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  • anteontem
Transcrição
00:00Atenção por favor!
00:01Professor na tela, oi gente, tô de volta, boa quarta-feira pra vocês, lembrando, toda quarta a gente tem vídeo novo aqui no Arte ou Nada, seu canal de arte, cultura e um monte de coisas.
00:12Hoje, pelo título aqui do lado, você já viu que eu vou falar sobre um tipo de arte que sempre tá envolvido com polêmica.
00:19Não sei bem o porquê, né, é um tipo de arte que mostra existência, é um tipo de arte que mostra resistência,
00:25é um tipo de arte que talvez esteja envolvida com polêmicas, porque pra alguns setores da sociedade ela nem deveria existir, ou nem deveria ser considerada arte.
00:40Então, sem enrolação, gente, tá ficando difícil fazer vídeo curto, mas eu tô tentando.
00:46Pra esse vídeo, eu cortei muita coisa.
00:48Falar de arte periférica, falar de arte que é produzida na periferia, renderia um ano de conteúdo com a maior tranquilidade, com a maior folga, e talvez faltaria tempo.
01:00Então, assim, sem enrolação, vamos pro vídeo.
01:07Bom, mas o que é arte periférica?
01:09Vamos começar o vídeo por aqui.
01:10Vamos entender que periferia, de acordo com o dicionário Oxford, é numa cidade, uma região afastada do centro urbano,
01:21e que geralmente abriga população de baixa renda.
01:24Então, vamos entender o seguinte, não tem como falar sobre periferia sem pensar em centro.
01:30Imagina que você tem uma folha de papel.
01:34A periferia é a borda da folha de papel, e o centro é o meio da folha.
01:39Então, quando a gente tá falando em periferia, aqui na coisa do social,
01:44a gente tá falando em quem vive à margem da sociedade.
01:48A margem da sociedade significa que existe alguém que é a sociedade,
01:53e existe alguém que também existe, que também vive, mas tá fora da sociedade.
01:59Então, quando a gente fala em periferia, a gente já tá falando em exclusão e em excluídos.
02:04Por quê?
02:05Porque não tem como falar que existem pessoas vivendo à margem da sociedade,
02:09achando que se você vive à margem, você também está na sociedade.
02:14Vamos lembrar que pra falar de periferia, tem que falar de centro.
02:18Se existe um centro, se existe uma sociedade,
02:21quem tá na borda não tá ali, na meiuca.
02:24Quem tá na borda não tá desfrutando de tudo aquilo que a sociedade tem,
02:29aproveitando tudo aquilo que a sociedade é.
02:31E aqui a gente já tem um primeiro ponto, que é a questão da exclusão,
02:35que é um ponto muito forte, talvez o ponto mais forte da arte periférica.
02:41Como eu falei, pra alguns setores da sociedade, é uma arte que não deveria existir,
02:45é uma arte que não deveria ser considerada arte, e por aí vai.
02:50Então, toda vez que a gente fala sobre arte periférica,
02:53a gente tá falando sobre um tipo de arte urbana.
02:55Eu já fiz um vídeo sobre arte urbana, inclusive, vou pedir pra vocês assistirem mais à frente,
03:00já peço agora de uma vez,
03:02que ela retrata essa realidade da periferia.
03:06Por que é interessante uma arte que retrata a realidade da periferia?
03:10Porque se existe um centro e uma periferia,
03:13no caso do social,
03:15o centro é aquilo que domina.
03:19Por quê?
03:19Porque a periferia permite?
03:22Porque ele diz que domina e a periferia aceita?
03:25Existem várias teorias, vários motivos.
03:28Mas o fato é que, infelizmente,
03:31ainda existe essa ideia de que
03:33existe um lugar melhor do que o outro.
03:37Existe uma espécie de publicidade.
03:40O que o centro faz é bacana, é legal.
03:42O que a periferia faz, nem tanto.
03:44Então, quando a gente fala em retratar a realidade da periferia,
03:49é porque a realidade do centro já tá sendo muito bem retratada
03:53na arte que é considerada a arte comum,
03:56a arte convencional, e por aí vai.
03:58Outra coisa aqui, gente, é o seguinte.
04:01É importante vocês gravarem essa terceira frase.
04:05Eu acho que ela vale pela aula toda, tá?
04:07Arte periférica.
04:08Quando a gente fala que uma arte é da periferia,
04:11ela nasce da invisibilidade,
04:13o centro não quer nem...
04:17O centro não quer olhar pra borda da sociedade.
04:21A periferia tá lá longe, que continue longe,
04:24no máximo, trabalhando pra gente.
04:27Mas que continua existindo pra trabalhar pra gente, é isso.
04:31Então, nasce da invisibilidade,
04:34existência e resistência.
04:35Então, toda a arte periférica vai mostrar
04:38que a periferia existe,
04:39que a periferia resiste,
04:41apesar dos vários atentados,
04:43mais pra frente eu vou dar um exemplo disso.
04:47Ela mostra aspirações,
04:49o que a periferia quer se tornar,
04:52o que esse povo pobre,
04:54no caso do Brasil,
04:55preto, pobre, periférico.
04:58Eu gosto de falar preto, pobre e periférico,
05:01porque a gente sabe que na periferia
05:02nem todo mundo é preto.
05:03Existem os mestiços totais,
05:06existem pessoas brancas que também estão na periferia.
05:09Então, é legal falar assim.
05:10Eu não gosto de associar a pobreza ou a periferia
05:14a pessoas pretas e pardas.
05:16Eu gosto de falar preto, pardo e periférico,
05:19porque eu acho que periferia não é só uma cor.
05:21Eu não gosto de fazer essa ligação da periferia com uma cor.
05:25Mas, de fato,
05:26todo mundo que é pobre aspira
05:27ou deseja alguma coisa.
05:28Vamos pensar no funk ostentação.
05:30Ele mostra muito
05:31essas aspirações
05:34de uma comunidade ou de uma periferia.
05:37Críticas sociais,
05:39obviamente,
05:39porque a gente está aqui.
05:41A gente não é periferia porque a gente quer.
05:45Criaram esse sistema,
05:46nos colocaram aqui,
05:47por aí vai.
05:49E as belezas também, né, gente?
05:51Porque é mostrar que a gente existe,
05:54é mostrar que a gente também produz conhecimento,
05:57que a gente também produz estética,
06:00que a gente também produz...
06:01Que a gente não produz só o trabalho necessário
06:03para que o centro continue existindo.
06:06Porque vamos lembrar isso.
06:08A periferia sustenta o centro.
06:10É comunicação.
06:13Tem denúncia.
06:15Tem muita celebração.
06:16Tem muita festa.
06:17Vamos pensar no carnaval, gente.
06:19Carnaval é uma festa popular.
06:20Todo mundo comemora.
06:21Todo mundo gosta.
06:23Mas quem é que brilha no carnaval?
06:26E se a gente estudar a história do carnaval,
06:28por isso eu falo que esse tema,
06:29ele rende um ano de conteúdo ou mais,
06:32se a gente estudar a história do carnaval,
06:33a gente vai ver essa ligação muito forte com a periferia,
06:35com o momento da periferia, né?
