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  • há 2 dias
Uma história alternativa do Irão.
Transcrição
00:00:00A CIDADE NO BRASIL
00:00:08Estamos a 8 de Março de 1979.
00:00:13Foi o dia em que nasci.
00:00:21Aqui tenho poucas horas de vida.
00:00:31Foi três semanas depois da Revolução Islâmica no Irã.
00:00:37O primeiro ataque da Revolução foi contra o corpo das mulheres.
00:00:44Nesse dia, muitas marcharam contra o uso obrigatório do hijab.
00:01:00Anos mais tarde, vi as suas fotografias.
00:01:20Acho que muitas delas já não devem estar no Irã.
00:01:22Durante alguns anos, tive o meu pequeno mundo seguro,
00:01:45no seio de uma família numerosa.
00:01:46A CIDADE NO BRASIL
00:02:16O meu mundo privado e seguro estava cheio de dança,
00:02:27apesar da fotografia de Komeini na parede.
00:02:30Para lá do meu mundo seguro, no mundo deles,
00:02:52muitas pessoas estavam a ser executadas por serem contra-revolucionárias.
00:02:55Num só verão, mataram milhares de prisioneiros políticos
00:03:17e enterraram-nos em valas comuns.
00:03:19A CIDADE NO BRASIL
00:03:43Aos sete anos tive de ir para a escola.
00:03:54Fui a um estúdio pela primeira vez para tirar a fotografia para a inscrição.
00:04:00Tive de usar o hijab na fotografia.
00:04:13A primeira coisa que nos ensinam na escola é a desejar a morte dos outros.
00:04:26Todos os dias temos de dizer estes cânticos antes de irmos para a aula.
00:04:50Quando chego a casa, a primeira coisa que faço é tirar o hijab.
00:04:56Percebo rapidamente que o meu mundo é onde possa ser eu mesma.
00:05:05Este hijab não é só um metro de tecido.
00:05:11Este pedaço de tecido não é só um hijab.
00:05:17É todo o poder que eles têm para controlar as nossas vidas.
00:05:26É como se todo o nosso destino e o deles estivessem entrelaçados neste tecido.
00:05:39Aos sete anos percebi que precisava de uma versão minha para dentro de casa
00:05:44e uma versão diferente de lá para fora.
00:05:50Assim começou a minha vida dupla.
00:05:54A vida em dois mundos diferentes.
00:06:01Fora de casa, cresci assim.
00:06:03Dentro de casa, foi assim.
00:06:24É isto que eles querem.
00:06:43Quando eu tinha 15 anos e estava a tirar esta fotografia com as minhas amigas,
00:06:53uma mulher pegou fogo a si mesma por causa deste pedaço de tecido.
00:06:56O homem da Arábia, de 54 anos,
00:07:04num protesto contra a obrigatoriedade do hijab,
00:07:08pegou num bidão de gasolina,
00:07:10foi até uma parte movimentada da cidade,
00:07:12gritou
00:07:13longa vida à liberdade
00:07:14e acendeu o fósforo.
00:07:16Na altura, não havia telemóveis para registrar este protesto.
00:07:27Mas, 16 anos depois,
00:07:29nos protestos de 2008,
00:07:31algumas pessoas já têm telemóveis com câmera.
00:07:41Os telemóveis tornam-se uma ferramenta
00:07:44para gravar a história que eles não querem que gravemos.
00:07:59Durante os protestos de 2008,
00:08:02alguém gravou o assassinato de Neda.
00:08:05Tornámo-nos responsáveis por registrar a morte mais vista de sempre.
00:08:14Tínhamos mais câmaras
00:08:17e podíamos gravar as situações de vários ângulos.
00:08:22Como este incidente,
00:08:24uma rapariga,
00:08:25pôs-se numa plataforma,
00:08:27tirou aquele tecido da cabeça
00:08:28e agitou-o no ar.
00:08:29Foi detida uns dias depois.
00:08:53Comecei a estudar cinema.
00:08:55Uso câmaras de outras pessoas.
00:09:12Até que compro o meu primeiro telemóvel com câmera.
00:09:16Um telemóvel da HTC.
00:09:19Tirar fotos e vídeos é mais fácil do que nunca.
00:09:22Tchau, tchau, tchau, tchau, tchau.
00:09:52Tchau, tchau, tchau.
00:10:22Tchau, tchau, tchau.
00:10:52Tchau, tchau, tchau, tchau.
00:10:55Tchau, tchau.
00:11:22Ainda muito obrigado.
