- anteontem
No Dia Dia Rural desta sexta-feira (25), o jornalista Otávio Céschi Junior entrevista no Conversa Franca o presidente do conselho IFPA Brasil, Alex Lee.
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NotíciasTranscrição
00:00Hoje, com o presidente do Conselho da IFPA no Brasil, o Alex Lee, para a gente falar
00:04exatamente disso, do impacto das tarifas, do tarifácio do Trump, as exportações do
00:10Brasil para os Estados Unidos, mas em especial aqui ao setor de frutas.
00:15Bom, bom dia, Lee, tudo bem?
00:17Bom dia, Otávio, tudo bom.
00:19Tá bom.
00:20Bom, vamos falar de um problema aí que está caótico, nós estamos na reta final, já
00:25vem andando há quase 15 dias e nenhuma providência que a gente saiba, né?
00:30Está sendo tomada nenhuma resolução e para o setor de frutas é caótico.
00:36A gente tem acompanhado aqui desde o primeiro dia do anúncio do tarifácio as preocupações
00:41do setor de laranja, do setor de carnes, do setor de...
00:47Enfim, foram os primeiros setores que se manifestaram, do café, mas aí a questão das frutas se
00:53expandiu de uma forma que estourou com a questão da manga, que está em pleno período
01:00de colheita, mas você não vai colher se você não tem para quem vender, porque senão
01:05como é que você vai remunerar a mão de obra?
01:08Então, há um risco muito grande aí para esses setores.
01:11Bem, primeiro, como é que vocês, como entidade de classe, não vou perguntar se estão vendo,
01:18porque ninguém vê isso de uma forma boa, mas como é que vocês acham que podem agir
01:23e vocês estão trabalhando?
01:24Porque a gente sente uma certa paralisação por parte do governo e um estarrecimento no
01:30sentido de não pegar um telefone e ligar.
01:34Liga.
01:35O chinês ligou para o Trump.
01:38O chinês fez um acordo lá, ofereceu as terras raras lá e chegaram em um acordo.
01:42Mas se você não liga, se você não senta na mesa, a gente viu ali setores produtivos
01:47dizendo que tem esperança de vender para a China, mas é a uva que vai ser colhida.
01:52O que está aí, do suco de laranja, da manga ou de outros produtos que já estão no tempo,
01:57corremos risco de apodrecer.
02:00Bom, o que é que vocês acham que podem fazer diante desse cenário aí?
02:04Que parece que não vai mudar no dia primeiro, o negócio entra para valer mesmo, aí vai
02:09todo mundo se pernear.
02:10Com certeza absoluta.
02:11O problema maior é que a gente fica de mãos atadas.
02:13não tem muito como trabalhar.
02:16Parar para pensar, o produtor plantou isso há quanto tempo atrás?
02:21Uma manga, ela começa a ser, começa a frutificar de dois a quatro anos após o plantio, se for
02:27de uma muda.
02:29Você imagina, então ele teve que fazer um planejamento três, quatro, cinco anos atrás
02:32para conseguir estar nesse momento e já gastou todo o dinheiro para chegar nesse processo.
02:39Então ele já investiu na muda, já investiu no preparo de terra, investiu na
02:43na produção, investiu nos tratos culturais, investiu em tudo.
02:48Pior, já investiu em caixaria, já investiu já em toda a parte de planejamento logístico
02:54e agora no fim vem essa bomba.
02:57Então é muito difícil porque o produtor não tem muito como recorrer, não tem para
03:01onde fugir.
03:02O mercado nacional não vai remunerar e não tem espaço para esse volume.
03:07São 2.500 containers de manga, é muita coisa.
03:10Mesmo porque o espaço para, nós estamos falando da manga, mas nós vamos abrir mais
03:14esse leque aí.
03:15Mas o espaço para manga, para preenchimento dentro do cenário nacional, ele já está
03:18focado, localizado e mapeado para ser distribuído.
03:23Esse aí é o que seria exportado.
03:25Ninguém vai passar, você come uma manga a cada dois dias, você não vai passar a comer
03:30seis mangas por dia, da noite para o dia, nem que tiver a um real e aí o produtor já
03:36está tomando prejuízo, não é?
03:37Com certeza absoluta.
03:39Como aumentar o consumo num espaço de curto tão curto?
03:43E pior de tudo, agora é o inverno.
03:45No inverno se consome menos manga.
03:48Se a gente fosse no verão agora, o seu consumo seria maior.
