Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que o governo Lula vai anunciar medidas de reação ao "tarifaço" de 50% imposto por Donald Trump, que entrou em vigor nesta sexta-feira (01). O ministro garantiu que as ações visam defender a soberania nacional e a economia brasileira.
Dora Kramer e Cristiano Vilela comentam sobre a importância do governo proteger os setores produtivos. Ambos também analisam a falta de canais de diálogo entre o Brasil e os interesses americanos.
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00:00Brasília com André Anelli, porque o governo federal tem, ali, insiste e pretende avançar nas negociações com os Estados Unidos, mas sem perder a soberania.
00:10André, quais então as medidas devem ser anunciadas pelo Fernando Haddad?
00:18Sim, David. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já confirmou que está prevista uma reunião com o secretário do Tesouro Americano, Scott Bessent,
00:29mas essa reunião ainda não tem data para acontecer, portanto, existe a expectativa de que ela aconteça nos próximos dias.
00:36Enquanto isso, o ministro garantiu que o governo prepara medidas de contingência para ajudar aqueles setores que serão os mais afetados com o tarifácio de Donald Trump,
00:48como, por exemplo, café, carne bovina e também algumas frutas.
00:53Não houve desistência da decisão porque essa decisão nunca foi tomada.
00:56Nós nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que o governo brasileiro vai tomar.
01:04São ações de proteção da soberania, proteção da nossa indústria, do nosso agronegócio, da nossa agricultura.
01:14Então, são medidas de reação a uma ação, na nossa opinião, injustificável, de proteção da economia brasileira e da soberania brasileira.
01:23Então, essa palavra não figurou no discurso do presidente nem de nenhum ministro.
01:28E o ministro também voltou a fazer críticas, como a gente ouviu agora há pouco, em relação a esse tarifácio dos Estados Unidos,
01:39que ele considera como um tarifácio político, não tem a ver com questões, então, de ordem econômica, junto aqui ao Brasil.
01:48E fez essas críticas, agora direcionando também para a Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos,
01:54que seria equivalente ao Ministério da Fazenda lá no país comandado por Donald Trump.
02:00Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esse tarifácio é defendido pela Secretaria do Tesouro americano, justamente também com argumentos políticos.
02:11Ele é uma figura central, porque a secretaria dele, que é o ministério, na verdade, a secretaria dele também tem uma dimensão política importante.
02:24Então, ele não cuida só de economia, tem alguns aspectos da decisão do presidente Trump que resvalam na política.
02:32Aliás, é deliberadamente política a decisão.
02:35E o Scott Besson é alguém que pode ajudar.
02:37E essa reunião aguardada com o Scott Besson, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos,
02:46deve colocar, então, na mesa, em discussão, não apenas o tarifácio de 50% em si,
02:52mas também todas aquelas sanções que foram aplicadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes,
02:59por conta, então, do que os Estados Unidos consideram uma caça às bruxas contra o ex-presidente aqui do Brasil,
03:07Jair Bolsonaro.
03:08Então, o governo federal vai discutir também com o secretário do Tesouro americano
03:12as possibilidades de retirada dessas sanções, que são sanções de ordem econômica ao ministro do Supremo Tribunal Federal,
03:21como, por exemplo, a proibição de entrada no país e também bloqueio de contas e bens nos Estados Unidos.
03:28David.
03:29Tá certo. André Anelli, ao vivo, direto de Brasília.
03:31Muito obrigado pelas suas informações.
03:33Já vou para os nossos analistas, Dora Kramer e também o Cristiano Villela.
03:37Nesse contexto todo, a pergunta que fica é,
03:39será que adianta, Dora, negociar entre secretários,
03:43já que o Trump só escuta, realmente, alguém no mesmo posto que ele, né?
03:48A batida do martelo, realmente, o que tem sido dito pela Casa Branca é estar nas mãos do presidente Trump.
03:59Mas, evidentemente, que a abertura de diálogos, de canais de diálogo é imprescindível.
04:07Ou você acha que o Eduardo Bolsonaro conseguiu influenciar esse tipo de atitude,
04:15conseguiu vender a versão dele falando com o presidente?
