
26:08que é igual ao DNSS,
26:09se você quiser ter
26:10uma aposentadoria melhor,
26:11você faz como todo mundo faz,
26:13poupa
26:13num instrumento privado,
26:16num fundo de pensão privado,
26:17para acumular recursos
26:18para a sua terceira idade.
26:22Depois,
26:23a própria
26:24presidente Dilma,
26:25no primeiro ano
26:26do seu segundo mandato,
26:27aquele ano conturbado,
26:28de 2015,
26:30ela aprovou
26:30uma legislação
26:31muito boa
26:32que foi
26:33mudar os critérios
26:36de elegibilidade
26:37para a pensão por morte.
26:41Inclusive,
26:42para o setor público.
26:43Então,
26:44a gente,
26:45lentamente,
26:47nós estamos
26:47reformando
26:49esse sistema
26:49patrimonialista,
26:51cheio de injustiças,
26:52com a instituição
26:54dos fundos
26:55de pensão
26:55de previdência
26:56complementar,
26:57para os novos
26:58servidores públicos,
26:59esse problema
27:00está equacionado.
27:01Precisa agora
27:02resolver o problema
27:04dos militares
27:05e das carreiras
27:06militares.
27:07Você tem um exemplo,
27:08nas PMs,
27:11é um problema
27:12para os governadores
27:13estaduais,
27:14para os governadores.
27:16Você conversa
27:17com qualquer governador,
27:18aí vai te contar,
27:19para cada coronel
27:21da PM que eu tenho,
27:23eu pago
27:2440 benefícios
27:26de coronéis
27:27aposentados.
27:30Porque,
27:30muitas vezes,
27:31o coronel morre,
27:32a pensão é integral,
27:34vai para a esposa,
27:35tem uma filha,
27:36ainda pegou
27:38a coisa das filhas
27:39não casadas.
27:41Então,
27:42isso é o patrimonialismo,
27:43são esses privilégios,
27:45que a gente,
27:46aos pouquinhos,
27:47está tratando deles,
27:49mas a uma velocidade
27:50muito lenta.
27:51E eles pesam
27:52nas contas públicas,
27:54e eles têm
27:54um peso grande
27:56em explicar
27:56a baixa taxa
27:57de poupança
27:58do Brasil,
27:58sim.
27:59Então,
28:00agora,
28:01saindo um pouquinho
28:02dessa questão
28:03importantíssima,
28:04que é a questão
28:04previdenciária,
28:06e você,
28:06em vários momentos,
28:07falou da baixa
28:08produtividade
28:08que nós temos aqui,
28:09que advém da baixa
28:10qualificação,
28:11presumível,
28:11da Força de Trabalho.
28:13Você tem insistido,
28:14inclusive,
28:14em vários artigos
28:15sobre isso,
28:16a baixa qualificação
28:17da Força de Trabalho
28:17no Brasil,
28:18e que leva
28:19à produtividade
28:20nossa,
28:21que é,
28:22comparado com outros países,
28:24inequívoco,
28:25que nós estamos
28:25muito distantes.
28:26Como a gente consegue
28:27enfrentar isso?
28:28Porque,
28:28em certo momento
28:29da história
28:30econômica brasileira,
28:31o Brasil,
28:32no momento
28:33da substituição
28:33das importações,
28:35naquele momento clássico,
28:36especialmente a partir
28:37de 1930,
28:39não havia tanta
28:40sofisticação
28:41no processo industrial,
28:43que é o que marca
28:43o Brasil
28:44daquele momento histórico.
28:45agora não.
28:46Houve um processo
28:47de revolução
28:47como nunca na história,
28:49tão radical
28:49em tão curto
28:50espaço de tempo.
28:50E nós
28:51temos dificuldade
28:52de nos adaptar
28:54a essas mudanças
28:56tão rápidas,
28:57especialmente
28:57no setor industrial.
28:59Se o setor
28:59do agronegócio
29:00fez isso muito bem,
29:01com muita eficiência,
29:02até agora,
29:03não é o caso
29:04do setor industrial
29:05e de outros setores
29:06da economia brasileira.
29:07Como resolver
29:08essa questão
29:08da baixa qualificação
29:09da Força de Trabalho?
29:10Isso é um problema
29:12imenso,
29:13só para a gente
29:14ter uma ideia
29:15do tamanho
29:15do problema.
29:17Um trabalhador
29:17trabalha uma hora
29:18no Brasil
29:19e ele produz
29:20um quinto
29:21do que um
29:22trabalhador americano
29:23produz.
29:25Então,
29:25nossa produtividade
29:26é cinco vezes
29:27menor
29:28do que a produtividade
29:29americana.
29:30A gente tem que
29:30tratar disso,
29:31senão...
29:32Porque crescimento
29:33é produtividade.
29:35Se a produtividade
29:36não se elevar,
29:36esquece,
29:37você não vai ficar rico.
29:38Porque crescimento
29:39é a capacidade
29:40que cada pessoa
29:40produz.
29:41se nós estivéssemos
29:44conversando
29:44há 30 anos atrás,
29:46eu pararia
29:46a conversa aí.
29:48Eu não teria
29:48muito mais
29:49elementos
29:50ou informações
29:51a lhe passar.
