Da busca pela magreza à doença: quando o remédio para emagrecer se torna um pesadelo

Name: Da busca pela magreza à doença: quando o remédio para emagrecer se torna um pesadelo | DOCUMENTO JP
Uploaded: 2025-08-07T20:00:00+00:00
Duration: 7 min 57 s
Channel: Jovem Pan News

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O Documento JP investiga a febre das canetas emagrecedoras, usadas indiscriminadamente na busca pelo corpo perfeito. A reportagem revela como esses medicamentos podem se tornar um gatilho perigoso, intensificando transtornos alimentares como anorexia e bulimia.

Assista à íntegra em:
https://youtu.be/3lHX2GtCdOE

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00:00Dados da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos

00:04mostram que entre 40 e 50% dos pacientes que usam substâncias para emagrecer

00:09apresentam sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais e prisão de ventre.

00:17O que mostra que os medicamentos podem afetar a saúde de forma negativa,

00:21como alerta a endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Priscila Gil.

00:27Bom, durante o tratamento de uma pessoa com obesidade, se ele for muito bem feito,

00:32o nutricionista, trabalhar de forma de uma saúde mais integral e não apenas o peso,

00:37esses tipos de saúde alimentar são até reduzidos, porque a pessoa reaprende a se relacionar com a alimentação

00:43e até mesmo com a sua própria imagem corporal.

00:46Mas se isso é feito de forma inapropriada, com um coaching de internet,

00:50com um profissional que não seja especialista, ou mesmo com um não profissional,

00:55que muitas vezes acontece no Instagram, o receio é que isso desenvolva um transtorno alimentar.

01:03Então, usar esse tipo de medicação tem que ser feito com todos os cuidados

01:07para que não haja restrições excessivas, perda de peso acentuadas,

01:13mais do que o propriamente indicado, parar completamente de comer vários grupos de alimentos,

01:19perder peso e nem perceber que perdeu, ou seja, começar a ter uma passagem de insatisfação

01:25para a imagem corporal que a pessoa tinha antes, quando estava acima do peso,

01:30para perder o peso e começou a ter uma distorção.

01:32Não percebeu que perdeu o peso.

01:35As pessoas falam que essa pessoa perdeu e ela não percebe mais.

01:38Então, isso é de risco começar a ter um transtorno alimentar.

01:41As chamadas canetas emagrecedoras são bem avaliadas por profissionais da saúde

01:47e são recomendadas para pacientes que tratam de diabetes tipo 2,

01:52pessoas com obesidades e outras comorbidades.

01:56Entretanto, é preciso ajustar a dose para cada paciente,

01:59como ressalta Paula Pires, endocrinologista.

02:02No dia 26 de junho, a Anvisa colocou como obrigatório a retenção de receita na farmácia

02:10para que os pacientes pudessem obter esse remédio.

02:15E nós, como comunidade médica, ficamos muito satisfeitos,

02:19porque agora, pelo menos, a gente consegue ter um certo controle

02:22e saber que o paciente que vai usar a medicação vai ter uma prescrição médica,

02:27uma indicação médica.

02:28E, teoricamente, o médico está olhando para todos esses quesitos de saúde mental, de saúde em geral.

02:35Diante da corrida desenfreada em busca das canetas emagrecedoras nas farmácias,

02:41a norma imposta pela Anvisa serve como uma espécie de barreira,

02:45explica Daniel Pereira, diretor da agência.

02:49O principal efeito adverso que motivou foi o número alto de pancreatite,

02:53que se dá justamente pela utilização excessiva daquele medicamento sobrecarregando o pâncreas.

03:01O que nos chamou a atenção é que o percentual de pancreatite no Brasil

03:06era mais do que o dobro da média dos países da OCDE que a gente compara.

03:11O sistema é global.

03:13Então, esse talvez seja o maior indício de que não estava havendo um uso racional

03:18desse medicamento que faz a população,

03:21o que nos levou a reter a receita e trazer o médico no acompanhamento desse tipo de paciente.

03:28Tamanha facilidade para conquistar o shape

03:31abrilhantou os olhos de quem deseja emagrecer a qualquer custo,

03:35o que expõe a mudança de mentalidade da população.

03:39Do corpo volumoso como sinal de saúde,

03:41passamos a validar o corpo cada vez mais esquelético como sinal de vigor.

