Pular para o playerIr para o conteúdo principal
A execução do ex-delegado Ruy Fontes reascendeu o debate sobre segurança pública, uma vez que levanta suspeitas sobre a atuação do crime organizado e sua capacidade de infiltração em instituições. Para falar do caso, a Jovem Pan News recebe o especialista em segurança pública, o coronel Roberto Alves Santos.

Assista ao Fast News completo: https://youtube.com/live/qCFWhcQR7vY

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#FastNews

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00sobre os desafios da segurança pública que acaba afetando a todos nós em meio a essa discussão até esse último atentado, a execução do ex-delegado Rui Fontes em um crime que levanta suspeitas sobre a ação do crime organizado e a sua capacidade de infiltração em instituições.
00:20A gente vai conversar agora ao vivo com o especialista em segurança pública, o coronel Roberto Alves Santos, que honra receber o senhor aqui ao vivo, agora meio-dia e vinte e nove na Jovem Pan, para conversarmos um pouco sobre as digitais do crime organizado.
00:37Quando se tem uma experiência já na área da investigação, da segurança, quando uma ação como essa acontece, o gesto a gente já consegue entender se é de uma organização criminosa ou não.
00:52Fica claro que esse assassinato, essa execução aqui em São Paulo de um ex-delegado, existem as digitais do crime organizado, coronel?
01:01Olha, muito boa tarde a você, Bruno, a todos os telespectadores da Jovem Pan.
01:06Claro que fica, quando que acontece uma execução ou conflito entre as próprias organizações criminosas por busca pelo poder, pela hegemonia de algum local, de alguma área, ou um confrontamento ao Estado?
01:22Nesse caso específico, uma execução com requinte de crueldade contra um profissional da segurança pública, não só como ex-delegado, mas também como profissional que exercia a segurança municipal no município da Praia Grande.
01:39Ou seja, é uma afronta, é um Estado, e deixa todo um cenário, até pela movimentação que ocorreu logo após, com a decretação de prisões importantes, você já vê toda uma ligação com o crime organizado.
01:54Eu vou chamar também na conversa o Luiz Augusto Durso, que faz uma pergunta ao senhor.
02:00Boa tarde, coronel. Prazer em recebê-lo aqui na Jovem Pan.
02:02Coronel, o que a população também se chocou com relação a esse caso era a vulnerabilidade da situação em que um ex-delegado-geral da Polícia Civil se encontrava,
02:13como se fosse uma pessoa normal ali e que não sofresse eventuais riscos indiretos pela sua atuação como delegado e como, inclusive, combatente direto do seu ofício ao crime organizado.
02:26Será que mesmo em situações em que a autoridade ali aposentada não solicita determinada proteção extra, o Estado não deveria colocar como regra algum tipo de proteção a mais, a não ser a arma de fogo?
02:42Porque ali ficou claro que a arma de fogo não ajudou em nada. Os criminosos estavam, em maioria, com fuzis e ele não pôde nem se defender.
02:49O que fazer, então, com todos esses delegados, principalmente aqueles que tiveram na diretoria como delegados-gerais ou na própria Polícia Militar como comandante-geral,
02:58de ter algum tipo de proteção extra, mesmo que este não queira ou não solicite?
03:05Muito boa tarde, doutor Durso. É um prazer estar aqui com o senhor também.
03:09Mas é importante dizer que o ex-delegado, o doutor, enquanto na carreira de profissional de segurança pública do Estado, ele tinha todo um contexto de segurança.
03:20O que acontece é que com a sua aposentadoria, com esse momento em que ele vai destinar a sua experiência para outra atividade municipal, o município não detém essa estrutura.
03:31Imagine quantos profissionais, como eu, por exemplo, quantos profissionais, eu, no caso da reserva, já chamamos de veteranos e aposentados.
03:40Imagine que confrontamos o crime e debatemos contra esses criminosos durante toda a carreira.
03:45Se todos nós tivéssemos que buscar um suporte de segurança extra, o Estado não conseguiria atender a população.
03:53Então, no caso específico, ele sempre se preocupou com a segurança e motivos que estão sendo verificados também.
04:01Naquela oportunidade, o porquê de uma série de fatores, nunca um evento dessa natureza acontece por um único fator.
