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  • há 2 meses
Edimilza Hannah Cacy Potiguar nasceu no sítio Boa Fé, mas foi embora para o Rio de Janeiro ainda criança. Lá, foi criada na aldeia Marakanã, onde cresceu ouvindo histórias sobre a sua origem paraibana.

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Notícias
Transcrição
00:00O Olho Vivo de hoje recebe a indígena Rana Cacipotiguá.
00:05Ela é natural de Cachoeira dos Índios e é a prova viva de que a cidade de Cachoeira dos Índios
00:15tem cachoeira e tem também raiz indígena.
00:19A prova é a descoberta através da pesquisa do professor Djalma Luiz
00:24da existência de Rana Cacipotiguá.
00:28Filha genuinamente de Cachoeira dos Índios.
00:31Ontem a indígena Rana Cacipotiguá foi homenageada na Câmara Municipal,
00:36recebeu uma medalha, recebeu honrarias por parte do Poder Legislativo
00:41e também do Poder Executivo através do prefeito Alisson Francisco
00:47e dos vereadores que compõem a Câmara Municipal.
00:50E hoje ela está aqui na nossa bancada ao lado do professor e pesquisador Djalma Luiz.
00:56Rana Cacipotiguá, uma alegria tê-la aqui presencialmente,
01:01tendo em vista que nos últimos anos e últimos meses
01:05falamos muito sobre a descoberta da pesquisa do professor Djalma Luiz,
01:11da sua existência, da comprovação de que Cachoeira tem indígena também.
01:16Seja bem-vinda, boa tarde.
01:17Uma alegria receber a senhora aqui no nosso programa.
01:20Então, boa tarde, gente.
01:23Primeiramente, eu quero agradecer, gratidão, porque eu fui muito recebida ontem.
01:28Eu não esperava que tinha muita gente na Câmara do Vereador.
01:33Eu gostei muito da Patrícia, da Primeira-Dama, e o senhor Djalma, também,
01:38da presidente.
01:40Gostei muito de muitos.
01:41É, muitos, o Lucas, tem muitos nomes que não dá para lembrar de todos,
01:46porque eu cheguei, foi ontem, né?
01:48Foi tudo na correria, mas, assim, mas eu gostei muito.
01:52E, assim, eu não esperava que muita gente ia abrir as portas do jeito que abriram ontem
01:57e homenagear nosso povo.
01:59Cachoeira dos Índios, que nem eu falo para todo mundo, eu sou da UTI Marcanã também,
02:06sou do Museu do Índio, lá na Rua das Palmeiras, no Rio de Janeiro.
02:09E lá, os pessoal já começaram muito a agradecer, já viram lá no Facebook a história de ontem.
02:14Eles ficaram muito felizes de eu apresentar nossos povos originais.
02:17Então, eu fiquei, assim, muito emocionada e espero que o nosso pai tupou uma pessoa,
02:25todos vocês, que nem eu falei ontem.
02:27E a gente, ontem foi um dia tão especial que a gente usa o coca num dia especial.
02:33Por isso que a gente, eu achei que hoje também foi um dia muito especial e a gente usa o coca.
02:38Porque a gente, o nosso coca é muito sagrado para a gente, nossas pernas originais.
02:42Então, o meu tio, que está quase com 100 anos, eu gostei muito do Djalma
02:47e espero que muitos professores estudem cada vez, que cresçam mais
02:51e que montem uma oca para mostrar para as crianças, como é a nossa oca,
02:56que é de tronco de árvore e palha, montar na cidade uma oca para as crianças saberem
03:00e brincar lá, fazer brincadeiras, para saber, para tomar mais um gostinho
03:04de o que é ser o indígena.
03:07E eu estou muito, muito, muito feliz mesmo.
03:09Gratidão a todos e fiquei muito feliz que ele me mandou um recado para eu vir para cá,
03:15para a TV.
03:16E não sei nem o que eu falo mais, porque foi muita emoção.
03:20Eu nunca recebi...
03:21Ana, você atualmente mora no Rio de Janeiro.
03:23Eu moro, eu fui criança para lá.
03:25Já foi criança?
03:26Fui criança para lá, fui criada lá com os pessoal.
03:29Nasceu em Cachoeira dos Índios?
03:30Nasceu em Cachoeira, no Sítio Boa Fé, na Cachoeira dos Índios.
