Tarifas dos EUA preocupam empresas químicas brasileiras, diz gerente da Abiquim

Jovem Pan News

As tarifas impostas pelos Estados Unidos causam grande preocupação entre as empresas químicas do Brasil. Eder da Silva, gerente de comércio exterior da Abiquim, comenta sobre os impactos para o setor.

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00:00Em 2017, voltamos a falar da economia.

00:02Isso porque as tarifas dos Estados Unidos causam grande preocupação

00:05entre as empresas químicas do Brasil.

00:08Sobre esse assunto, a gente conversa agora com o gerente de comércio exterior da Abkin,

00:12o Eder da Silva.

00:14Sr. Eder, bom dia. Muito obrigado por atender aqui a Jovem Pan.

00:17Bom dia, Nonato. Bom dia, Paula.

00:19Eu que agradeço o convite e a oportunidade de falar com vocês

00:22e com todos os telespectadores e ouvintes do Jornal da Manhã.

00:25O setor, com esse tarifaço do Donald Trump,

00:29à medida em que a gente teve vários produtos, centenas deles,

00:32entrando numa lista de exceções, sem a cobrança do chamado tarifaço.

00:38O setor químico continua sendo afetado ou conseguiu entrar também nessas exceções, Eder?

00:46Nonato, sim, estamos bastante impactados, não só diretamente pelos produtos químicos

00:53exportados pelos nossos associados,

00:55pela indústria química brasileira aos Estados Unidos,

00:58mas também pelas importações indiretas,

01:00que são aquelas dos nossos clientes do setor químico brasileiro,

01:05com altamente demandantes de insumos industriais

01:08na sua fabricação desses itens de uso final,

01:12artigos de prateleira,

01:14que esses serão também exportados aos Estados Unidos.

01:17Então, há uma grande preocupação da Abkin com relação a tantos esses impactos diretos

01:22aos próprios produtos químicos, quanto a esses produtos indiretos,

01:26sobretudo nas cadeias de móveis,

01:29têxteis, produtos de couro, de borracha,

01:32sendo que vários dos nossos associados já nos reportam cancelamentos de pedidos,

01:37tanto de clientes americanos, quanto de clientes brasileiros,

01:41que são, então, adquirentes desses produtos a serem processados em território brasileiro

01:45e depois exportados para os Estados Unidos.

01:48Agora, Éder, já é uma sua ciência ali no seu meio,

01:51no setor, empresas brasileiras com pedidos cancelados,

01:54vivendo renegociações já, mesmo antes da tarifa ter sido imposta?

02:01Paula, veja, o setor químico brasileiro hoje exporta para o mundo

02:06alguma coisa em torno de 15 bilhões de dólares por ano.

02:09Especificamente para os Estados Unidos,

02:12estamos falando de vendas de produtos químicos brasileiros para lá

02:16da ordem de 2,4 bilhões.

02:18Para termos uma base de comparação,

02:21toda a União Europeia é mercado de 2 bilhões de produtos químicos brasileiros.

02:26Então, sem dúvida que os Estados Unidos são um mercado bastante representativo,

02:32fazendo um recorte em termos de concentração.

02:37Os 50 produtos químicos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos

02:42totalizam alguma coisa em torno de 80% daqueles 2,4 bilhões anuais.

02:48Então, desses 50, apenas 5 estão nesse momento

02:53excetuados da sobretaxa da alíquota ser imposta ao Brasil pelos Estados Unidos

03:00a partir do dia 6 de agosto em mais 40%.

03:04O que o setor pretende a partir de agora,

03:08à medida em que, claro, há um processo de negociação ainda aberto

03:11até que essas medidas entrem em vigor, a gente tem alguns dias.

03:15Mas, de qualquer modo, em se mantendo isso,

03:17há uma forma de tentar suavizar ou até mesmo dar um respiro para esse setor?

03:24Que tipo de ação que vocês imaginam que seria possível?

03:27Renato, o setor químico brasileiro tem uma relação histórica e estratégica

03:32com os Estados Unidos, baseado em um forte processo de integração produtiva,

03:37investimentos mútuos dos dois países entre si.

03:43Estamos falando de empresas químicas de capital químico originário

03:47instaladas no Brasil, de mais de 20 grandes e médias companhias do setor,

03:52actuando nos mais diversos segmentos e que, exatamente por isso,

03:57nós temos um excelente diálogo, uma excelente interlocução com a nossa contraparte

04:03nos Estados Unidos, que é a American Chemistry Council, a Bikin norte-americana,

04:08que, assim como nós aqui no Brasil, temos mantido um frequente,

04:12um, eu diria, permanente diálogo com as nossas autoridades comerciais e diplomáticas,

04:18sinalizando que ainda há muito espaço para novas exclusões setoriais.

04:23Como eu mencionei, dos 50 produtos atualmente mais exportados para os Estados Unidos,

04:28apenas 5 estão isentos dessa medida.

04:32Então, entendemos que o canal de negociação, sem dúvida, no curto prazo,

04:38é a melhor alternativa no que se refere à mitigação dos impactos

04:43aos produtos químicos brasileiros exportados aos Estados Unidos

04:46e dos nossos clientes setoriais.

04:48E, também, em relação ao apoio ao exportador,

04:54o pacote que está sendo elaborado, o plano de contingência,

04:58caminha também em uma direção importante de apoio

05:00àquele industrial brasileiro,

05:04que terá impactos significativos, como a Paula também trouxe há pouco,

05:10em termos financeiros, em termos operacionais, no curto e no médio prazo.

05:14Então, nós entendemos que a devolução de saldos credores de CMS,

05:21ampliação do reintegra para uma alíquota maior, nesse momento crítico,

05:25para 7%, e a expansão do próprio regime reintegra para empresas de todos os portos,

05:31além da criação de novas linhas de financiamento à exportação,

05:34todas essas medidas bastante convergentes com o que a CNI e outras entidades de classe

05:41também estão dialogando com o MDIC, com a Fazenda, com o Itamaraty,

05:46são sinais importantes para o industrial brasileiro, exportadores dos Estados Unidos,

05:51e que já estão sendo colocados sobre a mesa pelas autoridades brasileiras, nesse momento.

05:57A gente vai seguir acompanhando de perto, claro, todas essas discussões nos mais variados setores.

06:02Éder da Silva, gerente de comércio exterior da Abkin.

06:05Muito obrigado pela entrevista, bom fim de semana para o senhor.

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