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O especialista em segurança pública e advogado, doutor Luiz Flávio Sapori, fala sobre o avanço do crime organizado e o risco de o Brasil se tornar um narcoestado com o crescimento de milícias e facções no país.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/CI9owkzEBGs

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Transcrição
00:00A gente ainda continua com esse assunto sobre o assassinato do ex-delegado-geral de São Paulo, Rui Fontes, e o avanço do crime organizado.
00:08A gente conversa agora com o especialista em segurança pública, advogado Dr. Luiz Flávio Sapore,
00:16a quem eu agradeço a gentileza por atender a Jovem Pan neste sábado.
00:21Estávamos repercutindo já aqui sobre essas imagens impressionantes e a ousadia do crime organizado.
00:27Eu falo ousadia porque quando uma investigação inicia, ele já consegue entender a forma que esse episódio aconteceu.
00:34Fica ali uma digital do crime organizado, doutor.
00:40Não há dúvida. Bom, em primeiro lugar, boa tarde a todos e todas que nos assistem.
00:46Esse caso é realmente um caso muito grave, é um caso emblemático, é um caso que confirma o que, de alguma maneira,
00:52todos nós que lidamos com a segurança pública, e mesmo a população brasileira, já percebia que é o poderio do crime organizado,
01:01e particularmente do PCC, não apenas em São Paulo, mas em âmbito nacional.
01:07A ousadia desse crime revela que essa organização criminosa, ela está muito empoderada,
01:13ela tem um poderio bélico muito forte, ela tem ousadia, ela se dispõe a desalciar as autoridades políticas,
01:23as autoridades policiais, judiciais do Estado, da sociedade brasileira.
01:29Ou seja, estamos diante de um fato que apenas explicita a ponta de um iceberg, se eu pudesse dizer assim.
01:37Estamos realmente lidando com uma organização criminosa que merece uma atenção muito especial
01:44por parte das autoridades e da sociedade brasileira como um todo.
01:49A gente tem acompanhado também a velocidade da investigação, e a gente vê que não é somente o executor envolvido,
01:57tem uma série de pessoas que acabam articulando, um que arruma essa arma, outro que arruma esse veículo,
02:02um que fica fazendo levantamento justamente de uma rotina até essa vítima ser executada, assassinada.
02:11Essa rede de apoio do crime organizado, há um financiamento também muito forte, doutor.
02:18A gente tem que entender que o PCC é uma organização, que é uma organização convencional.
02:24Ela é uma empresa do crime, ela é estruturada em rede.
02:28Você tem vários grupos criminosos lidando com várias atividades ilegais, não só o tráfego de drogas,
02:36apesar da prioridade que esse negócio tem hoje para o PCC, principalmente o tráfego internacional da cocaína.
02:46Mas a gente tem que entender que ela não é uma organização hierarquicamente definida,
02:50como uma empresa convencional, como uma organização dos meios de comunicação.
02:55Você tem vários grupos e vários indivíduos criminosos com algum grau de autonomia,
03:01com várias atividades diversas, uns que lidam com o tráfico,
03:05outros que lidam, pode ser muitas vezes, com o roubo e furto de cargas, com o roubo e furto de automóveis.
03:12E dentro dessa rede, você vai ter criminosos e grupos criminosos especializados em matar,
03:19em assassinar, com treinamento militar, com armamento bélico específico, como nós vimos.
03:27Você vai ter um grupo específico de financiamento,
03:30um grupo de indivíduos que vai estar lidando em municiar financeiramente todo esse processo.
03:37Você vai ter grupos só para fazer a lavagem de dinheiro,
03:42como ficou explícito recentemente em toda aquela rede de fintechs da Faria Lima em São Paulo.
03:50A gente tem que entender o PCC dessa maneira.
03:52Ela não é um todo homogêneo, ela não é uma totalidade e é com uma hierarquia muito bem definida.
03:59É uma rede, como você bem disse.
04:01E as redes têm relativas autonomias, funções diversas, atribuições diversas,
04:07o que fica muito mais difícil enfrentar esse tipo de organização criminosa.
04:13Eu imagino que não exista uma receita para sufocar ou combater o crime organizado.
04:19Mas existe uma forma de, pelo menos, sufocar esse financiamento, doutor?
04:26Como você bem disse, não tem uma receita.
04:29Nenhum país do mundo acabou com o crime organizado.
04:32Nem a Itália, nem muito menos os Estados Unidos.
04:35A América Latina enfrenta esse problema de maneira muito grave no Equador, no México, na Colômbia, no Peru.
04:42Então, a gente tem que ter clareza que é um fenômeno não apenas nacional, um fenômeno internacional.
04:48Isso envolve cooperação entre países.
04:51O Brasil hoje precisa cooperar melhor com o Paraguai, com a Colômbia, com a Bolívia,
04:55porque boa parte do poderio econômico do PCC vem de rotas de transporte da cocaína,
05:04da pasta base de cocaína, que vem dos países andinos, vem pela triplice fronteira com o Paraguai e a Argentina,
05:10vem pela rota do Solimões, na Amazônia.
05:13Então, você tem que ter cooperação entre países, entre as forças de segurança.
05:17Ao mesmo tempo, você tem que ter um grande trabalho interno.
05:19É isso que eu entendo que é a grande tarefa do Brasil.
05:22Se organizar.
05:23Se o crime é organizado, o Estado tem que se organizar.
05:29Você tem que juntar os esforços das polícias estaduais, das polícias federais,
05:34tanto da polícia rodoviária quanto da polícia federal.
05:37Eu preciso do Ministério Público Federal, do Ministério Público Estadual.
05:41Eu preciso do apoio da Receita Federal.
05:43Eu preciso do apoio da COAF.