04:07Está sendo investigado se ele estava sendo ameaçado, há quanto tempo, que tipo de ameaça, porque ele foi ameaçado durante a carreira toda e enfrentou essas dificuldades, como todos nós, profissionais da segurança pública.
04:20Mas, nesse caso específico, não tem como você verificar ou afiançar que, mesmo que ele estivesse com o suporte de uma segurança extra ou de um carro blindado, por exemplo, como ele sempre usou,
04:32o criminoso espera o momento adequado para ele.
04:36O criminoso não tem pressa.
04:38Ele vai cumprir a demanda que foi determinada pela organização criminosa em algum momento em que ele tenha...
04:44que a vulnerabilidade esteja com a vítima, por exemplo.
04:49Infelizmente, quando esses fatos acontecem, uma série de eventos são trazidos à tona.
04:54Mas, no dia a dia da atividade policial, o doutor Rui sempre teve a preocupação.
04:59E ele conseguiu detectar, perceber que existia uma ameaça importante, tanto que ele fugiu, ele iniciou a fuga.
05:06Não fosse o evento acidente com os ônibus, possivelmente ele tivesse logrado o êxito em escapar.
05:14Ou seja, o doutor Rui se antecipou o processo como profissional de segurança pública, com toda a experiência que ele tinha.
05:19Mas, diante de uma agressão desse tamanho, é muito complexo.
05:23Muito difícil você falar que existia alguma oportunidade ou possibilidade de ele se defender ou evitar que esse fato pudesse acontecer.
05:31A gente acompanha essas imagens, uma violência sem fim, assustadora, cena de filme, né?
05:36Olha só, essa imagem, ele vem ali em alta velocidade.
05:39Então, para a gente entender, o senhor com a experiência, ele já consegue reparar, ele viu que essa ação estava em andamento,
05:48tenta uma fuga, mas ali o que acaba dificultando é justamente esse ônibus ali, né?
05:54Ele entra num semáforo e já vai de encontro com o ônibus.
05:57O senhor acha que tinha a chance dele conseguir sair com vida se não fosse justamente esse acidente ali, o impacto com esse ônibus?
06:07Olha, eu posso garantir para você que as possibilidades seriam muito grandes dele ter conseguido.
06:13Por quê? Não se faz um ataque desse tipo com o veículo em movimento.
06:18Ou seja, os criminosos não aguardaram o movimento do veículo, principalmente em velocidade, para efetivar o crime.
06:24Eles acontecem normalmente quando o veículo está parado, a pessoa está embarcando ou desembarcando,
06:30ou parado num semáforo ou em algum tipo de condição.
06:34Como o doutor Rui percebeu a ação, ele iniciou uma tentativa de fuga.
06:39E não fosse o acidente, eu posso garantir que não fosse o acidente, os criminosos estavam numa condição desfavorável.
06:46Por quê? Porque esse tipo de crime tem que ser rápido, ele não pode chamar a atenção das forças de segurança.
06:51A Praia Grande é um dos municípios que tem o melhor monitoramento por câmeras.
06:56Existe uma central com o município, com a polícia militar, com os órgãos de trânsito.
07:01Ou seja, se essa ação demorasse mais, as forças de segurança teriam sido encaminhadas para esse tipo de atuação.
07:08Mas no caso, não. Infelizmente, o acidente proporcionou, inclusive, o capotamento do carro
07:14e qualquer inviabilidade de tentativa de defesa do delegado.
07:18Agora, rapidamente, mais uma dúvida sobre essa evolução dentro do crime.
07:23A gente sabe que é um crime organizado, já falo o nome.
07:26Eles têm ali quem faz a execução, quem faz o levantamento, quem recebe.
07:31Quando tem um tipo de crime como esse, com registro, com uma cena de filme, eles recebem isso em dinheiro?
07:38Ele tem um espaço elevado dentro do crime?
07:41Como que funciona após esta ação criminosa com quem atuou nesta execução?
07:48É, você perceba bem que já nas investigações já foram verificados que um armamento veio do ABC,
07:55um outro armamento vem de outro destino.
07:57Esses armamentos são caríssimos para o crime.
08:00Então, eles normalmente são locados ou para um tipo criminoso, um assalto específico,
08:06ou para um cumprimento de ação do crime.
08:08Os idealizadores, aqueles que decidem, que organizam, não participam normalmente da execução.
