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  • há 2 meses
Fernando Figueiredo explica que "a transposição não é para encher a barragem e sair, é para ser contínuo, integrar as bacias". O profissional disse que reconhece a preocupação da população.

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Transcrição
00:00Diário de obras, já aqui comigo na bancada do Olho Vivo, Fernando Figueiredo.
00:07Entenda o destino das águas da transposição do Rio São Francisco.
00:13Boa tarde, Fernando, seja bem-vindo.
00:15Boa tarde, Priscila, boa tarde ao pessoal que nos acompanha mais uma terça, né?
00:20Aqui na nossa coluna.
00:21Dessa vez, e mais uma falando sobre a transposição das águas do São Francisco.
00:27Mas isso é bem normal porque é uma das maiores obras do Brasil que afeta diretamente a nossa região.
00:35O tema de hoje é justamente por conta desses debates que vêm acontecendo de liberação das águas no Rio Piranhas, né?
00:46Especificamente da barragem de Engenheiro Avidos.
00:50Foi feita uma reforma lá, isso é de conhecimento do pessoal, a gente já fez inúmeras reportagens sobre isso.
00:57para tirar a água por baixo da represa, né?
01:01Tem lá a barragem de represamento.
01:05Então, foi feito, foi até uma polêmica da ensecadeira, etc.
01:08Que foi para colocar umas tubulações embaixo, que é justamente para retirar essa água quando o açude não está cheio.
01:16Porque a transposição não é para encher a barragem e sair.
01:20É para ela ser contínua, é ato contínuo, né?
01:23É de integrar as bacias.
01:24Então, a água que chegasse era para sair.
01:27Pelo que eu entendi, o problema que está acontecendo aí é que a água que está sendo liberada para o Rio Piranhas não está chegando no Engenheiro Avidos.
01:36Isso é segundo a população que está vendo de perto, que está sofrendo das consequências disso.
01:42Então, deve estar acontecendo o desvio de água, é uma possibilidade.
01:48Erosão também da transposição.
01:50Eu estava conversando com alguns colegas, né?
01:54De engenharia.
01:55São quilômetros, né?
01:56São dezenas de quilômetros de Engenheiros Avidos, né?
02:00Que a barragem é a montante.
02:02Então, deve estar acontecendo alguma divergência entre o que é liberado lá no Registro e o que chega no Rio Piranhas.
02:10E eles estão soltando.
02:11Talvez seja essa a melhor explicação, se de fato a água estiver baixando, né?
02:19Do açude da represa de Engenheiro Avidos.
02:23Porque os dados oficiais, foi o que a gente discutiu até na outra vez.
02:26Os dados oficiais é que está saindo exatamente a quantidade que está entrando na barragem.
02:31E aí, Fernando, eu lhe pergunto.
02:33Você traz esses detalhes, né?
02:35De que pode ser ou uma...
02:39Erosão, né?
02:39Erosão, né?
02:40Problema no canal.
02:41Na estrutura e tudo mais.
02:42Dessa água está diminuindo, né?
02:44Mas eu queria que você trouxesse para a gente qual é o objetivo.
02:48Qual foi o principal objetivo nessa transposição do Rio São Francisco aqui para a nossa região?
02:53Isso daí remonta...
02:55Tem um episódio bem clássico, né?
02:57Você lembra quando estava o projeto de transposição sendo integralizado?
03:03Que era do padre que se acorrentou porque ia matar o Rio São Francisco, etc.
03:08Porque o objetivo central foi revitalizar o Rio São Francisco e integrar a bacia do Rio São Francisco ao Nordeste Centro-Entrional.
03:17Então, era integrar as bacias, por isso que é um curso natural.
03:22Lembrando aqui na Paré, por exemplo, pega as duas principais bacias, as duas maiores bacias que tem no estado,
03:29que é o Rio Paraíba lá ao norte, que é o eixo leste, lá em Monteiro, Campina Grande, etc.
03:35E o Rio Piranhas, que é aqui no sertão, que é o eixo norte.
03:40Então, é a integração dessas bacias.
03:43Eu até disse na nossa outra coluna que, ao invés da água ir para o mar pelo Rio São Francisco,
03:49parte dela vai pelo Rio Piranhas até Macau, no Rio Grande do Norte.
03:53Mas o objetivo é isso.
03:55Só que tem duas características que o pessoal costuma não ter essa informação completa.
04:01Mas isso é bem corriqueiro no Brasil, das informações serem bem retalhadas.
04:06Então, o que é?
04:08No Nordeste, realmente a gente tem escassez de água, só que não é uma escassez de forma constante.
04:16A gente tem um período chuvoso e tem ciclos de seca.
04:21Obviamente, tem anos que passam com pouca chuva.
04:24Mas isso também não é o normal.
04:26O normal é que a gente tem um período chuvoso todo ano.
04:30E quando a gente passa o tempo com esse fluxo de água normal,
04:37o nosso fator hídrico é abastecido.
04:40Então, acontece a vida normalmente.
04:43Não é igual aquelas novelas globais que só passam seca e gente passando fome.
04:47Não é assim.
04:48Então, o Nordeste, e o interior do Nordeste especificamente,
04:53ele tem água e é algo que dá para o pessoal viver, etc.
04:59Então, o problema são os tempos de estiagem.
05:02Aí sim, a gente sofre de tempos em tempos.
