- há 3 meses
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AprendizadoTranscrição
00:00Atenção, por favor.
00:01Professor na tela, oi gente, como é que vocês estão, tudo bem?
00:05Bem-vindos ao Arte ou Nada, seu canal de arte, cultura e um monte de coisa.
00:09Hoje a gente vai falar sobre o quarto tema mais cobrado no Enem,
00:12também tem relação com a arte contemporânea, que são as funções da arte.
00:17Arte não é só uma coisinha para poder enfeitar a casa,
00:20arte não é só uma coisinha para ficar na parede,
00:23arte tem uma função também, social, e é isso que a gente vai ver hoje.
00:26Tem enrolação? Vamos para a aula.
00:30Ah, gente, vou ficar até aqui embaixo hoje para explicar para vocês o seguinte.
00:37Ao longo da história da arte, a gente vê que a arte vai acumulando funções.
00:42Então, num primeiro momento, a gente tem a arte enquanto educação e magia, né?
00:47Educação e religiosidade.
00:50A arte estava muito atrelada ao sagrado.
00:53Até que, ali, por volta da Antiguidade Clássica,
00:56a gente começa a ver uma relação entre arte e outras coisas.
01:01Arte e história, arte e política.
01:05Vamos pensar na quantidade de busto, de imperador.
01:09Vamos pensar na...
01:10Vamos pensar nas pirâmides, nos faraós.
01:17Vamos pensar no estandarte de Ur.
01:21O estandarte de Ur é uma peça histórica valiosíssima que conta a história de uma guerra.
01:28Obviamente, ele foi feito pelo lado vencedor dessa guerra e conta como esse lado ganhou a guerra.
01:35Já no período medieval, a gente tem uma relação muito forte com o sagrado, né?
01:41De novo, a arte que ensina e ensina a religião.
01:45Mas que também mostra o nomínio da igreja, que também tem ali uma questão política.
01:51No Renascimento, a gente começa a ter...
01:53Renascimento, em todo o academicismo,
01:57da arte acadêmica, a gente tem uma demonstração de poder.
01:59Pela primeira vez, uma parte da população tinha um poder econômico tão grande ou até mesmo maior
02:06do que o poder econômico do rei.
02:08Então, a gente tem ali a demonstração de poder.
02:13Além das outras coisas que eu falei.
02:16A gente vem aqui na arte abstrata, a arte moderna,
02:20onde o artista pode soltar a sua expressividade.
02:23Muito mais do que retratar alguém,
02:26com o surgimento da fotografia e a arte, ela se liberta dessa obrigação.
02:31Vou falar mais um pouquinho nesse vídeo mesmo sobre a questão da fotografia.
02:34Mas na arte moderna, a gente tem o artista que se expressa.
02:38Isso tudo culmina na arte contemporânea.
02:41Então, na arte contemporânea, a gente tem essa arte que ensina,
02:44essa arte que expressa,
02:46essa arte que mostra domínio e poder.
02:49Poder político, essa arte que dialoga com a política,
02:51essa arte que mostra a história.
02:53E a gente também tem a questão da subjetividade,
02:57a questão da expressividade,
03:00a questão do falar com o outro.
03:03Então, a arte contemporânea, ela cumpre várias funções
03:06acumuladas ao longo do tempo,
03:09além das suas próprias criações,
03:13das funções que vêm com esse período contemporâneo.
03:17O que a gente vê, então, é que a arte vai só acumulando funções.
03:21E por que estudar as funções da arte?
03:24Porque, normalmente, numa prova do Enem,
03:26o que a banca vai cobrar,
03:28o que a organização da prova, a prova em si, vai cobrar,
03:33são essas funções.
03:34Essa obra de arte cumpre qual função?
03:37Bom, eu falei que ia voltar aqui para falar sobre fotografia.
03:41E aí nós temos duas imagens aqui.
03:42Uma é a pintura,
03:44outra é a fotografia em si.
03:46A pintura é uma pintura do movimento expressionista.