06:37Mas, enfim.
06:38Grafite, Hip Hop, Funk, Poesia Marginal
06:42são conteúdos que o Enem gosta de puxar ou de cobrar
06:46para poder falar sobre arte periférica.
06:50Poesia Marginal eu não vou nem entrar,
06:52porque eu não sou da área de letras,
06:54apesar de ter mestrado em linguagens,
06:55mas eu não sou a melhor pessoa para falar sobre poesia marginal.
06:59Então eu vou falar sobre grafite.
07:01Na verdade, eu até falei no vídeo de arte urbana.
07:05Assistam.
07:05Se o card não apareceu ainda,
07:08vai aparecer em algum momento.
07:10Assistam para vocês entenderem sobre o grafite.
07:12No vídeo de hoje eu vou focar no Hip Hop e no Funk.
07:15Vou começar essa aula falando sobre Hip Hop,
07:17esse movimento que o Enem adora cobrar.
07:21Bom, ele nasce no Bronx, lá nos Estados Unidos,
07:25na década de 70.
07:27Havia ali um contexto de criminalidade,
07:29de violência muito forte,
07:31um descaso da união dos Estados Unidos,
07:36com essa população que vivia ali.
07:39E qual era a população que vivia ali?
07:43Afrodescendentes, caribenhos, latinos em geral.
07:47Então o bairro do Bronx,
07:48ele sempre foi um bairro periférico.
07:51As pessoas que vinham de outras nações,
07:54as pessoas pretas dos Estados Unidos,
07:56descendentes de escravizados,
07:58também estavam ali.
08:00Então sempre foi uma comunidade mesmo.
08:03Tinha muito incêndio,
08:04eu até coloquei aqui,
08:05que é provavelmente criminoso,
08:07mas isso provavelmente em muitas aspas.
08:09O que que acontecia?
08:10Especulação imobiliária.
08:12Nova York estava crescendo,
08:13Manhattan já estava muito grande,
08:16ali na década de 70.
08:18Expansão para os bairros.
08:20O Bronx era um bairro cobiçado,
08:23que iriam...
08:24Todos os bairros estavam passando por esse processo,
08:27mas o Bronx era lugar de negro,
08:29era lugar de latino,
08:31de imigrante,
08:32imigrante ilegal e ilegal.
08:35Então a gente está falando de um lugar
08:37onde você derrubar um prédio
08:39para construir um prédio maior
08:41e alugar é muito mais fácil.
08:43Porque já tem a invisibilidade do Estado.
08:47O Estado não olha para essa periferia.
08:49Então é mais fácil a gente cometer esse tipo de crime.
08:51E isso gera revolta,
08:53isso gera violência,
08:55e por aí vai.
08:56Coloquei essa imagem aqui,
08:57vamos fazer a leitura dela?
09:00Olha só, tem aqui um menino,
09:02um criança, um adolescente ali,
09:05dando uma cambalhota para cair num colchão.
09:07Colchão limpíssimo, né gente?
09:09Colchão novo,
09:10vocês estão vendo aí,
09:11não tem um rasgo,
09:12não tem nada, né?
09:13E em volta desse menino,
09:16vamos dar uma olhada na periferia da imagem.
09:18Tem ali um hidrante vazando água,
09:22a gente vê que a água está escorrendo.
09:24Tem ali um prédio demolido,
09:27lá na frente tem um matagal.
09:29Então assim,
09:30a gente vê nessa imagem,
09:32que é do Bronx,
09:33da década de 70,
09:35a gente vê aí,
09:36não só o antigo,
09:37a época,
09:37a década,
09:38mas a gente vê a decadência,
09:39a gente vê o desprezo,
09:42a gente vê o desvalor da pessoa humana,
09:44e a gente vê a cor da pele desse menino também.
09:46Que isso também é informação.
09:49Eu acho que tudo nessa imagem é informação
09:51para explicar o que era o Bronx,
09:54da década de 70.
09:55E principalmente,
09:56a gente tem que pegar aquilo
09:57que a gente não vê como informação.
10:00Por que eu falo,
10:01questione a obra de arte?
10:03Questione a obra de arte.
10:04Qual é o questionamento que a gente faz aqui?
10:06Por que essa criança está dando essa cambalhota
10:08na calçada,
10:10num colchão ali na calçada?
10:12Será que ele não tem lugar melhor para brincar?
10:14Eu não sei qual é a história dessa imagem,
10:17realmente não sei.
10:18Mas esse é o primeiro questionamento
10:20que a gente tem que fazer.
10:21Por que ele está brincando aí?
10:22Por que ele não brinca numa praça?
10:24Por que ele não tem outras crianças
10:25brincando com ele?
10:27Enfim.
10:30Aí a gente vê
10:31uma coisa que realmente
10:32é importante para o movimento hip-hop.
10:34Não haviam muitos espaços sociais
10:37no Bronx nessa época.
10:40Se você for no Bronx hoje em dia,
10:41talvez tenha parques e tudo mais.
10:43mas nessa época
10:44o que esse pessoal tinha
10:46era a rua.
10:48E a rua vai ser muito importante
10:49para o movimento hip-hop.
10:51O movimento começa
10:52na década de 70
10:53através de uma festa.
10:55Uma festa de voltas-aulas
10:57da Cindy Campbell.
10:59Aqui do lado tem a imagem
11:01do DJ Kool Erk.
11:03Eu não sei falar inglês,
11:04nem pronunciar o nome dele.
11:07Aí a gente tem
11:07a entrada de um edifício
11:09onde aconteceu essa festa.
11:11tem a Cindy Campbell,
11:14que foi a pessoa...
11:16Não foi a responsável, tá?
11:17O irmão,
11:18o DJ Kool Erk
11:18era irmão
11:19da Cindy Campbell.
11:21Ele, o DJ Kool Erk,
11:23foi quem
11:24organizou a festa
11:26para a Cindy, tá?
11:28A Cindy era uma jovenzinha,
11:30adolescentezinha.
11:31E a festa,
11:32qual o motivo da festa?
11:33A Cindy precisava
11:35comprar roupa
11:35para começar
11:36o ano letivo,
11:37para poder estudar.
11:39A festinha
11:40aconteceu no prédio
11:42onde eles moravam,
11:43no salão ali
11:43de eventos, né?
11:45Reuniu cerca
11:46de 300 pessoas,
11:47foi uma galera
11:48participar da festa,
11:49porque a festa
11:50foi ficando muito boa.
11:52Nessa festa
11:52aconteceram os quatro elementos
11:54comuns do hip-hop.
11:56E teve um a mais,
11:58que é o motivo
11:59do DJ Kool Erk
12:00ficar conhecido.
12:01Então vamos lá.
12:01Primeiro,
12:04o chamado
12:05carrossel
12:06desse DJ.
12:07O que é o carrossel?
12:08O DJ, ele colocou
12:09dois discos
12:11tocando ao mesmo tempo.
12:12Normal,
12:13todo DJ já fazia isso.
12:14Ele colocou
12:15dois discos
12:16iguais.
12:17Novidade.
12:18Por que ele colocou
12:19dois discos iguais?
