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O documentário explora os grandes desafios associados à gestão de embalagens, pilhas e equipamentos elétricos usados, os três principais tipos de resíduos produzidos pelas famílias.
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ConhecimentosTranscrição
00:00O que é a quantidade de resíduos urbanos produzidos na União Europeia?
00:14Todos os anos, a quantidade de resíduos urbanos produzidos na União Europeia
00:18ultrapassa os 500 milhões de toneladas.
00:21É o equivalente a 10 vezes a muralha da China.
00:25Neste número, estão incluídas as embalagens, mas também as pilhas e equipamentos elétricos.
00:31Menos de metade é reciclada.
00:34O que estamos a fazer de errado?
00:36Qual o nosso papel na reciclagem e no destino certo a dar aos resíduos?
00:40As previsões estimam que a Europa atinja os 74 milhões de toneladas de lixo eletrónico em 2030.
00:47Se o número de equipamentos elétricos e eletrónicos é alarmante,
00:50o que dizer sobre os 84.3 milhões de toneladas de resíduos de embalagens
00:54produzidos na União Europeia em 2021?
00:59Corresponde a 189 quilos por pessoa.
01:03Cerca de um terço é usado apenas uma vez.
01:06Diariamente despeja-se nos oceanos, rios e lagos
01:10uma quantidade de plástico equivalente à carga de mais de 2 mil caminhões de lixo.
01:15Em Portugal, nós produzimos em nossas casas 5 milhões de toneladas
01:20todos os anos de resíduos urbanos.
01:23Destes 5 milhões, enterramos 3.
01:28Reciclamos 1.
01:30E valorizamos energeticamente outro 1 milhão de toneladas.
01:33Quantos equipamentos elétricos ou eletrónicos têm em casa?
01:43Telemóveis antigos, computadores avariados, cabos, uma balança eletrónica, uma impressora.
01:49Em cada casa europeia existem, em média, 74 pequenos equipamentos elétricos.
01:54Destes, 13 estão fora de uso, embora a maioria continue a funcionar.
01:58Esse apego acaba por ser muito ligado a pequenos aparelhos que nós conseguimos ter em casa.
02:04Portanto, é um apego que tem aqui...
02:06Não temos um apego para um frigorífico, uma máquina de lavar.
02:08Mas somos capazes de ter apego para um telemóvel, para um iPad que fica na gaveta.
02:12Esse apego tem uma relação direta com o tamanho e a inconveniência da gestão do espaço da nossa casa.
02:19Portanto, coisas que nós conseguimos colocar em gaveta
02:21ou conseguimos pôr lá naquele cantinho da arrecadação, se calhar ficam.
02:24Objetos mais volumosos, se calhar vão.
02:30Nós conduzimos um inquérito europeu, onde participámos,
02:33para tentarmos inquirir as razões da acumulação de alguns produtos em fim de vida.
02:38E o curioso é que das primeiras razões era a percepção de valor.
02:41As pessoas têm a percepção de valor, então, em alguma eletrónica de consumo,
02:46de um iPad, de um telemóvel, têm a percepção que há valor.
02:49Uma segunda razão é que têm a ideia que um dia vão arranjar e vão reparar,
02:55mesmo sabendo que não fizeram isso no produto anterior e que mandaram para o lixo.
02:59Mas têm essa percepção de valor e têm essa percepção que existe a oportunidade
03:03de reparar o produto e voltar a utilizar.
03:07Típica expressão, nunca sei quando vou precisar.
03:09Os telemóveis são o equipamento mais acumulado em casa.
03:13Os acessórios de informática, como teclados ou câmaras, estão em segundo lugar,
03:18seguidos por pequenos eletrodomésticos, como ferros de engomar, relógios ou pilhas.
03:22O que leva os consumidores portugueses a guardar os equipamentos elétricos,
03:26mesmo quando já não são usados.
03:28Guardar em casa ou deitar para o caixote do lixo dos resíduos indiferenciados,
03:34nem uma nem outra solução são as mais indicadas e as corretas.
03:38Porque estes equipamentos têm materiais, plásticos, metais,
03:44às vezes metais raros e metais preciosos,
03:48que ou guardamos em casa ou colocamos dos indiferenciados,
03:52não vão ficar disponíveis para a economia para fazer novos produtos com base naquilo.
03:57Portanto, guardar em casa é estar a aprisionar os materiais.
04:01Colocar-nos indiferenciados normalmente vai parar ou a terra e fica lá também, para sempre.
04:06Na acumulação de pequenos equipamentos elétricos em casa, as pilhas são um caso especial devido à sua pequena dimensão.
04:13Num estudo feito pela professora Graça Martinho, concluiu-se que cada família tem cerca de 80 pilhas em casa.
04:19Umas estão novas, para quando for preciso, outras estão nos equipamentos.
04:23E há muita gente que tem lá uma caixinha com pilhas usadas, vai acumulando, acumulando,
04:28e não sabe o que há de fazer ou nunca pensou onde levar aquilo.
04:32Pronto.
04:33Acumular pilhas em casa ou colocá-las no indiferenciado também é mau.
04:38Por exemplo, as pilhas AA, que toda a gente tem, não é?
04:41Temos isto nos comandos da televisão, em todo o sítio.
04:45Consoante o sistema químico e também o tipíase, isto pode ter mercúleo, chumbo, carne.
04:52São metais perigosos que fazem, não só mal ao ambiente, mas são muito perigosos para a saúde, não é?
