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Uma pessoa morreu e outras oito foram internadas, após sofrerem intoxicação por ingestão de metanol. As vítimas relataram o consumo de bebidas alcoólicas, como gin, uísque e vodca. O toxicologista André Ribeiro conversou com o programa Jornal Jovem Pan para analisar o assunto.
Reportagem: Matheus Dias

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Transcrição
00:00Uma pessoa morreu e outras oito foram internadas ao sofrerem intoxicação por metanol
00:06depois do consumo de bebida alcoólica adulterada, nos últimos 18 dias no estado de São Paulo.
00:14O repórter Matheus Dias traz as últimas informações. Os casos são de quais cidades, Matheus?
00:19Boa noite pra você, bem-vindo e bom trabalho.
00:24Oi, Tiago. Boa noite pra você e boa noite a quem nos acompanha aqui no Jornal Jovem Pan também.
00:28São nove casos, como você bem disse, sete deles em São Paulo, na capital paulista,
00:34um caso da cidade de Limeira e outro da cidade de Bragança Paulista, ambos no interior aqui do estado.
00:40Esses casos, então, aconteceram todos desde o início de setembro.
00:45Foi um pequeno recorte ali do dia 1º de setembro até o dia 18 de setembro,
00:50em que algumas internações foram causadas por intoxicação por metanol,
00:54uma substância extremamente nociva e que estava contaminando bebidas que foram ingeridas por essas pessoas,
01:01bebidas, segundo investigação e segundo suspeita, adulteradas ou até falsificadas, né, Tiago?
01:07Esses casos começaram, então, no dia 1º de setembro, quando quatro pessoas foram internadas.
01:13Essas quatro pessoas estavam em uma festa universitária aqui na capital paulista,
01:17juntas, as quatro internadas por intoxicação.
01:20Três delas receberam alta, mas um homem de 27 anos continua internado até hoje e, segundo informações, em estado grave.
01:27Depois, no dia 17 de setembro, mais dois homens internados.
01:32Um homem de 62 anos, esse que foi internado depois de comprar bebidas em um site paralelo de vendas de alcoólicos,
01:40ele vende as bebidas alcoólicas destiladas.
01:42Este foi internado.
01:43E um outro homem, esse de 50 anos, que foi internado também no dia 17 de setembro.
01:49E o quadro se desenvolveu até o óbito que foi confirmado hoje, né, Tiago?
01:55Este homem de 50 anos.
01:56Além disso, no dia 18, mais duas internações.
01:59Um homem de 35 anos internado depois de consumir vodka em um bar na capital paulista.
02:06E, por fim, um homem de Limeira, este morador do interior de São Paulo.
02:11Ele foi internado com 30 anos depois de tomar uísque em um churrasco com os amigos.
02:16Todas as bebidas são investigadas, então, por serem adulteradas.
02:20E todas continham metanol.
02:22Essa substância, então, é extremamente nociva.
02:25Metanol que é usado em postos de combustíveis, como matéria-prima para a produção de biodiesel.
02:30Metanol também é usado para a produção de diversos outros ramos, Tiago.
02:33Como formol, também produção de plásticos.
02:37Produção até de um produto que é usado também como anticongelante.
02:42Até para alocação, alocamento de bebidas para não congelarem.
02:47Tanto bebidas, até comidas para não congelar.
02:49O metanol é usado também como anticongelante.
02:52Só que, de alguma forma, foi misturado a essas bebidas.
02:55E, por isso, gerou tanta intoxicação que é de extrema preocupação para os órgãos e para a saúde pública.
03:01Como nos diz a farmacêutica também, Flávia Neri.
03:06Ela que disse que, muitas vezes, os sintomas da intoxicação por metanol se confundem com os sintomas de uma simples embriaguez.
03:15Mas que o quadro de saúde, depois, pode ser gravíssimo e, muitas vezes, até fatal.
03:20Uma contaminação como essa, ela é muito grave.
03:25Porque, geralmente, são pessoas que estão consumindo um produto alcoólico.
03:31Em que os sintomas podem ser confundidos com um efeito embriagante.
03:38Porém, dependendo da concentração do metanol que está naquele produto, ele pode causar efeitos muito mais graves, inclusive, o óbito do paciente em pouco tempo.
03:49Ele causa efeitos similares como a embriaguez, uma dificuldade de ambular, de andar, uma sonolência, uma movimentação de olhos involuntárias.
04:01Mas o metanol, ao ser metabolizado no fígado, ele causa um produto ácido, o ácido fórmico, que pode causar a acidose metabólica, que é a acidez no sangue, que desestabiliza o corpo todo.
04:16Podendo ter efeito do sistema nervoso central, na visão especificamente.
04:21Então, em 30 minutos, a pessoa pode apresentar visão turva, uma visão com névoa, podendo até causar cegueira.
04:34A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas e Gestão de Ativos vê o caso como muita preocupação e extrema urgência da saúde pública atender a todos esses casos o mais rápido possível.
04:46Foi porque intoxicações como essa podem gerar quadros epidêmicos em uma específica região, como aconteceu em 2020, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais,
04:55quando 10 pessoas morreram de um quadro de intoxicação grave por conta de uma cerveja que tinha sido intoxicada na época,
05:02uma cerveja que tinha sido contaminada por um vazamento do tanque, isso em 2020.
05:06Agora, a Secretaria de Saúde, também, a Vigilância Sanitária, eles vêm com extrema preocupação,
05:13porque muitos dos casos também podem ser subnotificados, né, Tiago?
05:17A gente tem agora nove casos de internação, um caso já de morte, esse quadro, esse recorte todo de setembro,
05:28mas muitos casos também podem ter gerado, podem ter sido outras vítimas internadas,
05:33outras pessoas podem ter tido sintomas parecidos,
05:35e esses casos não chegaram às entidades competentes e, por isso, pode ser, sim, subnotificado esse quadro.
05:43Por isso, é de extrema importância ter essa investigação o mais rápido possível, viu, Tiago?
05:47Daí fica aqui o alerta.
05:48Matheus Dias volta daqui a pouquinho na programação da Jovem Pan.
05:51A gente continua falando sobre esse assunto.
05:53O nosso entrevistado agora é o vice-coordenador do Grupo de Trabalho de Toxicologia do Conselho Regional de Farmácia aqui de São Paulo,
06:00André Ribeiro.
06:01Doutor André, como vai?
06:02Muito obrigado por atender a Jovem Pan.
06:03Bem-vindo, boa noite para o senhor.
06:06Boa noite, Tiago.
06:07Boa noite a todos que nos escutam.
06:10Doutor, é claro que a gente tem que prestar um serviço para a comunidade, para quem nos acompanha,
06:16mas não queremos, claro, provocar qualquer tipo de alarde agora.
06:20Qual é o alerta que deve ser feito num momento como esse?
06:24Porque os casos estão aparecendo e de que forma é possível controlar, contornar esse problema?
06:30Porque, como o nosso repórter falou, tem muito caso, talvez subnotificado, pessoas que se sentem mal, mas nem mesmo sabem o que teria provocado, não é, doutor?
06:40Sim, sim, Tiago.
06:42É uma situação bem preocupante porque o metanol, as propriedades organolépticas, sabor, cor do metanol, são muito semelhantes ao álcool comum das bebidas, principalmente as bebidas destiladas.
06:56Então, para um olho destreinado, um olfato destreinado, ele é facilmente confundido com o etanol e até o próprio sabor dele é muito semelhante ao etanol.
07:08No caso de um aviso, seria principalmente as pessoas que vão consumir esse tipo de bebida em locais que já tem alguma tradição, onde a pessoa conhece e sempre desconfiar do preço da bebida,
07:24porque muitas vezes o metanol é utilizado justamente para baratear ou até mesmo potencializar o terror alcoólico de algumas bebidas.
07:33Então, nesse caso, uma informação importante que deve ser levada ao ar é que, às vezes, as pessoas entram em contato com o metanol, sentem os efeitos semelhantes à embriaguez,
07:48só que alguns efeitos da intoxicação por metanol podem ocorrer até 48 horas após a ingesta.
07:55Ou seja, às vezes as pessoas entram em contato e vão ter um efeito semelhante a uma embriaguez ou até mesmo náusea, vômito ou até uma visão um pouco turva, 48 horas após o consumo.
08:08Então, nesse caso, é muito importante onde a pessoa notou esse tipo de efeito e buscar ajuda em alguma unidade de saúde.
08:18E, nesse caso, a fiscalização é extremamente importante.
08:23Falou sobre a procedência, né?
08:26Mas eu pergunto para o senhor o seguinte, qual é o objetivo?
08:28O senhor falou, claro, também do preço da bebida, se é uma bebida com um preço muito mais baixo do que normal,
08:34mas essa adulteração tem qual motivo?
08:37Por que não se usa o álcool normal?
08:39Porque a gente sabe, por exemplo, muitas cervejarias artesanais, né?
08:43Que crescem cada vez mais.
08:45De que forma esse produto vem sendo usado?
08:48O metanol vem sendo usado para isso.
08:50Não é autorizado a utilização em qualquer tipo de porcentagem do metanol em bebidas, né?
08:59Sim, Tiago.
09:00Não é permitido a presença do metanol devido a sua alta toxicidade.
09:06Mas, muitas vezes, eles são utilizados justamente para baratear o custo da produção de algumas bebidas.
09:11Então, em vez de se utilizar mais álcool comestível, álcool de cereais, se utiliza o metanol,
09:20porque ele é mais barato e, assim, acaba barateando o preço e, até mesmo, em alguns casos,
09:24de potencializar o efeito de depressão do sistema nervoso central ou, até mesmo,
09:30algumas pessoas que buscam o efeito relaxante do etanol e apresentar uma concentração maior alcoólica nessa bebida adulterada.