12:21Porque o que mais
12:22empolga a gente
12:23quando está ouvindo a música
12:24é o refrão
12:25ou a batida.
12:26É o que todo mundo
12:27quer ouvir na hora
12:27de cantar e dançar
12:29e pular e se soltar.
12:30Com dois discos
12:32tocando ao mesmo tempo,
12:34quando terminava
12:35a batida em um disco,
12:38ele dava o play
12:39na outra.
12:40E assim ele ia
12:41prolongando
12:42a música,
12:43a batida da música.
12:45Nenhum DJ
12:46tinha feito isso
12:46até então.
12:48Então quando ele fez isso,
12:48ele prolongou a batida,
12:50aquilo o pessoal
12:50foi empolgando
12:51muito mais
12:52e o pessoal
12:53dançava muito mais.
12:54Todo mundo
12:55aproveitou muito mais.
12:56Como é que ele fazia isso?
12:58Além de
12:58alternar
13:00entre um e outro
13:01no momento certo,
13:03ele puxava
13:04o disco de volta
13:05pra chegar naquele ponto
13:08e trocar de novo.
13:09Então cada vez
13:10que ele puxava,
13:12fazia um...
13:12E aí
13:14surgiu o scratch.
13:16A coisa conhecida
13:17no mundo
13:19do hip hop
13:19dos DJs
13:20que é você
13:21puxar o disco
13:22de volta
13:22daquele arranhão.
13:24O scratch
13:24é coceira em inglês, né?
13:26Dá aquele arranhão.
13:27Só que ele fazia isso
13:28com estilo, né?
13:29Fazia isso
13:30combinando com a música.
13:31É o que os DJs
13:32muitas vezes fazem.
13:33Aquele movimento
13:35de mão super comum
13:36quando a gente
13:36quer identificar
13:37a profissão
13:38de alguém
13:39que é DJ
13:39surge aqui, tá?
13:42Além disso,
13:43a batida prolongada,
13:45todo mundo dançando
13:46e empolgando
13:47o Quirk
13:47fazendo essa
13:48performance maravilhosa.
13:50A amiga da...
13:51Uma das amigas
13:52da Cindy Campbell
13:53Coke La...
13:56Coke La...
13:58Rock.
14:01Ela pegou o microfone
14:03lá da bancada
14:04do DJ
14:04e começou a fazer
14:06umas poesias,
14:07começou a fazer
14:08umas rimas
14:09junto com a música.
14:11Ela não cantou,
14:12ela não...
14:13Ela tava inventando
14:14na hora,
14:14ela tava improvisando,
14:16rimando
14:16dentro do ritmo
14:18da música.
14:20Surgiu assim
14:21o MC.
14:22o rapper.
14:24Surgiu o rap
14:24e tudo mais
14:25tava surgindo ali
14:26com a Coke La Rock.
14:28Algumas pessoas
14:29tinham a latinha
14:30de spray
14:30que já ficava
14:30passando spray
14:31pra tudo quanto é lado
14:32da cidade.
14:35Só que eles resolveram,
14:36no caso da festa
14:36da Cindy,
14:38fazer um spray
14:39dentro desse salão,
14:41das paredes desse salão.
14:41Você já imagina,
14:42300 pessoas,
14:44essa...
14:44essa...
14:45né,
14:45Coke La Rock ali
14:46falando e improvisando
14:48e essa música
14:50empolgando todo mundo
14:51e ainda tem
14:52a parede pintar.
14:52Então você imagina
14:53que delícia
14:54que não foi
14:54na década de 70.
14:56Enfim,
14:56já dá pra imaginar
14:57que festança
14:58boa que foi.
14:59E o pessoal
15:00que tava com o spray
15:01começou a grafitar
15:02a parede.
15:03Hoje a gente chama
15:04isso de grafite,
15:05mas na época
15:05o que eles fizeram?
15:06Eles faziam letras
15:07bem bonitas,
15:09bem coloridas,
15:10bem diferentes
15:10e escreviam coisas
15:11na parede.
15:12Então o grafite
15:13surge com texto.
15:14com o texto
15:16escrito na parede
15:17coloridinho,
15:18bonitinho.
15:19Tinha um pessoal
15:20que no meio
15:21da festa ali
15:22começou a fazer
15:22uns passos de dança
15:23muito loucos.
15:25Porque tava todo mundo
15:26muito animado,
15:27muito agitado.
15:28O que o DJ fez
15:29de prolongar
15:30a música
15:31e os excretes,
15:32aquilo alucinou
15:33todo mundo.
15:34E o pessoal
15:35começou a dançar
15:35de um jeito muito estranho,
15:36se jogando no chão,
15:37pulando,
15:38saltando,
15:39girando,
15:39rodando
15:40e usando
15:41quem tava fazendo
15:42essas coreografias
15:43eram pessoas
15:45que
15:45tavam ali
15:46usando um boletom.
15:48Uma roupa super comum
15:49do movimento
15:50hip hop, né?
15:52Então você vê
15:52que a gente,
15:53o movimento hip hop
15:54ele surge
15:55como uma espécie
15:56de recriação.
15:58Recriação,
15:59criar novamente
16:00a festa
16:01da Cindy.
16:02A gente tem
16:03o grafite,
16:03a gente tem
16:04o DJ,
16:05a gente tem o MC
16:06e a gente tem
16:06os b-boys,
16:07b-girls,
16:08que são as pessoas
16:08que dançam
16:09o break dance,
16:10uma dança,
16:11o que que é break?
16:12Aqui a gente consegue
16:13ver bem melhor
16:14o que eu acabei
16:15de explicar.
16:16Então a gente tem
16:17aqui duas imagens
16:18do grafite,
16:20que estão aqui
16:21os textinhos coloridos,
16:23o grafite surge
16:23com esse tipo
16:24de fonte,
16:26depois aqui vem
16:26as imagens
16:27e aí o grafite
16:29que a gente conhece.
16:31A gente tem aqui
16:32dois b-boys,
16:34então gente,
16:34é legal ver
16:35essas imagens
16:36dos b-boys
16:36pra gente ver
16:37como é que
16:37essa dança
16:38consegue ganhar
16:39altura.
16:40Quando a gente
16:40analisa a dança,
16:41a gente analisa
16:41uma série de coisas,
16:43dentre elas
16:43a altura
16:44onde a dança
16:44foi executada.
16:46O break,
16:47o break dance,
16:47ele chama
16:48muita atenção
16:49pela altura
16:53mais baixa,
16:53uma dança
16:54mais colada
16:54no chão,
16:55esse cara
16:56de vermelho
16:57que tá rodando
16:58aqui no chão,
16:59esses movimentos
16:59chamam muita
17:00e chamaram
17:01muita atenção
17:01do pessoal
17:02da dança.
17:03Mas o break,
17:04ele também
17:04tem esses movimentos
17:05altos,
17:06tem o pessoal
17:06que vira
17:06de ponta cabeça,
17:07roda
17:08com o topo
17:09da cabeça
17:09no chão,
17:11e tem aquela
17:11maluquice,
17:12e aí tem toda
17:12uma simbologia,
17:13um significado,
17:14um motivo
17:14daquilo acontecer.