00:11:24Ainda muito obrigado.
00:11:26Ainda muito obrigado.
00:11:52. . .
00:12:22A gente vai fazer um pão.
00:12:24A gente vai fazer um pão.
00:12:40Uns anos depois, o meu vício desenvolve uma nova faceta.
00:12:45Não só filme tudo o que acontece, como começo a colecionar vídeos de tempos passados.
00:12:52Eu compro as memórias das pessoas.
00:13:22A gente vai fazer um pão.
00:13:24Mais eu vou fazer um pão.
00:13:26Um pão.
00:13:28Então...
00:13:29o que é que vai ficar com a mão?
00:13:31se não tem mais de perto
00:13:33certo, isso é um dia de vez
00:13:35não tem mais de perto
00:13:37não é?
00:13:39não é?
00:13:41não é?
00:13:43não é?
00:13:45não é?
00:13:47não é?
00:13:49não é?
00:13:51não é?
00:13:53não é?
00:13:55não é?
00:13:57Não sei a quem pertencem estas recordações.
00:14:13Nem sei se estas pessoas estão vivas ou mortas.
00:14:17Onde estarão neste mundo?
00:14:23Como é que as suas memórias acabaram perdidas nas ruas?
00:14:27Digitalizo-as e arquivo-as.
00:14:57O vendedor diz que a maioria emigrou uns dias após a revolução.
00:15:26Ou as suas casas foram confiscadas ou estavam com pressa para partir.
00:15:41Para fugir ao sentimento de insegurança.
00:15:43Este passado tornou-se um crime.
00:16:00Dançar tornou-se um crime.
00:16:02As vozes das mulheres tornaram-se um crime.
00:16:13A música tornou-se um crime.
00:16:21Beber tornou-se um crime.
00:16:22Não usar o hijab tornou-se um crime.
00:16:30A alegria tornou-se um crime.
00:16:32Mas esquecer-me-nos
00:16:40Não se tornou-se um crime.
00:16:43Aqueles que vieram destruíram as suas fotografias e registros.
00:16:56Queimaram-nos.
00:16:58Enterraram-nos.
00:16:59Eles queriam fazer a sua própria história.
00:17:14Obrigaram-nos a esquecer tudo muito rapidamente.
00:17:16Foi um gigantesco e coletivo esquecimento.
00:17:35O esquecimento está a devorar a minha mãe.
00:17:38Temos de lhe ensinar coisas novas.
00:17:42Para que a sua mente se mantenha ativa.
00:17:44Não, não, não.
00:18:14Eu vou responder para você.
00:18:19Você pode fazer um somente de mim.
00:18:21Você pode fazer um somente de mim.
00:18:23Sim.
00:18:33Você está aqui?
00:18:35Você está aqui.
00:18:37Você está aqui.
00:18:39Você está aqui.
00:18:41Você está aqui.
00:18:43Você vê agora que você conhece, ok?
00:18:45Sim.
00:18:50Você conhece?
00:18:51Sim, é conhece.
00:18:54Como você tem?
00:18:57Você é um amigo?
00:18:58Sim.
00:18:59Você é um amigo?
00:19:00Sim.
00:19:01Sim.
00:19:02Você está fazendo isso?
00:19:03Você está fazendo isso?
00:19:08Muito bom.
00:19:10Você vai fazer a sua casa.
00:19:16É tudo isso.
00:19:18Agora, você pode colocar a espelha.
00:19:21Você pode colocar uma espelha de bronze.
00:19:23Espelha de bronze?
00:19:24Espelha de bronze.
00:19:25Espelha de bronze.
00:19:36E a espelha do passado.
00:19:40Um dia surgiu uma pessoa dos registros que colecciono.
00:19:59Recebi um e-mail da Layla, uma académica dos Estados Unidos.
00:20:05Ela quer escrever um artigo sobre a censura das vozes das mulheres no Irã.
00:20:10Tem algumas perguntas sobre um filme que fiz sobre o mesmo assunto.
00:20:18Eu respondo às suas perguntas e no final questiono.
00:20:23Há quantos anos saiu do Irã?
00:20:31Ela responde uns dias depois.
00:20:33Eu nunca saí do Irã.
00:20:37Mas sequer uma data específica tinha 15 anos.
00:20:40Um ano depois da Revolução.
00:20:55O passado liga-nos uns aos outros.
00:20:58Ela disse, eu participei nas manifestações contra o chá.
00:21:17Pensámos que tudo seria melhor depois da Revolução.
