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  • há 6 semanas
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é um exemplo de abordagem que aposta na escuta, no grupo e na solidariedade para promover saúde emocional de forma acessível. Em Belém, esse tipo de serviço já apresenta vários resultados. Na Universidade do Estado do Pará (Uepa), por exemplo, um grupo com idosos se reúne às quintas-feiras, na Usina da Paz – Jurunas/Condor.

REPORTAGEM: TALITA AZEVEDO (ESPECIAL)
IMAGENS: CRISTINO MARTINS

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Transcrição
00:00A terapia ocupacional, a gente trabalha na perspectiva da terapia ocupacional comunitária.
00:05O que significa isso? É a gente fortalecer aquele participante com as suas raízes na comunidade.
00:12De ele se entender enquanto uma pessoa, um sujeito de direitos, para realizar diversas atividades na terapia ocupacional,
00:19a gente chama de ocupações, diversas ocupações na comunidade, para que ele possa se sentir pertencente.
00:24Ele só não passa na comunidade, mas ele vive a comunidade de uma maneira muito ampla, eficaz e potente.
00:32É isso que a gente tenta fazer com os usuários que a gente atende.
00:35A importância desse método na saúde mental dos idosos tem uma variedade de importâncias,
00:41mas a principal delas é que a gente fortalece a capacidade desses indivíduos.
00:46A gente fortalece a sensação deles, o entendimento deles enquanto pessoa.
00:53No caso dos idosos, muitas vezes eles chegam nessa idade já achando que não podem fazer muita coisa.
01:00Então, a maioria dos idosos que a gente atende foram trabalhadores a vida inteira,
01:04eles não tiveram o direito de se engajar em outras atividades que são significativas para eles.
01:09Quando eles chegam na fase de ser idoso, muitas atividades são restritas e isso prejudica a saúde mental.
01:17Eles podem ficar cada vez mais depressivos, cada vez mais ansiosos,
01:21porque o rol de atividades que eles deveriam fazer cotidianamente, eles diminuem.
01:28Então, eles chegam aqui para a gente com um humor muito rebaixado.
01:32Quando a gente vem com essas atividades de terapia ocupacional, de base comunitária,
01:36a gente fortalece aquele indivíduo a partir de diversas estratégias que a gente vai desenvolvendo em grupo
01:42para que ele possa se sentir cada vez mais capaz e potencializado para realizar essas atividades no cotidiano.
01:49A gente já está há um ano e seis meses atendendo.
01:52E aí a gente conta muito com a Usina da Paz, com o dispositivo da Usina da Paz.
01:57A gente dispara um card para que as pessoas da comunidade possam participar.
02:02E esse card, ele chega até o WhatsApp, ou via redes sociais, ou de boca a boca mesmo pelos idosos.
02:07Há os idosos, na verdade.
02:09E aí como é que funciona?
02:11Esses idosos vêm até a Usina, eles fazem uma triagem, participam primeiramente de um grupo
02:16e se eles se sentirem confortáveis, eles são convidados a retornar.
02:19Então, tem idosos que já estão com a gente, a maioria deles, na verdade, já estão há um ano e seis meses com a gente.
02:26Esse ano aqui nós abrimos mais dez vagas e, no momento, as vagas estão fechadas.
02:31Mas, só para resumir um pouco mais essa pergunta, eles chegam a partir da parceria que a gente tem com a Usina da Paz
02:37por meio desses cards que são disparados via redes sociais ou no boca a boca mesmo,
02:42porque a gente está em uma base comunitária forte.
02:44Como eu expliquei, esse grupo, inicialmente, no ano passado, ele funcionava para dois públicos.
02:51E aí a adesão foi muito grande, o processo terapêutico foi muito eficaz.
02:55A gente conseguiu alcançar transformações mesmo no cotidiano desses idosos e aí ele expandiu.
03:03Inicialmente, a gente atendia dez usuários.
03:06Agora, a gente está atendendo por média de quinze a vinte usuários, dependendo da proposta.
03:11E aí a ideia é que aqui na Usina da Paz de Uruna Espondo seja uma sementinha,
03:17para que em outros dispositivos, seja a Usina, seja dispositivos ligados ao SUS ou SUS, enfim,
03:25dispositivos que atendam populações idosas ou populações marcadas por processos de vulnerabilidade,
03:30possam ter nas suas composições o terapeuta ocupacional que trabalhe na abordagem grupal e comunitária.
03:36Porque desde quando começou, por agora passando aqui da Usina, eu soube que ia ter de tudo, de tudo mesmo.
03:43Então, como eu sou uma pessoa que eu gosto de estar conversando, falando com as minhas amigas,
03:48eu soube daquilo curso, pelo WhatsApp, e vim e me inscrevi.
03:54Aí, eu convidei minha irmã.
03:56Minha irmã é a maior felicidade, porque onde eu estou, eu estou feliz.
04:01Onde a minha irmã está, é a minha felicidade no momento que eu me inscrevi aqui no curso.
04:05Nós estávamos passando um momento muito difícil, porque a gente já éramos três irmãs,
04:11Maria de Pátio, Amorosi Adoro e Maria Magdalena.
