O prazo para o início do tarifaço no Brasil está mais próximo, com previsão para começar nesta quarta-feira (06). Os setores afetados já vem calculando os possíveis prejuízos bilionários. Para falar do assunto com mais detalhes, o Morning Show recebe a economista Bruna Alemã. Comentaristas: Mano Ferreira, Jess Peixoto, David de Tarso e Ana Beatriz Hirsh Assista ao Morning Show completo: https://youtube.com/live/LlHm32nBCm8
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00:00Agora que a gente está prestes a realmente lidar com o início oficial das tarifas impostas por Donald Trump,
00:06pessoal, as cartas ainda parecem estar na mesa.
00:09Os setores afetados já vêm calculando os prejuízos bilionários que podem estar aí logo no horizonte próximo.
00:14Mas para irmos mais a fundo ainda nesse assunto, recebemos agora a economista-chefe de investimentos internacionais da Nomos,
00:20que é a Bruna Alemã, que vai com certeza trazer aqui um panorama preciso e bem informado.
00:27Bom dia, Bruna. Obrigado pela presença aqui no Morning Show.
00:28Então, afinal de contas, a partir de tudo que estava sendo dito aqui, onde é que mora o maior perigo ou também a maior oportunidade para o Brasil?
00:35Afinal, como diz o ditado, toda crise é uma oportunidade. A palavra é sua.
00:40Olá, tudo bem? Bom dia.
00:43Bom, vamos lá. Na verdade, onde há o maior perigo, relativamente, se a gente pode falar, são todas as questões políticas como já foram apresentadas.
00:51Já sabemos que essas tarifas foram colocadas de uma forma punitiva, muito mais do que uma questão comercial.
00:59Apesar de ter um intuito final comercialmente ali, dizendo.
01:03Nós tivemos aí dentro de um histórico, principalmente essa relação, essa proximidade em relação aos BRICS,
01:10ou até o Brasil querendo levar uma narrativa desse efeito desdolarização,
01:14acabou chamando um pouco a atenção, fora todos os potenciais que o Brasil tem de ser.
01:20Os Estados Unidos estão buscando, é muito claro, essa medida protecionista em relação às tarifas,
01:24mesmo que comercial, ela tem uma briga direta, uma guerra fria, se assim a gente pode dizer,
01:31em relação à China, que começou lá no primeiro mandato de Trump.
01:35E, na verdade, e um processo de reindustrialização que os Estados Unidos estão buscando,
01:40que ele perdeu ao longo de 40 anos.
01:42Mas não uma reindustrialização em relação à chão de fábrica,
01:46mas sim ao poder em relação às matérias-primas para a sua indústria,
01:51e também à inteligência do desenvolvimento.
01:54E aí seguem algumas outras teses, que o Brasil acabou entrando,
01:58e está levando também, que é a maior dificuldade,
02:01para um viés político e não comercial, de ser o principal parceiro.
02:06Porque nessa briga, por mais que a China seja um dos maiores parceiros comerciais do Brasil,
02:10é muito importante a gente entender sobre a hegemonia do dólar,
02:14e o quanto isso é muito importante nós conseguimos manter,
02:17até pelo Brasil, depender muito dessa moeda,
02:20e ter trocas em relação a essa moeda, assim como o mundo inteiro.
02:24Os Estados Unidos estão tentando buscar outros parceiros,
02:27e até tirar a grande parte desse efeito de desindustrialização que aconteceu,
02:31e da inteligência em relação à China, para outros países como a Índia.
02:35A Índia tem se afastado cada vez mais,
02:37isso daí seria uma manobra inteligente do Brasil,
02:40diferente do que politicamente está acontecendo.
02:43A China, pressionada em relação aos Estados Unidos,
02:46sofreu sanções e determinadas tarifas,
02:49que na época, dentro desses meses, tinham sido uma das mais fortes,
02:53e hoje segue à frente de uma forte negociação com os Estados Unidos,
02:56de se tornar uma dessas bases de inteligência,
03:00e também de poderio junto aos Estados Unidos,
03:02freando, inclusive, algumas negociações comerciais,
03:06junto com os BRICS.
03:08Isso seria de inteligência.
03:09Então, assim, em qualquer crise, há uma oportunidade,
03:11o Brasil agora poderia enxergar de forma inteligente
03:16como lidar com menos ideologia de maneira mais diplomática.
03:21Essa seria a principal forma.
03:23E a segunda, também, é nós olharmos que a dependência de determinados países,
03:29não só os Estados Unidos, mas também como a China,
03:33abrir a porta a determinadas empresas,
03:35também para fazer negociações com outros mercados.
03:39A dependência de determinados mercados,
03:41isso pode afetar numa tensão geopolítica como essa,
03:46e determinadas visões, ideologias que o Brasil tem,
03:49pode, nós acabamos sendo sancionados de uma maneira extremamente punitiva,
03:55e agora dependente de determinados mercados,
03:58não podendo comprar briga relativamente com ninguém,
04:01mas não é muito o que está acontecendo.
04:04Baita abri-elas aqui, baita panorama.
04:05Eu vou acionar o Mano Ferreira agora, Bruna, para a próxima pergunta.
04:08Bom dia, Bruna. Muito obrigado por estar aqui com a gente.
04:10A minha pergunta é, a gente devia, então, aprender com o Milley?
04:14O Brasil devia se inspirar no que tem feito a Argentina
04:17em termos de abertura comercial?