04:19Não.
04:20Ele faz uso de canais que chegam ao presidente as informações.
04:26O ministro Fernando Haddad, de hoje, foi muito claro, muito contundente nessa declaração,
04:36nessa entrevista que a gente viu, da qual a gente viu um trecho aí,
04:39dizendo que realmente vai tocar nesse assunto dessa sanção com o secretário do Tesouro,
04:45que é a pessoa que é encarregada de aplicar essa lei.
04:50Então, vai fazer alguns esclarecimentos, contar a versão dele,
04:56porque o que a gente tem até agora, o que se tem, o ambiente fechado,
05:00para que o governo brasileiro, o judiciário brasileiro, dê a sua versão.
05:06Foi um erro não ter aberto esses canais?
05:08Foi, mas não adianta, porque esse leito, esse leite está derramado.
05:13Então, isso não volta mais.
05:16Agora, eu queria só fazer um pequeno adendo, uma correção,
05:19quando o ministro diz que nós nunca usamos o termo reciprocidade, não é verdade.
05:25O presidente Lula usou, no dia 11 de julho,
05:28dois dias depois do anúncio do tarifato, tarifácio,
05:32dizendo, numa entrevista à TV Globo,
05:35que, se não houver solução, o Brasil vai aplicar a lei da reciprocidade.
05:41Portanto, houve, sim, um recuo dessa posição.
05:45E não seria problema nenhum o governo admitir que recuou,
05:49ou seja, pensou melhor e resolveu não fazer o que estava pensando.
05:55É melhor isso do que dizer uma coisa que não é verdade,
05:58que nunca foi usado esse termo.
06:00Pois sim.
06:02É, exatamente, né?
06:03Inclusive, não só o próprio presidente,
06:05como também os ministros já estavam se articulando
06:08de que forma que eles iriam retalhar,
06:10quais seriam as medidas, então, impostas aos Estados Unidos.
06:13Só que tem um aspecto também sobre esse plano de contingenciamento,
06:17porque o governo também, Vilela, é contra subsídios.
06:22Até eu me recordo da lei do Perse,
06:23que era para ajudar os setores da cultura,
06:26os bares e restaurantes que sofreram durante a pandemia,
06:29e o governo sempre bateu na tecla de que não precisaria dessa ajuda.
06:32E agora vai ter que tomar essa medida em relação ao tarifácio,
06:36se realmente não houver uma negociação, né?
06:38Exatamente, o governo é contra até determinada página,
06:43porque existem situações que eventualmente justificam
06:47algum tipo de medida por parte do Executivo,
06:49não necessariamente essa,
06:52mas diante de um fato,
06:54um fato em relação ao qual o governo está se debatendo
06:59e tentando solucionar de alguma forma,
07:01mas hoje, na fotografia que se tem,
07:04é um fato concreto,
07:05essa sobretaxação que tem a capacidade
07:09de influenciar fortemente em determinados setores.
07:12E aí, para evitar uma quebradeira ainda maior,
07:15cabe ao governo, de alguma forma,
07:18buscar instrumentos que venham a minimizar essas perdas
07:22e a garantir, de uma forma geral,
07:24a manutenção de empregos.
07:26Para o Brasil, é importante que cadeias bastante valiosas
07:31do ponto de vista produtivo,
07:33que tenham um alto grau de empregabilidade, por exemplo,
07:36que elas sejam mantidas de uma forma racional.
07:39É evidente que o que se deve fazer
07:41é buscar novos mercados,
07:43caso isso de fato aconteça,
07:45é buscar alternativas para que esses itens
07:48que eram comercializados com os Estados Unidos,
07:51eles continuem comercializados no exterior.
07:53Agora, isso não se dá de uma hora para outra.
07:56Então, cabe ao Estado brasileiro,
07:59de alguma forma, tomar, sim, algumas medidas
08:01e que é importante que isso seja tomado
08:04de uma forma racional,
08:06sem que haja, eventualmente,
08:08um benefício a um setor e não a outro,
08:11mas que essa análise seja feita com critérios
08:14com base econômica e com base de empregabilidade.
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