Os atos pró-Bolsonaro de 7 de Setembro repercutiram nos principais jornais internacionais, como o The New York Times. A imprensa estrangeira destacou a força política do movimento, com a participação de centenas de milhares de pessoas em diversas cidades do país. A repercussão mundial é vista como um contraponto à narrativa de que a direita brasileira está enfraquecida.
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00:00Deixa eu trazer uma outra informação diretamente ligada ao evento de ontem,
00:05porque esses grandes protestos da oposição pelo Brasil repercutiram internacionalmente,
00:10principalmente nos Estados Unidos, com o jornal New York Times trazendo detalhes sobre os atos do 7 de setembro.
00:17A mídia americana ressaltou o alto público presente na Avenida Paulista e a fidelidade dos apoiadores de Jair Bolsonaro.
00:26Segundo o texto, as imagens das manifestações confirmam que os atos da direita foram muito maiores do que os realizados pela esquerda
00:34e que o ex-presidente mantém a sua força política e movimenta multidões, mesmo diante do julgamento no STF.
00:42Em todas as manifestações, o New York Times destacou que os brasileiros criticaram o Supremo Tribunal Federal,
00:48denunciaram perseguições políticas e declararam apoio às ações do presidente Donald Trump.
00:54Segundo o levantamento feito pela USP, o ato realizado pela oposição em São Paulo foi cinco vezes maior do que o realizado pela esquerda
01:03e reuniu menos de nove mil pessoas.
01:07Vou chamar o Cristiano Beraldo porque é importante pontuar o que é o New York Times, né Beraldo?
01:13Qual é a característica do jornal New York Times e o que é preciso considerar sobre as repercussões dessas manifestações na mídia norte-americana?
01:22O New York Times é um jornal muito tradicional, muito influente e ele tem ali uma viés de esquerda, enfim, histórico,
01:38mas de qualquer forma é um jornal bastante influente e essa cobertura que acontece nos Estados Unidos em relação a essas manifestações demonstram como o Brasil passou a ser um assunto, sim, tratado.
01:56Eu estou na Ásia essa semana, Caniato, e me surpreendeu aqui pessoas com quem eu conversei que sabiam do julgamento de Jair Bolsonaro,
02:06que estavam curiosos para saber sobre o desfecho, quando que haveria uma conclusão desse julgamento.
02:14Então, quer dizer, o Brasil virou um assunto mundial pelos piores motivos possíveis.
02:19Quando você lê uma reportagem como a do New York Times, a pessoa leiga, a pessoa que não está como nós aqui acompanhando a nossa audiência,
02:28que acompanha todos os dias aqui os nossos debates, as nossas conversas, infelizmente a gente é uma minoria, né,
02:34de pessoas que estão realmente atentas a tudo que está acontecendo.
02:39Em geral, as pessoas estão tocando as suas vidas, enfim, ali ocupadas com seus próprios problemas
02:43e, de vez em quando, elas vão se informar sobre essas questões políticas que acontecem no mundo.
02:49E aí, quando alguém lê o que está acontecendo no Brasil, percebe de forma muito evidente que há um problema muito grave acontecendo ali
02:56e que o Brasil se tornou um alvo, sim, de Donald Trump, do governo de Donald Trump,
03:04e que nós estamos sendo vistos, a conclusão que eu chego é que a imagem do Brasil hoje é a imagem de um país cuja democracia não é mais percebida como uma verdadeira democracia.
03:20É um país que está tendo a sua imagem associada a ditaduras mundo afora e um lugar onde abusos são cometidos.
03:31Abusos do Poder Judiciário, ao mesmo tempo que há notícias de um comportamento do Poder Executivo,
03:40do Presidente da República, na direção de pessoas associadas com o tráfico de drogas.
03:46Quer dizer, está tudo muito ruim em relação ao Brasil.
03:49E isso causa a consequência que, para nós, brasileiros, que enxergamos o Brasil com tantas deficiências e tantas necessidades,
04:01isso afasta o investidor internacional.
04:04O Brasil se torna, de novo, simplesmente um rélis paraíso da especulação,
04:11porque os investimentos de longo prazo, eles ficam distantes, eles ficam paralisados.
04:17Há muita incerteza no ar para que o Brasil seja levado a sério como um país estável,
04:25um país que tem uma legislação previsível e, sobretudo, que a interpretação da sua legislação será feita de forma perene.
04:35Você, Mota, qual é a sua avaliação, sua percepção sobre a cobertura feita por veículos internacionais,
04:44as repercussões na imprensa, principalmente norte-americana?
04:48Como o Brasil tem sido visto pelos Estados Unidos?
04:51Muitos falam em país dividido, mas muitos têm essa percepção destacada pelo Cristiano Beraldo,
04:57um país que já foi democrático.
05:03Eu lembro daquela frase que é atribuída a De Gaulle, o Dávila, me socorra se eu estiver errado,
05:10que teria dito que o Brasil não é um país sério.
05:14Parece que ele teria dito isso durante uma visita de Carlos Lacerda à França.
05:19Carlos Lacerda era um político de direita, muito eloquente,
05:23mas conhecido pela sua metralhadora giratória.
05:26Ele começava a falar, ele atacava todo mundo,
05:29era conhecido por querer mudar o governo toda hora, nem sempre de uma forma amistosa.