29:52Mas nos últimos
29:5330 anos,
29:54a academia
29:54produziu uma quantidade
29:56de conhecimento
29:57fantástica.
29:58E hoje dá para fazer
29:59vários programas
30:00sobre esse tema.
30:01O que a gente sabe
30:02é que
30:03metade dessa distância,
30:05por exemplo,
30:06entre o Brasil e os Estados Unidos,
30:07entre o Brasil e a Alemanha,
30:08qualquer país desenvolvido,
30:10do primeiro mundo,
30:11metade dessa diferença
30:12são atributos
30:14embutidos no trabalhador.
30:16E a outra metade
30:17é o entorno.
30:19É um marco legal
30:20e institucional.
30:22Atributos embutidos
30:23no trabalhador
30:24são de duas naturezas.
30:26São primeiras habilidades
30:28analíticas.
30:29Aquilo que a gente aprende
30:30numa escola formal.
30:32Fazer bem as contas,
30:34ter cálculo,
30:35ter um raciocínio
30:36analítico.
30:38se expressar bem
30:39em linguagem falada,
30:41em linguagem escrita,
30:42capacidade de interpretação
30:43de texto,
30:45matemática, etc.
30:48Isso aumenta,
30:50quem tem isso bem
30:51é mais produtivo.
30:53Agora, além disso,
30:54tem o que a gente chama
30:55das habilidades
30:56socioemocionais.
30:58Elas são tão importantes
31:00para a produtividade
31:00do indivíduo
31:01quanto essas habilidades
31:02cognitivas ou analíticas.
31:04e as habilidades socioemocionais,
31:07como as outras,
31:08a gente aprende
31:09nos bancos escolares
31:10de uma boa escola.
31:11O que são as habilidades
31:12socioemocionais?
31:14Persistência,
31:15capacidade de aguentar
31:16frustração,
31:18cálculo prospectivo,
31:20capacidade de trabalhar
31:22em grupo,
31:23liderança.
31:25Esse tipo,
31:26esse conjunto de habilidades.
31:27a gente não nasce
31:29sabendo fazer
31:30essas coisas todas
31:31que eu elenquei aqui.
31:33E é necessário
31:34uma boa escola formal,
31:37fundamental e médio,
31:39para desenvolver
31:40essas habilidades.
31:42Então,
31:43isso explica a metade.
31:45A outra metade
31:46é o marco legal
31:47e o institucional
31:48segundo o qual
31:48as empresas se deparam.
31:51E a pessoa
31:52que está dentro
31:53de uma empresa
31:53se depara.
31:56E sim,
31:56fica legislação tributária.
31:59Teremos um bom
32:00legado
32:01do terceiro mandato
32:02do presidente Lula
32:03agora com a reforma tributária.
32:05O que ela vai fazer?
32:07Hoje,
32:07com a complexidade
32:08tributária,
32:09Vila,
32:10as empresas no Brasil
32:11usam de 10
32:13a 30 vezes
32:14mais contadores
32:16do que empresas
32:17iguaizinhas
32:18em outros lugares do mundo.
32:19Ora,
32:20se a gente tem que usar
32:20muito mais contador
32:21para só
32:23organizar
32:24a forma de pagar impostos,
32:26está sobrando
32:27menos dinheiro
32:28para contratar
32:28cientistas
32:29para investir
32:30em pesquisa
32:30e desenvolvimento.
32:32Então,
32:32a produtividade
32:33dessa empresa
32:33vai crescer menos.
32:36Ela gasta
32:36muito recurso
32:37pagando imposto.
32:39Agora,
32:39além disso,
32:40como a nossa estrutura
32:40tributária
32:41é muito complexa,
32:43gera muito litígio.
32:45Aí,
32:45você tem que contratar
32:46um monte de advogado.
32:48Então,
32:48em vez de a gente
32:48produzir engenheiro
32:50para produzir
32:51novas tecnologias,
32:53a gente tem
32:53uma demanda
32:54por advogados
32:55que são úteis
32:57dado
32:58as nossas regras,
33:00as nossas instituições
33:01que geram
33:03em equilíbrio
33:03muito litígio.
33:05E se tem muito litígio
33:06em equilíbrio,
33:06a gente precisa
33:07de mais advogados.
33:08Mas,
33:09se nós tivéssemos
33:09legislações melhores,
33:11de melhor qualidade,
33:14nós não precisaríamos
33:14formar tantos advogados,
33:17formaríamos mais engenheiros
33:18e o país
33:19cresceria mais.
33:22Então,
33:22isso é um entorno.
33:24O entorno brasileiro
33:25estimula a ineficiência.
33:29Então,
33:29metade está embutido
33:30nas pessoas,
33:31metade é o entorno.
33:34Nada do que eu falei aqui
33:36tem solução simples.
33:37Você percebeu?
33:39Isso é uma diferença
33:40com relação
33:41à nossa cabeça
33:42lá dos anos 70,
33:44dos anos 80,
33:44do pós-guerra.
33:45Do pós-guerra
33:46até os anos 80,
33:48a gente tinha uma visão
33:48que desenvolvimento econômico
33:51era um problema
33:52macroeconômico.
33:54Pau na máquina,
33:55vamos crescer,
33:56acumular capital,
33:57câmbio, juros,
33:57a gente vai ficar rico.
