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No Dia Dia Rural desta segunda-feira (29), o jornalista Otávio Céschi Júnior entrevista no Assunto de primeira, a gerente executiva de melhoramento genético CTC, Luciana Castellani.
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Transcrição
00:00Bem, hoje com a gerente executiva de melhoramento genético do CTC, a Luciana Castellani, o CTC,
00:09que é o Centro de Tecnologia Canavieira, para a gente falar um pouquinho do fungo da murcha,
00:15da cana-de-açúcar. Boa tarde.
00:20Boa tarde, Otávio. Boa tarde a todos que estão nos ouvindo.
00:24Obrigado aí por nos atender, Luciana.
00:26Bom, primeiro de tudo, quem é, antes de falar do fungo, quem é essa murcha da cana-de-açúcar?
00:32O que ela faz? O nome diz murcha, mas não sei se murchou ou não.
00:39Explica para a gente como é o estrago que ela faz na cana.
00:44Exatamente. Foi denominada como murcha, porque um dos sintomas que era observado e relatado pelo produtor
00:52era o murchamento do como. Então, quando a cana já estava ali próximo de ser colhida,
00:59era observado que um dos lados do como começava a murchar e formar uma estrutura, uma cavidade,
01:07como se fosse uma cavidade em C e formando o murchamento mesmo ali do como,
01:15impactando significativamente na produtividade.
01:19E ela é coisa antiga já?
01:21Ninguém dava muita importância a ela, porque aparecia aqui e lá e, de repente, começou a aparecer com maior incidência.
01:31Como é que é a história?
01:33Contar um pouquinho da história.
01:35A gente está percorrendo essas descobertas há uns dois anos, muito próximo do produtor,
01:42conhecendo quais são os sintomas, tentando entender.
01:47E a gente tem várias doenças em cana que causam o murchamento do como, vamos dizer assim.
01:54Mas essa sintomatologia era realmente diferente.
01:59Então, não se batia, não conseguia fazer um diagnóstico a olho nu, vamos dizer assim,
02:03de reconhecer um patógeno que pudesse estar causando aquele problema.
02:10Então, a gente entrou aí numa descoberta, aprofundamento técnico e científico
02:17do que realmente, qual era o agente causal dessa doença.
02:22Então, existe aí, Otávio, um postulado de Koch,
02:28que é um protocolo para se fechar com o agente causal de uma determinada doença.
02:32Muito comum na saúde humana e em plantas também.
02:38Então, nós começamos a...
02:40Pode falar.
02:41Não, eu queria te perguntar dos prejuízos dela.
02:45Parece que ela diminui também o tempo de vida do canavial,
02:48fazendo com que você tenha que substituir o canavial mais cedo,
02:51que é um prejuízo danado, né?
02:53A gente, nas nossas visitas técnicas, a gente relatou perdas de produtividade
03:00variando de 30% a 50%.
03:02Porque quando se chega na situação em que se observa esse murchamento do como,
03:09o canavial já está impactado.
03:12E como é que ela...
03:13E outro impacto também que...
03:15Pode falar, outro impacto também...
03:17Outro impacto também que se observa é na qualidade do açúcar.
03:21Porque quando ela ocorre a deterioração do como,
03:26essa...
03:28Quando o como ele é processado,
03:30ocorre a redução do conteúdo de açúcar
03:33e também da qualidade desse açúcar,
03:35causando bastante impactos industriais também.
03:39O teor de açúcar teórico recuperável, né?
03:42Também conhecido como ATR.
03:44Exato, o ATR.
03:45E aí baixa o BRICS, quer dizer, também, né?
03:48Exatamente.
03:52Além de redução do teor de açúcar,
03:55ocorre uma perda na qualidade desse açúcar também.
03:59Havendo uma formação de um açúcar mais escuro
04:02e havendo a necessidade de processos e custos maiores
04:06para clarificação desse açúcar na indústria.
04:09Então, a gente está falando de dois impactos.
04:11Além de produtividade,
04:12a qualidade do que a matéria-prima está entregando.
04:16E aí, esse fungo causador,
04:18que é o Coletotricum SPP.
04:23Coletotricum focatum.
04:25Ah, tá.
04:26É o nome científico dele.
04:28Esse fungo, ele já existia na natureza?
04:30Ele tinha algum predador natural?
04:32Ou ele começou a se multiplicar
04:33por conta da cana-de-açúcar
04:36se transformar numa monocultura?