03:50Eles estão no verão, por isso grande parte do material vai para lá.
03:54Com certeza absoluta.
03:55Então, iria para lá.
03:57A gente espera que ainda vá.
03:59Não, eu estou analisando do jeito que as coisas estão.
04:02Vamos esperar aí a semana que vem, porque faltam sete dias aí para passar a valer o tarifácio.
04:08Além da manga, o suco de laranja, então, já disse que é inviável exportar para os
04:11Estados Unidos com essa taxa.
04:13E aí vai perder o que tem aí, porque da noite para o dia você não vai conseguir colocar
04:18esse produto que já está distribuído, já está mapeado.
04:22O consumidor não vai passar a beber cinco litros de suco de laranja por dia, da noite
04:28por dia.
04:29Não vai, não vai.
04:30E as margens das empresas estão cada vez mais espremidas.
04:33O aumento de 50% na tarifa, com certeza, suprime essa margem e muito mais.
04:39Não existe como recompor esse preço ou margem.
04:43Bom, quem vai produzir um pouco para frente já está contando com, já não está contando
04:48com o mercado americano.
04:49Nós vimos aí na reportagem o recorde de produção de uva no Vale do São Francisco.
04:55O pessoal já está de olho na China e em outros mercados.
04:58A manga foi citada ali também, mas a manga já está em período de colheita.
05:03Quem tem para frente está tentando buscar outros mercados?
05:07Com certeza.
05:07Tem que buscar, né?
05:08Essa interdependência também é prejudicial no longo prazo, no médio e longo prazo.
05:13Então, os produtores têm que buscar alternativas, realmente buscar novos mercados e vai ser
05:20a experiência que a gente vai aprender nessa história toda no final, né?
05:22Tá, mas o prejuízo é grande, né?
05:24Muito grande.
05:25O que é que vocês, como entidade, estão fazendo junto ao governo, que é quem realmente
05:31tem o poder de barganha e o poder de negociação na mão?
05:35O IFPA, ele tem uma penetração grande no governo.
05:39Dentro do seu escopo de trabalho e dentro dos seus funcionários, eles, inclusive, têm
05:48pessoas que vieram do governo norte-americano.
05:50Então, que conhecem, que entendem um pouco mais como acontecem essas negociações.
05:55Na última vez, na primeira vez que foi lançado o tarifácio, o IFPA conseguiu, junto ao governo,
06:02a redução drástica das tarifas para o México, por exemplo, na parte de frutas, legumes
06:08e verduras, entendendo que é fundamental para a população norte-americana que tenha
06:14o consumo de frutas, legumes e verduras.
06:17Isso pode trazer várias repercussões.
06:19Agora, no Brasil ainda é um pouco mais difícil, porque a manga, por exemplo, não é um bem
06:24essencial.
06:25E, sim, dentro da mesa do norte-americano, ainda não é tão representativo.
06:30Mas é claro que estamos buscando alternativas e conversando com o governo para ver se existe
06:36uma chance de conseguir fazer algum tipo de trabalho nesse sentido.
06:40O ruim disso também é que, por exemplo, você falou que o UFA já conseguiu, com o governo
06:45americano, uma redução das tarifas para o México mandar produtos para lá.
06:50E aí vão entrar coisas que depois acabam ocupando o espaço dos nossos produtos também.
06:54Aí a gente tem que buscar novos produtos, mas isso acaba influenciando também na sua
06:59perspectiva de produção para a próxima safra, porque você não vai produzir, quer dizer,
07:04nem a mesma quantidade na incerteza.
07:06Se você não sabe nem se vai colocar aquela quantidade que você já tem.
07:09Eu acho que, além disso, tem coisas piores.
07:12Como, por exemplo, já está tão difícil conseguir mão de obra qualificada, mas tão difícil.
07:18Já existe uma tendência natural do ser humano de ter um êxodo rural.
07:21Então, o cara não quer mais ficar lá sete dias por semana, seis dias por semana,
07:27trabalhando sobre o sol escaldante.
07:28Petrolina quente.
07:29Eu fui produtor em petrolina há anos.
07:32O clima ali não é fácil, não.
07:34Não, é um clima quente e úmido.
07:35É muito quente.
07:37Então, o cara já tem uma tendência a ter um êxodo rural.
07:40E com essas todas, essas confusões todas, como é que vai fazer se ele for sair do campo?
07:45E aí, como é que a gente vai fazer a colheita do ano que vem?
07:47E outra, é um setor que depende fundamentalmente da mão de obra, né?