33:59Nos últimos cintas anos,
34:00a gente aprendeu
34:01que isso é uma bobagem.
34:03Macroeconomia estabilizada
34:04é condição necessária,
34:06mas não é condição suficiente.
34:09O desenvolvimento econômico
34:11é um problema
34:12de natureza
34:13microeconômico,
34:15institucional.
34:16Você está falando
34:18porque são questões
34:20tão interessantes
34:21e eu aqui fico pensando
34:23aqui
34:24porque é o seguinte,
34:28eu estou pensando
34:29sempre vejo
34:30a Europa
34:30passa uma série
34:31de problemas
34:32não só derivado
34:33da guerra com a Ucrânia
34:34e a economia alemã
34:35acho que é um exemplo disso,
34:37com alto custo
34:37da energia e tal.
34:39E o modelo,
34:40grosso modo,
34:41vamos chamar
34:41o modelo econômico europeu,
34:43especialmente aquele
34:43adotado a partir
34:44da Segunda Guerra Mundial,
34:45primeiro na Europa Ocidental
34:47especialmente,
34:48para deter o avanço
34:49do comunismo,
34:50naquele momento,
34:53sempre foi
34:54a nossa referência.
34:57E toda
34:58uma série de dados
34:59que você apresentou
35:00sobre,
35:01exceto no caso
35:02norte-americano,
35:03mas sobre a questão
35:04de previdência social,
35:05escolaridade, etc.,
35:06é desse novo mundo
35:07da região
35:08Asia-Pacífico,
35:09que parece que o eixo
35:11econômico do mundo
35:11está se transferindo
35:12da região mais dinâmica
35:13para lá.
35:15Mas nós estamos
35:15olhando para a Europa,
35:17não sei se nós estamos
35:18olhando para o passado
35:19e temos dificuldade
35:21de entender
35:22que o futuro
35:23é diferente do passado
35:24e esse nosso presente
35:25não é o mais adequado.
35:27Nessa mudança
35:28para esse futuro
35:29que, se for o caso,
35:31a impressão que dá
35:32que é esse grande desenvolvimento
35:33que se transfere
35:34para uma outra região
35:35do mundo,
35:36nós temos que mandar
35:36uma série de padrões
35:37que nós somos herdeiros
35:39do mundo ocidental.
35:40Claro.
35:41Ele é um outro mundo.
35:43Quando você deu
35:44o exemplo do japonês,
35:46que prefere ser preso
35:48para ficar no cárcio,
35:49me lembrei de um filme,
35:50A Balada de Narayama,
35:51se não me engano.
35:53Ah,
35:53filme lindo, né?
35:54Então, lindo.
35:55E acho que eu vi
35:56no Cine Biju,
35:57olha que faz tempo.
35:59Início dos anos 80,
36:00não é?
36:00Isso,
36:01isso,
36:01da Praça Rússio.
36:02E é um filme tristíssimo,
36:04a gente precisava abandonar
36:05porque a produtividade
36:08daquela comunidade
36:08era muito baixa,
36:09os idosos não produziam
36:10a partir de certo momento,
36:12não conseguiam se manter,
36:13precisavam abandonar os velhos.
36:14Só que ele não quer abandonar,
36:16né?
36:16A sua mãe,
36:17aí precisa levar lá
36:17no alto e abandonar.
36:19Então,
36:20e...
36:21Pra ser comida pelos ursos.
36:22Isso,
36:23mas a nossa visão de mundo,
36:25da onde nós somos formados,
36:26é outra do que daquela.
36:28Então,
36:29há também uma questão
36:30que eu acho que o Roberto da Mata
36:32poderia nos auxiliar
36:33pra explicar.
36:35A nossa formação aqui
36:37é muito diferente.
36:40Por exemplo,
36:41quando nós somos uma sociedade,
36:43se eu tiver errado,
36:44me corrija e aproveito,
36:46pode ser que eu esteja
36:47em alguma série de dados.
36:48Essa desigualdade
36:49nossa de renda
36:50é tão grande,
36:51é tão grande,
36:52e parece que o andar de cima,
36:53no caso do Brasil,
36:54nunca se preocupou
36:55com o andar de baixo.
36:55A impressão que dá
36:56é que 13 de maio de 1888
36:59foi uma data
36:59pouco importante,
37:01porque ainda há uma relação,
37:02casa grande,
37:03não só com a senzala,
37:05mas com os trabalhadores livres
37:06que vivem em condições
37:07muito difíceis,
37:09porque há uma concentração,
37:12a impressão que dá
37:12com alguns dados,
37:13ao menos do que eu vi,
37:14posso estar errado,
37:15de renda tão grande,
37:16enquanto isso,
37:18as várias frações
37:20das classes médias,
37:21nesse momento
37:22de diminuição
37:22e crescimento econômico,
37:24elas diminuem também
37:25em termos de números absolutos,
37:26e acho que até percentuais também.
37:28e cria-se uma tensão social
37:32embutida muito grande,
37:33que não se revela
37:34no cotidiano
37:35da política brasileira,
37:36no máximo a insatisfação
37:37para votar no candidato A
37:39contra o candidato B,
37:40diferente de outros países
37:41da América Latina,
37:41em que a rua
37:42é um cenário de tensão
37:43em momentos econômicos difíceis,
37:46que não é a tradição brasileira.