17:16E o exemplo
17:16ali do DJ,
17:17puxando o disco
17:19pra trás
17:20pra poder fazer
17:22esse prolongamento
17:23da música,
17:24daquele trecho
17:25da música.
17:26Aí quando você
17:27soma isso
17:28ao MC,
17:30cantando ali
17:31o rap na hora,
17:32aí você tem
17:32essa música
17:33que hoje a gente
17:34chama de hip hop.
17:35Mas o hip hop
17:37na verdade
17:37é uma cultura,
17:38é um movimento,
17:39são esses quatro
17:40elementos em harmonia.
17:42Às vezes a gente
17:42chama de hip hop
17:43uma música,
17:44mas é porque
17:45isso que aconteceu
17:46na festa da Cindy
17:47foi se aperfeiçoando
17:48ao longo do tempo
17:49até tomar ali
17:51uma forma
17:51muito bem definida.
17:53Esse movimento
17:54chega ao Brasil
17:55através do cinema.
17:57Então,
17:57esse filme aqui,
17:58Wild Style,
18:00esse filme
18:03foi um dos
18:06na verdade
18:08eu acho que
18:09ele é um documentário,
18:10mas foi um dos
18:11que trouxe
18:11a cultura do hip hop
18:12pro Brasil.
18:14Em São Paulo
18:15isso aqui bateu
18:15muito forte,
18:16no Rio de Janeiro
18:16também,
18:17em outras periferias
18:17também,
18:18mas em São Paulo
18:19bateu muito forte,
18:19o pessoal de São Paulo
18:20gostou muito
18:22e começou
18:22a reproduzir
18:24o hip hop
18:25pra depois
18:26trazer a coisa
18:27pra um estilo
18:28mais brasileiro.
18:29então ele chega
18:30ao Brasil
18:31por influência
18:31do cinema,
18:32chega principalmente
18:33em São Paulo
18:34na década
18:35de 1980,
18:37lembra que a festa
18:37da Cindy
18:38foi em 73,
18:39a partir daí
18:40o Bronx
18:40e todo o subúrbio
18:41dos Estados Unidos
18:42começaram a efervescer
18:44e reproduzir
18:44essa festa
18:45e aperfeiçoar
18:46a técnica
18:47e criar a cultura
18:48hip hop.
18:49Então quando a coisa
18:49chega aqui
18:50já chega formatada,
18:51já chega bonitinha
18:53e periferia
18:54de lá produziu,
18:55periferia daqui
18:56gostou e absorveu.
18:59não que outros setores
19:00que o centro,
19:01alguém do centro
19:02não tenha se interessado,
19:04também teve,
19:05mas bateu muito forte
19:06na periferia,
19:06a periferia se identificou,
19:08as periferias
19:10se identificaram.
19:12E aí
19:13isso se espalha
19:14ao longo
19:15da década de 80
19:16pelo Brasil todo,
19:18década de 80,
19:1990,
19:21e a gente tem
19:21a cultura do hip hop
19:22muito ligada
19:23às comunidades
19:24até hoje.
19:25É reconhecimento,
19:27é identidade.
19:28a gente viu
19:29aquela dança nova,
19:30aquele ritmo novo,
19:31aquela cultura
19:32do grafite,
19:33aquilo tudo,
19:34a gente se reconheceu.
19:36Não sei se ainda
19:37acontecem batalhas
19:38de rima
19:39e apresentações
19:40de hip hop
19:40ou coisas do tipo
19:41na Estação São Bento
19:43de São Paulo,
19:44comenta aqui
19:45se existe ainda ou não,
19:46mas na década de 80
19:47foi lugar
19:48onde as pessoas
19:49se reuniam
19:50para batalhas
19:51de rap,
19:53apresentações
19:54de dança
19:55e por aí vai.
19:56se tornou ali
19:56um ponto de referência
19:57do hip hop
19:58no Brasil
19:59em São Paulo,
19:59no caso.
20:00Rio de Janeiro
20:01e outros lugares
20:02vão ter outros pontos
20:03e outros locais
20:04desse movimento
20:05e dessa cultura,
20:06dessa galera.
20:07Bom,
20:08eu queria trazer
20:08pelo menos um exemplo
20:09do hip hop
20:12lá em São Paulo
20:12para depois falar
20:13do funk
20:14no Rio de Janeiro
20:15e vamos lembrar,
20:16esse movimento
20:17se espalha
20:17pelo Brasil todo,
20:18se a gente investigar
20:19muito bem
20:20vai encontrar
20:22ou hip hop
20:23dessas regiões
20:25ou o que aconteceu
20:26com a mescla
20:26dessa cultura hip hop
20:28e a regionalidade
20:30ali do Brasil.
20:31Estou falando
20:32do Rio e São Paulo
20:33porque eu realmente
20:35nesse curso
20:36eu estou pensando
20:37aquilo que o Enem
20:38mais cobra,
20:40aquilo que é mais comum
20:41na prova do Enem
20:42no conteúdo de artes,
20:43tá?
20:44E aí eu vou trazer
20:45aqui o Racionais MC
20:46porque é um exemplo
20:48do rap,
20:50do hip hop
20:51e dessa cultura
20:52toda
20:53aqui no Brasil.
20:54Em São Paulo,
20:55já que eu comecei
20:56a falar de São Paulo.
20:58Bom,
20:58em 2025,
20:59esse ano,
21:00eles se tornaram
21:01doutores honoris causa
21:02pela faculdade
21:03de filosofia
21:04da Unicamp
21:05lá em São Paulo.
21:06O que significa
21:07doutor honoris causa?
21:11Eles não estudaram,
21:13não fizeram faculdade,
21:14mestrado e doutorado,
21:15mas ganharam
21:16o título de doutor
21:17porque a produção
21:19deles,
21:20de acordo com
21:22o pessoal
21:23da filosofia
21:24da Unicamp,
21:25tem esse mérito,
21:27eles atingiram
21:28esse mérito
21:29e aí tem a justificativa.
21:31Eu vou deixar
21:32uma reportagem aqui
21:33explicando sobre
21:35e eu vou pedir
21:36para vocês lerem
21:36porque é realmente
21:37emocionante,
21:38é realmente muito
21:38impactante
21:40aquilo que o Mano Brown
21:41fala
21:41quando ele recebe
21:42esse título
21:43sobre a educação
21:46na vida dele,
21:47a educação
21:47na comunidade dele
21:48e o interesse
21:50do trabalho social
21:51que o Racionais MC faz.
21:54Racionais não é só
21:54um grupinho
21:55de rap,
21:57não é só um grupinho
21:57de MCs,
21:58eles têm um trabalho
21:59social muito forte,
22:01não só na música
22:02quanto na vida.
22:03sabe,
22:04é um prêmio,
22:05é um prêmio,
22:06é um título
22:07de doutor,
22:08mas é um prêmio
22:08também merecidíssimo,
22:10é um reconhecimento
22:11de um trabalho
22:11de uma vida.
22:13Eles começam ali
22:14em 88,
22:16acho que o Racionais
22:17começa em 88
22:18e estão aí
22:20até hoje
22:20na estrada
22:21e fazendo muita coisa
22:22sempre pensando
22:23na comunidade,
22:25na periferia,
22:26nas pessoas
22:27miscigenadas,
22:28pretas,
22:28pobres e periféricas,
22:29como eu gosto de falar.