04:20Com certeza. Na verdade, assim, todo mundo chamou o Milley
04:24quando ele começou a fazer essas determinadas políticas econômicas,
04:29muitas pessoas falaram, é o louco da economia,
04:31o que ele está fazendo,
04:33ou enxergando essas negociações com os Estados Unidos
04:36como um baixar a cabeça.
04:37Mas tudo é sobre uma questão de efeito diplomático.
04:41Não tem, quando a gente fala em relações internacionais,
04:43não tem o certo ou errado.
04:45Tem como você enxerga o mundo, como o mundo precisa acontecer.
04:47O Milley, ao mesmo tempo que ele tomou decisões muito importantes,
04:52também é interessante mostrar que algumas questões,
04:57principalmente políticas em relação à pobreza,
04:59ele teve... você tem um ciclo econômico em determinadas decisões.
05:03Ele teve que trazer a Argentina quase para o buraco,
05:07enxergando ali que ela não estava no buraco,
05:09levando um pouco mais para o buraco para depois subir.
05:11Os dados, eles não são tão rápidos, né?
05:14A economia, ela não demonstra de uma forma tão rápida.
05:17Mas sim, de uma maneira liberal e de uma mania...
05:20de uma maneira, principalmente, o que ele conseguiu enxergar,
05:23que eu acho que é o coração que nós deveríamos ver,
05:27que é essa questão da redução do custo público.
05:31Então, você olhar primeiro para o seu caixa
05:33e depois você conseguir fazer outras manobras políticas e econômicas
05:37que não afetem o consumidor diretamente.
05:41Então, dessa maneira, nós deveríamos ter aprendido um pouco.
05:46Essa foi Bruna Aleman, aqui ao Vivaço do Morning Show.
05:48Obrigado aqui pelas explicações didáticas.
05:50A gente já te convidando aí para a sequência,
05:53porque notícia não vai faltar.
05:55Obrigado, Bruna.
05:56Obrigada a vocês. Até logo.
05:59Voltando aqui à bancada, David Gitar,
06:02a partir desse panorama trazido pela Bruna,
06:05o que mais saltou aos seus olhos? Qual o seu destaque?
06:07Não, eu acho que a questão, assim, deve resolver com diplomacia.
06:11Qual foi a principal crítica de Donald Trump em relação ao nosso governo?
06:15Sobre a fala do Lula em relação à desdolarização.
06:20E aí, o presidente da República, durante o evento do PT,
06:24volta a citar isso como argumento,
06:26dizendo que o dólar já não é tão importante assim perante o mundo.
06:31Então, essas questões só atrapalham nessa negociação toda.
06:34Agora, uma coisa que também está...
06:37Eu estou ficando encucado aqui, minha cara de Jesse Peixoto,
06:40é que, até onde minha vista alcança,
06:41eu não estou entendendo essa obsessão,
06:43até porque já há um comprador em larga escala
06:45das terras raras brasileiras, que é a China comunista.
06:48Mas eu não vi nenhum pronunciamento oficial
06:50vindo dos americanos, desde o início dessa loucura toda,
06:54nenhuma sinalização formal
06:56cobiçando essas terras raras, esses minerais até o momento.
07:01Então, o que explica esse afã,
07:03ou essa motivação do próprio ministro Haddad
07:05em colocar esse ingrediente na mesa?
07:07Ah, na verdade, o contexto global.
07:09Os Estados Unidos, aí na figura de Donald Trump,
07:10ele está tentando explorar as terras raras
07:13até em mares internacionais,
07:15até permitindo uma concessão
07:17da Secretaria do Comércio
07:19para algumas empresas variadas
07:21para se explorar em uma área de território internacional,
07:24que vai ter vários problemas,
07:26vai ter ali riscos também de contaminação,
07:28de perda do material.
07:29Então, assim, nos últimos dois anos,
07:31os Estados Unidos têm ido à frente com isso
07:33e o governo Donald Trump,
07:34ele tem tido isso como uma causa principal,
07:37porque é um material muito importante.
07:39Porque quando a gente está falando de revolução tecnológica,
07:41ele é um material fundamental.
07:43Sem terra rara, sem os minerais raros,
07:45você não fabrica celular,
07:46você não fabrica microchip,
07:48você não tem fabricações tecnológicas muito fundamentais.
07:51E hoje, a China tem basicamente monopólios
07:53na área de refinaria,
07:55na área até mesmo de extração.
07:57Ela tem um poder muito grande nisso
07:59e os Estados Unidos é dependente.
08:00Então, o que aconteceu foi,
08:02num cenário em que tinha aquela guerra comercial,
08:04que tinha toda aquela batalha,
08:06o que o Xi Jinping fez foi,
08:08não vai sair terra rara para os Estados Unidos.
08:11E isso gera um problema
08:12numa cadeia de produção nos Estados Unidos gigante.
08:14A gente sabe que a tecnologia é uma porta gigante para isso.
08:17Então, a leitura do ministro Fernando Haddad,
08:20em relação à importância desse material
08:21e como ele pode ser usado como um ativo fundamental,
08:24é realmente muito grande.
08:26Mas aqui a gente precisa contrabalancear, André,
08:28porque a China é o outro nosso grande aliado comercial
08:32nesse momento,
08:32e até com mais alinhamento político,
08:34nos BRICS, entre outras questões.
08:36Então, a gente precisa também entender
08:38como isso desestabilizaria essa relação,
08:41ou até mesmo tornaria ela, talvez,
08:43não tão fortuita como tem sido para o governo Lula,
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