37:48Então,
37:49por exemplo,
37:50a questão
37:50da saúde pública,
37:53o SUS foi uma vitória,
37:55a criação na China.
37:56Está funcionando muito bem.
37:57E foi importantíssimo
37:58na pandemia.
38:00Nós não temos isso na China,
38:01por exemplo,
38:01ou no Japão,
38:02ou na Coreia do Sul.
38:04Então,
38:04como que eu responderia a você?
38:06Eu acho assim,
38:07a primeira parte
38:08da sua pergunta,
38:10eu diria o seguinte,
38:11Vila,
38:13eficiência econômica
38:14não é um único valor.
38:17Faz sentido,
38:18dados os nossos valores,
38:20os nossos modelos,
38:21nós trabalharmos
38:22com uma carga tributária maior
38:24para ter mais
38:25estado de bem-estar social,
38:27que é a escolha
38:28que a Europa fez.
38:30Então,
38:31eu acho que essa escolha,
38:32ela não é alguma coisa
38:33que está
38:34sob questão.
38:35Estamos numa democracia,
38:37esse modelo
38:37é fruto de
38:39seguir os eleitos
38:40democráticos,
38:43em que a decisão
38:44da sociedade
38:44foi por construir
38:46aqui um estado
38:48de bem-estar social
38:49amplo e abrangente,
38:50olhando
38:52para a Europa Ocidental,
38:55e eu até hoje
38:55não vi nenhuma eleição
38:56em que se contestasse
38:58essa visão de mundo.
39:00Eu diria,
39:01a gente tem que aumentar
39:01a eficiência
39:02do funcionamento
39:03desse estado
39:04de bem-estar social.
39:05E aí,
39:06eu diria
39:06duas coisas,
39:09patrimonialismo
39:10não cabe com ele.
39:12Então,
39:12a gente tem que
39:13cada vez mais
39:14construir um estado
39:15de bem-estar social
39:16que trate
39:17todo mundo igual.
39:19E aí,
39:19a gente tem que
39:20descontentar
39:21com diversos setores
39:23da sociedade,
39:24principalmente
39:25diversos setores
39:26pendurados
39:27no serviço público,
39:29dizer,
39:29olha,
39:30muito legal,
39:31o trabalho de vocês
39:32é muito importante,
39:33é muito legal
39:34ter uma carreira,
39:35a gente precisa
39:35ter um exército,
39:36é importante ter essa carreira,
39:38a gente tem que ter
39:38polícia militar,
39:40mas a gente tem que
39:40criar mecanismos
39:42de financiamento
39:44e de estruturas
39:45de incentivos,
39:46regras de
39:46aposentadoria,
39:48remuneração,
39:49que seja compatível
39:50com a nossa realidade
39:52e que seja parecido
39:54com o que se pratica
39:55na Europa,
39:56que se pratica
39:56em outros lugares.
39:58A gente,
39:59na transição democrática,
40:00lá nos anos 80,
40:01a gente consolidou
40:02certos direitos
40:04para diversas
40:05camadas,
40:07categorias
40:08do serviço público
40:08que em nenhum lugar
40:09do mundo
40:09você tem igual.
40:10então a gente tem
40:12que dar uma,
40:14a gente tem que fazer
40:15um serviço,
40:16a gente tem que fazer
40:17um estado de bem-estar
40:18social que trate
40:19todo mundo
40:20de forma republicana
40:21e igualitária
40:22e incentivos
40:24mais corretos.
40:26Dá para fazer isso,
40:27tem muita gordura
40:28nas nossas regras
40:29e aí alguma coisa
40:31de direito administrativo,
40:33de reforma administrativa
40:34que tem que pensar
40:35e estudar.
40:36Renúncia fiscal
40:36entra nisso?
40:38Aí renúncia fiscal,
40:39com certeza,
40:40renúncia fiscal
40:41é uma política pública,
40:44eu acho que renúncia fiscal
40:45entra,
40:46é,
40:46é uma outra linha
40:47do patrimonialismo,
40:48acho que muitos privilégios
40:49que a gente tem,
40:50principalmente ligados
40:51a algumas carreiras
40:52do serviço público,
40:54entra no Raimundo Faoro,
40:57né?
40:57Sim.
40:57Aí a gente tem
40:58o Raimundo Faoro
40:59para o setor privado,
41:01que é o setor privado
41:02procurando seus privilégios
41:04e a maneira
41:05de conseguir isso
41:07mantendo a economia fechada
41:09para se defender
41:10de competição externa
41:12e renúncia fiscal.
41:14Ora,
41:14renúncia fiscal
41:15é uma política
41:15que tem que ter
41:16um objetivo muito claro.
41:18E tempo também, né?
41:19Tempo
41:19e indicadores
41:20de eficiência.
41:21Sim.
41:23Aí a gente
41:23não tem nada disso.
41:25Ah,
41:26olha a Coreia,
41:27a Coreia fez
41:28uma indústria
41:28XYZ,
41:29ela fez,
41:30mas tinha
41:31renúncia fiscal,
41:32tinha meta de exportação,
41:33tinha tempo
41:34e etc.