22:30Músicas do Racionais
22:34falam sobre violência,
22:36sobre preconceito,
22:38tudo aquilo
22:38que entristece
22:39a vida do suburbano,
22:42tudo aquilo que tange,
22:43que toca
22:44a vida do subúrbio
22:45e da periferia.
22:47Tem uma característica
22:48muito importante
22:49aqui no Racionais
22:51que vai se espalhar
22:51por tudo
22:52que tem a ver
22:53com a cultura
22:54hip hop
22:55onde ela tocou,
22:56onde ela influenciou.
22:58A cultura hip hop
23:00ela é muito focada
23:01na realidade.
23:02Então ela mostra
23:03a coisa como ela é
23:04de forma muito crua.
23:07Aí vão existir
23:07várias teorias
23:08do porquê
23:09eles não dão
23:10uma
23:11acalmada,
23:13não dão
23:14a mensagem
23:14mais subjetiva.
23:16Por que a coisa
23:17é mais objetiva
23:18e mais direta.
23:19Mas eu gosto
23:19de entender que
23:20é assim que a coisa é.
23:23Vamos mostrar
23:24a realidade
23:24tal qual ela é
23:25para criticar
23:26essa sociedade,
23:27para mostrar
23:28de fato
23:29o que a sociedade
23:30faz com a gente
23:31que está aqui
23:31na periferia.
23:33Então a coisa
23:34tem que ser realmente
23:34não pode ser velada,
23:36não pode ser subjetiva,
23:38tem que ser real.
23:39Tem que mandar
23:40a letra.
23:43Então tem alguns
23:44discos aqui
23:45que já mostram
23:46para a gente
23:46coloquei alguns
23:48títulos aqui
23:48de disco
23:49e títulos de letra
23:50para a gente ver
23:50como é que é
23:51essa coisa da realidade.
23:53Holocausto,
23:53o que foi um holocausto?
23:55Pesquisa aí no Google.
23:55Sobrevivendo no Inferno
23:58são dois títulos
23:59de álbuns
24:00e álbuns
24:00muito conhecidos
24:02do Racionais MCs.
24:06Músicas,
24:07eu coloquei três
24:07aqui que são
24:08muito conhecidas.
24:09Fim de Semana
24:10no Parque,
24:11Diário de um Detento,
24:13Nego Drama.
24:15Olha o título
24:16da música,
24:16é o que eu falei,
24:18é a verdade.
24:20Ela vem crua,
24:22ela vem muito dura,
24:23mas é muito real,
24:25não tem curva.
24:29Vamos analisar aqui
24:30o trecho
24:30de Nego Drama,
24:33um trecho
24:33de uma das músicas,
24:34uma das várias
24:35que são rap.
24:38Desde o início,
24:39por ouro e prata,
24:41olha quem morre.
24:43Então veja você,
24:44quem mata,
24:46recebe o mérito,
24:47a farda que pratica o mal.
24:49me ver pobre,
24:53preso ou morto,
24:55já é cultural.
24:57Dá uma olhada
24:58no que eu falei,
25:00da coisa da rima
25:01e do rap
25:01no Racionais
25:02e talvez em todo
25:04movimento hip hop,
25:05ser muito dura,
25:06ser muito crua,
25:07ser muito direta.
25:10E por que eles ganharam
25:11o título de
25:12Doutor Honoris Causa
25:13e que eu acho que
25:14foi um acerto muito grande
25:16do pessoal da Unicamp.
25:17aqui, só nesse trecho,
25:20não estou falando
25:21da música inteira,
25:22estou falando
25:22só desse trecho,
25:23a gente tem
25:24história do Brasil,
25:25quando eles falam
25:26que desde o início,
25:28por ouro e prata,
25:30desde o início,
25:30por ouro e prata,
25:31mas quem?
25:32De que início?
25:34Por ouro e prata?
25:35Desde o início,
25:35por ouro e prata?
25:37Do que eles estão falando?
25:38Do que esses brasileiros
25:39suburbanos estão falando?
25:40É muito provavelmente
25:41a história do Brasil.
25:44Então,
25:45olha quem morre.
25:45Então lá desde o início,
25:47daquela época que vieram
25:48para cá buscando riqueza,
25:50quem é que morre?
25:52Quem é que mais morre?
25:55Quem é que morre
25:55à torta direito?
25:57Quem é que morre
25:58e não tem problema?
26:03Aí a gente tem depois
26:04a violência institucional.
26:06O que é violência institucional?
26:07É uma violência,
26:08uma agressão
26:09causada por uma instituição.
26:12Que instituição é essa
26:14que está causando violência?
26:15Recebe o mérito
26:17à farda
26:18que praticam mal.
26:20Gente, vamos pensar,
26:21você alguma vez na vida
26:22vestiu uma farda
26:23para ir na padaria
26:23comprar um pão?
26:25Pois é, né?
26:25Quem está fardado?
26:28Então eles estão fazendo
26:28aqui uma denúncia.
26:30Lembra que eu falei
26:30que a verdade
26:31nua e crua
26:32lembra que eu falei
26:33da denúncia
26:34do descaso
26:35do, né?
26:36Lá no início do vídeo?
26:38Eles estão mostrando
26:39violência institucional.
26:41Nossa, mas isso é um absurdo.
26:42Não, não é absurdo.
26:42Liga a televisão
26:43e você vai ver
26:44de vez em sempre
26:45aparece alguma notícia
26:47de policiais
26:48que abusaram
26:49do seu cargo.
26:52Abusaram do direito
26:53à força
26:55que eles têm ali.
26:56E esse abuso
26:57acontece aonde?
27:00É aí que a gente
27:01tem que pensar.
27:02Esse abuso policial,
27:03essa violência policial,
27:04ela acontece onde?
27:06Ela acontece no centro?
27:07Onde é que essa violência
27:08policial acontece
27:09com maior vigor,
27:10com maior força
27:12e que a gente vê, né?
27:15Enfim.
27:17Tem também
27:18o racismo estrutural.
27:20Racismo estrutural
27:21porque ele já está
27:21na estrutura
27:22da nossa sociedade.
27:24Olha só,
27:25me ver
27:26pobre,
27:28preso
27:28ou morto
27:29já é cultural.
27:31E aí vamos lembrar
27:32da imagem que eu mostrei
27:33agora,
27:33antes desse slide aqui,
27:35do Mano Brown
27:35e de todo mundo
27:36do Racionais e MCs.
27:37Qual que era a cor
27:39dessas pessoas, né?
27:41Então quando eles falam
27:41me ver,
27:43não é me ver
27:43num sentido metafórico,
27:45é eu que estou cantando.
27:47E eu que estou cantando
27:48eu sou o quê?
27:49O Racionais
27:50ele vem da periferia
27:51lá de São Paulo.
27:54Ninguém do Racionais
27:54é Racionais,
27:55todo mundo é miscigenado,
27:56afrodescendente.
27:58E aí?
27:58Esse me ver
27:59é ver a quem?
28:01Ele próprio.