03:33No Sítio Boa Fé.
03:34É, e fiquei muito feliz que meu tio está vivo, hoje eu vi também a minha família.
03:40Fiquei muito feliz de ver minha cidade, que mudou muitas coisas.
03:43Agora, não tinha TV para isso antigamente, eu acho que não tinha nada.
03:47E Cachoeira dos Índios está crescendo, graças a Deus mesmo.
03:51Eu não esperava que Cachoeira dos Índios tinha muitas novidades.
03:55E hoje eu voltei, já voltei também, sou casada, tenho um filho.
03:59E sou muito feliz de vir para aqui, para Cachoeira dos Índios.
04:05É que eu estou com...
04:06É que é muito...
04:08O Rio de Janeiro está...
04:08É que eu faço muita apresentação lá.
04:10Sim.
04:10Aí eu também represento lá também o museu que pegou fogo também, lá.
04:15E o Museu da Manhã, lá da Quinta Boa Vista.
04:18Fico muito feliz de abrir muitos eventos,
04:20homenagear nosso povo, a liderança dos povos indígenas
04:23e a sabedoria que a gente tem.
04:25A gente tem que ter muito valor e não deixar acabar nosso patrimônio cultural
04:30e honrar nosso patrimônio cultural, que são os povos originais.
04:34Então, eu agradeço muito, gratidão muito por essa oportunidade de ver aqui na televisão.
04:39Desculpa aí, eu não sou muito assim de...
04:41Não, está tudo ótimo aqui.
04:43Rana, me permita fazer um questionamento.
04:45Quando houve essa descoberta, através da pesquisa do estudo do professor Djalma,
04:51que está aqui, inclusive, na nossa bancada, e aceitou o convite para dividir a bancada com a gente justamente sobre isso,
04:57como foi para indígena Rana Cacipotiguá saber que a sua vida, ela confirma a história da própria cidade,
05:09a história da cidade de Cachoeira dos Índios,
05:12e sempre a gente cresceu ouvindo aquela ideia,
05:17Cachoeira dos Índios, mas que não tem nenhuma raiz indígena, não tem nenhum índio,
05:21a gente ouviu muito isso.
05:22Nós sabemos que agora a terminologia correta é indígena e não mais índio, né?
05:27E como foi para a Rana saber que a sua vida, ela confirma a própria história de Cachoeira dos Índios?
05:35Ah, eu fiquei muito...
05:36Eu não esperava que fosse...
05:39Quer dizer, eu já contava a história, vivia na cultura muito assim,
05:42fazendo as minhas danças, apresentação,
05:45que eu às vezes pego palestra.
05:46palestra, aí eu fiquei muito feliz e os povos também ficaram muito felizes
05:51dessa descoberta, desse estudo que teve, graças a Deus, os jovens, os adolescentes,
05:57as crianças estão interessadas mais.
05:59Ontem, então, um exemplo, teve um menino que fez muita pergunta para mim,
06:03tudo ele queria fazer perguntas, ele se interessou muito.
06:06Eu não sei de quem era que ele era filho, certo?
06:08Do prefeito.
06:08Do prefeito.
06:09E o prefeito me atendeu muito bem e eu não esperava mesmo.
06:12Essa história é assim, mas eu fico muito feliz.
06:15E cada vez que cresça, aí as pessoas sabem a origem.
06:18E minha família ficou orgulosa de mim,
06:21de ter uma pessoa na família que a gente não está deixando acabar a cultura,
06:25que a gente está renascendo, trazendo de volta,
06:28que cresça mais a nossa cultura,
06:30que não deixe nunca a cultura acabar.
06:32Rana, quando você sai de Cachoeira dos Índios,
06:35ainda criança, para o Rio de Janeiro,
06:37você sai, obviamente, com seus familiares.
06:39O que você cresceu ouvindo sobre Cachoeira dos Índios,
06:43sobre essa nossa região?
06:45Quais são as lembranças e as memórias
06:47que você carregou ao longo da sua infância, juventude,
06:52até, obviamente, a fase adulta?
06:55Eu me lembro, quando eu era criança lá no Rio de Janeiro,
06:59da minha avó aqui do pé de coitete,
07:01que a gente ficava de baixo brincando, no Rio,
07:03e ela contava muitas histórias para mim.