04:38Porque essas coisas são importantes.
04:40E acredito que no trabalho de pesquisa
04:41vocês investigam isso também.
04:43Exato.
04:46Quando a gente fechou o postulado de Koch
04:49e identificamos o agente causal,
04:50que é o Coletotricum falcato,
04:53pode ter sido surpresa para alguns
04:55e não muito para outros.
04:56Por quê?
04:57Porque o Coletotricum falcato,
04:58ele já existe no Brasil desde 1920.
05:01Então, ele já é um patógeno conhecido.
05:05O que foi desconhecido para nós?
05:08A sintomatologia que ele estava causando,
05:11que era diferente de uma sintomatologia
05:13que já era conhecida.
05:15Então, o que a gente tem mapeado aí,
05:19e até está como nossos próximos passos,
05:21uma vez que a gente já sabe que é ele,
05:23o grande causador da doença,
05:26é a gente entender se a gente tem
05:27uma nova variante genética
05:29que está presente hoje no canavial,
05:34causando esses danos que a gente está observando.
05:38E também a gente entender um pouco
05:40do comportamento dele.
05:42Antes, ele era um patógeno
05:44muito associado a um ataque de broca.
05:48Mas hoje, a gente já tem evidência
05:49da presença desse patógeno sem a broca.
05:52Então, ele mudou o comportamento dele,
05:57ou a planta, fisiologicamente,
05:58ela está diferente
06:00por conta das mudanças climáticas.
06:02Então, tudo isso faz parte
06:04da nossa esfera de conexão
06:08para entendimento desse patógeno.
06:10É, porque você citou bem,
06:12a planta pode ter se modificado
06:14em função de mudanças genéticas
06:18por conta do clima,
06:20mas também, às vezes,
06:21por mudanças de pesquisas,
06:24criando plantas mais resistentes
06:26a algumas coisas ou não.
06:27Esse fungo que já existia,
06:29ele aproveitou uma brecha
06:30porque ele também pode ter mudado
06:32o efeito dele.
06:33Então, quer dizer,
06:34na verdade, se conviveu com essa perda
06:36e com esse fungo
06:37durante todo esse tempo aí,
06:39levando em conta, mais ou menos,
06:41que alguns canaviais
06:42tinham que ser substituídos mais cedos.
06:44Outras produções de cana
06:46acabavam não dando um teor de açúcar,
06:48de brixi,
06:49nem a quantidade desejada de açúcar,
06:52mas era um prejuízo calculado.
06:53Agora já se detectou esse fungo
06:56e agora é possível combatê-lo
06:58melhorando, sob todos os aspectos,
07:00a produtividade e vida do canavial.
07:04Exato.
07:04Eu acho que essa grande descoberta
07:07do CTC e todo o time de professores
07:11e cientistas que participou
07:12dessa descoberta,
07:14abre portas para muitas outras pesquisas.
07:17Além de entender o patógeno,
07:20se está tendo alguma modificação genética
07:22no próprio patógeno,
07:23qual que é o melhor controle
07:25para a gente proporcionar aí
07:28uma solução para o setor
07:30para mitigar o problema enfrentado.
07:32E não só isso, né, Otávio?
07:34A gente tem aí, abre portas também
07:36para a gente debruçar
07:38sobre oportunidades de manejo.
07:41Porque hoje a gente sabe,
07:43a gente enfrenta condições climáticas
07:44muito diferentes do que a gente
07:46enfrentava anteriormente.
07:47E isso tem N oportunidades aí
07:50de trabalhar com o manejo
07:52para deixar as plantas mais, vamos dizer assim,
07:55mais vigorosas
07:56para enfrentar esses fatores diversos,
08:01sendo um deles o próprio coletódrico.
08:03coletódrico.
08:04É, e a gente tem vários exemplos disso aqui,
08:07não vou me lembrar de todos,
08:08mas a própria vassoura de bruxa
08:10no cacau lá na Bahia,
08:13ela decidiu fazer um processo inverso de poda
08:16para combatê-la, né?
08:18A própria uva...
08:20É o manejo.
08:21É o manejo.
08:21A produção de uva de qualidade
08:24em São Paulo para vinho
08:26foi criada a poda inversa também,
08:29para que ela brote e não encontre, né?
08:32A soja, por exemplo,
08:34foi criada o vazio sanitário.