04:13Aí, perdemos a Maria Magdalena, nós ficamos arrasadas, o mundo se acabou para nós.
04:17Aí, as pessoas vindo conversar com a gente, a gente estava muito triste.
04:22Aí, eles disseram, bora participar do curso, a gente vai conversar com as meninas,
04:26vamos aprender outras coisas, vamos fazer outras coisas.
04:29Porque quando eu trabalhava, eu trabalhava, eu trabalhava num lugar que tinha muita gente.
04:36Então, tinha muito gerente, muito gerente que eu trabalhava de serviço gerais, no banco.
04:42E onde os funcionários tudinhos me tinham assim como a mãe de todos eles.
04:47Foi através de uma amiga, conversando com ela, ela falou assim, porque eu era muito esquecida,
04:53por causa da Covid, eu fiquei muito esquecida.
04:57E ela disse, eu nem de morar lá, que tu vai te distrair na terapia, a gente faz muitas coisas lá.
05:03Aí, eu comecei a vir, aí comecei a gostar.
05:06Eu já aprendi a fazer pulseira, colar, prendedor de porta, desenhos e várias outras coisas.
05:14E as meninas estão ótimas.
05:16Todas que já passaram por aqui, foram ótimas.
05:19Elas têm muita paciência com a gente.
05:21E a professora é maravilhosa.
05:23Eu fazia uma ginástica.
05:27Como viver bem, aí eu fui com...
05:29Nós tivemos, fomos para um passeio, nesse passeio, na volta.
05:33Eu caí do ônibus, o ônibus passou por um buraco e eu subi.
05:36E quebrei uma das colunas.
05:39Aí, fiquei uns seis meses de cama.
05:43Aí, depois eu vim aqui para a usina fazer a terapia.
05:46Aí, depois, me falaram que tinha terapia ocupacional.
05:50Aí, eu vim para cá.
05:52Aí, foi bem acolhida.
05:53A minha professora mesmo já me inscreveu com aí, nesse curso.
05:57E foi maravilhoso.
05:58Foi tudo de bom na minha vida, porque eu vivia triste, eu chorava.
06:01E isso aí deixa a gente muito alegre, porque são novas amigas, novas pessoas.
06:08A gente conversa, tem as nossas atividades.
06:12A gente trabalha, a gente faz coceira, cordão, pinta, dança.
06:17Tudo de bom.
06:18Se sente maravilhosamente quando chega as horas da gente vender às tardes.
06:23Os benefícios que eu consegui observar, junto com os meus estagiários,
06:26muitos desses idosos estão com uma ampliação no seu repertório de atividades.
06:30Anteriormente, eles iniciaram com o repertório de atividades do cotidiano,
06:35que era muito restrito.
06:37Agora, os idosos conseguem ampliar.
06:39Por que eu te digo isso?
06:40A maioria dos nossos idosos são mulheres.
06:42E as mulheres, os papéis sociais que são designados a elas,
06:46enfim, historicamente, é o papel do cuidado.
06:49Então, essas mulheres, quando chegam na fase idosa,
06:51elas são levadas ou incentivadas a cuidar de casa, dos filhos e não de si próprios.
06:56Então, todas as atividades do cotidiano que elas faziam,
07:00era sempre no escopo do cuidar.
07:03Com a terapia, muitas delas já estão tendo mais atividades de lazer,
07:07tendo mais atividades culturais,
07:10descobrindo atividades que elas nem sabiam que gostavam,
07:13por meio do grupo.
07:14Então, a gente teve uma ampliação desse repertório.
07:17Um outro benefício que foi muito significativo
07:19é que muitas delas manifestavam alguns sintomas
07:23de saúde mental, de deficiência de saúde mental,
07:27e agora elas conseguiram melhorar isso
07:29através da terapia ocupacional, grupal e de base comunitária.
07:34Uma outra questão que é muito interessante,
07:36que eu consegui observar junto com os estagiários,
07:39é os espaços de convivência desses idosos,
07:41que foram fortalecidos.
07:42Por quê?
07:43Antigamente, esses idosos ficavam muito restritos em casa,
07:47quiçá quando iam em alguma atividade religiosa,
07:50ou de igreja católica, ou de igreja protestante.
07:52Agora, a gente conseguiu ampliar esses espaços de convivência.
07:55Eles convivem aqui na usina,
07:57eles vão para praças, eles vão a museus,
07:59tudo a partir dos estímulos que a gente disponibiliza
08:02aqui dentro do grupo.
08:03Existe uma outra questão também,
08:05que foi o fortalecimento das redes de convivência,
08:07ou das relações sociais.
08:08Muitos desses idosos têm um histórico de relações fragilidadas
08:13com seus familiares, né?
08:14E a gente conseguiu fortalecer isso,
08:17seja mãe com filho,
08:19seja tio com primo, etc.
08:22A gente conseguiu fortalecer,
08:24mas numa perspectiva também que coloca esse idoso como protagonista,
08:27porque às vezes é o idoso que é o culpado
08:29de realizar alguma coisa,
08:31de fraquejar algum laço social ou familiar.
08:33E a gente conseguiu, por meio das terapias,
08:36fortalecer esses laços entre eles.
08:38E aí
08:41E aí
08:43E aí
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