28:02É a pessoa preta.
28:03Então tem aqui
28:04um racismo.
28:06E vamos lembrar
28:07que racismo
28:07não é só uma coisa
28:08relacionada
28:09à cor da pele, tá?
28:11A origem da pessoa
28:12também,
28:13o racismo
28:14ele pode envolver
28:15a origem da pessoa,
28:16de onde a pessoa
28:17veio,
28:18onde a pessoa
28:19nasceu.
28:20Muitas vezes
28:21o sobrenome,
28:23às vezes nem a origem,
28:24mas às vezes
28:25as características físicas
28:27que remetem
28:28à população
28:29de um determinado lugar,
28:30quando você
28:31discrimina alguém
28:32pelo lugar
28:34que ela está
28:34morando agora,
28:35às vezes,
28:35enfim,
28:37sobre racismo.
28:38Então você vê
28:38que num trechinho
28:39curtinho desse rap,
28:41a gente já tem
28:41uma série de informações
28:42e uma série
28:44de reflexões,
28:46todas voltadas
28:47para a comunidade
28:47ou periferia.
28:49Então o Racionais
28:50ele faz a gente
28:50pensar na gente,
28:53na nossa sociedade,
28:54na nossa comunidade.
28:55Bom, agora eu queria
28:56falar sobre o funk,
28:57talvez não tão comum
28:58quanto o movimento
28:59hip hop,
29:00mas pode ser
29:02que apareça
29:02na prova sim,
29:03porque tem ligação,
29:05é um tipo de arte
29:06periférica,
29:06assim como o grafite,
29:08assim como outras artes
29:09que falam da periferia,
29:11o funk também fala
29:12da sua periferia
29:13de um jeito
29:14bem diferente
29:14do que a gente
29:16considera como rap
29:17e como hip hop.
29:18Mas a história
29:20do funk
29:20é muito interessante,
29:21é isso que eu
29:21quero que vocês
29:22entendam.
29:24Lá na década
29:25de 1970,
29:27por volta
29:28do momento
29:29onde estava acontecendo
29:29a festa
29:30da Cindy Camp,
29:31e essa festa
29:32estava se propagando
29:33lá no Bronx
29:34e nos subúrbios
29:35dos Estados Unidos,
29:38havia aqui
29:38no Rio de Janeiro,
29:40eu estou em Belo Horizonte,
29:41mas aqui Brasil,
29:42havia no Rio de Janeiro
29:43o chamado
29:44Baile da Pesada,
29:46ele acontecia
29:47no Canecão,
29:48Canecão fica
29:49na zona sul
29:49do Rio de Janeiro,
29:50mas ele atraía
29:51a comunidade mesmo,
29:53então era gente
29:53do Rio de Janeiro
29:54inteiro se misturando
29:55ali nos bailes
29:57da Pesada.
29:58O que tocava
29:59nos bailes
29:59da Pesada?
30:01Shaft,
30:02Funky com Y,
30:04e Soul Music
30:05e outras músicas
30:06negras,
30:06mas essas músicas
30:08é música da década
30:09de 70,
30:10então é muito tradicional,
30:12tinha ali
30:12uma rivalização
30:13com a MPB,
30:15com a Bossa Nova,
30:16com a música brasileira
30:17que estava nascendo,
30:19inclusive essa galera
30:20que vai defender
30:21uma música
30:22genuinamente brasileira
30:23na década de 70,
30:25está querendo fazer
30:27um contraponto
30:27com isso,
30:28com essas músicas
30:28internacionais
30:29que estavam chegando
30:31e tomando o território
30:31da música
30:32aqui no Brasil.
30:34Essas mesmas músicas
30:36aqui que eu falei,
30:38Shaft,
30:38Funk,
30:39Soul Music,
30:40elas estavam lá
30:41na festa da Cindy,
30:43então o nascimento
30:44desse hip hop,
30:46desse rap
30:46que a gente conhece
30:47hoje,
30:48passa por essa música
30:49negra mais agitadinha
30:50que veio dos Estados Unidos
30:51para cá
30:52e que tocava lá também,
30:53obviamente.
30:54Na década de 80,
30:56chega aqui
30:56o Miami Bass,
30:57aí o Miami Bass
30:58já chega aqui
30:59muito atrelado
31:01à cultura hip hop,
31:02ao rapper,
31:03ao rapper,
31:04ao MC,
31:05ao DJ,
31:05ao b-boy,
31:06ao break dance
31:07e tudo mais.
31:08Com a presença
31:09do Miami Bass
31:10aqui,
31:11a gente tem
31:12na década de 80,
31:14esses bailes
31:15da pesada
31:15que já estavam
31:17assim meio,
31:18nossa,
31:18tanta comunidade
31:19aqui na Zona Sul
31:20e vamos falar a verdade,
31:21a gente já está aqui
31:22falando coisas.
31:23então os bailes
31:24começam a ir
31:25para a periferia,
31:26onde a galera
31:27realmente escutava,
31:28onde a galera gostava
31:30e não tinha tanto
31:30incômodo
31:31em criar esses bailes.
31:34Olha que interessante,
31:35baile funk,
31:35baile da pesada
31:36e por aí vai.
31:37Então,
31:38o baile funk
31:39ele vai ali
31:40para as comunidades,
31:42sai do canecão
31:42e vai para as ruas,
31:43onde até hoje
31:44se você procurar
31:46o baile funk
31:48numa favela
31:49do Rio de Janeiro,
31:51numa comunidade,
31:52você vai ver
31:52que às vezes
31:53é um campo de futebol,
31:54mas às vezes
31:55é uma rua
31:55onde acontece o baile.
31:58Isso é cultural.
32:00E aí surge
32:01esse Miami Bass,
32:02explode
32:03nas comunidades
32:04do Rio de Janeiro
32:05e o DJ Malboro
32:07ele pega muito
32:09esse Miami Bass
32:10para poder criar
32:11uma versão brasileira
32:12com letras brasileiras
32:14e tal.
32:15Pega o rap
32:16que estava sendo produzido
32:17e coloca ali
32:19para tentar fazer
32:20uma coisa similar,
32:22porém
32:22o DJ Malboro
32:24ele dá uma leve
32:25modificada
32:26na batida
32:26do Miami Bass.
32:28É aí que surge
32:29o ritmo do funk.
32:30Então a gente pode
32:31considerar o DJ Malboro
32:32como o pai do funk.
32:33Ele cria
32:34essa batida
32:34a partir do Miami Bass
32:36que é o funk carioca
32:38e que vai se modificando.
32:40Gente, funk
32:40se tem uma coisa
32:41que vai se modificando
32:42ao longo do tempo
32:43é o funk.
32:44A gente reconhece
32:45porque tem alguma coisa,
32:46tem alguma estrutura
32:47nessas modificações.
32:49Mas o funk
32:49final anos 80,
32:51funk anos 90,
32:52funk anos 2000,
32:532010,
32:54cada década
32:55a coisa muda
32:56demais.
32:57Coloquei aqui
32:58do outro lado
32:59algumas informações
33:00que eu acho relevantes
33:01da gente discutir também.