08:15E, eventualmente, os executores sequer sabem quem é a pessoa, ele recebe a missão, uma determinação.
08:23Não tem um vínculo financeiro, ele não está ganhando para fazer aquilo.
08:26Ele está cumprindo uma determinação, ele já participa do contexto criminoso,
08:30mas ele recebe uma missão, a execução.
08:33Existe toda uma logística.
08:35Tanto que tem hoje, já tem sete mandados de prisão expedidos,
08:39e teve três, quatro participantes na execução direta.
08:43Mas você vê que é uma logística grande, é uma logística demorada, por isso que é importante.
08:48Por mais que o delegado pudesse se antecipar ou pedir uma proteção,
08:54o crime, ele tem a informação.
08:56Ele busca sempre atuar com vantagem para ele,
08:59buscando a vulnerabilidade do momento daquela pessoa, que é a vítima, que foi definido.
09:04O que não pode acontecer?
09:06É o crime organizado ser recebido pela sociedade como algo normal.
09:12Nós estamos normalizando algo que deveria ser praticamente impossível de acontecer.
09:17As ordens vêm do presídio, as ordens vêm, infelizmente, de pessoas que você nem imagina.
09:24Ou seja, o crime só se considera organizado quando ele está infiltrado em todos os cenários.
09:30Veja que ele está no campo civil, campo privado, muito dinheiro envolvido,
09:35está nas atividades públicas, nas atividades políticas,
09:39ou seja, o crime só é considerado organizado quando completamente infiltrado em vários cenários.
09:45E aí, todos nós nos tornamos mais vulneráveis diante de um sistema desse tamanho, infelizmente.
09:51Luiz Augusto Durso.
09:52Coronel, eu gostei da sua resposta, ficou muito claro que o Estado tem uma dificuldade tremenda
09:58em determinar ali uma segurança mínima para esse agente público
10:03que já exerceu alguma atividade de segurança, etc.
10:07Então, diante disso, eu tenho na memória uma situação, uma vez, nos Estados Unidos,
10:11que um rapaz estava sendo processado, e ele falou,
10:15não, de jeito nenhum, eu nunca atiraria num policial, etc.
10:19Que o criminoso tinha medo das consequências,
10:22porque existia uma previsão legal de um rigor muito maior na punição
10:26quando o crime era relacionado a uma autoridade pública da segurança
10:32ou um aposentado nessa função.
10:34Será que não seria o caso do Brasil punir com mais rigor
10:37esse tipo de ataque a figuras que já trabalharam para proteger a população?
10:42Olha, doutor, eu vou ampliar a resposta.
10:47Eu só fiz uma resposta, uma pergunta que me faz ampliar o contexto da análise.
10:51O que acontece no Brasil, como é que o criminoso evita,
10:56se desestimula da prática criminosa, quando ele tem certeza da punição?
11:00Qualquer que seja a punição, não é o tamanho dela,
11:03mas a efetividade desse cumprimento.
11:05No Brasil, os criminosos se sentem muito à vontade.
11:08Praticamente nenhum criminoso, de qualquer tipo de crime,
11:12por mais hediondo que ele seja, vai cumprir uma pena integralmente.
11:16Ele começa, você tem uma série de vantagens que a própria lei prevê,
11:21uma progressão de pena.
11:22Imagine, nós temos da população carcerária no Brasil,
11:26235 mil pessoas estão cumprindo em casa,
11:30sendo que metade delas sem nenhum tipo de monitoramento.
11:34Nós temos todo um processo de cumprimento da pena,
11:38no regime semi-aberto, no regime aberto,
11:40que permite que essas pessoas estejam também no convívio da população.
11:44Como é que nós podemos nos sentir seguros
11:46se o criminoso, que deveria estar cumprindo uma pena,
11:49para que ele pudesse regenerar,
11:51e a ressocialização é uma etapa seguinte, primeiro é regenerar.
11:55Ele não pode acreditar que estar num sistema prisional
11:58é algo natural, algo normal, que ele ainda vai ser aperfeiçoado pelo crime.
12:02Não, ele tinha que ter certeza que o seu cárcere
12:06seria realmente uma medida drástica para o cumprimento dessa pena,
12:09e ele pensaria mais de uma vez no sentido ou de cometer crimes
12:14ou de reincidir nessas atividades criminosas.
12:17Hoje não existe esse tipo de contexto.
