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Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o infectologista Jean Gorinchteyn afirma que o risco se intensifica com a onda de adulteração de bebidas, que já soma 113 casos notificados em seis estados e no Distrito Federal, segundo o Ministério da Saúde.

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Transcrição
00:00A cidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, está em alerta depois de mortes suspeitas por intoxicação metanol em bebida, como nós já estamos destacando aqui.
00:10O nosso entrevistado agora é o secretário da Saúde do município, infectologista, que já foi nosso consultor aqui na Jovem Pan, doutor Jean Gorenstein.
00:17Como sempre, secretário, uma honra te receber aqui, bom te rever, grande abraço, boa noite.
00:22Boa noite, Tiago, e a todos os grandes amigos aí da Jovem Pan News, por nós termos essa oportunidade de trazer algumas informações muito importantes para a população.
00:36Secretário, a pergunta que eu faço para o senhor é a seguinte, qual é a dificuldade de lidar com essa crise?
00:43Porque é algo, como a gente comentava agora há pouco, que pode acontecer em qualquer lugar, pode vir de qualquer lado.
00:50Qual é a dificuldade e o desafio aí na cidade, porque já foram registradas mortes, não é, secretário?
00:57Pois é, você acabou de trazer a resposta.
01:00A capilaridade dessas pequenas fábricas são fabriquetas de fundo de quintal que acabam fazendo, produzindo essas bebidas de forma adulterada.
01:14E agora, usando o metanol, que é um produto altamente tóxico, é um subtipo de álcool, que é o álcool metílico, mas que é absolutamente danoso para o organismo humano.
01:29Então, à medida que nós temos várias fabriquetas, à medida que nós não identificarmos dentro dessa linha de produção, quem comprou, aonde comprou,
01:41e isso sim ir puxando essa grande linha para a gente poder identificar realmente quem são esses fabricantes,
01:51que hoje já ganham como distribuidor grandes indústrias, grandes empresas de distribuição, inclusive atacadões que estão vitimados por esse grupo.
02:05Secretário Jean Gorenstein, vou trazer os nossos comentaristas aqui, a Dora Kramer faz a próxima pergunta.
02:10Lembrando que o secretário Jean já foi secretário estadual da Saúde e tem uma longa carreira também no Instituto Emílio Ribas,
02:17aqui em São Paulo, além de outros hospitais privados. Dora?
02:21Boa noite, secretário. E, portanto, com esse currículo, a pessoa ideal para nos dizer, nos esclarecer o seguinte, secretário.
02:30Do ponto de vista de saúde pública, como é que a gente deve encarar esse fato?
02:36Que é o seguinte, o governador já disse, não, não é coisa do crime organizado, porque é algo pontual, individual, não tem conexão.
02:44Agora, se não tem conexão, como é que uma coisa dessas aparece no país todo, em vários estados,
02:51porque cada hora, cada dia a gente vê um novo lugar. E por que agora? O que aconteceu?
02:58Todo mundo, essas pessoas que não têm nada a ver uma coisa, umas com as outras resolveram ao mesmo tempo
03:04contaminar bebidas, como é que a gente deve encarar uma coisa dessas?
03:10Pois é, Dora, boa noite a você. O que nós temos que entender?
03:17Que são duas questões que devem ser atuadas de forma simultânea.
03:23A primeira, no ponto de vista de saúde pública, criando realmente uma política de ação,
03:30de rápido acolhimento dos pacientes, dos serviços.
03:36Foi assim que São Bernardo, como sendo o epicentro contendo o maior número de casos,
03:43hoje nós temos até as 12 horas de hoje, do dia de hoje, 30 casos e 4 pessoas, infelizmente, evoluíram a óbito.
03:55E dessa maneira, nós precisamos criar uma política de contenção, fazendo com que todas as unidades de pronto atendimento
04:03estivessem capacitadas para identificar os casos suspeitos, quem eram as pessoas que deveriam ser, portanto,
04:10deslocadas a um único hospital, sim, que estivesse totalmente preparado, no ponto de vista técnico,
04:19para acolher esses nossos doentes.
04:22O hospital de eleição foi o hospital de urgência e emergência e o hospital de clínicas, que tem uma retaguarda,
04:30ambos somados 120 leitos de unidades de terapia intensiva, incluindo aí a possibilidade de aparelhos de hemodiálise
04:42para a depuração, a limpeza do sangue desses elementos toxigênicos causados pelo metanol.