00:21:19Mas percebemos rapidamente que não havia lugar para nós nesta Revolução.
00:21:27A郎 está lá.
00:21:27Talk soante.
00:21:34Saúde.
00:21:34Saúde.
00:21:34Saúde.
00:21:35Saúde.
00:21:36Saúde.
00:21:37Raúde.
00:21:38Se inscreva no canal
00:22:08Leila protestou contra a obrigatoriedade do Ijabo com a sua mãe.
00:22:23Agora, eu conheço uma pessoa nesta multidão.
00:22:38A casa deles foi confiscada depois da Revolução.
00:22:48Também perderam os seus registros.
00:22:50Então, vamos lá.
00:23:20Só conseguiu levar algumas fotos com ela.
00:23:29Enviou-me algumas.
00:23:32Fotografias dos seus tempos de escola.
00:23:34Mesmo antes de sair do Irão.
00:23:51Ela disse-me, olha para estas fotografias.
00:23:55Já nenhuma destas pessoas está no Irão.
00:23:57Perguntou-me se as fotografias dela poderiam estar entre as que compro.
00:24:20Então, vamos lá.
00:24:50Ela disse-me, olha para as fotografias dela.
00:25:20Ela disse-me, olha para as fotografias dela.
00:25:25Então, vamos lá.
00:25:29Amém.
00:25:59Amém.
00:26:29Amém.
00:26:53Um dia, uma rapariga que tinha ido a um estádio ver um jogo de futebol foi detida.
00:26:59No dia do julgamento, pegou fogo a si mesma. Morreu uns dias depois.
00:27:15Ao fim de 40 anos de proibição, graças à pressão da FIFA, as mulheres puderam finalmente voltar ao estádio.
00:27:22Fui com as minhas amigas para celebrar este dia histórico.
00:27:32Amém.
00:27:34É.
00:27:39A raiva é.
00:27:43A raiva é muito importante.
00:27:45Vamos começar por lá?
00:27:47Ou para verdadeir?
00:27:49É.
00:27:50Vamos usar a raiva.
00:27:52Deixar para fazer uma raiva.
00:27:53Raiva é?
00:27:55É.
00:27:56Quem me dá pra falar agora.
00:27:57O que quer assim?
00:27:58Ah, não está.
00:27:59É.
00:28:00Não está.
00:28:01É um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco mais de um pouco
00:28:31A CIDADE NO BRASIL
00:29:01A CIDADE NO BRASIL
00:29:31A CIDADE NO BRASIL
00:30:01As mulheres tiveram de se sentar em lugares segregados, longe dos homens.
00:30:27Eles sentaram-se na bancada oposta.
00:30:31Depois deste dia, as mulheres não puderam voltar a entrar nos estádios.
00:30:35A CIDADE NO BRASIL
00:30:40A CIDADE NO BRASIL
00:30:45Agora, quando reveja os registros, preste mais atenção.
00:31:13Pode ser que encontre Leila.
00:31:15Pergunte-lhe se alguma vez pensou visitar ou voltar para o Irão, ao fim de todos estes anos.
00:31:30Ela respondeu, eu nunca saí do Irão, mas também não estou aí.
00:31:43Em matemática, numa fronteira, um ponto está entre o interior e o exterior.
00:31:52Sinto que sou esse ponto.
00:31:58O nosso lar é onde nos deixam em paz.
00:32:01A CIDADE NO BRASIL
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00:32:07A CIDADE NO BRASIL
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00:32:22A CIDADE NO BRASIL
00:32:26A CIDADE NO BRASIL
00:32:29Refugiamos-nos nas nossas casas.
00:32:56Eles têm armas, nós temo-nos uns aos outros.
00:33:03As nossas rotinas, as nossas amizades salvam-nos do colapso.
00:33:26As nossas rotinas, nós temos uma rotina.
00:33:56Você tem uma rotina.
00:34:25Vão iria!
00:34:27Você vai vir!
00:34:29Vão iria!
00:34:31Vão iria!
00:34:33Tinha que você vai virar?
00:34:38Deja feliz!
00:34:40Deja feliz!
00:34:42Eu não estou a minha vida!
00:34:44Você está em casa!
00:34:46Ele vai estar bem!
00:34:48Ele vai estar bem.
00:34:50Você vai estar bem?
00:34:52Vamos lá, vamos lá, vamos lá, vamos lá, vamos lá.