04:58Podem ter consequências para os outros rins, fígado, sistema nervoso central, etc.
05:04Portanto, se abandonamos isto, é mau, porque isto vai se degradar e vão sair estes químicos perigosos, não é?
05:11E vão contaminar o ambiente e tudo está ligado.
05:14Se o ambiente está contaminado, isto vai pôr erros com o nosso assunto.
05:17Nós comemos as plantas, os animais, bebemos a água e, portanto,
05:21qualquer poluente que vá para o ambiente vai disparar mais cedo ou mais tarde
05:24e, portanto, tem consequências para a saúde.
05:26O apego e a acumulação não são os únicos problemas na cadeia de valor dos resíduos.
05:39As estimativas do Eletrão sobre o destino dado aos equipamentos elétricos em Portugal
05:43indicam que, de um total de 147 mil toneladas de equipamentos elétricos usados,
05:48100 mil têm como destino o mercado paralelo.
05:51Infelizmente, um dos problemas na recolha e no tratamento dos resíduos,
05:58sobretudo nos equipamentos elétricos e eletrónicos,
06:02é eu, enquanto consumidora, coloco no ponto de recolha um pequeno aparelho
06:07e, muitas vezes, ele não chega ao destino devido.
06:11E porquê?
06:12Porque, como esses aparelhos têm matérias nobres,
06:16e isso é um apelativo para que também haja um grande desvio destes produtos em fim de vida
06:23para que lhes seja retirada essa parte valiosa que lá têm dentro.
06:28Mas isso não pode ser, porque depois são abandonadas as carcaças na natureza,
06:33o que é péssimo,
06:35e esta campanha em que nós participámos também a convite da Eletrão,
06:39em 2021, foi muito interessante.
06:43O projeto E-Follow foi um projeto que a Eletrão conduziu,
06:51muito preocupado com o destino dos equipamentos elétricos usados,
06:56que eram descartados e que não eram colocados na nossa rede de recolha.
07:00E, portanto, o que nós fizemos foi,
07:02à procura desses equipamentos elétricos usados,
07:05colocando GPS em máquinas de lavar, frigoríficos,
07:08grandes aparelhos, para ser difícil a sua detecção,
07:11solicitar os serviços municipais de recolha,
07:14qualquer um de nós pode utilizar esses serviços
07:15para recolher um monstro de nossa casa,
07:17um grande volume,
07:18em particular máquinas de lavar, máquinas de secar, frigoríficos,
07:22e depois rastrear, acompanhar eletronicamente,
07:24o destino desses equipamentos elétricos e eletrónicos.
07:27E, para espanto de todos, ou não,
07:29porque as quantidades não estavam na nossa rede de recolha,
07:31três em cada quatro aparelhos,
07:33no canal municipal, eram desviados.
07:35E o Eletrón veio a público declarar esta situação.
07:38Portanto, estava bastante bem mapeado,
07:40e este projeto ajudou-nos a mapear,
07:42os destinos ilegais, os destinos de mercado paralelo,
07:45destes equipamentos elétricos e eletrónicos usados.
07:54O mercado paralelo recolhe e processa equipamentos elétricos usados.
08:00Só não o faz, do ponto de vista ambiental, de forma correta.
08:05E, portanto, os países aqui têm uma diversidade de reporte dos números da reciclagem.
08:12Portugal é muitíssimo rigoroso nos números que reporta ao Eurostat,
08:15e que depois acabam por ser os números europeus de todos os países,
08:19e onde saímos numa comparação muito mal,
08:22porque nós reportamos apenas e só apenas
08:24todos os equipamentos elétricos usados,
08:26que são reciclados nos canais formais
08:29e devidamente tratados.
08:31Não reportamos mais qualquer quantidade
08:33que seja processada no mercado português.
08:36Não é assim em todos os países.
08:37Portanto, vários países reportam
08:40a recolha de elétricos e o tratamento e o processamento,
08:44não importando o rigor ambiental
08:46relativamente a estes processos.
08:48E, portanto, temos comparações muitíssimo diversas.
08:50Aliás, é fácil percebermos que,
08:52nessa tabela do Eurostat, que veio a público,
08:54Portugal estava no grupo de trás,
08:56e a Bulgária estava no grupo da frente.
08:58Nós sabemos que não somos o pior aluno,
09:01e também sabemos que a Bulgária não é garantidamente o melhor aluno.
09:03Portanto, isso mostra, diria, a fragilidade da estatística
09:07nestas matérias de recolha e reciclagem,
09:09e que temos vindo a lutar para que sejam afinadas
09:11e que reportem ou que retratem a realidade europeia
09:13de uma forma mais honesta, por assim dizer.
09:16O mercado paralelo é um dos grandes problemas
09:18que bloqueiam a circulação de materiais reutilizáveis.
09:22Uma das formas de evitar o desvio é a fiscalização.
09:25O mercado paralelo é um desafio grande,
09:28não só em Portugal.
09:29Por toda a Europa ele existe,
09:31mas ele assenta em vários fatores que convém explicar.
09:33Por um lado, naquele que eu diria que é o mercado paralelo
09:36de primeira ordem, que é cabos antigos de televisão,
09:41algumas torradeiras, mas carregadores,
09:44que temos em nossa casa durante anos
09:46e que temos que devolver aos sistemas de recolha e de tratamento.
09:51Nesse sentido, estamos a trabalhar com empresas de correios,
09:55de entregas a domicílio,
09:57no sentido de ver se podemos montar programas
09:59da chamada logística reversa,
10:00em que, quando entregam correio,
10:02podem receber, podem recolher esses mesmos materiais.
