O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (04) uma ordem executiva que oficializa o acordo comercial entre EUA e Japão. A medida implementa formalmente o pacto anunciado em 22 de julho e estabelece uma tarifa-base de 15% sobre quase todas as importações japonesas, conforme comunicado da Casa Branca. Alan Ghani analisou. Comentarista: Alan Ghani
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00:00O presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva que oficializa o acordo comercial entre Estados Unidos e Japão.
00:07É uma medida que implementa um pacto bilateral entre essas nações.
00:12Alan Gani está aqui com a gente.
00:13Ô Gani, o que você destaca pra gente desse cenário, à medida em que está todo mundo buscando acordo com os Estados Unidos e agora a gente tem o Japão conseguindo algo?
00:22Olha só, o que é bastante importante para os Estados Unidos é um acordo comercial e não perder aliados históricos.
00:31Então, no caso do Japão, isso fica bastante evidente.
00:35Os Estados Unidos acabaram perdendo a Índia.
00:38Justamente pelas tarifas protecionistas, os Estados Unidos aproximaram a Índia da China.
00:46Já tinham perdido inicialmente a Rússia lá na guerra entre Rússia e Ucrânia.
00:51Então, do ponto de vista geopolítico, este acordo é bastante importante, dado que o Japão é um parceiro comercial importante na Ásia.
01:01Agora, o que significa na prática essa chamada tarifa base, né?
01:05De 15% que foi anunciada e como que isso afeta também o comércio internacional como um todo?
01:11Então, a tarifa base de 15%, inicialmente o Japão, com os Estados Unidos, as tarifas rondavam na casa de 2%, 3%
01:19ou não tinham tarifas.
01:21Então, é um acordo.
01:23Se a gente olhar em relação ao passado, Soraya, ficou pior a situação.
01:28Perde comércio, corrente de comércio entre os dois países.
01:33Mas se a gente olhar agora em relação ao que foi colocado inicialmente, ele se tornou favorável.
01:41Porque as tarifas iniciais eram na ordem de 30% e agora cai para 15%.
01:48Então, nessa perspectiva, acabou sendo favorável para Estados Unidos e Japão.
01:54E lembrando que eles isentaram também, né?
01:57E tiveram tarifas mais reduzidas, principalmente para os automóveis, dado que o consumidor norte-americano é um grande comprador de carros japoneses.
02:05Gani, tem muita gente dizendo o seguinte, todo mundo consegue menos o Brasil, uma reduçãozinha aí nas histórias.
02:10É, o Brasil tem que ver onde que ele está errando, né?
02:13Nesses acordos comerciais.
02:14Agora, de qualquer maneira, Nonato, o que a gente percebe, né?
02:18Que eu volto naquele meu comentário inicial.
02:20O mundo está se mexendo do ponto de vista geopolítico.
02:25E talvez o Donald Trump tivesse uma ideia de que ele, ah, eu vou aplicar tarifa contra todo mundo.
02:30E o mundo vai continuar do jeito que ele está.
02:33Que é um erro que eu sempre aponto em análises, né?
02:36Uma análise estática e não dinâmica.
02:38Ou seja, eu coloco a tarifa e os países vão continuar fazendo comércio com os Estados Unidos igualmente, no mesmo volume.
02:47Mas não.
02:48O ponto que é, quando você faz uma análise dinâmica, você prevê a consequência do outro lado.
02:56E qual que é a consequência do outro lado?
02:58Os países não continuaram a fazer o comércio na mesma magnitude que faziam anteriormente com os Estados Unidos.
03:05Eles começam a se mover e buscar outros parceiros comerciais.
03:09Que é exatamente o que está ocorrendo.
03:11A Índia buscou uma aliança histórica com a China.
03:14Algo que era impensável no passado, dado que China e Índia têm problemas de fronteira.
03:19Então a gente percebe na Ásia, e mesmo aqui no Brasil, essa nova composição de buscando alternativas.
03:26É claro que o Brasil deve insistir, sim, com os Estados Unidos, né?
03:31Buscar um acordo comercial é relevante.
03:33Mas também essa diversificação de comércio, ela é bastante importante.
03:39Gani, os empresários que foram até Washington essa semana ouviram que a solução para o tarifácio, então, envolve a política.
03:46Na sua avaliação, deve partir do presidente Lula?
03:49Deve, deve, com certeza, né?
03:51Ah, eu não quero ir lá conversar com o Trump, porque eventualmente pode acontecer o que aconteceu com o Zelensky.
03:58Mas, enfim, essa é a função de um presidente, né?
04:02Muitas vezes você passar por situações constrangedoras é parte do jogo.
04:07Ele deve insistir nisso exaustivamente, né?
04:11E buscando, nem escolher um lado, a gente escolheu o lado americano ou escolheu o lado chinês.
04:17O Brasil, ele tem interesses tanto com a China quanto com os Estados Unidos.
04:21E aí o Brasil é uma peça fundamental nesse xadrez geopolítico.
04:25E eu acredito que, dado a importância do Brasil, o Brasil não é um gigante diplomático, mas também não é um anão diplomático.
04:34O mundo tem interesse no Brasil, até porque a gente tem um agronegócio muito forte e auxilio do mundo.
04:38Então, dá para a gente, por conta disso, ter uma posição mais neutra e pragmática
04:44e conseguir um bom acordo com os Estados Unidos sem abrir mão da China.
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