00:35:22Maboraí, mamoraí
00:35:33Maboraí
00:35:39Maboraí
00:35:45Maboraí
00:35:48égrazi
00:35:50Obrigada.
00:36:20Quando caminho no mundo deles, sinto que é uma cidade conquistada onde não existe lugar para mim.
00:36:50Parece mais um pesadelo.
00:37:20A CIDADE NO BRASIL
00:37:50A CIDADE NO BRASIL
00:38:20A CIDADE NO BRASIL
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00:39:04A CIDADE NO BRASIL
00:39:06DANÇAMOS AO SOM DE CONCERTOS
00:39:08ORGANIZADOS PARA IRANIANOS A VIVER NO ESTRANGEIR
00:39:10O que é isso?
00:39:40Dançar é a nossa resistência contra aqueles que nos querem roubar a vida.
00:40:10Dançar é a nossa resistência contra aqueles que nos querem roubar.
00:40:40Dançar é a nossa resistência contra aqueles que nos querem roubar.
00:41:10Dançar é a nossa resistência contra aqueles que nos querem roubar.
00:41:40Dançar é a nossa resistência contra aqueles que nos querem roubar.
00:42:10As pessoas gravam mais uma catástrofe.
00:42:18Este é o momento em que o avião caiu.
00:42:25O que?
00:42:51Dispararam dois lísseis contra um avião ucraniano
00:42:55que se dirigia ao Canadá.
00:42:57Morreram 176 pessoas.
00:43:00Todos nós fomos abatidos.
00:43:09Após três dias de mentiras,
00:43:11admitiram que foram eles que abateram o avião.
00:43:16Há momentos na história que dividem vidas
00:43:19entre um antes e um depois.
00:43:22Este foi um deles.
00:43:25Vamos, moço, ao feio e vou te dizer.
00:43:29Vamos, vamos lá.
00:43:32Nunca mais seremos os mesmos.
00:43:35A identidade deles é feita de mentiras e mortes.
00:43:43Três meses antes desta tragédia,
00:43:45mataram milhares de nós na rua.
00:43:47Nós, que estávamos a protestar contra o aumento dos preços.
00:43:58As ruas estão repletas de todos nós.
00:44:11Eles também lá estão.
00:44:12Milhares de mentiras.
00:44:15Ela é uma partidora,
00:44:17que –
00:44:42A CIDADE NO BRASIL
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00:47:58A CIDADE NO BRASIL
00:48:00Eu não sei o que alguém, o que dia, o que dia, o que dia, o que dia, o que dia, o que dia, o que você pode ver e descobrir.
00:48:13Eu espero que o dia que você tem, você percebe e sentir que você tem a vida de uma vida de paz.
00:48:30O que é isso?
00:49:00Imagine all the people
00:49:04Living life in peace
00:49:10You may say I'm a dreamer
00:49:17But I'm not the only one
00:49:30Hoje faz 41 anos
00:49:42Há uns dias começou o confinamento da Covid
00:49:48Não nos podemos juntar
00:49:50A partir do meio-dia o meu telemóvel começa a ser inundado por vídeos
00:50:00Farahnaz-junam
00:50:12Tawaludet mubarak
00:50:14Gurbunet beramman
00:50:18São os meus amigos a desejarmos parabéns
00:50:24Farahnaz-jun
00:50:26Farahnaz-jun
00:50:28Um...
00:50:30Doe-do-atim
00:50:32É...
00:50:34Farahnaz-jun
00:50:36Kendo a partir do meio-dom
00:50:38Karahnaz-jun
00:50:43Rai-paq
00:50:44Tumado-jun
00:50:45Laila também me mandou um vídeo.
00:51:15Laila também me mandou.
00:51:45Laila também me mandou.
00:51:52Laila também me mandou.
00:51:59Laila também me mandou.
00:52:06Laila também me mandou.
00:52:13E isto é um vídeo feito por uma de nós.
00:52:15Laila também.
00:52:17Laila também me mandou.
00:52:19Laila também me mandou.
00:53:51Laila também me mandou.
00:53:53Laila também me mandou.
00:53:57Laila também me mandou.
00:53:59Laila também me mandou.
00:54:00Laila também me mandou.
00:54:01Laila também me mandou.
00:54:03Laila também me mandou.
00:54:05Laila também me mandou.
00:54:07Laila também me mandou.
00:54:11Laila também me mandou.
00:54:13Laila também me mandou.
00:54:15Laila também me mandou.
00:54:17Laila também me mandou.
00:54:19Laila também me mandou.
00:54:21Laila também me mandou.