08:36Então, período que, opa,
08:37espera aí,
08:39vai se proliferar exatamente
08:40por conta da umidade.
08:41Não, então para,
08:42nesse período não se planta.
08:44E aí, para a cana também,
08:45pode-se descobrir um manejo,
08:47uma alternativa de manejo
08:48que combata não só esse fungo,
08:49mas também outros, né?
08:51É mais ou menos isso.
08:53Com certeza.
08:54E acho que também a genética, né?
08:57Os programas de melhoramento
08:58estão aí com fonte de variabilidade gigante.
09:02Aqui o CTC,
09:03a gente tem um banco de hemoplasma
09:05com mais de 6 mil acessos.
09:08O nosso caminho agora
09:09é enxergar onde tem essa fonte de resistência
09:12para introduzir rapidamente
09:14no programa de melhoramento.
09:16Os bancos de hemoplasma
09:18servem exatamente para isso.
09:19você preserva material genético
09:22de espécies antigas
09:25e plantas antigas
09:26da mesma variedade, né?
09:28E com o intuito de que,
09:30através do melhoramento genético,
09:31de repente,
09:32se você precisar introduzir
09:33a cana, por exemplo,
09:35tinha baixa produtividade,
09:37mas tinha uma resistência muito grande.
09:39Você aumentou a produtividade,
09:40mas a resistência dela baixou.
09:41Opa, vou buscar lá
09:42no banco de germoplasma
09:44alguma coisa que aumente e melhore,
09:46dentro do DNA da planta,
09:48a sua resistência.
09:50Exato.
09:51E sem a identificação do agente causal,
09:55a gente era um mar de possibilidades.
10:00Então, a gente não conseguia atacar
10:01estratégia nenhuma
10:03que fosse de melhoramento
10:05ou de controle.
10:07Agora, sim.
10:09Agora, a gente sabe
10:10quem é o agente causal.
10:11Então, a gente consegue desenvolver
10:13protocolos de caracterização
10:15do nosso germoplasma.
10:16Porque a gente consegue trazer
10:18um método de inoculação artificial
10:20e ver o quanto a variedade
10:22resiste àquele patógeno.
10:24Pois é.
10:25Temos aí.
10:27Muito bem, Luciana.
10:28Vocês têm um trabalho longo
10:28aí pela frente agora,
10:29mas que, com certeza,
10:31vai abrir portas também
10:32para muitas outras coisas.
10:34Porque, às vezes,
10:35você atira no que você não viu
10:37e acerta...
10:39Não, atira no que viu
10:40e acerta naquilo que não viu.
10:42Também.
10:42A pesquisa trabalha assim.
10:43Exatamente.
10:44A gente tem formado
10:47aqui no CTC,
10:51na verdade,
10:52ele impulsionou
10:53uma iniciativa
10:54que chama Esfera,
10:56que é uma iniciativa
10:58para a gente
10:58conectar
10:59especialistas
11:01ali,
11:01produtores,
11:02os usineiros,
11:05professores,
11:07tudo o que tiver
11:07de competência técnica
11:09para solucionar
11:11os desafios diversos
11:12do setor.
11:13a Murcha é um deles,
11:15mas tem outros diversos.
11:17Então, acho que com essa iniciativa
11:18de tanto sediar
11:20quanto debater temas
11:22de desafios diversos
11:23do Esfera
11:24é uma grande...
11:28traz para a gente
11:30uma visibilidade
11:31muito grande
11:32do que está acontecendo
11:33e direcionar esforços,
11:35vamos dizer assim,
11:36para debater aquilo
11:37que é realmente necessário
11:39para a gente
11:40trazer essa sustentabilidade
11:42para o setor.
11:43Ok, Luciana,
11:44agradeço a sua participação,
11:45obrigado pelas informações
11:46e deixa o endereço
11:47de internet
11:48para quem quiser saber mais
11:49sobre o nosso assunto
11:50tratado aqui.
11:53Obrigada, Otávio,
11:54obrigada a todos.
11:55E ali está,
11:55www.ctc.com.br.
11:59Muito obrigado.
12:00Até a próxima.
12:02Obrigada.
12:02Manda novidades
12:04do andamento
12:05da pesquisa
12:05que a gente traz
12:07para os nossos telespectadores.
12:08Tá bom?
12:09Tchau.
12:10Pode deixar
12:10que será o maior prazer.
12:12Tchau, tchau.

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