41:35Então,
41:36a renúncia fiscal
41:36também entra nisso.
41:40E a gente
41:41tem que fazer
41:41tudo isso
41:42chamando
41:43o Roberto da Mata.
41:45Em que sentido?
41:46Que as reformas
41:47institucionais,
41:49elas têm
41:50que ser feitas
41:51a partir de onde
41:52a gente está.
41:54A gente não vai
41:54virar uma Alemanha,
41:56a gente não vai
41:56virar o Japão.
41:57Nós somos
41:58o que nós somos
41:58e a gente gosta
41:59do que a gente é.
42:01Então,
42:01a gente tem que olhar
42:02para as experiências
42:03bem-sucedidas,
42:04entender a lógica
42:05e transpor aquilo
42:06para a nossa tradição,
42:09olhando aquela direção.
42:12É,
42:12eu acho que é,
42:14porque no caso,
42:16só para explicar
42:17que nos acompanha
42:18rapidamente.
42:21Quando você se refere
42:22a déficit público,
42:23Samuel,
42:24lembrar que é
42:24União,
42:25Estados e Municípios,
42:26né?
42:28Legislativo,
42:28Executivo e Judiciário.
42:30Sim.
42:30São os três níveis
42:31que os três poderes.
42:33E nós estamos falando
42:34da União,
42:35estão falando dos governos
42:36estaduais e municipais,
42:37tal,
42:37que são endividando,
42:39tal,
42:39que muitas vezes
42:39as pessoas imaginam
42:40que é só
42:41o governo federal,
42:43quer dizer,
42:43nós estamos vendo
42:44aí o conjunto.
42:46Eu acho que essa,
42:48e quando estão falando
42:48de renúncia fiscal,
42:50também é o governo federal,
42:51os governos estaduais
42:52e os governos municipais.
42:55E que se somando
42:55deve dar um valor.
42:56E tem coisas,
42:58né?
43:00Tem muito município
43:01que não cobra
43:03imposto predial.
43:07O prefeito
43:08tem transferências
43:10da União,
43:11dos fundos de participação,
43:13tanto dos estados
43:14do município,
43:15e ele vive
43:15de transferência.
43:18É natural
43:19haver transferência
43:20numa federação
43:21como a brasileira,
43:22é natural
43:22que os entes
43:23mais ricos
43:23transfiram dinheiro
43:24aos entes mais pobres,
43:25porque tem certos direitos
43:27que todos os cidadãos
43:28têm que ter.
43:30Então,
43:30uma pessoa nasce
43:31num lugar mais pobre,
43:32não é justo
43:33que ela tenha
43:33uma saúde pior,
43:35uma educação pior,
43:36só porque ela nasceu
43:36num lugar mais pobre,
43:37ela vive num lugar mais pobre.
43:39Então,
43:39por justiça distributiva,
43:41faz todo sentido
43:42que o ente
43:43da federação mais rica
43:44transfira dinheiro
43:45aos entes mais pobres.
43:47Agora,
43:48uma vez,
43:49eu fui fazer
43:50uma palestra,
43:51Santa Catarina,
43:52era uma palestra
43:52de prefeitos,
43:54de gente,
43:54me chamaram.
43:56Aí,
43:56depois,
43:57veio uma pergunta
43:58que era um pouco isso.
44:00Eu disse,
44:01olha,
44:01eu vou dar uma pergunta,
44:02eu vou responder
44:02essa pergunta
44:03e vocês vão me odiar,
44:04acho que vocês vão
44:05me expulsar aqui,
44:06mas eu vou responder
44:06assim mesmo.
44:07Eu disse,
44:07olha,
44:08meu pai,
44:09eu tinha 17,
44:1018 anos,
44:11queria ter mais autonomia,
44:12tal,
44:12meu pai um dia
44:13me chamou e disse,
44:14filho,
44:15essa autonomia
44:16que você quer ter,
44:17você tem que trabalhar,
44:18ter o seu dinheiro,
44:19eu posso te ajudar,
44:20mas se você não tiver
44:21o mínimo,
44:23você está sob a minha guarda.
44:24Autonomia é menor,
44:26se você quer autonomia maior,
44:28você tem que ter o mínimo
44:30para se sustentar.
44:32E se olha,
44:33agora,
44:33olha o caso de vocês,
44:35dos municípios,
44:37eu entendo perfeitamente
44:38o município ter transferências
44:40para melhorar a saúde,
44:42melhorar a educação,
44:44melhorar a segurança,
44:45atividades,
44:46fim do Estado.
44:47Agora,
44:48eu financiar
44:49toda a máquina
44:50da prefeitura,
44:53toda a máquina
44:55do Legislativo Municipal
44:57com transferências,
44:59isso para mim
44:59não faz sentido.
45:02Os gastos
45:03de custeio
45:04que não estão associados
45:06à atividade fim,
45:07é tudo atividade meio,
45:09de um ente federativo
45:10que tem autonomia,
45:12teriam que ser financiados
45:14por impostos locais.
45:15eu entendo transferência
45:18para a gente atender
45:19o objetivo
45:20de justiça distributiva,
45:23para a saúde,
45:25para a educação,
45:26para a segurança.