09:38Então, a ideia é justamente deixar essa bebida mais barata e produzir ela de uma forma mais econômica
09:48com viés de dar lucro para os falsificadores, por exemplo.
09:54Pois é, e a preocupação, por exemplo, em um dos casos, o nosso repórter contou,
09:57a pessoa ingeriu essa bebida em um bar.
10:01Ou seja, você não sabe a procedência.
10:03Muitas vezes você compra de alguém que você imagina que essa pessoa vende mais barato,
10:08talvez você possa assumir o risco, mas se você vai num bar e ingere essa bebida
10:13e não tem qualquer tipo de ideia da procedência, isso pode causar um dano muito grave, né, doutor?
10:19Sim, sim, pode sim.
10:21Esse é um dos fatores mais importantes para se destacar,
10:25porque, de fato, a forma como você relatou é muito comum.
10:28Você vai a um bar e você faz o pedido de uma bebida, você não sabe a procedência.
10:33Você confia naquele bar onde você está consumindo.
10:36Então, nesse caso, onde eu deixo uma dica, talvez,
10:41seria ir em bares que você conhece, que tem algum tipo de fama, algum tipo de reputação,
10:50que seria mais confiável, por assim dizer.
10:55E aquelas pessoas que acabam comprando algumas bebidas de algum particular
11:00ou de algum local que você não conhece,
11:04sempre verificar a questão do valor, a questão se a garrafa tem os lacres,
11:10se você conhece aquela bebida, se conhece a embalagem,
11:14sempre observar isso.
11:15Embora existam maneiras de isso ser também adulterado,
11:20mas esse seria uma maneira e contar sempre justamente com a investigação
11:26dos órgãos de vigilância, da polícia, até mesmo para a questão de adulteração.
11:31Doutor, qual é o papel de órgãos como Anvisa num caso como esse?
11:35A gente tem a investigação policial para fiscalizar não só bares,
11:40mas também locais que produzem esse tipo de bebida com adulteração.
11:44Inclusive, recentemente, alguns dias na Colômbia,
11:47nós tivemos casos semelhantes, no meio do ano tivemos casos semelhantes também na Índia,
11:52ou seja, não é algo que só acontece aqui no Brasil.
11:55Mas eu pergunto para o senhor, qual é o papel dessas entidades,
11:59desses órgãos, nesse momento,
12:01para que não tenhamos necessidade de fazer muito alarde em relação a isso, doutor?
12:06Sim, o papel dessas agências de vigilância,
12:13o papel de toda a categoria de vigilância em saúde do país,
12:18ela vem, ela desempenha um papel muito importante e muito forte nesse sentido.
12:22O metanol, ele não é proibido no território nacional,
12:26mas ele é altamente controlado,
12:27por ser tratado de uma substância que é muito utilizada dentro de laboratórios,
12:31na indústria química, por exemplo.
12:34Então, ele não é um produto de venda comum.
12:37E todo lugar que tem essa substância em seu estoque,
12:41ela deve reportar um controle, principalmente para os órgãos de vigilância,
12:47não só para eles, mas também para as próprias forças de segurança.
12:50Alguns laboratórios utilizam litros e litros de metanol
12:53em pesquisas, até como um solvente de limpeza de equipamentos.
12:59E esse metanol, ele é altamente controlado.
13:01Então, existe toda uma cadeia de recebimento desse produto em laboratórios
13:08e o descarte dele também é controlado.
13:10Então, ele é uma substância altamente controlada.
13:13Entretanto, existem, às vezes, pessoas que fazem mau uso,
13:19às vezes, ou até mesmo existem roubos de carga.
13:22Então, nesse ponto, nós precisamos tanto da vigilância em saúde
13:27de verificar se há uma rastreadibilidade da compra,
13:30da aquisição desse solvente nas empresas
13:35e observar também dentro dos bares e locais de alimentação
13:41se existe todo o rastreamento da compra das bebidas.
13:45Porque uma vez que existe uma nota,
13:47é a probabilidade de se falsificar um pouco menor.
13:51Então, nesse caso, as vigilâncias em saúde têm esse papel importantíssimo
13:56de vigiar toda, de regulamentar e fiscalizar toda essa cadeia
14:00para proteger o consumidor.
14:02Além disso, nós temos, do outro lado, as forças de segurança
14:06que podem e que fiscalizam toda a distribuição, descarte e uso do metanol em si.
14:14Perfeito.
14:14O doutor André Ribeiro, que é toxicologista,
14:15que coordena um grupo de trabalho no Conselho Regional de Farmácia
14:19aqui de São Paulo, estamos atentos a esses casos.
14:22Muito obrigado, doutor.
14:23Bom fim de semana.
14:24Até a próxima.
14:24Obrigado, Thiago.
14:26Até mais.
14:26Boa noite.
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