07:53Com certeza.
07:54Em todas as etapas da produção.
07:56Você não tem como mecanizar.
07:58Não, não tem.
07:59Tem outro bom exemplo para dar, por exemplo, no cítrus.
08:03Se vocês que acompanham o agro já sabem que nos Estados Unidos, basicamente,
08:07o greening, ele limpou o cítrus dos Estados Unidos.
08:09Não tem mais cítrus dos Estados Unidos, certo?
08:11Os Estados Unidos compram nosso suco, inclusive, para honrar seus compromissos de venda com
08:18outras nações, porque ele não tem para entregar.
08:21Com certeza.
08:21O cítrus no Brasil já está sofrendo processo com o greening também.
08:26Não nas extensões, como vimos nos Estados Unidos, mas já dá um dano econômico razoável
08:31para o produtor nacional.
08:33E, assim, qual que é provavelmente o momento que esse greening mais expandiu no Brasil?
08:39Exatamente quando a oferta foi muito grande, os produtores não tinham para quem vender
08:44e o que aconteceu?
08:46Largaram, abandonaram suas roças.
08:48Foi o momento que o greening realmente expandiu no país.
08:52E você imagina se alguma outra praga, alguma outra doença pega também as mangas?
08:56por esse mesmo problema.
08:59Porque se o cara não colhe, o cara vai deixar nas plantas e pode causar o mesmo problema.
09:05Então, a gente pode ver consequências maiores e futuras também.
09:08Então, é uma cadeia de problemas que gera.
09:11Ele não vai dar tratos sanitários, porque isso custa no bolso, se ele não tem perspectiva
09:15de retorno do produto que ele vai colocar no mercado.
09:20E, muitas vezes, não é nem que ele não quer, nem que ele não pode, porque ele já investiu
09:24tudo o que ele tinha mais um pouco, para chegar no momento da colheita e finalmente
09:28expirar e se recapitalizar novamente.
09:31Então, às vezes, ele não consegue fazer.
09:33Bem, nós somos o terceiro maior produtor de frutas do mundo, no Brasil.
09:37Nós mandamos frutas para diversas partes do mundo, outras frutas não estão com problema,
09:43vão seguir o seu curso.
09:44Mas, especificamente, além da manga e do suco de laranja, que outras frutas a gente exporta
09:51para os Estados Unidos?
09:52Na verdade, os Estados Unidos têm uma barreira.
09:55A gente não tem muitas possibilidades de exportação.
09:59Então, a terceira fruta mais importante será o melão.
10:03Melão e melancia.
10:05Depois, a gente pode trazer com gengibre, também é bem limitado a quantidade de frutas e verduras
10:10que a gente pode exportar.
10:10Está concentrado mesmo no suco de laranja e na manga.
10:13Sim.
10:13E no melão.
10:14E no melão.
10:15Bom, agora é buscar outros mercados e esperar aí que vocês, como entidade de classe e o governo,
10:22conversem para que o governo, porque é ele que vai.
10:25Depende dele, especificamente, um encaminhamento para esse problema aí,
10:30que eu vejo é muito mais político do que econômico.
10:34E, infelizmente, é isso.
10:35E aí, nós vamos ter aí um desemprego muito grande em todos esses setores aí.
10:42E solução de curto prazo não existe.
10:44Vamos supor, por exemplo, se um país novo venha a querer comprar nosso produto.
10:49Como é que a gente faz com embalagem?
10:51Não dá tempo.
10:52Como é que a gente faz com logística?
10:53O Brasil tem um grande problema logístico,
10:55porque o Brasil importa muito menos o que exporta em volume.
11:02Então, em termos de número de contêiner,
11:04a saída de contêiner é muito maior do que a entrada de contêiner.
11:06Então, você tem que ter espaço para você conseguir reservar para sair essa produção.
11:11Então, é muito complexa a situação.
11:12E dentro dessa logística, no esquema de venda e tudo,
11:16eu conheço alguns detalhes porque conheço pessoas que trabalham diretamente
11:19no setor de exportação e importação, com a doana.
11:22E aí, você tem coisas como, por exemplo,
11:25você vai exportar melão para um determinado país.
11:29Os dois ou três primeiros carregamentos,
11:31você vai fazer em carga aérea saindo do aeroporto mais próximo,
11:36um aeroporto internacional.
11:37Mas você vai fazer isso aí já porque vão ser colocadas.