45:29Agora,
45:30é um absurdo
45:30um município
45:31que tem prefeitura,
45:32tem câmara de vereadores
45:33e que tem um gasto
45:34por conta disso,
45:36não ter IPVA,
45:38imposto predial,
45:40na sua região
45:40para financiar
45:41essa estrutura.
45:42Mas se você defender isso,
45:44nunca vai ser eleito
45:45presidente da república,
45:46por isso que eu não sou político,
45:50eu estou me lembrando
45:52de um jovenzinho
45:52conversando com meu pai,
45:54a lógica é a mesma.
45:55Claro,
45:55não,
45:55mas é,
45:56eu concordo,
45:57eu acho que,
45:57eu pego os dados
45:58muitas vezes do IBGE,
46:00fico dando uma olhada
46:00no perfil dos municípios,
46:02vejo qual é a renda
46:03no município,
46:04qual é a população,
46:05o que produz,
46:06e o número de empregos
46:08que existem lá,
46:08que é menos,
46:09vive do fundo de participação,
46:10é isso,
46:11grosso modo,
46:12e justamente para atividades
46:13que não são as atividades
46:15fim do Estado,
46:17e com as emendas parlamentares
46:19foram agravadas
46:20a partir de 2014,
46:212015,
46:22com valores fabulosos,
46:23um quarto quase que do orçamento
46:25é sequestrado
46:26pelas emendas parlamentares,
46:27a tendência é só piorar,
46:29aí bate na questão
46:30do patrimonialismo,
46:32voltamos aos donos do poder,
46:34e em que nós temos um nó
46:36que precisa ter um Alexandre Magno,
46:38esse nó Gordio,
46:39para cortar,
46:39agora isso não é tão fácil,
46:41se o Paulo Alexandre não for,
46:43imagina aqui,
46:43eu acho que não é fácil,
46:46mas a democracia arruma isso,
46:49com tempo,
46:50com conversa,
46:52com melhor educacional,
46:54o povo vai ficando
46:55mais instruído,
46:56com mais discernimento,
46:57eu acho que a gente vai arrumar
46:59ao longo do tempo.
47:00Vamos pegar,
47:01agora olhando,
47:02até nossa perspectiva
47:04de futuro,
47:05quer dizer,
47:06se nós olharmos aí
47:07colômbia brasileira,
47:08não sei se eu estou correto,
47:09Samuel,
47:10mas no setor primário
47:11da economia,
47:13você tem lá
47:13a agricultura
47:14muito dinâmica,
47:15a pecuária,
47:16idem,
47:18me parece,
47:19o petróleo,
47:19para muitos que estão
47:20nos ouvindo,
47:21não imaginam que o petróleo
47:22bruto é o primeiro item
47:24de exportação do Brasil,
47:25as pessoas falam assim,
47:26mas como?
47:27Não sabia que o Brasil
47:28faz parte da OPEP?
47:31As pessoas não sabem,
47:33mas é uma coisa,
47:34e por que nós não temos
47:35capacidade de refino,
47:36porque grande parte
47:37poderia ter sido refinado
47:39ou não?
47:39Eu acho o seguinte,
47:41eu preferia que nós
47:42não tentássemos ter
47:43capacidade de refino.
47:45Continuasse dessa forma
47:46porque economicamente
47:47é melhor?
47:48Economicamente é melhor,
47:49a gente tentou aumentar
47:50muito o refino,
47:52no ciclo petista anterior
47:54houve um esforço grande
47:56de construção
47:57de novas refinarias,
47:59lembra?
48:00E elas saíram muito caras,
48:02muito caras.
48:03Abreu e Lima
48:04é um exemplo.
48:04Exatamente,
48:05eu fiz a conta,
48:06Abreu e Lima,
48:07custou sete a oito
48:09vezes mais
48:10do que as refinarias
48:11que nos 20 anos
48:13em torno da construção
48:15de Abreu e Lima
48:15ficaram prontas.
48:18Então a gente tentou
48:20expandir a capacidade
48:21de refino
48:22e nós não conseguimos,
48:23ou conseguimos
48:24a um custo
48:26exorbitante
48:27que faz com que
48:28aquela atividade
48:29não seja econômica,
48:30não seja rentável.
48:32Além disso,
48:33uma refinaria
48:33vive décadas.
48:34a gente usa
48:36refinaria
48:36que foram construídas
48:37nos anos 60 ainda
48:38e daqui a décadas
48:40a gente não vai mais
48:41ter petróleo
48:42como alguma coisa
48:43muito importante.
48:44A gente vai,
48:46não é tão rápido
48:47quanto os ecologistas
48:48gostariam,
48:49a gente vai viver
48:50muito tempo
48:51com um problema
48:51dramático
48:52do aquecimento global,
48:53mas essa transição
48:54vai ocorrer.
48:56Então eu diria,
48:56dado o custo
48:57de instalação
48:58das refinarias
48:59e dado o tempo
49:01de vida útil
49:02que a gente vai ter
49:04pela frente
49:04de base petróleo
49:08como a base
49:08de energia brasileira,
49:11eu acho que era melhor
49:12a gente não aumentar
49:13as refinarias.
49:14A gente tentou
49:14no último ciclo,
49:16saiu caro demais,
49:18não foi produtivo.
49:20E por outro lado,
49:21a gente,
49:22para explorar,
49:22a gente explora bem.