05:45Eu preciso, então, que todos esses órgãos estejam juntos.
05:50Por isso que a proposta, que me parece interessante,
05:52é a criação de uma autoridade nacional de enfrentamento ao crime organizado.
05:57Eu sou defensor dessa ideia.
05:58Essa ideia está sendo cogitada em Brasília, no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
06:03Tem alguma resistência da Polícia Federal,
06:07que me parece uma resistência corporativa.
06:09Mas precisamos criar uma autoridade nacional,
06:13que, na verdade, na prática, o que que é?
06:15Uma grande força-tarefa.
06:17Você vai ter forças representantes de todos os órgãos estaduais e federais
06:21nessa autoridade nacional,
06:23onde as informações, a inteligência vai estar integrada.
06:27Dessa maneira, nós temos melhores condições de enfrentar o crime organizado.
06:31Eu não vejo outra saída que se não essa.
06:33Eu chamo na conversa o nosso comentarista Diego Tavares.
06:39Doutor Luiz Flávio, muito boa tarde.
06:41Um prazer conversar com o senhor aqui no Fast News.
06:44Doutor, falando de Brasília, pegando um gancho na tua última fala,
06:47essa semana foi muito relevante o debate sobre a PEC das prerrogativas,
06:54ou o PEC da blindagem, como o senhor queira chamar.
06:58Essa PEC recebeu uma crítica muito contundente
07:01no sentido de que poderia ser uma PEC que fomentasse
07:04a participação do crime organizado nas eleições,
07:08buscando, assim, a blindagem de suas principais lideranças.
07:11Qual que é a sua avaliação sobre a sua perspectiva
07:14de um profissional da área da segurança pública
07:16sobre o texto desse projeto?
07:18Bom, Diego, também é um prazer falar contigo,
07:22poder trocar ideias contigo.
07:23Meu prezado amigo, eu fiquei muito preocupado
07:26com a aprovação dessa PEC, confesso.
07:28E eu acho que essa questão do crime organizado é muito real,
07:32porque o crime organizado, Diego, você conhece bem essa realidade.
07:36O criminoso que lida com o tráfico de drogas,
07:39roubo e furto de carros, com o lavar de dinheiro,
07:42contrabando de mercadorias diversas,
07:45ele precisa ter uma simbiose com o poder político e o poder público, Diego.
07:50Ele precisa não só corromper o policial, o juiz, o prefeito, o promotor,
07:56ele precisa também, muitas vezes, ter representação política.
08:00Ele precisa ter vereadores que estejam ali defendendo seus interesses.
08:05Ele precisa de deputados estaduais, ele precisa de deputados federais, senadores,
08:09muitas vezes um prefeito, um governador.
08:11Quanto mais ele estiver entranhado no aparato do Estado, Diego,
08:16melhor o crime organizado.
08:18O crime organizado não quer acabar com o Estado.
08:20O crime organizado, ele não é terrorista.
08:23Ele não é uma organização terrorista que quer desalojar o poder estatal.
08:30Ele quer se aproveitar do poder estatal.
08:33Ele quer se aproveitar das prerrogativas do poder estatal
08:37para facilitar o seu negócio.
08:39Lembremos que o crime organizado é uma empresa do crime.
08:43É uma empresa que lucra, ela visa lucro.
08:45E se ela puder ter, então, esse apoio, esse conluio,
08:50essa impunidade com a representação política,
08:53isso facilita o negócio, Diego.
08:55Então, essa PEC da blindagem,
08:58eu diria para você, meu amigo,
08:59a turma do Comando Vermelho,
09:01a turma do PCC,
09:03do Terceiro Comando Puro no Rio,
09:05o pessoal está soltando foguete, meu amigo.
09:08Isso é uma maravilha para o crime organizado.
09:10Isso para o crime organizado soa como um canto da sereia.
09:17Então, nós não podemos aceitar essa PEC,
09:20ela é perversa,
09:23ela vai facilitar e fortalecer o crime organizado no Brasil, Diego.
09:28Eu não tenho dúvida disso.
09:31A gente agradece a gentileza,
09:34a entrevista esclarecedora nos ajudando a entender
09:37ambos os lados aqui do crime organizado.
09:39e agora, até parece algo impossível,
09:42mas a chance do crime organizado
09:45entrar de vez dentro do Congresso Nacional
09:47com essa discussão de uma blindagem dos parlamentares,
09:52porque talvez seria uma vitrine ali
09:53para ficar imune do que acontece na vida real, né, doutor?
10:00Eu acho que você foi perfeito.
10:02A questão da PEC não é de ideológica,
10:04a gente tem que pensar, né, Diego,
10:05de esquerda ou direita,
10:06a gente tem que pensar o Estado, a segurança pública.
10:08Essa PEC, ao favorecer os maus políticos,
10:12vai favorecer os criminosos que se utilizam da política.
10:17Vamos lembrar o exemplo concreto de um deputado estadual do Rio de Janeiro,
10:22agora, há pouco tempo,
10:23ele é vinculado ao Comando Vermelho.
10:25O Brasil vai estar sabendo desse caso.
10:28O indivíduo era um empresário de joias,
10:31vinculado ao Comando Vermelho,
10:32deputado estadual do Rio de Janeiro.
10:34Ou seja, nós estamos falando de um fato real,
10:37é o mundo real,
10:38essa PEC da blindagem,
10:40ela é perversa,
10:42ela é um tiro no pé da segurança pública do Brasil.
10:45A gente volta a conversar logo mais,
10:47eu agradeço a gentileza,
10:49muito obrigado,
10:50ótimo final de semana ao senhor.
10:54Obrigado,
10:54um abraço a todos e todas que nos assistiram.
10:56um abraço a todos e todas que nos assistiram.
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