10:06Depois há uma dimensão importante do mercado,
10:07paralelo que tem a ver com o facto
10:09de que os materiais que compõem frigoríficos,
10:13que compõem torradeiras,
10:15que compõem outro tipo de equipamentos elétricos e eletrónicos,
10:18têm valor econômico.
10:20A questão é exatamente a de assegurar
10:22que os diferentes locais de recolha de resíduos,
10:25incluindo os sucateiros, têm a licença para o fazer
10:29e essa licença pressupõe métodos de tratamento
10:32de separação adequados.
10:33Por outro lado, também é muito importante assegurar
10:36que os materiais que circulam de um lado para o outro
10:40o fazem com guias eletrónicas
10:43que permitem essa mesma registralidade.
10:46Mas isso não obvia, obviamente, o dito mercado paralelo
10:49que circula sem guias, naturalmente.
10:51E, portanto, temos que fazer mais trabalho ao nível da fiscalização.
10:54É uma terceira componente que muitas vezes se atribui ao mercado paralelo,
10:58mas que não é mercado paralelo
10:59e que contribui para esta noção de que há muito material fora do circuito oficial.
11:05E tem a ver com a importação de produtos elétricos e eletrónicos,
11:10um bocadinho por todo mundo, e pelo comércio eletrónico.
11:12É uma frente também importante que é assegurar,
11:15como acontece com tantos outros produtos que hoje em dia compramos online,
11:19assegurar que esses produtos estão devidamente integrados
11:21nos sistemas fiscais, nos sistemas de rastreamento
11:23e também estamos a trabalhar nesse sentido.
11:25Os equipamentos elétricos e eletrónicos
11:28dividem-se entre os que têm elementos perigosos e os que não têm.
11:32Muitos dos componentes que provocam graves impactos negativos
11:35para a saúde pública e ambiente
11:37passam facilmente despercebidos ao cidadão comum.
11:41É o caso dos gases prejudiciais à camada de ozono
11:44que estavam presentes nos grandes eletrodomésticos de refrigeração
11:47e foram substituídos pelos gases florados que são igualmente nocivos.
11:52Não fazem mal a camada do ozono, mas tem outro problema.
11:55É que tem um grande potencial de aquecimento global.
11:58Ou seja, fazem parte dos chamados gases de efeito estufa.
12:02Chegam a ser, alguns, 2.300 vezes mais perigosos
12:09para as alterações climáticas do CO2, que toda a gente fala.
12:13E, portanto, o que é que acontece?
12:14Quando colocamos, por exemplo, um frigorífico na rua,
12:17muitas vezes as pessoas, para recuperarem algum material valioso
12:22que o frigorífico tem, nomeadamente o cobre dos motores,
12:26arrancam aquilo de qualquer maneira.
12:28Ao arrancar aquilo de qualquer maneira,
12:29os gases florados vão para a atmosfera.
12:32E isto é terrível para as alterações climáticas.
12:35Para além disso, depois chega ao reciclador
12:39um equipamento que já não tem tanto interesse
12:43em termos de valor económico.
12:45Porque, por exemplo, recuperar o plástico não tem grande valor.
12:48Mas plástico e os metais preciosos, isto já equilibra,
12:51já é interessante para o reciclador.
12:54A recuperação destes materiais
12:56deve ser feita em unidades de tratamento especializadas.
12:59Infelizmente, Portugal tem ainda uma taxa de recolha de frigoríficos muito baixa.
13:02Andará a rondar os 30%, na melhor das hipóteses.
13:05E muitos desses frigoríficos, quando são recolhidos,
13:07já não vêm como uma parte das suas componentes.
13:09Principalmente o motor, que também tem uma parte do gás refrigerante.
13:12O que acontece é que, quando o frigorífico é mal gerido,
13:15por exemplo, se é recolhido e vai para um sucateiro,
13:17o sucateiro ilegal, vamos falar de empresas ilegais,
13:20retira a parte metálica, o motor, a chapa metálica,
13:23e tudo o que é espuma, que tem o gás também,
13:26acaba, muitas vezes, por deixar em zonas de ambiente.
13:28Em bosques, zonas como esta, muitas vezes bonitas,
13:30que ficam estragadas por essa componente de poluição.
13:33E para além do aspecto estético e paisagístico
13:35da espuma espalhada aí na natureza,
13:38há um aspecto muito mais grave,
13:39que é o próprio gás que está na espuma,
13:41que acaba por ser libertado para a atmosfera.
13:42Qual é, então, o caminho certo para os equipamentos elétricos e eletrónicos
13:52e o que lhes acontece neste processo?
13:54O processo de tratamento e reciclagem dos equipamentos elétricos e das pilhas
13:59tem início, precisamente, a partir do ponto em que cada um de nós,
14:04cada cidadão, coloca nos nossos locais de recolha,
14:08nos pontos de eletrão, os seus resíduos.
14:10A partir do momento em que estes resíduos estão nestes locais,
14:15nós temos depois toda uma rede que funciona
14:17no sentido de recolher os equipamentos
14:21e de os encaminhar para aquilo que nós chamamos
14:24por centros de recepção e tratamento.
14:27Então, e o que é que acontece nestes centros de recepção e tratamento?
14:30Em primeira análise, é feita logo uma triagem
14:34por tipo de equipamento elétrico e por tipo de pilha.
14:38E isto é feito com base nas características comuns de cada um destes resíduos.
14:44Mas a preocupação de base é sempre a mesma.
14:48Primeiro que tudo, remover as substâncias perigosas
14:51de uma forma totalmente segura para o ambiente e para a saúde humana,
14:56em primeiro lugar.
14:57Depois, remover componentes que estão presentes em menor quantidade
15:01e que pelo seu tamanho precisam de ser removidos com processos especiais
15:07para garantir que eles depois podem ser reciclados.
15:10E depois, no final, obter as frações de materiais
15:13que estão presentes a maior quantidade.
15:15E aqui podemos falar de metais, de plástico, de vidro.
15:19E que, depois de estarem, obviamente, aqui agrupadas na sua origem,
15:25podem então ser enviadas para unidades de reciclagem.
15:28A Veolia recebe, recolhe, todas as tipologias de resíduos elétricos e eletrónicos que existem.
15:35Depois, temos que os separar entre perigosos e não perigosos.
15:38Os que são perigosos são enviados para unidades e para instalações
15:42dedicadas e com condições para desmantelar esse tipo de resíduos,
15:46exatamente para evitar a contaminação do ambiente, com gases e líquidos que têm na sua constituição.
15:52Todos os outros que são não perigosos, nós desmantelamos aqui na nossa unidade.
15:57Temos toda a área dos computadores em que desmantelamos e desmontamos
16:01de maneira a conseguir separar todos os constituintes
16:04e enviamos para reciclagem cada um dos constituintes dos computadores.
16:08Nos outros resíduos, que são os chamados pequenos eletrodomésticos,
16:12fazemos uma primeira triagem, onde separamos os cabos,
16:16onde separamos alguns componentes que são fáceis de retirar enquanto os equipamentos estão inteiros.
16:22Depois, a seguir, trituramos e depois de triturados, então,
16:25separamos o plástico, o alumínio, o cobre, várias tipologias de metais
16:29para enviar para reciclagem todos os componentes dos resíduos elétricos e eletrónicos.
16:34Naturalmente, quando nós temos unidades instaladas em Portugal para fazer o processamento,
16:41o desmantelamento e o encaminhamento para reciclagem com segurança e com proteção do ambiente,
16:48nesta tipologia de equipamentos, qualquer atuação do mercado paralelo significa que não vai cumprir
16:54com esses requisitos que são exigentes e, portanto, o que existe principalmente de impacto
17:00é o risco de contaminação ambiental, porque os equipamentos não vão ser devidamente processados.
17:07Com a recolha ou com a entrega, surge toda uma cadeia de valor reversa.
17:11Nós estamos habituados às cadeias de valor, às tradicionais supply chains,
17:15de fabricação, de construção de produtos.
17:17Depois nós, no eletrón, o que fazemos é a gestão da cadeia de valor reversa.
17:21Portanto, é desmanchar os produtos, decompondo nos seus materiais e reciclando e garantindo
17:27que estes materiais são novamente introduzidos em novas cadeias de valor.
17:31Como é que o fazemos?
17:32Primeiro, temos estas grandes tipologias de recolha, materiais de iluminação,
17:36pequenos aparelhos, pilhas e baterias, grandes aparelhos, frigoríficos, televisores.
17:41Portanto, temos aqui uma tipificação de toda a parafernália dos elétricos usados
17:45que nós sabemos que temos lá em casa.
17:48E cada uma destas tipologias de equipamentos elétricos tem unidades específicas
17:53para onde nós encaminhamos para garantir o adequado tratamento e reciclagem dos materiais.
17:58Eu sei que é um esforço para o cidadão, mas separar essa pequena eletrónica,
18:04procurar um ponto de recolha num qualquer site de internet,
18:07muitas vezes não é à porta de casa, é numa loja próxima, é num bombeiro, é numa escola,
18:12deslocar-se lá e entregar essa pequena eletrónica.
18:14Nos grandes equipamentos, como dizia, o consumidor, no limite, preferencialmente
18:20deve usar estes dois canais, ou dos municípios, ou do distribuidor,
18:24e isolar e fazer força para que eles façam esta recolha
18:28e efetivamente levem, na cota parte de responsabilidade que têm nesta intervenção,
18:32que levem a bom porto estes equipamentos elétricos e eletrónicos usados.
18:41Depositar os antigos equipamentos elétricos e eletrónicos pode ser mais fácil do que parece.
18:46Além disso, pode ser também uma forma de ajudar instituições,
18:50como é o caso dos bombeiros de Agualva-Cacém.
18:52Cada tonelada entrega ao eletrão é convertida em apoio para o quartel.
18:57Nas imagens, vemos resíduos que foram depositados em apenas um dia.
19:00Pensamos nós que, independentemente da questão solidária para connosco, bombeiros,
19:07temos que reconhecer, acho que todos nós reconhecemos, cidadãos,
19:10que a população está cada vez mais conscienciosa,
19:12em termos daquilo que é a necessidade de um ambiente mais sustentável, mais protegido.
19:17Por outro lado, como disse, a nossa vocação polivalente,
19:22procuramos ter também a nossa responsabilidade social,
19:24que é transversal a muitas áreas, nomeadamente esta.
19:29Os bombeiros cada vez mais têm responsabilidades também na preservação do ambiente
19:32e, portanto, entendemos que se enquadrava perfeitamente a nossa participação neste âmbito.
19:38Para além disso, há uma mais-valia que resulta da nossa participação,
19:44nós e as outras associações de bombeiros, que não podemos deixar também de reconhecer,
19:47que são os apoios que advêm da nossa participação.
19:50Portanto, as associações são compensadas pelo facto de engarearem determinadas quantidades de artigos
19:58e depois também são permeadas com equipamentos que são extremamente importantes
20:04para o exercício da nossa missão, nomeadamente no plano da proteção individual dos nossos bombeiros.
20:10Se nós sabemos que três em cada quatro frigoríficos são desviados no canal municipal,
20:15se sabemos que são os municípios que interagem com o cidadão
20:18e que recolhem os frigoríficos de sua casa,
20:19nós temos que chamar os municípios à sua responsabilidade direta
20:23para garantir que estes circuitos de recolha são estancos
20:26e que não estão a alimentar mercados paralelos que não tratam os resíduos convenientemente.
20:31Este é apenas um exemplo.
20:32Na distribuição seria outro exemplo, nos operadores de gestão de resíduos seria outro exemplo.
20:36Neste plano, é um desafio a uma participação,
20:39é o princípio que nós chamamos de all actors,
20:41portanto, todos os atores assumirem a sua responsabilidade,
20:44a sua cota-parte de responsabilidade na gestão desta cadeia de valor
20:48de levar os elétricos usados de nossas casas até à reciclagem e ao tratamento.
20:53Na procura de soluções para encontrar formas de sensibilizar os cidadãos,
20:57há quem defenda que tem de haver uma forma de recompensar quem cumpre as regras.
21:02Se há perceção de valor, talvez a forma mais inteligente de convencer as pessoas
21:06é alinhar essa perceção de valor com a atribuição de um pequeno incentivo económico,
21:10mais simbólico que seja.
21:10Nós defendemos que o dinheiro vai mesmo para o consumidor,
21:13porque o modelo económico é que vai permitir que as pessoas participem
21:17mais efetivamente na separação dos resíduos,
21:19quer para os frigoríficos, quer para muitos outros resíduos.
21:21As entidades gestoras gastam milhões de euros a pagar à distribuição
21:25por fazer uma coisa que é a obrigação da distribuição.
21:27Para nós era importante que alguma dessa verba fosse encaminhada
21:30para dar esse incentivo ao cidadão, para ele participar na separação
21:34e garantir e assinar um documento que, de facto, o frigorífico velho
21:37vai para o destino final e nós, dessa forma, prevenimos a limitação desse gás
21:41para a atmosfera que tanto tem destruído o nosso planeta.
21:45Em termos de legislação, Portugal é um dos países que contribui
21:49para a estruturação de regras para produtores e consumidores
21:52dentro do espaço europeu, através dos sistemas de responsabilidade alargada do produtor.
21:57Uma das novas obrigações ditará que a concepção e design de produtos
22:01deve ter em conta o seu fim de vida e a reutilização dos materiais.
22:05Vivemos atualmente no mundo presente em que nós precisamos para produzir
22:12e para o nosso modo de vida, para produzir produtos, retiramos matérias-primas do planeta
22:19e estamos a criar verdadeiros buracos no planeta.
22:22E isso é que é mau, ou seja, é mau para a nossa geração
22:26e é muito pior ainda para as gerações futuras.
22:29A Europa quer tornar-se pioneira na maneira de fazer melhor
22:35e de criar uma circularidade nessas matérias-primas
22:39e tornar matérias-primas que já foram usadas em algum produto
22:43torná-las matérias-primas para dar origem a novos produtos.
22:48E é aí que a Direção-Geral das Atividades Económicas se insere.
22:53Porquê? Nós participamos ao nível de Portugal, somos nós aqui na Direção-Geral,
22:59são os nossos colegas, temos aqui uma equipa que trabalha nesse sentido,
23:04participamos e representamos Portugal nas negociações de propostas legislativas
23:11e iniciativas que não são legislativas, mas que ainda assim são de cooperação,
23:15com outros Estados-membros da União Europeia, para que depois se defina exatamente
23:20a política pública que vai ser aplicada em todo o espaço da União Europeia.
23:26A própria Estratégia de Crescimento da Europa, que é o Pacto Ecológico Europeu,
23:32o Pacto Ecológico Europeu surgiu agora mais recentemente, em 2019,
23:37em que ele próprio consagra que a Estratégia de Crescimento da Europa
23:42passa a ser verde e digital, ou seja, passa a ser com enfoque na ecologia,
23:48no desenvolvimento sustentável, na economia circular, na tal economia de usar várias vezes,
23:55e também no digital, para não se esgotar recursos.
23:59Em 2022, foi apresentada uma proposta de regulamento para que na União Europeia
24:05os produtores passassem a pensar no desenho dos seus produtos
24:10e como é que eles, no fim de vida, podem ser desmantelados e as peças separadas,
24:16para que depois possam fornecer novos produtos a seguir.
24:20E isto vai tornar-se uma obrigação, não apenas para os equipamentos elétricos e eletrónicos,
24:26mas também quase para todos os produtos.
24:29Cerca de 20% dos resíduos nas nossas casas são embalagens de plástico.
24:37Fazem parte das nossas vidas desde há décadas,
24:40assim como o papel, o cartão, o vidro e o alumínio.
24:44Com a sua versatilidade, o plástico tornou-se tão abundante
24:47que hoje em dia é uma das grandes preocupações para o ambiente e saúde pública.
24:51Encontra-se em todo o lado,
24:53mas apenas cerca de 25% dos resíduos de plástico produzidos na União Europeia
24:57são reciclados.
24:59Ainda há um longo caminho a percorrer.
25:02A União Europeia estabeleceu uma meta de reciclagem de 65%
25:06para os resíduos de embalagens.
25:09Portugal tem um desafio grande em matéria de embalagens.
25:12Fizemos muito nos últimos 15, 20 anos.
25:14Isso ninguém tem dúvidas.
25:15As pessoas hoje habituaram-se já em colocar nos ecopontos
25:20o papel, cartão, o plástico e o vidro.
25:23Em alguns locais até temos, como sabemos, embora não muitos,
25:27recolhas de pilhas.
25:28E o que isto quer dizer é que temos que continuar este caminho
25:32da chamada recolha seletiva.
25:34Temos que aumentar substancialmente a recolha seletiva.
25:37Nesse sentido, há uma grande, grande, grande prioridade.
25:40Tem a ver com voltar, o termo é este,
25:44voltar a separar os resíduos orgânicos, os biorresíduos, em nossa casa.
25:48Os nossos avós faziam-no.
25:49Toda a gente se recorda de, às vezes, ter ali até um taparware
25:53para recolher cascas de banana, de cenoura, de cebola.
25:58Temos que voltar a fazê-lo.
25:59Porque se nós separarmos os biorresíduos em nossa casa,
26:03o que vai acontecer é que os outros materiais
26:05estão menos contaminados com resíduos orgânicos
26:08e podem, dessa forma, ser mais facilmente reciclados.
26:12O processo de reciclagem em Portugal começou, como sabemos,
26:16na viragem dos anos 90 para os anos 2000, com a instalação dos ecopontos.
26:21E isso foi muito importante.
26:22Ao mesmo tempo, foi a época do encerramento das 340 lixeiras a céu aberto
26:28que havia em Portugal.
26:30E o que é que aconteceu na altura para haver, realmente, um boom,
26:34como aconteceu nessa fase em que as pessoas responderam
26:39à chamada de colocar os resíduos nos ecopontos.
26:43Foi, por um lado, essa distribuição dos ecopontos
26:47perto das residências das pessoas
26:49e, depois, muito importante, foi o processo educativo.
26:54Apesar da evolução em termos de recolha das embalagens
26:57e localização de ecopontos,
26:59a afluência não é esperada nos últimos anos.
27:02Uma das razões é a falta de confiança nos sistemas de gestão de embalagens
27:06e no destino dos resíduos colocados nos ecopontos.
27:09O serviço é muito complexo, é caro, é muito oneroso para as autarquias
27:14e, além disso, era muito importante as pessoas saberem
27:17que, ao fazerem aquele ato de separação,
27:20estão a beneficiar a sociedade, estão a contribuir para o bem comum,
27:24estão a criar empregos.
27:26Há muitos empregos que se criam através, depois,
27:29das indústrias e novas fábricas de reciclagem,
27:32de reaproveitamento, etc., que se faz.
27:33Portanto, é preciso é começar.
27:36Temos que ir buscar os não separadores.
27:38E para isso são estas questões todas que eu disse,
27:40a conveniência, o ecoponto, os mediadores, a informação porta-a-porta.
27:44Um grande empenho por parte das juntas de freguesia
27:47nesta nova, como se fosse uma nova campanha,
27:51uma campanha muito aberta e muito direta às pessoas,
27:55mas também com a manutenção dos espaços limpos.
27:58O impacto negativo de não fazer a separação vai obrigar a criar mais aterros,
28:03ou seja, muito mais gasto público.
28:06Os aterros estão quase cheios, portanto, os aterros que existem.
28:09O que é que aconteceu em Portugal?
28:10Quando se encerraram as lixeiras no final, a última foi em 2001,
28:14foi encerrada a última lixeira a céu aberto,
28:17com aquelas escorrências tremendas que iam para os rios, para os solos, etc.,
28:21fizeram-se aterros de resíduos sólidos.
28:23Portanto, e esses aterros, que fizeram-se em várias zonas do país,
28:27têm um limite, não é?
28:29Têm um limite e já estão quase a chegar ao limite.
28:33Em Portugal, mais de metade dos resíduos urbanos que produzimos ainda é enterrada.
28:39Um problema quando a União Europeia exige que até 2035
28:43apenas 10% destes resíduos sejam enviados para aterro
28:47e quando estamos perante uma situação de emergência nacional,
28:51com o esgotamento do espaço no solo para colocar os resíduos.
28:57A solução para obter melhores resultados
29:02passa em grande parte pelos organismos oficiais de cada região.
29:06Em Portugal, um dos municípios com maior preocupação
29:09na recolha de equipamentos elétricos e embalagens tem sido Cascais.
29:13A estratégia da Cascais Ambiente e, consequentemente,
29:16da Câmara Municipal de Cascais,
29:17tem sido, acima de tudo, de uma grande aproximação aos cidadãos.
29:22Que achamos que sem o envolvimento dos cidadãos nada é possível
29:27no âmbito da economia circular.
29:29É preciso, de facto, que o setor autárquico, as autarquias, as freguesias
29:33possam investir não só na proximidade, que é algo que não se vê, que não se mede,
29:38mas aquilo que é mais fácil e que se mede, que é, de facto, investir em equipamentos,
29:42em infraestruturas e, acima de tudo, em qualidade de serviço.
29:45Porque também, se sensibilizarmos as pessoas, mas depois, se não estivermos ao lado delas
29:50e se não nos solucionarmos os problemas e se não tivermos uma qualidade de serviço
29:54ao nível daquilo que nós vendemos como autarquias,
29:58de facto, depois há algo que não casa e as pessoas acabam também por se afastarem.