04:50Mas, em paralelo, a obrigatoriedade de se criar uma notificação, portanto, uma notificação compulsória,
04:59faz com que seja revelado, seja pelos pacientes, quando existe possibilidade e condição de fala,
05:07mas especialmente de amigos e familiares, para se saber aonde foi ingesta.
05:13A partir daí, toda a estratégia tomada, nós criamos, junto com a prefeita interina, Jéssica Kormick,
05:22um grupo formado por várias secretarias de segurança, de justiça, o PROCON,
05:29a Secretaria da Saúde, junto com a sua comissão de vigilância epidemiológica,
05:37a coordenação de vigilância epidemiológica, assim como a Polícia Civil e a Guarda Civil Municipal,
05:44fazendo com que todos esses ambientes fossem fiscalizados.
05:49Qualquer anormalidade, inclusive com identificação de embalagens, produtos,
05:57as embalagens, quando digo, rótulos, lacres, violação, eventualmente, daquela adesivação que é feita nas garrafas,
06:09tudo isso fez com que nós fizéssemos a apreensão de vários lotes de bebidas
06:16e quatro estabelecimentos, até o momento, foram fechados de forma preventiva,
06:22enquanto essa análise que nós chamamos toxicológica, para avaliar se essas bebidas estão ou não contaminadas.
06:29O que nós temos que entender, Dora, é que com isso nós damos um passo para frente.
06:35Nem todas as pessoas, e eu quero deixar isso muito claro,
06:39que vários foram os comerciantes que foram abordados
06:42e que mostravam que, olha, eu comprei na distribuidora
06:47que aparentemente era idônea, olha que está aqui a nota fiscal,
06:53e mostrando, portanto, que não era o mercado paralelo.
06:58Mas aí nós continuamos nessa ação, junto com a investigação da polícia,
07:04para apoiar também o Ministério Público, do ponto de vista criminal,
07:07e cível nas devidas análises e competências de responsabilidades.
07:13Secretário, a palavra agora, a pergunta, Cristiano Villela.
07:16Secretário, boa noite.
07:18Secretário, o senhor colocou bem sobre a orientação que existe em São Bernardo do Campo,
07:23de estruturação das unidades de pronto-atendimento,
07:26hospitais robustos, como o hospital de clínicas, por exemplo, para esse atendimento.
07:30Agora, o senhor sabe bem, melhor do que todos nós,
07:33que essa não é a realidade da maioria dos municípios do Brasil, de uma forma geral.
07:39Talvez essas localidades que contem com uma estrutura não tão boa quanto a de São Bernardo,
07:45existe alguma orientação que possa ser dada às pessoas,
07:48diante ali de uma dúvida, de um momento inicial,
07:51onde se acredite que a pessoa possa estar passando mal por conta da ingestão de metanol?
07:57Existe algo que possa ser tomado pela pessoa,
08:00alguma conduta inicial a ser tomada até que se chegue numa unidade de pronto-atendimento?
08:07Cristiano, a sua pergunta é muito importante,
08:09porque quanto mais precoce nós tivermos o acolhimento,
08:14a identificação desse paciente com possibilidade,
08:18portanto, um paciente suspeito para intoxicação,
08:21esse indivíduo deve ser encaminhado com urgência a um centro de referência,
08:27a um centro hospitalar, para que possa, em poucas horas, receber os antídotos.
08:33O antídoto que hoje nós temos acaba sendo o etanol,
08:36que é o álcool etílico, a 99%,
08:41e é feito de uma forma medicinal,
08:44diluída em soro, sorinho glicosado e ministrado na veia.
08:49Ele faz com que os metabólitos do próprio metanol
08:54sejam, então, inibidos na sua ação em alguns receptores do organismo.
09:01E, dessa maneira, evitem a progressão de danos.
09:05Ou seja, se eu conseguir identificar um caso suspeito,
09:08e quem é o caso suspeito?
09:10É aquele indivíduo que começa,
09:13que tem a exposição ou uma bebida alcoólica,
09:16especialmente os destilados,
09:19como gin, como vodka, como uísque,
09:24e evoluam nas horas subsequentes,
09:27e eu digo nas horas duas, três ou quatro horas,
09:31com uma sensação de ressaca muito diferente
09:35daquelas que ele já apresentou anteriormente.
09:38Muitas vezes você fala,
09:39pô, mas eu sempre tomei essa caipirinha,
09:41com essa vodka,
09:43não tem algo errado.