11:40Na rede que resolveu importar,
11:42se ela tem 20 lojas ou 30 ou 40 lojas,
11:45já vai ser colocada uma determinada quantidade do produto
11:49para ver como é que o público reage em relação ao produto.
11:52Depois que você fechou o mercado,
11:54aí você passa a exportar via contêiner refrigerado,
11:58com uma colheita um pouquinho anterior,
12:01porque você tem o período de mar para ir e o amadurecimento.
12:04Porque transportar via aérea direto,
12:06você não vai conseguir pagar.
12:10Não sobra depois do final.
12:12Então, você montou toda uma logística,
12:14que já está pronta para, então, sei lá,
12:16exportar manga para os Estados Unidos.
12:18É o que você falou.
12:19Tem que pagar o pessoal da colheita,
12:21mas já tem todas as embalagens,
12:23já tem como é que vai ser colocado,
12:26qual contêiner vai, como vai, etc.
12:28Então, você não consegue rearticular isso da noite para o dia.
12:32Impossível.
12:33Não dá.
12:34A logística é uma grande barreira mesmo.
12:37Não tem como você rearticular de um dia para o outro.
12:39Você precisa de meses para você conseguir planejar uma logística.
12:42Bom, eu acho que de...
12:44Vamos esperar aí, né?
12:46Vamos esperar que alguém telefone para lá e converse.
12:48Fulano, vamos sentar e conversar, né?
12:50Temos que chegar em um acordo aqui.
12:52Não pode, assim, da noite para o dia, quebrar isso.
12:55Vamos ver o que é.
12:56O que está pegando aí?
12:58Vamos fazer uma conversa mais ou menos assim
13:00para poder tentar chegar em um acordo.
13:02Outros países já chegaram.
13:02O Japão, por exemplo, conseguiu um grande acordo.
13:04A própria China, que teve uma taxação altíssima no início,
13:07também houve a conversa.
13:08O que não está tendo é a conversa.
13:10A conversa que precisa ter.
13:11Sem conversa, ninguém resolve nada, né?
13:13De maneira nenhuma.
13:15É isso que precisa ter.
13:16Isso aí.
13:16A fruticultura, 250 mil empregados diretos
13:19e 950 mil empregados indiretos dependem disso
13:22e esperam disso,
13:24para que eles possam voltar a ter uma vida normal
13:27e desempenhar o seu trabalho que eles mais gostam de fazer.
13:31Produzir, servir bem e apresentar um alimento saudável
13:34para todo mundo que precisa do alimento.
13:36Legal.
13:36A gente continua aqui batalhando e puxando a orelha
13:40e dando a branca todo dia.
13:41Enquanto não acontecer uma solução.
13:42De qualquer forma, eu acho que vale para todos os setores envolvidos
13:47aquela máxima da economia.
13:51Nunca deixe todos os ovos em uma única cesta.
13:55Porque se a cesta cai, os ovos se quebram e você perde todos os ovos.
14:00Procure diversificar.
14:02Talvez uma mudança de... um replanejamento do sistema.
14:06Mas, iminentemente, o prejuízo é grande se não houver um retrocesso.
14:11Com certeza. Infelizmente.
14:12Ok, Eli. Muito obrigado pela participação aqui.
14:15Deixa um endereço de internet para quem quiser saber mais sobre o setor
14:19e também como é que caminham essas negociações para tentar não perder tanto.
14:24Porque perder nós vamos, mas é não perder tanto.
14:26Teremos nosso evento também agora, dia 6, dia 7, no Expo Center Norte.
14:31O maior evento do setor.
14:32E o nosso contato seria www.freshproduce.com.br.
14:39Quando acontece a feira, o evento?
14:416 e 7 de agosto, no Expo Center Norte.
14:43Legal. Com participação de produtores brasileiros e é uma feira mundial também, é global.
14:47É uma feira global.
14:48Nós vamos ter, inclusive, norte-americanos vindo para cá, na esperança que as coisas se resolvam.
14:56Dá manga para eles, uma manga bem docinha.
14:58Olha o que vocês estão perdendo aí, pessoal.
15:00É isso aí.
15:01A gente brinca, mas o negócio é sério, né?
15:03A gente brinca para não perder muito humor.
15:06Li, bom evento para vocês e vamos esperar que as coisas se resolvam.
15:10Muito obrigado, Tavi.
15:10Obrigado por ter nos dado a oportunidade de comunicar isso aqui para todo mundo ter ciência.
15:14Ok.
15:14Ok.