30:03Na Europa, o exemplo do sistema de retorno tem funcionado de forma muito positiva.
30:09Apesar de ser apenas para embalagens de bebidas,
30:11que em Portugal representam 14% do total de resíduos de embalagens,
30:16tem sido uma mais-valia no processo de recolha.
30:19O que fizemos foi a criação de um sistema de depósito de retorno em Cascais,
30:25com 15 máquinas, numa altura em que pouco ou nada se sabia em Portugal do que era sistema.
30:30Usámos um sistema de gamificação, ainda assim tivemos mais de 100 mil utilizadores
30:35no espaço de um ano e mais de um milhão de embalagens recicladas.
30:38Portanto, mais uma vez, provámos que é preciso termos a tecnologia ao serviço das populações,
30:43mas acima de tudo também a acessibilidade dessa tecnologia às pessoas ou dessas soluções às pessoas.
30:49Interessa também saber o que acontece aos resíduos depois de recolhidos pelos sistemas municipais.
30:55Vamos começar por desfazer o primeiro mito, aquele que deixa muitos cidadãos desmotivados.
31:01Não haja dúvidas que se as pessoas se param em casa,
31:04nós não temos vantagem nenhuma em misturar aquilo que o cidadão já se parou em casa.
31:08Portanto, nada é misturado depois.
31:11O que há é uma separação mais fina, mais detalhada.
31:14O que nós fazemos é uma separação por tipo de material nos nossos centros de triagem.
31:19O que pode acontecer, e já aconteceu,
31:22é pessoas repararem que um mesmo caminhão leva dois tipos de material,
31:26por exemplo, plástico e papel, no mesmo caminhão.
31:30Isso é verdade, mas não é verdade que lá dentro esteja misturado.
31:33Dentro do caminhão há separação também.
31:37O contentor é colocado mais à esquerda ou mais à direita,
31:41ou se é colocado por cima também mais à esquerda ou mais à direita.
31:45E lá dentro existe a separação.
31:47Se porventura vir a um caminhão levar tudo no mesmo sítio e colocado no mesmo local,
31:53é porque a mistura já estava feita dentro do ecoponto.
31:57E qual é o percurso desde que separamos os resíduos em casa?
32:01As pessoas em casa separam ou reciclam, como nós gostamos de dizer,
32:04com várias cores.
32:06Portanto, no amarelo para as embalagens de plástico, metal e pacote distribuída,
32:10no azul para o papel e cartão, e no verde para as embalagens de vidro.
32:13Quando colocam no ecoponto, seja ele de rua ou de porta a porta,
32:17é indiferente, as cores são sempre as mesmas,
32:19há um circuito de recolha que vai buscar esse material
32:22e que encaminha para um centro de triagem, como este onde estamos hoje.
32:25O que nós vamos fazer é encaminhar esse material a uma linha de triagem
32:29que vai separar melhor aquilo que o cidadão separou em casa.
32:33O que para o cidadão é plástico, para nós são tipos de plástico.
32:37PET, PVC, PAED, vários tipos de plástico.
32:40E vamos separar isto por tipologia de material,
32:43com vários equipamentos, separadores ópticos, balísticos,
32:47todo um conjunto de tapetes e tecnologias, mas também com pessoas.
32:52Porque infelizmente a máquina, apesar de muito eficiente,
32:54ainda precisamos de equipas que façam uma separação no final da máquina,
32:59do trabalho que a máquina faz.
33:01Tudo separado, é embalado e é enviado para a indústria recicladora.
33:05Cada reciclador, por tipo de material, recebem os seus fardos,
33:09procedem à lavagem, à descontaminação e então aí sim há um processo de fabricação.
33:15Isso não acontece aqui no centro de triagem, acontece já depois no reciclador,
33:19que vai pegar nestas matérias-primas e vai então transformá-las em novos objetos.
33:24É isto que nós chamamos de uma economia circular.
33:27Portanto, o material não é um resíduo, é um recurso, é uma matéria-prima.
33:31Deixamos de utilizar matérias-vigens, passamos a utilizar aquilo que chamamos
33:35as matérias-primas secundárias e transformamos num novo ciclo, num novo processo
33:40e não vamos buscar materiais-vigens à natureza.
33:43O segundo mito que muitas vezes causa um bloqueio na reciclagem das embalagens de plástico
33:49é a limpeza.
33:52Será realmente necessária?
33:54A lavagem das embalagens, apesar de ser intencionalmente feita de uma forma boa,
33:59ou seja, tem por trás uma boa intenção, não é necessária.
34:03E é ambientalmente incorreta, ou seja, porque gasta muito mais água do que nós,
34:09num processo industrial, conseguimos utilizar muito menos água para lavar essas mesmas embalagens.
34:16Portanto, não é necessário fazer essa pré-lavagem das embalagens em casa.
34:20Nós, nesta fábrica, reciclamos dois tipos de plásticos, reciclamos o filme
34:26e reciclamos as garrafas de detergentes, sabão, maciadoras, shampoos,
34:32que é o polietileno de alta densidade.
34:36Na parte do ciclo que nos é mostrado na CIRPLAST,
34:38podemos ver todos os passos até a obtenção de pequenas esferas de plástico reciclado.
34:43É um mecanismo aperfeiçoado para que haja o máximo de aproveitamento possível.