07:05E eu ouvi muito, as minhas irmãs não escutavam,
07:09mas eu era mais interessada, saber da minha avó,
07:13que ela falava sobre, e o meu tio também conta a história,
07:16hoje em dia, dos povos originais.
07:18E o que a gente fazia, e a comida,
07:21as comidas que os pessoal dizem que não sabem,
07:23comia as comidas daqui e não sabia o que era.
07:26E eu falei, mucuzá, tem o abacaxi, as frutas,
07:29a batata doce, tudo é indígena, essas comidas.
07:31A tapioca da gente, né?
07:33Que a tapioca da gente é comum, assim,
07:35é do indígena mesmo.
07:37Não é feita com outras coisas que o pessoal colocou, entendeu?
07:41Então, eu já comi, eu tive muita lembrança hoje,
07:43fiquei muito feliz que a minha irmã fez
07:45de tapioca para mim hoje.
07:48Aí, tem muita comida, o milho,
07:51tem muita coisa gostosa aqui.
07:53O cuscuz, a maranho, o pão de,
07:56o bolo de rapadura com gilin, que a minha mãe fazia.
07:59Era muito gostoso.
08:00E eu tentei fazer lá no Rio de Janeiro e consegui.
08:03Que maravilha, que maravilha.
08:05Então, você cresceu ouvindo também o relato da sua avó.
08:08Foi.
08:09Aí, eu nunca deixei, eu sempre lembrava
08:12e tentei botar as danças indígenas,
08:16fazer as danças.
08:17E hoje, eu sou muito feliz.
08:19Eu fico muito apresentando para as crianças
08:21e estou muito feliz que eu vou falar da educação
08:25com as crianças, das comidas,
08:26e vou apresentar nas escolas,
08:27mostrando o nosso patrimônio cultural
08:30e nossas histórias.
08:31Para as crianças saberem
08:32quem é a gente, de onde a gente veio,
08:35quem são, como é que a gente vivia.
08:37Eu vou contar para as crianças tudo isso aí.
08:39E sobre as armas indígenas que a gente tem,
08:42o chucai sonoro, o maracá, o pau de chuva,
08:45que eu trouxe para mostrar para eles.
08:47Então, você trouxe vários instrumentos também?
08:48Trouxe, eu trouxe até também
08:50da cobra jibóia, também a tiária.
08:53Eu trouxe o chucai da cobra cascavel,
08:55que faz o barulho para mostrar para as crianças.
08:57Trouxe dente de macaco,
08:59eu trouxe o lobo guará também, a pele.
09:03Para celebrar a ancestralidade dos povos originários.
09:07Na nossa história.
09:08Esse aqui, por exemplo, é o...
09:10O maracá.
09:11É o maracá.
09:12É, porque a gente está não errada a dança,
09:14a gente faz a dança da chuva, da colheta.
09:18Só que quando eu faço a dança da chuva,
09:20às vezes cai ele,
09:20ele falou que vai cair uma chuva.
09:22E o pau de chuva que eu trouxe também.
09:25E o chucai sonoro também.
09:27Esse aqui é o chucai sonoro.
09:31Eu faço muita dança com isso aqui.
09:32A gente bota no pé, eu faço também aqui.
09:35Que é castanha do Pará.
09:36Ah, são castanhas.
09:37É, castanha do Pará.
09:39Isso aqui é do Pará.
09:40Mas eu tenho também daqui, também da minha terra.
09:42Quando eu cheguei lá, é muita coisa para trazer.
09:44São muitas coisas, né?
09:45E o cocai, digamos que é a peça mais importante.
09:49Interessante dos povos indígenas.
09:50É.
09:51Esse passo aqui, ele é o passo Janancin,
09:54que é daqui mesmo do Nordeste, isso aqui.
09:57Esse aqui é de papagaio.
09:59Então, para a gente, é uma peça muito sagrada,
10:02para a gente usar o cocai em uma data especial.
10:04Só usa em ocasião especial.
10:07Isso, especial.
10:08Como hoje eu achei muito essa interessa de especial,
10:11aí eu capricho mais no cocai.
10:13Me sentimos honrados, inclusive.
10:15Então, a tiara, a gente tem a tiara,
10:17mas a gente não é uma data especial.
10:19Uma data especial é aqui hoje e ontem que eu usei o cocai.
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