05:05A gente tem um ciclo de secas severas que passam cinco, seis anos sem chuvas
05:11que dê para abastecer os reservatórios.
05:14Aí sim é um problema.
05:15Esse é um dos pontos da transposição do Rio São Francisco,
05:19que ela chega para, em tempos de estiagem,
05:22ela suprir essa demanda hídrica por consumo humano.
05:26Então, a prioridade é essa.
05:28A prioridade da transposição do Rio São Francisco é o consumo humano.
05:33Mas lá atrás, quando estavam idealizando o projeto ainda para ser integrado,
05:39a pergunta, já existia essa pergunta que era
05:42e quando as cidades não precisarem de água para o consumo humano?
05:47Esse não precisa é o quê?
05:48Que os mananciais estiam abastecidos porque vêm anos normais,
05:53não estão em períodos de secas.
05:54O que é que essa água vai ser feita?
05:57Vai ser só descartada.
05:58Por isso é que o objetivo é a integração
06:01e o ideal é que ela vá para o mar.
06:04Então, ela é para manter o fluxo de água do rio constante
06:08até para não desequilibrar a bacia.
06:11E onde é que vai ser usada essa água?
06:13Vai ser usada para a agricultura,
06:16para o consumo de animais,
06:20consumo de animais, agricultura,
06:22de forma geral, agropecuária.
06:25Até para poder pagar os investimentos que foram feitos.
06:30Não os investimentos que foram feitos,
06:31mas a manutenção que é caríssima.
06:35Só para vocês terem ideia,
06:36aqui no eixo norte,
06:38que é o do sertão cententrional, exatamente,
06:41que vem lá de Cabrobró até a nascente do rio Pirã
06:44e são 12 estações elevatórias.
06:47Estações elevatórias são salas gigantes com bombas,
06:52bombas enormes,
06:54que ficam ligadas 24 horas
06:55para pegar a água no nível inferior
06:58e subir essa água para o nível superior
07:01e ela vir por gravidade do restante.
07:02Então, a manutenção é caríssima,
07:05precisa de recursos.
07:06Esse dinheiro vem de onde?
07:07Ele tem que brotar de algum lugar.
07:09Não dá para pagar a manutenção toda da transposição.
07:12Tem uma empresa só para fazer a manutenção
07:14com funcionários, com engenheiros,
07:16com corpo técnico.
07:18É tanto bem preparado como custa caro.
07:21Isso tudo, né?
07:21Essa manutenção.
07:23Então, precisa de recursos.
07:24E quando os municípios usam essa água,
07:27tem que pagar também.
07:28E esse é um dos problemas.
07:29A gente pode até falar sobre, se der tempo ainda,
07:32que é justamente quando tiver em período de seca,
07:35quando os municípios usarem essa água para consumo,
07:40eles têm que pagar também por essa água
07:41porque tem a manutenção.
07:43No caso, no período de seca,
07:45no período de estiagem,
07:46os municípios que têm a transposição passando ali próximo,
07:50que fizerem uso dessa água, vão precisar pagar.
07:53Isso.
07:54Como funciona isso?
07:54Aí, veja só o problema.
07:56Qual é o maior problema?
07:57Veja a dimensão do problema se tratando de Brasil,
08:00porque se fosse outro lugar, seria tranquilo isso.
08:04Mas, em período de seca,
08:06realmente, a prioridade máxima de qualquer gestor municipal
08:11é adquirir água para a população, certo?
08:15Mas, digamos que está lá as nossas cidades aqui,
08:18Priscila é a prefeita,
08:19está lá na cidade há cinco anos, tudo normal.
08:23Período chuvoso, bem, agricultura, tudo ok.
08:27E aí, você tem que pagar uma taxa todo ano.
08:31Você não precisa da água, mas você tem que pagar.
08:33Por que pagar?
08:35Porque na hora que você precisar, está lá pronta.
08:37Não dá para fazer uma transposição só quando for necessário.
08:40Essa transposição, ela tem que continuar constante, concorda?
08:43Ela não dá para secar a transposição e só usar quando estiver em seca.
08:48Ela tem que continuar periódica, senão o objetivo foi de água abaixo.
08:52Não teria nem que ter feito.
08:54Ela tem que ser constante, tem que ser linear,
08:57essa água tem que ficar...
08:59Inclusive, a ideia é perenizar os rios.
09:02Pegar um rio sazonal que só tinha água no período chuvoso
09:07e tornar ele perene.
09:08Só que isso custa caro.
09:10É recurso diário, como eu acabei de explicar.
09:12E as cidades que usam disso, a população, tem que ir pagando.
09:16O governo do Estado paga e os municípios também têm que pagar.
09:21Então, quando não precisa, o que está acontecendo?
09:25Os gestores, principalmente na esfera estadual,
09:28estão se recusando a pagar.
09:29Porque não há manutenção barata, tá, pessoal?
09:32A gente está falando de valores milionários,
09:34porque realmente é uma das maiores obras já feitas pela humanidade.
09:38Então, quando tem esse período que os estados,
09:43os municípios não precisam da água,
09:45estão se recusando a pagar aquela taxa periódica.
09:48Tá entendendo?
09:49O problema é justamente esse.
09:51Porque na hora que está precisando,
09:53aí todo mundo abraça a causa.
09:54Só que na hora que está tudo ok,
09:56o pessoal se cala e os gestores querem investir
09:59esses recursos em outras áreas.
10:01Então, o pessoal se cala e os municípios em outras áreas.
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