49:24A gente é muito competitivo
49:26nessa atividade.
49:26Isso graças
49:28a Petrobras.
49:31Agora é o 3 de outubro
49:33de 1953
49:33quando foi criada
49:34a Petrobras.
49:35Agora só
49:36a lei 2004,
49:39teve toda uma discussão,
49:40vocês vão puxar
49:41os anos 30,
49:42a questão do Monteiro Lobato,
49:44vocês nem imaginam
49:45o quão rica
49:45é essa discussão.
49:46Eu imaginei
49:46quando a Petrobras
49:48fez aniversário
49:48tempos atrás,
49:50numa data meio redonda
49:51que essa discussão
49:52ia ser apresentada
49:53no Brasil
49:53quão importante era,
49:54mas acabou
49:55a Petrobras deixando passar.
49:56Então,
49:57no setor primário,
49:58grosso modo,
49:58as coisas,
49:59tem a agricultura
50:01indo bem,
50:01a pecuária,
50:02temos aí a questão
50:03do petróleo,
50:04os minerais em geral,
50:05o Brasil tem uma presença
50:06dinâmica tal.
50:09Saltando para a indústria,
50:10será que o nosso nó
50:12principal
50:13na questão econômica
50:14é quando no passado
50:16a indústria
50:17era o símbolo
50:17do progresso
50:18e hoje a indústria
50:19para alguns
50:20ela só busca privilégios,
50:21vai correndo a Brasília
50:22em busca de
50:23renúncia fiscal,
50:24algum tipo de privilégio,
50:25ou seja,
50:26em outras palavras,
50:27você em certo momento
50:28falou,
50:28se nós fizermos
50:29um país fechado,
50:31fizermos uma abertura,
50:32alguns falam,
50:32acaba a indústria brasileira,
50:34será que dos três setores,
50:36nós temos o terciário,
50:37o setor de serviço,
50:38tal,
50:38o nó maior,
50:39mais complicado
50:40seja o secundário?
50:41Eu acho que o nó mais complicado
50:45é o terciário.
50:46É o terciário.
50:47Que é o grosso da economia,
50:48né?
50:48Sim, sim.
50:49A qualquer economia
50:50do mundo moderna,
50:52os serviços são
50:5380% da economia.
50:55E o serviço,
50:56você se refere a quê?
50:56Só para quem nos acompanha.
50:57Os serviços é
50:58toda a parte de varejo,
51:02toda a parte de
51:03entretenimento,
51:06turismo,
51:07alimentação fora do domicílio,
51:09toda a parte de serviços pessoais,
51:13corte de cabelo,
51:14etc.
51:15Toda a parte de serviços médicos,
51:17educacionais,
51:19é a vida da gente.
51:23Porque o tema é o seguinte,
51:25eu compro um carro,
51:28eu vou comprar um segundo carro?
51:31Não vou, né?
51:32Tem um carro.
51:34Agora, eu posso ir ao restaurante
51:36quatro vezes na semana.
51:37Conforme uma economia
51:40vai ficando rica,
51:42a demanda por serviços,
51:44proporcionalmente,
51:46a renda vai aumentando.
51:47A participação dos serviços
51:49no consumo cresce.
51:51É que nem assim,
51:52quando a gente era pobrezinho,
51:53lá no século XVIII, XIX,
51:55toda a renda era gasta
51:56com alimentação.
52:00Desculpe.
52:01Toda a renda era gasta
52:02com alimentação.
52:04Depois,
52:05a renda cresce um pouquinho,
52:06você já se alimenta,
52:08você não vai comer
52:08dez refeições por dia, né?
52:10Claro.
52:11Você está se alimentando
52:12aquilo lá que você se alimenta,
52:14você fica mais rico,
52:15você não come mais.
52:16Aí você começa
52:17a comprar coisas.
52:19Setor secundário.
52:22Depois, você já tem as coisas,
52:24você fica mais rico,
52:25você quer viajar,
52:27você quer ir ao cinema,
52:28você quer comer fora,
52:30etc.
52:30Então,
52:32pega lá os dados,
52:33mesmo as famílias brasileiras
52:35hoje mais pobres,
52:37já tem máquina de lavar,
52:39a penetração do automóvel,
52:42que na minha infância
52:43era um bem absolutamente de luxo,
52:44quando comprava um carro novo,
52:46reunia toda a família,
52:48mostrava,
52:48era um evento.
52:49Hoje, a pessoa troca de carro,
52:50você nem fica sabendo.
52:52Então,
52:53a penetração de coisas
52:54está aumentando.
52:55E aí,
52:58naturalmente,
52:58lá na frente,
52:59e já hoje,
53:00já é a realidade,
53:01o setor mais importante
53:02é os serviços.
53:04Quem é rico,
53:05é rico porque
53:05os serviços é eficiente.
53:07Ninguém fica rico
53:08com indústria eficiente.
53:10Você ficava rico
53:11com indústria eficiente
53:12há 60 anos atrás,
53:14não hoje.
53:16Então, agora,
53:17a indústria,
53:17o que você falou,
53:19bem correto,
53:21a gente está com
53:22o setor agropecuário
53:24e a indústria extrativa
53:25mineral funcionando bem,
53:27a indústria de transformação
53:28nossa não está bem
53:29e os serviços
53:30são muito ineficientes.