33:02Primeiro,
33:05letra de funk
33:06ela vai revelar
33:06a questão social,
33:08racial,
33:09violência,
33:10descaso,
33:11tal e qual
33:12o rap,
33:13tal e qual
33:14o Racionais MC.
33:15A diferença é
33:16que aqui a gente tem
33:17uma coisa
33:17que é um pouco mais
33:19velada,
33:20não tão nua
33:21e crua.
33:22Às vezes
33:22muito nua
33:23e crua,
33:24às vezes nem tanto.
33:25Um exemplo aqui,
33:27o rap do Silva
33:28era só mais um Silva
33:32que a estrela
33:32não brilha,
33:33ele era funkeiro
33:33mas era pai de família
33:34e se você ouvir a letra
33:35você vai ver
33:36que tem muito elemento
33:37do rap,
33:38do hip hop
33:39e da coisa
33:40nesse ritmo
33:42que é o funk.
33:45E isso continua,
33:46ainda existem funkeiros
33:47que estão
33:47trabalhando sempre
33:49na rima,
33:49no improviso,
33:51muitas vezes a letra
33:52é escrita
33:52mas ainda tem ali
33:53essa coisa,
33:54essa influência
33:55muito forte
33:56do jeito de cantar
33:57ela vem do rap
33:58e o rap
33:59do movimento
33:59hip hop
34:00mas a gente também
34:01tem essas letras
34:02que são bem explícitas
34:03e às vezes
34:05chocam
34:07mas elas
34:09aparecem
34:10como uma espécie
34:11de humor
34:12coloquei aqui
34:14a dona Gigi
34:14talvez eu coloque
34:16aqui na descrição
34:16também
34:17vou colocar
34:18rap do Silva
34:18dona Gigi
34:19vou colocar um monte
34:19de coisa
34:19na descrição do vídeo
34:20pra vocês ouvirem
34:22porque eu não posso
34:22colocar
34:23e aí
34:24enfim
34:25a letra da dona Gigi
34:26era comédia
34:27isso
34:28anos 90
34:28anos 2000
34:29era engraçado
34:31mas
34:32e tem muito funk
34:33que é assim
34:34você escuta a primeira vez
34:35e gente
34:35meu Deus
34:36que história
34:37e você começa a rir
34:38é divertido
34:39a batida também
34:40traz essa coisa
34:41da diversão
34:42mas a gente tá falando
34:44sobre violência
34:44contra a mulher
34:45e a gente tá vendo
34:47que
34:47é uma posição
34:49um ponto de vista
34:50que
34:51é quase que
34:52uma justificativa
34:53para
34:54a violência
34:55contra a mulher
34:55o que eu queria
34:57chamar a atenção
34:57aqui é o seguinte
34:58a gente tem no funk
34:59não só essa coisa
35:00da violência
35:01mas a violência
35:02contra a mulher
35:03ela faz parte
35:03da cultura
35:04humana
35:05vai assistir reportagens
35:07sobre violência
35:08contra a mulher
35:08você vai ver
35:09que não existe
35:09classe social
35:10pra isso
35:10vai ver que não existe
35:11valor
35:12no bolso
35:13pra violência
35:14tem gente rica
35:15tem gente famosa
35:16que agride
35:18esposa
35:18que agride
35:19namorada
35:20e a gente vê
35:21em um condomínio
35:22de luxo
35:23mulher sendo agredida
35:24então não existe
35:26é uma coisa
35:27que faz parte
35:27da cultura humana
35:28outra coisa
35:29que faz parte
35:30da cultura humana
35:30que eu acho
35:31que é importante
35:31a gente discutir
35:32aqui
35:32é a sexualização
35:35as letras
35:36o famoso funk
35:37proibidão
35:38que fala um monte
35:39de palavrão
35:39e todo mundo critica
35:41mas não critica
35:43uma MPB
35:44que fala
35:47sobre
35:47a chuva de prata
35:50que cai sem parar
35:51quase me mata
35:52de tanto esperar
35:53um beijo molhado
35:54de luz
35:54revela o nosso amor
35:55você já li
35:57escutou essa música?
35:59já que eu tô deixando
36:00um monte de coisa
36:00na descrição
36:00eu vou deixar também
36:01escuta não só
36:03pela beleza estética
36:04da música
36:05mas escuta
36:06prestando atenção
36:07em cada verso
36:08e cada frase
36:09se você acha
36:12que essa música
36:13fala sobre um casal
36:14que deu um abracinho
36:16um beijinho
36:17sobre a noite
36:18sobre a luz do lar
36:19meu amor
36:19vai estudar
36:22a interpretação
36:22de texto
36:23a gente critica
36:25muito
36:26esse funk
36:27que é explícito
36:28mas tem
36:30pagode
36:31e tem samba
36:32e tem axé
36:33e tem MPB
36:34e tem outros tipos
36:36de música
36:36e tem rock
36:37e tem hip hop
36:38e tem todo tipo
36:40de música
36:40falando sobre
36:42sexo
36:44sexualidade
36:45sexualização
36:46absurdos
36:47e abusos
36:48mil
36:48e por que
36:50que a gente
36:50só critica
36:51isso
36:51quando ele
36:52aparece
36:52no funk
36:53que é uma arte
36:54periférica
36:55e por que
36:56que a gente
36:56só critica
36:57isso
36:57quando ele
36:58aparece
36:58numa coisa
36:59que é
36:59explícita
37:00eu acho
37:03que a gente
37:03tem que
37:03parar pra pensar
37:04antes de
37:05criticar
37:06essas letras
37:06de funk
37:07para primeiro
37:07entender que a origem
37:08do funk
37:09é exatamente
37:10
37:10é o explícito
37:12é a coisa
37:13real e revelada
37:14mas a gente
37:15também tem que
37:16entender
37:16e a gente
37:17também tem que
37:18aceitar
37:18que isso
37:18faz parte
37:19da cultura
37:19ao invés
37:20de criticar
37:21não ouça
37:22simples assim
37:23mas se for
37:24pra criticar
37:25gente
37:25não vamos
37:26tapar o sol
37:26com a peneira
37:27não
37:27porque o que
37:28o que está
37:29explícito
37:29no funk
37:30também está
37:30acontecendo
37:31em outras
37:31músicas
37:32também está
37:33acontecendo
37:33em outras
37:34artes
37:35a quantidade
37:35de nu
37:36que existe
37:36na arte
37:37e a gente
37:38vai criticar
37:38o que é
37:39periférico
37:40porque quando
37:41o nu
37:42artístico
37:43aparece
37:44principalmente
37:44quando é
37:45a mulher
37:45nua
37:47ok
37:48é artístico
37:50quando é
37:51um homem
37:51nu
37:51mas por que
37:52tem que mostrar
37:52certas partes
37:53então assim
37:54por que a gente
37:55critica
37:56certos
37:58coisas e outros
37:59não
37:59lembra que eu estou
38:00falando aqui
38:00sobre arte
38:01periférica
38:01periferia
38:02centro
38:03periferia
38:04muitas vezes
38:05o centro
38:05doutrina
38:07a gente
38:07a gente tem
38:08uma história
38:08só aí
38:09de uns
38:09300 anos
38:11de escravidão
38:11ou um pouco mais
38:13de servidão
38:14de escravidão
38:14a verdade é
38:16que a gente
38:16foi ensinado
38:17a gente foi
38:18educado
38:18desde o início
38:19do surgimento
38:20ali do Brasil
38:21a obedecer
38:23as ordens
38:24do centro
38:25a respeitar
38:25e a ter que se
38:26comportar
38:28como o centro
38:28quer
38:29e a gente
38:30traz isso
38:31dentro da nossa
38:31cultura
38:32e a gente
38:33critica uma coisa
38:34que vem lá
38:35da periferia
38:35porque parece
38:36que é permitido
38:37criticar
38:37mas por que
38:37a gente não
38:38critica o que
38:38o centro
38:39faz também
38:39por que a gente
38:40não critica
38:42você já parou
38:42pra pensar
38:43que as vezes
38:44a gente critica
38:45as novinhas
38:45mas não critica
38:47a morelinha linda
38:48do meu bem querer
38:48você acha que a morelinha linda
38:49tem 45 anos?