03:50Foi o primeiro movimento artístico
03:52livre da obrigação de representar o mundo tal qual ele era.
03:57Então, a gente tinha, num momento,
03:59e talvez ao longo de toda a história,
04:02talvez da Antiguidade Clássica para frente,
04:05o artista que ele tem a obrigação de representar
04:07fielmente aquilo que se vê.
04:09Lógico, a gente vai ter algumas variantes daqui e dali,
04:13mas vamos representar o mundo como a gente vê.
04:16Era uma função da arte, talvez a principal função.
04:19A fotografia tira isso,
04:21porque a fotografia revela o mundo como a gente vê.
04:24Entre você fazer uma selfie
04:26e você pedir alguém para te pintar,
04:29a selfie é mais rápida, mais barata.
04:32Então, assim, cumpre melhor a função,
04:36porque a câmera não consegue
04:37te manipular, manipular seu rosto, melhorar.
04:41Ou eu aqui, estou um pouquinho no escuro,
04:43apesar de ter uma luz bem na minha cara,
04:45estou um pouco no escuro.
04:47A fotografia pegaria isso,
04:49porque é o que a câmera está pegando.
04:51O artista conseguiria me pintar um pouco mais clarinho,
04:54com um pouco mais de claridade,
04:55mas, enfim, demoraria tempos,
04:57dinheiro,
04:58e o artista teve que se reinventar.
05:01Então, quando eu falo que a arte moderna
05:03mostra muita expressividade do artista,
05:05é porque no período da arte moderna,
05:07o artista se viu livre da obrigação
05:11de fazer paisagem,
05:13mas também preocupado com
05:14como eu vou me sustentar,
05:16visto que o que sustentava o artista
05:17era representar o natural e a natureza.
05:21Então, aí surgem movimentos
05:22que captam expressividade,
05:25captam espontaneidade,
05:26captam o momento presente.
05:29E aí a função da arte não muda,
05:32mas ela vai agregando situações,
05:35e essas situações que vão sendo agregadas,
05:37elas vão sendo direcionadas.
05:39Nem toda arte é religiosa,
05:41nem toda arte é educativa,
05:43nem toda arte é histórica.
05:45Sempre depende da função e do momento.
05:47Isso, obviamente,
05:48eu estou pensando na arte contemporânea.
05:50Então, gente,
05:51o que sobra não?
05:52O que foi acumulado ao longo do tempo
05:54e que chega como função da arte contemporânea.
05:57Marquei aqui,
05:58espelho da sociedade,
05:59então a arte reflete quem, gente,
06:01é para onde nós estamos caminhando.
06:03Tem também, vou lá para baixo,
06:05propor novos mundos,
06:06para onde nós deveríamos caminhar.
06:09Então, o artista,
06:10ele consegue pensar
06:11não só no que a gente está aí,
06:13para onde a gente está indo,
06:14mas dar possibilidades
06:16para onde nós vamos.
06:18Aqui eu estou pensando principalmente no cinema.
06:20O cinema, ele consegue revelar
06:22onde nós estamos
06:23e para onde nós vamos.
06:25Vamos pensar na crise...
06:26Oi!
06:27Vamos pensar na crise climática.
06:29Vamos pensar na nossa sociedade como um todo,
06:33no capitalismo.
06:34Vamos pensar nos excessos todos,
06:38nas faltas todas.
06:39Quando é muita crítica social,
06:41espelho da sociedade.
06:43A arte, hoje em dia,
06:45ela tem uma função de te provocar...
06:47Lembra que eu falo isso
06:48em várias aulas que eu falei?
06:50O artista, ele não quer
06:51que você chegue ali e bata a palminha.
06:53O artista quer que você pense.
06:55O artista quer que você reflita
06:56sobre alguma coisa.
06:58Está diferente de uma obra de arte?
07:00Não importa, gente.
07:00Eu falo obra de arte,
07:01vem na cabeça pintura e escultura.
07:03Expande isso aí para música,
07:05para teatro, para cinema.
07:07Até videogame hoje em dia
07:08é considerado arte.
07:09Então expande isso aí.
07:11Toda arte contemporânea
07:12quer que você pense,
07:13que você reflita,
07:14que você chegue a alguma conclusão,
07:16que você avalie suas opiniões.
07:20E a inovação
07:21é uma marca gigantesca
07:23dessa arte pós-moderna,
07:24pós-modernista ou contemporânea.
07:28A inovação não é só
07:30a inovação dos temas,
07:32mas a inovação dos materiais.
07:35Vamos lembrar da aula
07:35que eu mostrei
07:36no trabalho do Leo Nilsson,
07:38que não é pintura,
07:39não é escultura
07:41do jeito clássico.
07:42E tem muita...
07:43Aqui no canal
07:44eu já mostrei muita obra
07:45que não tem nada do clássico
07:46e é obra de arte.
07:48Aí é o seguinte, Cadu,
07:49a gente tem uma série
07:51de informações
07:52que a arte pode nos passar.
07:53ela tem uma série
07:54de funções a cumprir.
07:56Como é que eu sei
07:57qual função
07:59está sendo cumprida ali?
08:00Como é que eu interpreto
08:01uma obra de arte?
08:04Eu falo que a gente
08:05tem que ler.
08:05Ainda que não seja texto,
08:07a gente tem que ler
08:07uma obra de arte.
08:09A música é só pegar e ler.
08:10Não, não é assim.
08:11Ler é interpretar,
08:13é perceber,
08:14é sentir,
08:15é questionar
08:16a obra de arte.
08:17Então eu gosto muito
08:18da ideia das leituras possíveis.
08:21O que são leituras possíveis?
08:23É você chegar
08:25de frente para uma obra de arte,
08:26é você ouvir uma música,
08:27é você assistir um filme
08:28e fazer
08:30a sua interpretação.
08:33Porque todo artista
08:34de arte contemporânea
08:35sabe que
08:35eu sou
08:37professor de artes,
08:39eu tenho
08:40mestrado em estudos
08:41de linguagens,
08:42eu tenho
08:43um tempo
08:44da minha vida
08:45dedicado
08:45à pesquisa da arte,
08:47ao ensino da arte.
08:48A forma
08:50como eu
08:50interpreto
08:51uma obra
08:51é diferente
08:52da dona
08:53Joana,
08:55que tem
08:5635 anos
08:57de experiência
08:58quanto
08:58faxineira
08:59e que
09:00depois que se aposentou
09:01resolveu fazer
09:03algo diferente,
09:04algo que ela nunca
09:04tinha feito na vida,
09:06que é
09:06entrar no museu
09:07e assistir
09:07uma exposição
09:08de arte.
09:11O artista
09:11sabe que
09:12o público
09:13é diverso,
09:14o público dele
09:15é diverso,
09:16principalmente o artista
09:17contemporâneo,
09:17que quer que a pessoa
09:18mergulhe na obra
09:19de arte dela.
09:21Por isso existe
09:22a coisa da subjetividade.
09:24Eu entendo
09:25aquilo que eu
09:26entendo,
09:27porque o ponto
09:28de vista
09:28da dona Joana
09:30e o meu
09:31são diferentes.
09:33Não são
09:34maiores
09:35ou menores,
09:36não são melhores
09:37ou piores.
09:39Nós partimos
09:40de locais
09:41diferentes.
09:42Obviamente,
09:43nossa conclusão
09:44sobre uma obra
09:45de arte
09:45será
09:46diferente.
09:47por isso eu gosto
09:48da ideia
09:48de leituras
09:49possíveis.
09:51Ao mesmo tempo,
09:53existe aquela
09:53informação
09:54que você recebe
09:55sobre uma obra
09:56de arte.
09:57O que o artista
09:58pensou,
09:59você vai lá
10:00na obra,
10:01vai dar uma lida,
10:02isso já vai te nortear
10:04a como interpretar
10:05aquilo.
10:06Você tem
10:07críticas
10:08na internet,
10:09vai te ajudar
10:10a nortear
10:11a interpretação
10:12daquilo.
10:12Mas é sempre
10:13importante entender
10:14que você tem
10:15uma experiência
10:16de vida.
10:17Isso vai fazer
10:18com que você
10:19aprecie aquela
10:20obra de arte
10:20de um jeito
10:21diferente
10:22do meu.
10:24Diferente
10:25do da Dona Joana.
10:26Porque a experiência
10:27de vida
10:27conta muito
10:28na hora
10:29de fazer
10:29a sua leitura.
10:31Quando a gente
10:31fala que uma obra
10:32de arte é X,
10:33a gente entrou
10:34num consenso.
10:36A minha interpretação,
10:37a da Dona Joana
10:37e a sua,
10:39tem algo em comum.
10:40Esse algo em comum
10:42é o que a gente
10:42vai ver
10:43na mídia,
10:44na crítica
10:45e por aí vai.
10:47Mas cada um
10:48tem a sua leitura
10:48de uma obra de arte
10:49e não está errado.
10:51Vamos dar uma olhada
10:52aqui na fonte
10:53do Duchamp.
10:54Eu acho que
10:54essa obra de arte,
10:55não só,
10:56eu acho que todas
10:57as obras do Duchamp
10:58chamavam a atenção
10:59para o que é arte.
11:01O Duchamp
11:02não é contemporâneo,
11:03ele é moderno,
11:04um artista moderno.
11:05O Duchamp
11:06não é um artista
11:07pós-moderno,
11:08ele é um artista
11:08moderno,
11:10do movimento
11:10da daísta,
11:11do movimento
11:11da Primeira Guerra Mundial.
11:12mas ele chama
11:15atenção
11:15com essa peça
11:17aqui
11:17para aquilo
11:18que é arte
11:18de fato,
11:19para aquilo
11:19que é arte
11:19sempre foi
11:20e sempre será.
11:22Arte
11:23não é
11:24um
11:24produto
11:27feito manualmente.
11:29Um produto
11:30feito manualmente
11:30pode ser um artesanato,
11:32pode ser uma comida,
11:34pode ser uma música,
11:35muita coisa pode ser.
11:37Mas o que é
11:37a arte,
11:38então?
11:38Ele compra
11:40essa peça
11:40numa loja
11:41de construção
11:42e manda
11:43para um museu.
11:44A pergunta
11:45que a gente faz
11:45é errada,
11:46o que é arte,
11:47o que é arte,
11:47a gente fica perguntando
11:48o que é arte
11:48o tempo todo.
11:49A pergunta certa
11:50é quando
11:51é arte?
11:52Quando o futebol
11:54é arte?
11:54Quando o cinema
11:56é arte?
11:56Quando a telenovela
11:58é arte?
11:59Quando o livro
12:00é arte?
12:01Quando alguma
12:02coisa é arte?
12:03Essa é a pergunta
12:04que a gente tem
12:04que fazer.
12:05Porque quando
12:06o Duchamp
12:06tira o mictório
12:08do material
12:09de construção
12:10tira ele
12:12do banheiro
12:12masculino
12:13e exibe ele,
12:15ele está mostrando
12:16que isso aqui
12:17é arte
12:17pelas formas,
12:19pela técnica,
12:21pelo trabalho manual
12:22que também tem aqui,
12:25pela materialidade.
12:27Então,
12:27assim,
12:28ele está fazendo
12:29a gente,
12:29na verdade,
12:30arte.
12:32O que o Duchamp
12:33mostra aqui,
12:34lembrando,
12:34é uma leitura possível,
12:36o que o Duchamp
12:36mostra aqui?
12:37que a arte,
12:38ela acontece
12:39quando a gente
12:40olha para uma coisa
12:41de um jeito
12:42diferente.
12:44Você tira o objeto
12:45do seu lugar comum
12:46e a partir daí
12:48a gente começa
12:49a olhar para esse objeto.
12:50O objeto
12:51não precisaria
12:52sair no lugar comum
12:53para a gente
12:53interpretar,
12:55admirar,
12:56buscar informações
12:57e questionar
12:59o objeto.
13:00Mas o Duchamp
13:01faz essa remoção
13:02para a gente
13:04conseguir entender
13:04o que é arte.
13:05Por isso que hoje em dia
13:06a gente fala
13:06que tudo é arte.
13:08Que o futebol,
13:09que não sei o que,
13:10não é que tudo é,
13:12é que tudo quando
13:13é arte.
13:14Futebol em si
13:15não é arte.
13:17Mas quando um jogador
13:18faz uma jogada
13:19que a gente fala
13:20nossa,
13:20essa jogada foi
13:21bonita,
13:21foi espetacular,
13:22tira a gente
13:24da forma normal
13:26de assistir um futebol
13:27e coloca a gente
13:29num outro jeito
13:30de assistir futebol,
13:31aí futebol é arte.
13:34Entende?
13:34que o que o Duchamp
13:35está propondo
13:36é que o olhar
13:37da gente
13:38faz com que algo
13:38seja arte.
13:39A pintura rupestre.
13:41Talvez o pessoal
13:42lá da pré-história
13:43nem imaginava
13:44o que era arte,
13:45porque talvez
13:45a palavra nem existisse.
13:47Talvez o que existisse
13:48fosse a palavra magia.
13:50Eles estavam ali
13:50fazendo um pedido
13:51de uma boa colheita,
13:52mas hoje em dia
13:53a gente olha
13:55para aquilo
13:55e chama isso de arte.
13:57Então a arte
13:58não está tão no objeto,
13:59mas está na interpretação
14:01que a gente faz
14:01do objeto.
14:02trouxe essa obra aqui
14:04que assim como
14:05a fonte do Duchamp
14:06ela é uma das mais
14:08icônicas,
14:10mais conhecidas
14:11e mais interessantes
14:12obras de arte
14:14contemporânea.
14:15A fonte não é
14:16contemporânea,
14:17essa daqui é.
14:17É um retrato
14:20da Marilyn.
14:21O Andrew Harrell
14:23usou muito
14:23essa fotografia
14:26para criar várias obras
14:27em cima da Marilyn Moore.
14:28Todas elas discutem
14:29sobre consumismo
14:32na sociedade capitalista,
14:34a forma como
14:34a gente olha
14:35para o outro.
14:36Vamos pensar que
14:37essa é uma obra
14:38que a crítica já fala
14:39que a forma
14:41como você interpreta
14:42ela é vasta,
14:44é muito grande.
14:46Então a gente tem aqui
14:48que questionar
14:50essa obra.
14:50Por que a Marilyn?
14:51Por que não um homem?
14:53Por que não Elvis?
14:56Ela seriada
14:57tem a ideia
14:58de um produto
14:58na prateleira.
14:59Vamos pensar
14:59no produto
15:00da prateleira
15:01do mercado.
15:01São vários produtos
15:02iguais.
15:02Ainda que tenham
15:03várias marcas,
15:04cada marca vai ter
15:0510, 15 produtos
15:06um ao lado do outro.
15:07Olha a posição
15:08da Marilyn,
15:09todas iguaizinhas aqui.
15:11E aí do lado
15:11a gente tem esses xerox
15:12que vão se apagando
15:14que já é a parte
15:14da morte da Marilyn.
15:17E vamos lembrar
15:17que a gente não conhece
15:18o artista,
15:19a gente não conhece
15:19a Marilyn.
15:20A gente conhece
15:21essa pessoa,
15:22essa persona
15:23Marilyn Moore
15:24que existiu
15:26durante um tempo,
15:27foi famosa
15:28e aí o que a televisão
15:30e o cinema
15:31entregam para a gente
15:32sobre Marilyn Moore
15:33a gente constrói
15:34a imagem de uma pessoa.
15:36Ele também está
15:37chamando a atenção
15:37para a coisa
15:38da celebridade,
15:39da fama.
15:40Como eu falei,
15:41obra de arte contemporânea
15:42tem muitas interpretações.
15:43Então aqui eu já falei
15:44sobre crítica social,
15:46consumismo,
15:47já falei sobre
15:49interpretações,
15:51questões sociais
15:52que são muito
15:53fortes,
15:54ligadas à
15:55autoimagem,
15:56a imagem pessoal,
15:58a você enquanto
15:59um produto.
16:00A crítica social
16:01aqui é gigantesca
16:02e muito ampla.
16:03Bom, essa aqui
16:04é uma outra obra
16:05que também é muito interessante.
16:06É uma obra de arte
16:07contemporânea
16:07do Donald Judd.
16:09É uma obra
16:10abstrata,
16:10muito abstrata,
16:11geométrica,
16:12formalíssima,
16:14mas ela mostra
16:15uma relação
16:17com a arquitetura
16:18que é muito interessante
16:19que é a nossa relação
16:20com a arquitetura atual.
16:22E ela pode ser
16:23interpretada
16:23como uma crítica
16:25a essa relação
16:26com a arquitetura.
16:28Reparem que
16:28você tem toda a estrutura
16:30de concreto,
16:31o chão de concreto,
16:32essa coisa usinada,
16:34não fosse aquela parede
16:35de tijolinho lá no fundo.
16:37Teríamos uma obra
16:38totalmente cinza
16:39porque a gente tem
16:41100 caixas
16:42de alumínio,
16:43alumínio usinado,
16:44então alumínio
16:45bem brilhante,
16:46bem lisinho,
16:48dispostos também
16:49muito geometricamente
16:50alinhados.
16:52São 100 caixas,
16:53acho que são
16:54dois espaços,
16:54dois pavilhões.
16:56Temos as janelas
16:57que são quadradas
16:58que mantêm
16:58a coisa da linha,
16:59do horizontal,
17:01e esses cubos
17:03chamam a atenção
17:04para algumas coisas.
17:06Se a gente pensar
17:06na relação do espaço
17:07e da arquitetura
17:08com cada um
17:09desses cubos,
17:10cubo não,
17:11desses retângulos,
17:13a gente tem
17:14o reflexo do vidro,
17:16o cinza do cimento.
17:18Hoje em dia
17:18as construções
17:19são assim,
17:20cimento puro,
17:21cinza,
17:23reflexo puro
17:24dos vidros,
17:25da pele de vidro.
17:26Então, de certo modo,
17:27o Donald Trump
17:28está recriando
17:30uma cidade aqui dentro,
17:31organizadinha,
17:32geométricazinha,
17:33quantidade de cidade
17:35planejada
17:36que existe no mundo,
17:38gigantesca, né?
17:39Eu moro em uma cidade
17:40planejada,
17:40Belo Horizonte.
17:42Tudo geométrico,
17:43tudo simétrico,
17:44bonitinho,
17:45cada coisa no seu lugar.
17:46O mundo não é assim, né, gente?
17:47O mundo é caótico.
17:49O mundo é colorido.
17:51O mundo é outra coisa.
17:52Mas aqui
17:52você tem um mundo
17:53imaginado.
17:56E eu acho interessante
17:56que tem essas janelas
17:57que dá para você ver
17:58lá fora esse mundo real,
18:00né?
18:00Essa grama,
18:01essa paisagem,
18:02que não tem relação
18:03nenhuma com o que está
18:04ali dentro.
18:04se você tem uma relação
18:06que é dentro e fora,
18:08tudo organizado por dentro,
18:09tudo caótico por fora,
18:11essa obra dificilmente
18:12poderia acontecer
18:13em outros lugares.
18:14Ela depende
18:15dessa construção,
18:16desse pavilhão,
18:17ela depende
18:18desses materiais,
18:19tudo nesse lugar
18:20para trazer
18:21esses discursos.
18:22Eu acho que é uma obra
18:23que fala muito
18:23sobre arquitetura
18:24moderna e contemporânea,
18:26sobre essa coisa
18:27que é atraente,
18:29é o brilho do metal
18:30tão atraente,
18:32é tudo organizadinho,
18:33é tudo calmo,
18:34mas é tudo frio.
18:38O alumínio
18:38é uma coisa fria.
18:40A gente tem que fazer
18:41essa coisa
18:43que é sinestésica.
18:45Eu olho
18:46para o material,
18:48tento pensar
18:48no toque
18:49que ele me traz.
18:50Eu ouço
18:51uma música,
18:52tento pensar
18:53no cheiro
18:54que essa música
18:54me traz.
18:56Então,
18:57eu vou tentando
18:57sempre conectar
18:58dois sentidos
18:59através,
19:01ou mais,
19:02através de uma única coisa.
19:03ele está mostrando
19:05também que essa
19:05coisa é tão
19:07bonita,
19:08brilhante,
19:08mas ela também
19:09é fria.
19:12E se a gente
19:12parar para pensar
19:13o que está lá fora
19:14tão colorido,
19:15o que está aqui dentro
19:16é tão cinza,
19:17e aí você prefere
19:18esse,
19:18ou você prefere
19:20aquele colorido
19:21que é mais vivo,
19:22aqui dentro
19:22não tem nenhuma planta.
19:24Lá fora é grama
19:24para tudo andelado.
19:26É fazer a gente
19:26refletir
19:27sobre essa situação aqui.
19:29Bom, gente,
19:30para o vídeo de hoje
19:31é isso.
19:31Eu acho importantíssimo
19:32vocês entenderem
19:33que a função da arte
19:34ela evolui
19:35com a história,
19:36sempre acumulando.
19:38A arte nunca perdeu
19:39nenhuma de suas funções,
19:40ela só
19:40acumula.
19:43Eu acho difícil,
19:45enfim,
19:45podem vir outras funções
19:46por aí.
19:48Hoje em dia,
19:48nem toda obra de arte
19:49cumpre todas as suas funções.
19:51Existem artes
19:52mais segmentadas
19:53para o religioso,
19:54artes mais segmentadas
19:55para o ensino,
19:57mais segmentadas
19:58para a crítica social,
19:59mas todas elas
20:00podem ter várias funções.
20:03Lembrem-se
20:04que interpretar
20:06uma obra de arte
20:06não é
20:07uma resposta certa,
20:10não é uma tarefa
20:11direcionadinha,
20:12bonitinha.
20:13Você tem a sua história
20:14de vida,
20:15você tem o seu repertório.
20:17Por isso,
20:18quando você for
20:19interpretar uma obra de arte,
20:20você vai tirar
20:21uma conclusão
20:21que não é maior
20:23ou menor,
20:25nem melhor
20:26e nem pior
20:26do que a conclusão
20:27que eu vou tirar
20:28ou que outra pessoa
20:29vá tirar.
20:31São conclusões diferentes
20:32e nessas conclusões diferentes
20:34encontramos
20:35alguma coisa
20:36em comum.
20:38Essa coisa
20:38em comum
20:39é a conclusão
20:40que a crítica faz,
20:42que o crítico de arte
20:43faz,
20:44a interpretação
20:45e que gera
20:47ali o consenso.
20:49Por hoje é isso,
20:50vou pedir para você
20:50me seguir,
20:52vou pedir para você
20:52se inscrever,
20:53vou pedir para você
20:54deixar seu comentário,
20:55gostei,
20:55não gostei,
20:57falou errado
20:57isso aqui,
20:59vou pedir para você
21:00se inscrever,
21:01porque toda quarta-feira
21:02tem vídeo novo,
21:04e no mais,
21:06aquele beijo
21:06e aquele queijo.
21:07tchau,
21:08tchau.
21:09Tchau, tchau, tchau, tchau, tchau, tchau.
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