09:44Então, se você tem a sensação que algo não vai bem,
09:48você procure, sim, uma unidade de saúde mais próxima.
09:52Mas existe uma característica muito peculiar,
09:57que é a dor de barriga,
09:59tipo cólica.
10:00E eu tenho certeza que a maioria das pessoas
10:02que vivenciou uma ressaca,
10:04ou viu alguém com ressaca,
10:05nunca ouviu alguém dizer,
10:06olha, eu tinha dor de barriga.
10:09Então, isso também é algo que vai chamar atenção
10:12de forma muito antecipada
10:15a alterações, sejam neurológicas,
10:17ou a diminuição da visão,
10:20ou o borramento da visão,
10:22ou a perda da visão.
10:24Portanto, quanto antes eu puder identificar isso,
10:27antes eu entro com esses antídotos.
10:29Por isso que essas localidades vão precisar,
10:34de forma regionalizada,
10:36terem respostas muito rápidas,
10:39para que esses pacientes sejam imediatamente transferidos,
10:43independente da disponibilidade de vaga ou não,
10:46a gente considera essa uma condição de emergência,
10:50a vaga zero.
10:51Não é a vaga quando tiver a próxima vaga.
10:53Ele já precisa ir,
10:55porque se ele ficar no seu serviço de origem,
10:58infelizmente ele vai evoluir com danos irreversíveis,
11:02podendo, enfim, culminar em morte.
11:06Temos um minutinho para a gente encerrar a entrevista.
11:08Eu queria tirar uma dúvida com o senhor
11:10sobre esse antídoto
11:11que o governo federal está tentando comprar,
11:14trazer de fora.
11:15O que efetivamente é esse antídoto?
11:18Como as pessoas acabam tendo contato?
11:21É vacina?
11:22É cápsula?
11:23Pílula?
11:24Como é que isso funciona?
11:26Ele é manipulado,
11:27é um etanol que nós chamamos o álcool etílico,
11:30a 99%.
11:31Ele é manipulado de tal forma,
11:33em tal dosagem,
11:34junto com o soro glicosado,
11:36que ele é administrado na veia,
11:38fazendo então com que haja a sua ação.
11:41Só para ter uma ideia,
11:42quando o metanol entra no organismo,
11:44ele sofre uma metabolização,
11:47ele sofre uma modificação no fígado,
11:49se transformando,
11:51pasmem vocês,
11:52em formaldeído.
11:53Ou seja,
11:54ele é o formal.
11:55Olha aquele formal que a gente usa
11:57em vários produtos químicos,
12:00ele está ali sendo mobilizado
12:04no nosso organismo.
12:05Mas a partir de então,
12:07ele forma um novo ácido,
12:09que é o ácido fórmico.
12:11E o que faz esse ácido fórmico?
12:14Ele age dentro da célula do organismo,
12:17várias, de todo,
12:18seja no cérebro,
12:19seja no rim,
12:20seja no fígado,
12:21seja no pulmão,
12:22fazendo com que eu haja
12:25numa determinada célula,
12:26o chamado mitocondra,
12:28numa partícula ali,
12:29que produz energia
12:32para todo o organismo,
12:34para aquela célula.
12:36À medida que eu faço isso,
12:38eu impeço a entrada desse ácido fórmico,
12:42porque o etanol chega antes.
12:44Ele falou,
12:44opa,
12:45cheguei antes,
12:46o metanol,
12:48aqui você não tem vez.
12:49Então,
12:50ele não progride nas suas ações.
12:52Por outro lado,
12:53nós temos,
12:54principalmente nesses pacientes críticos,
12:56a hemodiálise.
12:56O que faz a hemodiálise?
12:58Ela filtra esse sangue
13:00do paciente
13:01e retira o metanol
13:03e esses metabólitos
13:05formados por essas mobilizações.
13:09E isso que garante
13:10a não progressão de dano,
13:12a não progressão
13:13dos colapsos
13:16que o próprio organismo
13:17pode vivenciar.
13:19Secretário Jean Gorenstein,
13:21de São Bernardo do Campo,
13:22infectologista,
13:23mais uma vez,
13:23obrigado pelos esclarecimentos
13:24aqui à Jovem Pan.
13:25Volte sempre
13:26e como o senhor sabe,
13:27o convite é sempre disponível
13:29para o senhor.
13:30Volte sempre,
13:30um abraço.
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