00:54:23Laila também me mandou.
00:54:25Laila também me mandou.
00:54:27Laila também me mandou.
00:54:29Amém.
00:54:59Ao fim de alguns meses, consegui visitar a minha mãe.
00:55:16Ela fez cascóis para todos nós, para todos os invernos seguintes.
00:55:25Você não pode fazer nada?
00:55:27Sim.
00:55:28Eu não tenho nada, pois eu vou viver.
00:55:31É bom.
00:55:37Quem tem a sua vida?
00:55:40Eu tenho uma vida em uma vida.
00:55:43Eu tenho uma vida em uma vida.
00:55:45Eu não tenho uma vida.
00:55:55Eu sou o que?
00:55:59Eu sou o que você gostou.
00:56:01Eu sou o que você gostou.
00:56:04Eu sou o que você gostou.
00:56:06Não é preciso?
00:56:07Não.
00:56:08O que você gostou?
00:56:25A minha família está a celebrar o meu aniversário.
00:56:39Vou um ano para a Alemanha, numa residência artística.
00:56:55Nestes últimos dias, filma as ruas da cidade.
00:57:25O que você gostou?
00:57:38A five, a praia, uma camada, e a camada, e a camada.
00:57:43Vou usar o meu aniversário.
00:57:45Vamos lá.
00:57:47Vamos lá.
00:57:49Vamos lá.
00:57:51Mantenho o meu apartamento alugado
00:57:59para que possa voltar daqui a um ano.
00:58:15Saí com uma única mala.
00:58:21Mantenho.
00:58:51Quando sai de casa, ainda procuro aquele pedaço de tecido.
00:58:56Depois, lembro-me que já não preciso dele.
00:59:05Esta é a primeira vez que vejo uma cantora iraniana a atuar.
00:59:08Mantenho o meu apartamento.
00:59:38Mantenho o meu apartamento.
00:59:57O que é isso?
01:00:04Não, não é.
01:00:08Faço videochamadas com a minha mãe.
01:00:12Você está aqui?
01:00:15Eu vou te ajudar.
01:00:17Eu vou te ajudar.
01:00:19Estou na Alemanha há um mês e meio.
01:00:26As minhas amigas realizadoras foram presas no Irão.
01:00:42Também fizeram buscas à minha casa.
01:00:46Levaram o meu computador, os meus discos rígidos, o meu arquivo pessoal.
01:00:55Fotos e vídeos do meu mundo.
01:01:01Da nossa vida, que é um crime aos olhos deles.
01:01:07Eles roubaram o meu mundo.
01:01:15Durante horas e dias fecho os olhos e tento rever a história roubada da minha vida.
01:01:21Há uns tempos, Leila saiu de um destes vídeos e agora sou eu que me junto a estas pessoas.
01:01:39Sou eu a sofrer o mesmo destino que sofreram as pessoas das imagens que costumava passar horas a ver.
01:01:51E se alguém descobrisse o meu arquivo pessoal e fizesse um filme com ele?
01:02:07Um filme sobre o meu mundo roubado.
01:02:13Agora percebo como é que as nossas memórias andam a ser leiloadas pelas ruas.
01:02:31Agora percebo como é que as nossas memórias andam a ser leiloadas pelas ruas.
01:02:43Sou assombrada por um pesadelo.
01:03:09O pesadelo de não conseguir voltar para o Irã.
01:03:13Ali há alguns que podemos mudar de cidade.
01:03:17Podemos até mudar de país.
01:03:19Mas não podemos mudar os nossos pesadelos.
01:03:23Leila diz-me, o sentimento de pertença é difícil de esquecer.
01:03:33Agora estás a viver uma forma diferente de ser iraniana.
01:03:37A nossa história, da Leila até mim, ecoa ao longo dos tempos.
01:03:51O esquecimento torna-se cada vez maior e a minha mãe mais pequena.
01:04:09O esquecimento torna-se cada vez maior e a minha mãe mais pequena.
01:04:19Finge que estou feliz quando lhe ligo.
01:04:21O tempo é para nós.
01:04:29É para nós.
01:04:31Tô com minha dor.
01:04:33Tô com a sua voz.
01:04:35Meus.
01:04:37Ah, eu te treino agora.
01:04:39Eu a sua voz.
01:04:41Eu te treino.
01:04:47Neto.
01:04:49Vamos lá, meu amor.
01:04:53Poder dô.
01:04:55Coulder.
