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Será que a sensação de segurança pública no Brasil tem melhorado? No Visão Crítica, o ex-secretário nacional de segurança pública, Coronel José Vicente, aponta que a preocupação com a segurança pública só começou no governo Temer, com a criação do Ministério de Segurança Pública. Vicente ainda salienta que o crime organizado tem se espalhado pelo país, elevando os indicadores de criminalidade e exigindo medidas públicas mais eficazes.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/irwS7iW1pSU

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Transcrição
00:00Mas pegando o gancho das questões que incomodam o senhor, a senhora, o jovem,
00:06que são questões concretas, que certamente não é essa, tenho absoluta certeza.
00:11Mas é uma questão, por exemplo, tão complexa que é pegar um celular e caminhar livremente por uma calçada,
00:16conversando com qualquer pessoa, e que é algo muito difícil de ser feito nas cidades brasileiras,
00:21e em São Paulo é um desses exemplos.
00:23Então a questão da segurança pública, que há uma proposta em emenda constitucional que trata disso,
00:30e há uma discussão sobre qual é a autonomia dos estados em relação a isso, dessa articulação.
00:35Eu queria aproveitar e colocar o senhor, coronel presidente, quais seriam, nessa frente a isso,
00:41dessas questões que é que interessa a você, que vai mudar a sua vida?
00:44Porque isso daí, grande parte, e aí eu volto à expressão circo é bem isso,
00:48e um circo mambembe, mal feito, grande parte desses deputados deveriam estar num prédio público ali próximo,
00:55um pouco insalubre ali ao Distrito Federal, mas infelizmente estão lá,
00:59que é a ser, né?
01:01Essa questão da segurança pública, como é que fica isso,
01:04nesse momento que a gente vive de extrema insegurança no Brasil?
01:10As pessoas dizem que é sensação de insegurança, porque a segurança tem melhorado.
01:14Tem melhorado?
01:15Não.
01:17A sensação não tem muito a ver com os indicadores de criminalidade.
01:21São estudos que mostram que realmente a repercussão da mídia dos crimes graves assusta as pessoas,
01:27e você tem o mesmo nível de preocupação com a segurança do Nordeste violentíssimo
01:33e do Sudeste uma área menos violenta no país.
01:36Mas, de qualquer maneira, o que nós percebemos é que os indicadores são elevados.
01:42Nosso indicador de homicídio, por exemplo, é quatro vezes maior que o da Bolívia,
01:46que é um país que tem enormes problemas sociais.
01:48Nós temos uma dimensão de crime organizado que se espalhou pelo país,
01:53ganhou desenvoltura inesperada.
01:55Algumas facções, como é o caso de uma que tem a sua matriz aqui em São Paulo,
02:00PCC, Comando Vermelho no Rio de Janeiro,
02:02e irradiaram pelo país todo e mostraram tanta competência nessa evolução organizacional
02:08que adquiriram capacidade de negociações internacionais inacreditáveis,
02:14tanto na aquisição de drogas como na venda dessas drogas no exterior,
02:18e acabaram invadindo, inclusive, o sistema financeiro, onde estão lucrando muito.
02:23São Paulo registra cerca de 3 milhões de incidentes criminais por ano,
02:27aqueles boletinhos de ocorrência.
02:28Eu chutaria que somar tudo, de aliança, celular, carro roubado, bolsinhas, etc.,
02:36nós vamos chegar a talvez uns 5 bilhões de reais.
02:40Mas só os bancos tiveram 14 bilhões de fraudes aqui no ano passado.
02:45E nisso aí se aproveitou muito o ramo do crime organizado.
02:49Claro, eles não vão distribuir esse dinheiro ganho no mercado financeiro
02:53para a rapaziada lá do Jardim Ângela, do PCC.
02:58Isso vai para os chefões, para os grandes capos da organização criminosa.
03:03Mas essa organização cresceu, não cresceu por seu mérito apenas,
03:08cresceu porque foi dado espaço para ela crescer.
03:11Dado espaço por quem?
03:12Para que as autoridades deviam ter a incumbência de cortar as asinhas daquilo que estava crescendo.
03:17As polícias federais e as polícias estaduais.
03:20Então a responsabilidade, a grande responsabilidade nacional de coordenação,
03:23que então tem um peso sobre o âmbito aí da presidência da República.
03:30Nós só tivemos uma preocupação recente nessa área, foi do governo Michel Temer,
03:36que criou o Ministério da Segurança Pública,
03:39que é um instrumento adequado para a complexidade do problema e gravidade que nós temos.
03:44Foi feita uma política nacional para a segurança pública,
03:47com o Plano Nacional para a Segurança Pública,
03:49com o ministro Raul Júlio, no caso, coordenando essa questão,
03:53mas ele não teve continuidade depois, nem com o Bolsonaro, nem com o governo Lula.