38:52talvez sim
38:53né?
38:53mas não
38:54não tem
38:54né?
38:56e música que vai
38:57falar sobre menina
38:58menina
38:59vai pegar música
39:00da década de 80 e 90
39:0170, 80, 90
39:03tá falando sobre menina
39:04olha que coisa linda
39:05mas cheia de graça
39:07é ela menina
39:08que vem
39:08é ela menina
39:10não é ela mulher
39:11não é ela adulta
39:13então por que
39:14que a gente vai
39:14criticar aqui
39:15na periferia
39:16mas não vai
39:17criticar ali
39:17no centro
39:18quando a mesma
39:19coisa tá acontecendo
39:21né?
39:22é um caso
39:24a se pensar
39:24eu falo não só
39:26um caso a se pensar
39:27na vida
39:27mas um caso
39:29a se pensar
39:30na prova
39:32do Enem
39:32também
39:32né?
39:33esse tipo
39:34de questionamento
39:35pode aparecer
39:36na prova
39:36vamos arrematar
39:38essa aula
39:38bem rapidinho
39:39que eu já falei
39:40demais
39:40e eu tô falando
39:40gente
39:41as últimas aulas
39:43eu não vou conseguir
39:43falar pouco não
39:44tá?
39:46então vamos lá
39:46hip hop
39:47surge no Bronx
39:48nos Estados Unidos
39:49na década de 70
39:49através da festa
39:50da Cindy Campbell
39:51quatro elementos
39:53do hip hop
39:54MC
39:54pega o microfone
39:56e canta o rap
39:56DJ faz a música
39:58grafite
39:59é a arte
40:00na parede
40:00tem um vídeo
40:01sobre arte urbana
40:02onde eu falo
40:02muito melhor
40:03sobre grafite
40:03e o break dance
40:05break dance
40:06é a dança
40:07dos b-boys
40:08das b-girls
40:10tudo isso surge
40:11na festa
40:12da Cindy
40:13grafite
40:15não é pichação
40:16qual é a régua
40:17que mede
40:18onde começa
40:19o grafite
40:20e onde começa
40:21a pichação
40:21estética
40:22se é bonito
40:24é grafite
40:24se é feio
40:25é pichação
40:26não é só
40:27bonito
40:27ou feio
40:28no seu gosto
40:29tá?
40:31é bonito
40:31no sentido
40:32de ter cor
40:33ter elemento
40:34ter coerência
40:35é feio
40:36no sentido
40:37de ser um rabisco
40:38de ser uma
40:38gratuja
40:39de ser um
40:40um garrancho
40:42né?
40:42uma coisa esquisita
40:43sem cor
40:44sem vida
40:45sem graça
40:45ainda que você
40:46não goste
40:48se é
40:48se tem ali
40:50um trabalho
40:50estético
40:51um esforço
40:52de colocar
40:52uma imagem
40:53é grafite
40:55então o bonito
40:56ou feio
40:56tem a ver com
40:57ser grotesco
40:58não ser grotesco
41:00muito mais
41:01do que
41:01eu gostei
41:02eu não gostei
41:02chega ao Brasil
41:05na década
41:06de 1980
41:07o movimento
41:08e a cultura
41:09hip hop
41:09já formatadinha
41:10bonitinha
41:11né?
41:12através do cinema
41:13o funk carioca
41:15nasce ali
41:16entre 1980
41:18e 90
41:18sob as mesmas
41:20influências
41:20do movimento
41:22hip hop
41:22inclusive as músicas
41:23que eram
41:24escutadas ali
41:25os ritmos
41:25que surgiram
41:26através
41:26a partir do movimento
41:28hip hop
41:28também influenciam
41:29o funk
41:30o jeito de cantar
41:31no funk
41:32também
41:32
41:33sob essa
41:34influência
41:35tá?
41:36e arte periférica
41:37gente
41:37grave
41:38que é uma arte
41:39marginalizada
41:40é uma arte
41:41colocada como
41:42em segundo plano
41:43em menor valor
41:44já que eu vou colocar
41:46um monte de link
41:46eu vou botar o link
41:47de uma reportagem
41:48de um artista
41:49do nordeste
41:50de Caruaru
41:52que ele
41:53vendia as esculturas
41:55de cerâmica dele
41:56a 10 reais
41:57tá?
41:58tinha que vender
41:58nesse preço
41:59era por necessidade
42:00ele tinha
42:01tem que comer
42:02tem que vestir
42:02tem que fazer tudo
42:03e um belo dia
42:04ele descobriu
42:05que essas esculturas
42:06vendidas a 10 reais
42:07cada uma
42:08estavam sendo vendidas
42:09por 300 reais
42:11numa galeria de arte
42:11do Recife
42:12e aí fica a pergunta
42:14por que que esse produto
42:16da periferia
42:17tem que custar 10 reais
42:20na mão do seu
42:20artista periférico
42:22e pode custar
42:23300 reais
42:24numa galeria
42:25e por que que esse
42:26artista periférico
42:28não pode receber
42:29o mesmo valor
42:30que recebeu
42:31o galerista
42:32me estendido
42:34mas não tem como
42:35gente
42:36o próximo vídeo
42:36também vai ser longo
42:37os outros vão ser longos
42:38mesmo tentando falar pouco
42:39é isso que tem pra hoje
42:41arte periférica
42:43rende muito
42:44pesquisem
42:45estudem
42:46que eu falei aqui
42:46é um recorte
42:47muito pequeno
42:48e muito curtinho
42:49desse tipo de arte
42:50espero que vocês
42:52tenham gostado
42:53espero que vocês
42:54sigam esse canal
42:55ative o sininho
42:56toda quarta-feira
42:57tem vídeo
42:58então se inscreve
43:00pra não perder nenhum
43:01e comenta aqui
43:02o que você achou
43:03de bom e de ruim
43:04o que eu falei
43:05de errado
43:06o que faltou
43:07falar nesse vídeo
43:08porque isso
43:09
43:10melhora
43:11o nosso conteúdo
43:12até quarta-feira
43:13que vem
43:14beijo e queijo
43:15de bom e de ruim
43:16queijo
43:17de bom e de ruim

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