01:04:57Conflitos por causa daquele pedaço de tecido
01:05:04aumentam por todo o Irã
01:05:06nas ruas
01:05:08nos autocarros
01:05:10como aqui
01:05:11entre esta mulher de hijabe
01:05:17e sepide
01:05:18sem hijabe que está a filmar
01:05:27dias mais tarde
01:05:42sepide é detida
01:05:44mas dois meses depois
01:05:47uma de nós é detida
01:05:48e não sobrevive
01:05:50Gina Masha Amini
01:05:54é assassinada com dois golpes na cabeça
01:05:57a nossa raiva acumulada
01:06:08chega ao ponto de rotura
01:06:09não é só um pedaço de tecido
01:06:25que está a ser queimado
01:06:26que está a ser queimado
01:06:37não é só um pedaço de tecido
01:06:39não é só um pedaço de tecido
01:06:52não é só um pedaço de tecido
01:07:04não é só um pedaço de tecido
01:07:17não é só um pedaço de tecido
01:07:19não é só um pedaço de tecido
01:07:21não é só um pedaço de tecido
01:07:33não é só um pedaço de tecido
01:07:35não é só um pedaço de tecido
01:07:48não é só um pedaço de tecido
01:07:50não é só um pedaço de tecido
01:08:03não é só um pedaço de tecido
01:08:05não é só um pedaço de tecido
01:08:07não é só um pedaço de tecido
01:08:21não é só um pedaço de tecido
01:08:23não é só um pedaço de tecido
01:08:26não é só um pedaço de tecido
01:08:28não é só um pedaço de tecido
01:08:29O que é eu?
01:08:31Eles vão deixar tudo em seu lado
01:08:33com a ciência
01:08:35e o...
01:08:37com o casseco
01:08:39Aisha que eu não consegui
01:08:41Aisha que eles estão no outro
01:08:43Aisha que eles estão no meu filho
01:08:45Eu não consegui
01:08:47Eu não consegui
01:08:49Aisha
01:08:51Aisha
01:08:53Ah você que está fazendo ele, ela não me desiste.
01:08:55Você não me desiste.
01:08:57Você não me desiste.
01:08:59Olha a cara.
01:09:00Olha!
01:09:00Olha, olha, olha!
01:09:06Ah, pessoal!
01:09:08Ah, pessoal!
01:09:08Ah, pessoal!
01:09:09Ah, pessoal!
01:09:12Ah, querendo ir para a minha rua.
01:09:13Ah, pessoal, está indo para a minha машina.
01:09:16Ah, pessoal.
01:09:18Ah!
01:09:18Ah, pessoal!
01:09:19Ah, pessoal!
01:09:20Ah, pessoal.
01:09:21Ah, pessoal!
01:09:21Ah, pessoal!
01:09:22Ah, pessoal.
01:09:23A CIDADE NO BRASIL
01:09:53A luta entre a memória e o esquecimento.
01:10:05Famílias partilham vídeos dos seus entes queridos a dançar depois de terem sido mortos.
01:10:13Honramos a memória de quem perdemos com a sua dança.
01:10:23A CIDADE NO BRASIL
01:10:53A CIDADE NO BRASIL
01:11:23A CIDADE NO BRASIL
01:11:25A CIDADE NO BRASIL
01:11:27A CIDADE NO BRASIL
01:11:29A CIDADE NO BRASIL
01:11:31A CIDADE NO BRASIL
01:11:33A CIDADE NO BRASIL
01:11:35A CIDADE NO BRASIL
01:11:37Legenda Adriana Zanotto
01:12:07A minha mãe faleceu.
01:12:37Legenda Adriana Zanotto
01:13:07Legenda Adriana Zanotto
01:13:37É a primeira vez que posso filmar as ruas sem me pôr em perigo.
01:13:42Legenda Adriana Zanotto
01:14:12Legenda Adriana Zanotto
01:14:42Legenda Adriana Zanotto
01:15:12Legenda Adriana Zanotto
01:15:42Legenda Adriana Zanotto
01:16:12Legenda Adriana Zanotto
01:16:42Legenda Adriana Zanotto
01:17:12Legenda Adriana Zanotto
01:17:42Legenda Adriana Zanotto
01:18:12Legenda Adriana Zanotto
01:18:42Legenda Adriana Zanotto
01:19:12Legenda Adriana Zanotto
01:19:42Legenda Adriana Zanotto
01:20:12Legenda Adriana Zanotto
01:20:42Legenda Adriana Zanotto
01:21:12Legenda Adriana Zanotto
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