03:58Então precisamos voltar a esse trabalho.
04:03O Ministério Público tem feito um grande trabalho nessa questão do crime organizado aqui por São Paulo,
04:08até trabalhou num projeto que foi apresentado ao governo recentemente,
04:13uma lei antimáfia, foi esse o batismo desse projeto,
04:16justamente para criar condições mais agravantes de identificar os criminosos,
04:23de processar, de condenar, etc.
04:26Mas está emperrado, como tantas outras iniciativas nessa área.
04:30Doutor Eduardo Mulher, sobre essa questão, o senhor foi secretário de Segurança em 1986,
04:36uma conjuntura radicalmente distinta do que nós vemos hoje, em todos os sentidos.
04:42Era o momento da redemocratização,
04:44era o momento chegando à Assembleia Nacional Constituinte,
04:47havia muito otimismo no Brasil,
04:50a situação, presumo, criminal, no sentido mais vulgar, eu estou dizendo,
04:56era distinta da atual.
04:57É uma surpresa para o senhor que teve aquela experiência e continua trabalhando na área.
05:03Esse processo de evolução, especialmente no caso, por exemplo, do PCC,
05:08que virou uma máfia internacional, em duas doses de país, ou algo do gênero,
05:12internamente, que muitos crimes, todo mundo resolve atribuir o PCC.
05:18Qualquer coisa, o cara bateu a carteira e disse que é do PCC, não tem nada a ver com ele.
05:21Mas é uma espécie de, não sei se é de laúria, alguma coisa.
05:25Essa situação que nós chegamos hoje, ela é produto do quê?
05:30Eu acho que é produto da omissão do Estado.
05:32Porque antes do PCC entrar nos presídios, organizadamente,
05:37o presídio era um lugar horroroso, preso.
05:39Ele era abusado, batido.
05:43E o PCC moralizou o presídio.
05:45Então, ele lá conquista aliados.
05:48E o outro fator é que eles se tornaram empresários de sucesso.
05:51Porque eles usam o sistema financeiro, tem o processo de lavar de dinheiro.
05:56Aliás, eu temo que o projeto de anistia se prenda também a esses buracos que havia no sistema financeiro.
06:05O tal da conta Bolsão, que o depositante não é identificado.
06:11Será que não tem muito dinheiro de campanha?
06:13De lavagem de coisa de político?
06:16Eu acho que aí há uma preocupação.
06:19E tem uma preocupação do outro lado.
06:21Se você consagra a impunidade, a imunidade, como eles estão querendo,
06:27o PCC vai querer entrar no parlamento.
06:30Claro, os chefes, nada melhor do que um posto de deputado,
06:34que eles têm uma rede também para isso.
06:37Agora, eu acho que o outro lado é que fala-se muito em segurança.
06:41E, mais ou menos, as propostas são...
06:44A gente sabe como combater.
06:46Mas aí vem a visão demagógica, que é completamente tão só inútil como perdiciosa.
06:51O Congresso, cada vez que vê uma fase, diz, não, vamos aumentar as penas.
06:56É sabido que aumentar a pena não adianta nada.
06:58Os teos americanos têm a prática dos três S.
07:02Eles acham que a pena tem que ser curta, eficaz e rápida.
07:07Ou seja, cometer o crime, vai preso e depois sai.
07:12Agora, se você fica 15 anos num processo para depois ser julgado,
07:17e mais, o criminoso, ele aposta na impunidade.
07:21Porque, como o número de capturados, presos e condenados é muito pequeno na massa de crimes,
07:27é um risco.
07:28É um risco profissional.
07:29Eles consideram que é um risco profissional.
07:32Então, vale a pena, porque não vai acontecer nada em 99% dos casos.
07:36Então, eu acho que precisaria uma visão muito de engenharia, de segurança,
07:42de inteligência, de segurança, e de medidas efetivas para você acelerar o cumprimento.
07:48A lei não é ruim.
07:50A lei é boa, Guarana.
07:51Você não pode ficar sempre querendo mudar, mudar, mudar, e sem chegar a lugar nenhum.
07:57Quando foi em 80, nos anos 80, eu publiquei um artigo na revista do AB Federal
08:02sobre a Batalha do Morro Dona Marta.
08:05E, naquela época, um terço da população do Rio morava em favelas controladas pelo crime organizado.
08:11Quer dizer, isso não é de hoje.
08:12Isso vem dos anos 80.
08:14Ou seja, faz 40 anos, 50 anos quase.
08:17E continua igual.
08:18Quer dizer, apenas eles se estabeleceram em trincheiras muito mais sólidas
08:23para rechaçar a polícia e seduzir a população.
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