12:20O criminoso está muito à vontade, como eu disse.
12:23Poucos criminosos, aliás, raros criminosos vão cumprir uma pena na integralidade.
12:28Os 40 anos mais que são previdos hoje, ninguém cumpre.
12:32Praticamente ninguém cumpre.
12:34Então, o criminoso, é muito comum nas forças de segurança
12:37prenderem uma determinada pessoa suspeita várias vezes,
12:41dezenas de vezes, dentro de um período pequeno de tempo,
12:45e ele continua em liberdade.
12:47Existe uma premissa jurídica hoje que,
12:49se o crime não for cometido com violência ou grave merda,
12:53sequer o cárcere é o destino inicial.
12:55A prisão temporária, a prisão preventiva,
12:58não tem sido, pelo menos, a prioridade da justiça.
13:02E a polícia, mesmo fazendo um trabalho importante,
13:05veja, só a Polícia Militar do Estado de São Paulo,
13:07realiza quase 150 mil flagrantes,
13:11sendo que um terço envolve menores, né?
13:14Então é a apreensão de menores, mas é um flagrante, por ano.
13:18Nós temos uma capacidade carcerária em São Paulo,
13:20de 200 mil presos, tem 280 mil,
13:22mas a cada ano 150 mil pessoas são presas,
13:25fora a polícia civil, fora as guardas municipais.
13:28Então, veja, a segurança pública do Estado,
13:31aquela que está no fronte, na linha de frente,
13:35realiza o seu trabalho, mas a continuidade não acontece.
13:39Então nós temos um processo legal muito demorado
13:42por uma série de recursos que existem.
13:45O criminoso, no Brasil, qualquer pessoa,
13:48a exceção é a prisão, a prisão é a exceção,
13:52a regra é que nós somos inocentes,
13:53todos são inocentes, até que haja um trânsito em julgado,
13:56ou seja, não haja mais recurso naquele processo,
13:59e isso dificulta.
14:00Tem processos de 10 anos.
14:03Nós temos hoje mais de quase 400 mil mandados de prisão
14:06para serem cumpridos.
14:08Veja, pessoas que, apesar da morosidade,
14:10já foram condenadas e estão na rua.
14:12Mais uma quantidade importante que está em regimes
14:15de ressocialização, e a polícia militar,
14:18a polícia civil, as polícias, as guardas municipais
14:21têm que fazer um trabalho insano
14:22de ficar encontrando essas pessoas
14:24prendendo no flagrante,
14:27que é uma situação já excepcional,
14:29é difícil de acontecer o flagrante,
14:31e grande parte deles volta para o cenário da rua
14:33como se fosse um assíntio à sociedade.
14:36Ou seja, a polícia prende,
14:38e como se fala, a justiça solta.
14:41Mas não é a justiça um juiz,
14:42é a justiça legal, é aquela estrutura
14:44que permite que qualquer pessoa vá ter
14:47todo um processo legal da ampla defesa
14:50e que ele continue, infelizmente,
14:52colocando em risco toda a sociedade.
14:53Roberto Alves Santos, especialista em segurança,
14:56conversando ao vivo com a Jovem Pan neste domingo,
14:59nos ajudando a entender a estrutura
15:01do crime organizado e essas ações
15:04que também chegam à impunidade
15:06na grande maioria das vezes.
15:09É importante discutir muito segurança pública,
15:11e o que eu sempre falo aqui, não com especialista
15:14de ar-condicionado, mas sim com quem atuou
15:17contra o crime organizado, de fato,
15:20quem já esteve nas ruas.
15:21Muito obrigado, espero que a gente possa voltar
15:24a conversar logo mais sobre esse assunto
15:26tão importante, inclusive, aqui em São Paulo.
15:28Olha, será sempre um prazer,
15:31parabéns pelo programa, doutor,
15:33parabéns também, doutor Durso.
15:35Nós precisamos trazer essas ações realmente
15:37porque a sociedade clama por isso,
15:40precisa acontecer algo,
15:41e envolve, são muitos fatores,
15:44muitos personagens importantes
15:45que devem participar em todos os níveis de governo,
15:48em todo o contexto social.
15:50Eu agradeço a oportunidade e estou à disposição.
15:52Ótimo final de semana.
15:53Agora, meio-dia e 45 segundos,
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado