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  • há 2 dias
Belém vive um momento de transformação no setor de confeitaria e panificação. O consumidor, cada vez mais exigente, busca experiências que unem sabor, estética e qualidade. Nesse cenário, novos negócios se destacam com um modelo de negócio diferenciado e uma proposta que alia técnica, criatividade e proximidade com o público.

Reportagem: Madson Sousa / Especial para O Liberal
Imagem: Cristino Martins
Edição: Bia Rodrigues (supervisão: Tarso Sarraf)

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Transcrição
00:00VIVENDO EM PARIS
00:10Vivendo em Paris na Europa há quase 10 anos, eu tive o desejo de voltar pra casa
00:16quando eu via que os nossos produtos da Amazônia estavam sendo usados por chefes com quem eu trabalhava.
00:22E aí esse nome Amazônia repercutia tão mais lá fora do que aqui
00:27e aí eu comecei a me sentir saudosista de casa.
00:30Acho que eles se apropriavam porque em determinados restaurantes eles são verdadeiros piratas
00:36eles não colocam as apelações geográficas, vem da Amazônia, vem do Pará
00:40mas eles se preocupam quando é deles, se o champanhe é de champanhe tem que ser
00:44mas quando é o nosso produto não tem esse crédito todo.
00:47E aí eu vi eles utilizando nossa matéria-prima até mesmo com mais qualidade lá do que é vendido aqui
00:53e quanto que aquilo era a febre de tonká, que é o kumaru, ou o puxuri
00:58que pra muita gente aqui na gastronomia era hiper desconhecido até então
01:02como a pimenta rosa, que é uma coisa muito daqui do Pará
01:06a própria pimenta do reino do Pará, que é super valiosa lá fora
01:09e aí eu fiquei com esse desejo, olha, nossas frutas não preciso nem falar, né
01:14a curi que é a verdadeira trufa da Amazônia
01:16eu falei, o que que eu estou fazendo aqui em Paris e não lá em Belém do Pará
01:20usando meus produtos na minha própria casa, na minha própria terra
01:24e aí com isso surge essa vontade de voltar pra casa
01:27a gente voltou pra fazer outros projetos, a Bipaticelli surgiu nisso
01:31a Dani começou a fazer o croissant, ela faz a parte da padaria e eu faço a parte da confeitaria
01:36então, ela desenvolveu uma técnica pra utilizar essa receita de croissant
01:42que é uma receita ganhadora de copa do mundo duas vezes
01:45e uma delas eu estive presente
01:47e aí a Dani falou assim, eu quero fazer croissant e vamos testar aqui
01:52eu falei, não, aqui em Belém é difícil, na verdade eu nunca consegui muito bem fazer essa parte da via no Azeri
01:57da padaria, não é meu ofício principal apesar de ser padeira
02:00eu me identifico mais com a cozinha e com a parceria
02:04e foi aí que a Dani, que inicialmente ela é mixologista, ela é formada em mixologia
02:10pela associação brasileira de sommelier
02:14e aí ela está fazendo um trabalho super legal em Londres
02:17foi quando a gente decidiu inclusive fazer essa coisa de padaria com bar
02:21só que aí ela acabou indo mais pra padaria e eu mais pra confeitaria
02:24e aí foi muito curioso isso assim, de a gente tentar utilizar produtos daqui
02:29mas com as técnicas que não eram daqui
02:31com as técnicas que a gente se formou pra isso né
02:35numa escola clássica de confeitaria né, que é o Le Cordon Bleu Paris
02:39onde eu não só estudei como pude trabalhar lá, então foi uma experiência maravilhosa
02:44e aí eu pensei, eu quero voltar pra minha casa e ensinar as pessoas a usarem os nossos produtos com as técnicas que eu entendo como são universais
02:52tipo baguete, baguete francês é uma técnica ou croissant que vai ter aqui e vai ter em qualquer lugar do mundo
02:58então como ter via nozéry ou técnicas francesas clássicas na Amazônia urbana
03:04que a gente não pode se desconectar disso em nenhum minuto
03:07que a gente também não, é muito, talvez até conveniente assim pro inglês ver sabe, só trabalhar com produtos regionais agora
03:17quando na verdade a gente acha que também é possível fazer uma coisa de gastronomia universal
03:23eu digo assim, um omelete ou um croissant ou um cake tonká, aquele cake que é feito numa roubagem de chocolate
03:29uma madeleine que é um clássico bolo francês, mas com uma linguagem internacional e com produtos daqui
03:35unir esses dois mundos sabe, e tudo isso feito com muita consciência, afinal de contas nós estamos na Amazônia
03:42então por que eu vou comprar um chocolate que não é daqui ou trabalhar com um produto
03:48algumas coisas a gente não pode abrir mão, que nem a farinha francesa, a manteiga francesa
03:52é um sine qua non, não sai o produto
03:55mas todas as outras coisas a gente consuma de produtores locais
03:59e principalmente de pessoas daqui, feitas por pessoas daqui
04:04então é possível ter croissant folhado na Amazônia
04:08um croissant bicolor que a Dani fez de açaí, que foi maravilhoso
04:14ele fica com duas camadas assim, é bonito, é colorido
04:17e é um clássico francês que eles usam tinta de lula lá
04:21e a gente usou aqui com a tinta do açaí, foi muito bacana
04:24e várias outras coisas, mas não de uma maneira esperada para os turistas
04:30não, uma maneira para as pessoas daqui consumirem
04:33a gente tem como público-aulo aquele cliente que ele tem assim
04:38uma necessidade de consumir consciente, de não consumir ultraprocessado
04:43enlatados ou fast food, que quer saber a qualidade do ingrediente
04:49se aquela empresa é ética, se ela usa plástico na sua composição
04:52se ela tem um lado social envolvido, se ela está pautada no ISG
04:58esse é um público-alvo, é um público consciente que quer comer consciente
05:02e também é um público diurno, é um público que é cosmopolita
05:05porque a gente não pode, eu adoro frisar isso, a questão da Amazônia Urbana
05:09porque assim, a gente tem hábitos urbanos também
05:12então a gente precisa de uma cafeteria, a gente quer tomar um café
05:15quer tomar uma comida um pouco mais rápida
05:19quer ir num bar durante o dia porque os hábitos mudaram
05:22então cada vez está menos noturno
05:25então essa é a grande beleza de ter um lugar tão universal
05:28porque você consegue tomar um drink de manhã ou um lobby de hotel
05:31depois do trabalho, que é uma coisa muito europeia, muito french, muito francês
05:36que é tomar um espumante de manhã ou uma mimosa junto com um croissant e um bom café
05:41e a gente não pode esquecer esses hábitos nossos da Amazônia Urbana
05:45e que eu senti a falta de ter aqui em Belém
05:47onde que eu vou conseguir comer o dia inteiro e tomar um café da manhã à noite?
05:50em nenhum lugar
05:51e onde que eu vou tomar um drink de manhã?
05:53à tarde, no fim da tarde, no pôr do sol?
05:56não, os lugares abrimos de quarto em diante e à noite
05:59então nós que estamos uma outra geração, que vivemos mais o dia
06:03então a gente quer conseguir unir esses dois mundos
06:06de você tomar um drink, naquele mesmo lugar você fazer tudo
06:10tomar um café à noite, enfim
06:12mas também tomar um café descafeinhado, se for o caso
06:15tomar um drink, um lobby de hotel
06:16ter essa atmosfera celebrativa
06:18como se fosse um lobby de hotel que falta ainda aqui nessa cidade
06:22e aí
06:24e aí
06:28e aí
06:29e aí
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