53:33O que isso sugere?
53:35Isso sugere
53:36que coisas,
53:39atividades
53:40que estão muito associadas
53:41a trocas
53:44dentro da sociedade,
53:46elas não vão bem.
53:47O que é agropecuário?
53:48A agropecuária é,
53:49você produz um monte de coisa
53:51numa fazenda,
53:53numa unidade produtiva,
53:55que não tem muita troca,
53:56não compra muito insumo,
53:58é alguma coisa
54:00que quase se esgota
54:01dentro de uma unidade
54:02produtiva privada.
54:04Põe no caminhão,
54:05no porto e vende.
54:06Isso a gente faz super bem.
54:09Agora,
54:09fabricar um carro
54:10ou fabricar um bem qualquer
54:12significa um monte de trocas
54:15entre empresas,
54:17significa muita intermediação
54:19que depende daquela sociedade
54:21ter um marco legal
54:23e incional
54:23que gere eficiência.
54:25Aí a gente já começa
54:27a ter muito problema.
54:30Adicionalmente,
54:31o setor de serviços
54:32é trabalho intensivo.
54:34O setor de serviços
54:35é intensivo em gente.
54:37Se as nossas escolas
54:39são muito ruins,
54:41serviços vão ser ineficientes.
54:43Porque o material
54:44básico no setor de serviços
54:47é o material humano.
54:50Se a gente não consegue
54:51produzir um trabalhador
54:52bem escolarizado,
54:54com qualidade,
54:55os serviços não vão para frente.
54:58Então,
54:58aquela resposta que eu te dei
54:59sobre a diferença de produtividade,
55:02que eu disse,
55:02metade está embutido na pessoa
55:04e metade é o entorno,
55:06eu diria,
55:07a metade embutida na pessoa
55:08machuca especialmente
55:10o setor de serviços
55:11e a outra metade
55:13que é o entorno
55:14machuca especialmente
55:16a indústria de transformação.
55:18Tem cadeias produtivas longas
55:20e que sofre muito
55:22quando o marco legal
55:23e incional é muito ruim.
55:25Veja você que nos acompanha
55:28que foram questões
55:29tão importantes colocadas,
55:30por isso que eu gosto muito
55:31de conversar com o Samuel,
55:33doutor em economia,
55:34que sempre está
55:36e a importância dos dados,
55:37porque o que chuta
55:38no Brasil sobre as coisas
55:39é a importância dos dados
55:41que foram apresentados
55:42aqui muito ricos.
55:43E que,
55:44aí já é a minha leitura
55:45no campo da história,
55:46como tudo,
55:47nós temos um nó político,
55:48mas você pode resolver
55:50parte desse nó,
55:51desatá-lo.
55:52O ano que vem
55:53tem eleições,
55:54tem eleição
55:55para a presidência da República,
55:56dois terços do Senado,
55:58toda a Câmara dos Deputados,
56:00todas as 27
56:01das Federações,
56:0226 Assembleias,
56:03uma Câmara Distrital,
56:05que é Brasília,
56:0627 governadores,
56:08portanto,
56:09você vai ter condições
56:10de poder escolher
56:12e veja se esses seus candidatos
56:14estão discutindo
56:15algumas dessas questões
56:16foram levantadas aqui,
56:17que são fundamentais
56:19para o Brasil,
56:19que não estejam discutindo
56:20se o banheiro
56:21é feminino ou masculino,
56:23se usa peruca,
56:24tira peruca,
56:25e questões que são
56:26absolutamente descoladas
56:29no mundo real,
56:30que é o mundo de emprego,
56:31de melhorar a qualidade de vida,
56:32que tem a ver
56:33com a educação,
56:33com a ciência,
56:34com a tecnologia
56:35e com o futuro do Brasil.
56:37Por tudo isso,
56:38pense muito bem
56:39na hora que for votar,
56:41que no fim,
56:41a vítima,
56:42aquela velha história,
56:43nós somos do Brasil,
56:44mas o Brasil
56:45é difícil ser materializado,
56:46é eu, você,
56:47nós que acabamos
56:48sendo prejudicados
56:50e voltar,
56:51o Brasil voltar a crescer
56:52como,
56:53claro,
56:53num momento histórico
56:54não dá para crescer
56:55tão rápido como,
56:56por exemplo,
56:57nos anos 70,
56:58final dos 60,
56:59é uma outra conjuntura
57:00do mundo e do Brasil,
57:02mas é muito importante
57:04essas questões
57:05que foram levantadas.
57:06Por isso que eu agradeço
57:06muito o Samuel Pessoa
57:09ter aceito o nosso convite
57:10e convido a todos vocês
57:12na próxima sexta-feira,
57:14nesse mesmo horário,
57:15às 22 horas,
57:16mais um
57:16Só Vale a Verdade.
57:17Até.
57:18A opinião dos nossos comentaristas
57:26não reflete necessariamente
57:28a opinião do Grupo Jovem Pan
57:30de Comunicação.
57:35Realização Jovem Pan
57:37Jovem Pan
57:38Jovem Pan
57:38Jovem Pan
57:39Jovem Pan
57:40Jovem Pan
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