03:47Batemos um número de um bilhão de pessoas com obesidade no mundo, né?

03:53É uma quantidade muito alta.

03:55A tendência é só de aumento.

03:57É uma doença que a gente realmente perdeu o controle

04:00por vários fatores genéticos, ambientais, sociais, comportamentais.

04:06E hoje a gente tem uma medicina da obesidade que tem evoluído muito,

04:11com medicações potentes, seguras, com poucos efeitos colaterais

04:16e que, se bem usadas, pode salvar as próximas gerações.

04:21Porém, de outro lado, a gente tem um desejo de magreza social muito grande,

04:26principalmente aqui no Brasil, né?

04:28E pessoas que não têm sobrepeso e obesidade

04:30querendo ficar cada vez mais magras.

04:33Parece que nada é o suficiente.

04:36E aí a gente começa a falar de transtorno alimentar.

04:39E, claro, essas medicações sem receita médica, elas podem aumentar isso.

04:45Eu vejo meninas, principalmente, que não querem ter fome.

04:49Aquele controle rigoroso de tudo, inclusive do apetite.

04:53E aí são magras e usam a medicação para ficarem mais magras

04:57e não terem fome e não perderem esse controle do corpo.

05:01A substância se popularizou tão rápido

05:04que se tornou até alvo de criminosos,

05:07o que obrigou farmácias a redobrarem o esquema de segurança.

05:11A alta procura e a facilidade para o uso por pessoas comuns

05:15transformaram as canetas em itens de luxo.

05:19A gente tem visto esse uso indiscriminado das canetas

05:22para perdas de peso desejadas,

05:27mas que não são desejáveis, não são recomendáveis.

05:30E isso é uma preocupação.

05:33O nosso receio é instrumentalizar um transtorno alimentar.

05:37Desde os tempos das anfetaminas,

05:41a gente trazia muito, trabalhando com transtorno alimentar,

05:43a situação de compensação com o uso de medicações para perda de peso,

05:48que eram muito disseminadas.

05:53Agora, os novos estudos vêm retomando essa sinalização

05:57das práticas compensatórias.

06:00desenvolverem o uso de medicações para perda de peso.

06:02Porque a gente entende que pode instrumentalizar um transtorno alimentar,

06:06induzindo uma redução do apetite,

06:11induzindo até situações mais graves de efeito colateral,

06:14náusea, vômitos,

06:16que, num contexto de um transtorno alimentar,

06:19ou para desenvolver um transtorno alimentar,

06:21é algo que preocupa.

06:22Durante os episódios de bulimia,

06:25Tatiana relata que buscou por válvulas de escape.

06:28Principalmente essa parte da ansiedade,

06:30eu tinha muitos, muitos episódios de ansiedade,

06:34de insônia,

06:36por conta do uso de medicamento.

06:38E depois do medicamento, o que foi que aconteceu?

06:41Quando você para de usar o medicamento,

06:43porque tem isso.

06:44Quando você usa o medicamento

06:45e não faz uma, assim,

06:49com uma finalidade, né,

06:50que no caso era a finalidade para emagrecer,

06:52a gente está falando de um outro quadro,

06:54ele tem que ser aliado com outras coisas.

06:58Então, por isso,

07:00essa questão desse uso indiscriminado,

07:02e quando o único propósito dele

07:04são essas metas inalcançáveis,

07:07então, o que aconteceu?

07:09Quando eu parei de usar o medicamento,

07:12eu tive um efeito rebote.

07:17Eu tinha episódios de compulsão alimentar

07:19e eu tive um efeito rebote.

07:21E esse efeito rebote,

07:22ele me causou danos psicológicos

07:24que agravaram muitas,

07:26muitas questões do transtorno alimentar

07:28que eu já tinha.

07:30Ao longo da história,

07:32a arte foi usada como uma janela

07:34para o olhar humano sobre a realidade

07:36e uma de suas representações

07:38mais recorrentes

07:39é a do corpo humano.

07:41Desde as primeiras manifestações artísticas

07:44nas cavernas

07:45até as sofisticadas obras

07:47de mestres renascentistas,

07:49o corpo foi e continua sendo

07:51um dos maiores símbolos

07:53de expressão estética e cultural.

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