05:34Eu sou fã do Carlos Lacerda pela sua inteligência, pela sua oratória,
05:39mas ele teria provocado em De Gaulle essa reação de dizer que o Brasil não é o país sério.
05:44Imaginem vocês se De Gaulle estivesse vivo hoje.
05:48É muito difícil para a imprensa mídia estrangeira entender o que está acontecendo aqui
05:56e explicar isso para quem está lá fora.
05:59E isso se a mídia estrangeira tivesse boa vontade para isso.
06:03A grande maioria dos veículos de mídia lá de fora são com viés de esquerda.
06:11Há poucas exceções pontuais como, se eu não me engano, a Maria Anastácia O'Grady,
06:16que escreve no Wall Street Journal, publicou há três ou quatro semanas atrás,
06:21uma matéria que essa sim, na minha opinião, retrata fielmente o que acontece aqui.
06:26É muito difícil explicar para um americano o que acontece aqui.
06:30Os Estados Unidos, eles são o que o nome diz.
06:34Eles são Estados Unidos.
06:37Cada Estado tem o seu sistema de justiça.
06:40Cada Estado realiza as suas eleições da forma que quer.
06:44Cada Estado tem o seu código penal.
06:47Cada Estado cuida da sua vida.
06:50Só poucas questões que são de interesses comuns, como defesa, relações exteriores,
06:55ficam para o governo federal.
06:57Os americanos são muito ciosos da sua liberdade.
07:01E a Suprema Corte Americana reflete isso.
07:03Então, eu acho que é compreensível para um americano dizer que a Suprema Corte Brasileira está julgando pessoas por golpe de Estado.
07:15Imagine se você for explicar que um dos magistrados seria alvo da tentativa de golpe.
07:22Ou seja, o magistrado está julgando uma causa na qual ele tem envolvimento direto.
07:27Imagine você explicar que o pessoal do 8 de janeiro foi julgado, mas eles não deveriam ser julgados,
07:34porque mesmo de acordo com essa lei maluca brasileira, eles não tinham foro privilegiado.
07:41Então, é muito difícil.
07:42Eu vejo com pouca esperança a possibilidade de que a mídia estrangeira um dia consiga realmente explicar essa loucura que acontece aqui.
07:53Você, Dávila, o seu diagnóstico para cobertura feita por alguns veículos de comunicação,
07:59especialmente o New York Times em destaque na notícia que trouxemos,
08:04e claro, as várias repercussões ao redor do mundo.
08:08O mota barra de gol tá certo, o Brasil não é um país sério.
08:14E pra explicar um país que não é sério para correspondente internacional, é uma luta.
08:20Eu mesmo já fui consultado por vários jornalistas logo depois que começou o julgamento de Bolsonaro,
08:26e quando você começa a explicar isso que nós explicamos todas as noites aqui nos Pingos nos Is,
08:32as pessoas ficam num estado de incredulidade.
08:35Não, não, mas você fala isso porque você é da oposição, porque você é de direita, porque não...
08:40Não, não, mas é exatamente isso, fielmente, que está acontecendo no Brasil.
08:44Então, os jornalistas ficam incrédulos.
08:46Eles não podem acreditar que numa democracia esteja acontecendo as coisas que estão acontecendo no Brasil.
08:54E aí, fala aí, não, tem que checar com outra fonte.
08:57Falei, você pode checar com a fonte que você quiser, mas os fatos são esses.
09:01Então, um país que não é sério gera incredulidade.
09:05As pessoas não acreditam nas coisas que estão acontecendo aqui.
09:11Então, é difícil explicar, porque se o jornalista chega com uma matéria explicando o que está acontecendo no Brasil,
09:19o editor vai derrubar.
09:20Ele fala, não é possível.
09:21Não é possível que num país democrático esteja acontecendo isso que você está escrevendo aí.
09:26Então, é algo incrível isso, como um país que não é sério, desperta incredulidade,
09:34e a notícia não sai do jeito que tem que sair, não é só por uma questão ideológica, não.
09:39É por uma questão que foi, provavelmente, derrubada pelo editor, que fala,
09:44não é possível que isso esteja ocorrendo no momento.
09:47Então, e nisso, as pessoas ficam entendendo a tal da meia-verdade do que se passa no Brasil.
09:54Pois é, acho que o Mota pediu a palavra.
09:56Quer fazer um complemento, Mota?
09:58Não, eu acho que isso que o Dávila falou é muito importante, sim.
10:01Tem um componente de incredulidade.
10:04Eu também já tive essa reação.
10:06Não é possível que isso que está acontecendo esteja ocorrendo.
10:10Então, acho que vai sobrar para os historiadores do futuro documentar isso.
10:16Eu fico imaginando o que vai acontecer daqui a 30, 40 anos, né, Dávila?
10:20Esse Brasil do futuro, onde vai existir liberdade, Estado de Direito.
10:25As crianças na escola estudando o que aconteceu entre 2018 e 2025 no Brasil,
10:32e dizendo, não é possível, não acredito que isso aconteça.
10:34A gente vai seguir acompanhando.
10:36Tem outros detalhes em relação à manifestação.
10:39Tem a bandeira norte-americana, né?
10:42Uma parte elogiou, uma outra parte criticou.
10:45Daqui a pouco, Beraldo, Dávila e o Mota trarão também as análises e as reflexões
10:50sobre a bandeira norte-americana utilizada no 7 de setembro.
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