34:48Este material que aqui está atrás, os resíduos de plástico previamente selecionados
34:53que nos são entregues, são materiais que nós vamos transformar em granulado,
34:58que é uma matéria-prima que vamos vender às empresas de transformação.
35:03A maior parte dos nossos clientes são indústrias que fazem filmes de plástico,
35:07nomeadamente sacos do lixo e sacos de plástico, essa é uma das grandes utilizações,
35:13tubos de rega, tubos para passagem de cabos elétricos e tubos de saneamento,
35:17e depois, no alta densidade, temos, a maior parte dos nossos clientes
35:24são fabricantes de garrafas de detergentes e produtos de limpeza.
35:31Ou seja, hoje se formos a um supermercado e comprarmos uma garrafa de lixívia
35:34ou uma garrafa de xampu, é muito provável que essa garrafa tenha incorporado
35:40uma grande porcentagem de reciclado.
35:42Assim como os sacos do lixo, hoje em dia, não 100%, mas diria 90% ou mais,
35:49são feitos de 100% de matéria-prima reciclada.
35:53Os microplásticos constituem um dos grandes desafios associados ao consumo de embalagens de plástico.
35:59Em última análise, acabam nos alimentos que ingerimos
36:02ou na água que bebemos e no ar que respiramos.
36:06Grande parte dos materiais que não são reciclados
36:08acabam por ocupar os ecossistemas, deixando resíduos que não deviam estar ali.
36:13Onde devíamos encontrar natureza,
36:15muitas vezes encontramos uma enorme pegada de lixo que se produz no planeta.
36:20O principal problema é que depois esses materiais no ambiente não se degradam, não é?
36:24E, portanto, estão lá para sempre, não é?
36:27Virtualmente, estima-se que todo o plástico que foi produzido até hoje ainda exista.
36:31Enfim, existem tamanhos menores, degradado,
36:33tendo-se já tornado quebradiço e produzindo então as tais partículas cada vez mais pequenas.
36:38Mas, de facto, degradar-se completamente, desaparecer, estima-se que isso não tenha acontecido.
36:44A culpa, o ONU, do problema não pode estar só no consumidor, não é?
36:48Portanto, isto é um problema que é transversal a muitos setores da sociedade.
36:52Claro que nós, o consumidor, tem culpa, não é?
36:53Portanto, isto é um problema de todos.
36:55Mas, de facto, tem que haver um grande envolvimento também da indústria
36:57em modificar os seus processos, em conter a sua matéria-prima,
37:02desenhar novas embalagens, como já está a acontecer.
37:05Enfim, qualquer olhar atento a uma prateleira do supermercado percebe que há alguma mudança que está a acontecer.
37:11São ainda coisas, enfim, que nós gostaríamos fossem maiores, não é?
37:15Ações maiores e mais visíveis e com mais impacto.
37:19Mas já se nota que existe alguma mudança no sentido de tornar as embalagens, por exemplo, mais recicláveis, não é?
37:24Mais fáceis de reciclar.
37:25Se um sistema de recolha e reciclagem de embalagens não entregar números de reciclagem e de bom desempenho,
37:32dificilmente os resíduos urbanos de nossa casa terão bons números de reciclagem para reportar.
37:38E nós temos ambições grandes em matéria comunitária para o aumento da reciclagem dos resíduos urbanos,
37:43que não se consegue sem aumentarmos a reciclagem de um dos principais fluxos destes resíduos, que são as embalagens.
37:50Há sensivelmente metade dos portugueses recicla e dá-nos, está a reciclar a metade das embalagens que produz,
37:57mas a outra metade dos portugueses teima em não ser cívica ou não tem disponibilidade para este voluntarismo ambiental,
38:06que é termos um saco de embalagens lá em casa e irmos ao ecoponto mais próximo de depositá-las.
38:11Um gesto comum para muitos de nós, mas é um gesto incomum ainda para uma grande parte da população portuguesa.
38:17Reciclamos muito pouco, é isso, é isso que eu acho que é a principal mensagem, reciclamos muito, muito pouco e temos que reciclar muito mais.
38:26E se calhar temos que eliminar alguns plásticos que não são necessários, não é?
38:30Há muitas embalagens que não são necessárias, que são embalagens dentro de embalagens dentro de embalagens.
38:34Portanto, há muita coisa ainda a fazer no sentido de cada vez usarmos menos plástico,
38:39porque é isso que temos que fazer, é cada vez usar menos, mas isso não é só do plástico, é relativamente a tudo.
38:44Porque temos um estilo de vida que não é comportável com a sustentabilidade do planeta.
38:51As consequências deixaram de ser previsões longínquas e já se sentem.
38:56A responsabilidade de alterar este paradigma está nas mãos de todos, instituições, empresas e cidadãos.
39:03Através de pequenos gestos conseguimos grandes mudanças.
39:08Repensar, reduzir, reparar, reutilizar e no fim separar para reciclar.
39:16Só assim caminharemos para um mundo mais circular, com menos desperdício e menos lixo.
39:22Um mundo onde os resíduos se tornam recursos e a esperança no futuro se renova.
39:27Os desafios que temos enquanto país e enquanto planeta são muitos.
39:32A população mundial cresce e os recursos naturais são finitos.
39:37No entanto, se pensarmos nos resíduos como matéria-prima, tudo muda.
39:42Nos momentos de escolha como consumidores e como elementos ativos no reaproveitamento,
39:47todos temos opções mais responsáveis hoje em dia.
39:50Esse é o primeiro passo para um planeta mais saudável.
39:57Legenda por Fábio Jr Laboratório Fantasma
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