Gucci no centro da disputa entre magnatas franceses; entenda o cenário

TIMES BRASIL - LICENCIADO EXCLUSIVO CNBC

A Gucci, avaliada em US$ 11 bilhões. A grife despertou o interesse de dois investidores franceses que mandam no mundo da moda internacional: Bernard Arnault, CEO do império LVMH, de selos como Louis Vuitton e Tiffany. François Finault, à frente do grupo Kering, com Yves Saint Laurent e Alexander McQueen. Nesta reportagem Originais Times você vai entender a aquisição estratégica e os desdobramentos da disputa que perdura até hoje.

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00:00Sabe aquela oportunidade que faz o olho do investidor brilhar?

00:04Aquele movimento que pode ser decisivo para um negócio expandir,

00:08se diversificar e alcançar uma posição mais relevante no mercado?

00:13Isso acontece, muitas vezes, por meio de aquisições.

00:16E assim, com uma aquisição estratégica,

00:19começou uma longa disputa entre dois franceses que mandam no mundo do luxo.

00:24De um lado está Bernard Arnault, dono de uma fortuna estimada em mais de 140 bilhões de dólares.

00:32O empresário, inicialmente, tocava a empreiteira da família.

00:36Depois, foi responsável por ampliar a atuação da empresa.

00:39Também passou a adquirir players do varejo,

00:42até se tornar, em 1989, o principal investidor do grupo LVMH.

00:49É um império criado em 1987, com a fusão da Louis Vuitton, do segmento de moda,

00:54e da Moet Renécy, de vinhos e destilados.

00:58O portfólio hoje conta com 75 marcas, incluindo Richard Dior e Tifori,

01:04anunciada em 2019 por 16 bilhões de dólares e agregada em 2021.

01:10Do outro lado da briga está François Pinot.

01:13Ele tem um patrimônio de 19 bilhões de dólares e está à frente do grupo Kering.

01:19A empresa surgiu em 1962, focando em comércio de madeira,

01:24e, com aquisições, chegou a outros setores.

01:27Os anos 90 marcaram sua entrada no mercado de luxo,

01:30com selos como Saint Laurent, Alexander McQueen e Gucci.

01:34Aliás, é justamente a Gucci que está no centro da desavença entre os magnatas.

01:40Afinal, a grifa italiana é poderosa,

01:42como destaca a especialista em mercados de luxo e lifestyle,

01:45Dani Holtz, que é notável do Tais Brasil, licenciado exclusivo CNBC.

01:50Ter o domínio e o controle de uma das potências da moda,

01:55de uma das grifes de moda italiana,

01:57seria muito importante em termos de posicionamento de marca para o grupo francês,

02:01que teria uma hegemonia quase que total no domínio da moda de alto luxo.

02:06Então, ter esta joia sob seu domínio,

02:11seria a conquista do Olimpo para um grupo que quer dominar o mercado de luxo internacional.

02:17Quando a Gucci entrou no radar de Bernard Arnault e François Pinot,

02:21em 1999, a relação dos empresários azedou.

02:26Com o objetivo de trazer a grifa italiana para o grupo LVMH,

02:30Arnault passou a comprar ações da companhia.

02:33Só que a cúpula da Gucci reagiu, temendo perder o controle da empresa.

02:37Na época, chefiada pelo executivo Domenico de Soller,

02:40o americano Tom Ford era o estilista principal.

02:43Os dois se aliaram a François Pinot, que adquiriu 42% da Gucci.

02:49A investida foi um divisor de águas para a Pinot.

02:53A partir desse momento, ele direcionou seus negócios para o setor de luxo,

02:57com a participação majoritária da Gucci.

03:00Lembra de todas aquelas ações que Arnault comprou?

03:03Bom, elas perderam sentido.

03:05Em 2001, o empresário concordou em vender sua parte da grife e não deixou barata.

03:10Sem a Gucci, Arnault mirou na casa de lelões Philips, em Londres.

03:15O objetivo era competir com outra casa de lelões, a Christis, da família Pinot, também em Londres.

03:21É aquela questão de, olha, eu estou aqui, eu estou bem pertinho, entendeu?

03:26Basta você deslizar que eu estou perto, eu vou chegar muito perto de você.

03:30Então, estar nos lugares onde a marca está marcando esse território

03:35é esse posicionamento de ego de dizer, eu estou muito perto e eu quero chegar.

03:39Eu acredito que é mais essa questão mesmo de bastidor do que algo que vem a valorar o mercado mesmo.

03:46Bom, poucos anos depois, Arnault vendeu a Philips.

03:50Quem acompanha o mercado vê isso como uma provocação, ou melhor, uma série de provocações.

03:55Os empresários marcam território comprando vinícolas, fundando galeria de arte, anunciando doações.

04:02Em 2019, quando a Catedral de Notre-Dame, em Paris, pegou fogo, Pinot ofereceu 100 milhões de dinheiros para a restauração da igreja.

04:12Arnault dobrou a oferta e divulgou que doaria 200 milhões.

04:17O caso desperta uma reflexão.

04:19Tudo isso por causa da presença da Gucci no portfólio da Keren, de Pinot.

04:23Essa marca muito valiosa dentro do grupo Keren, ela incomoda.

04:27Por si só, ela é muito valiosa.

04:30Tirando o balance dos dois grupos, quem tem o comando dessa marca tem realmente uma importância no mercado.

04:36Mas em termos de valoração de marca, em termos de ranking de marcas valiosas, produtos valiosos,

04:42de quanto aquela marca está no imaginário do consumidor,

04:45ela tem todo o potencial para incomodar e ultrapassar, sim, qualquer marca do grupo LVMH hoje.

04:51Se a gente olhar para as marcas de luxo mais valiosas do mundo,

04:55a Louis Vuitton, do grupo LVMH, de Arnault, aparece em terceiro lugar.

05:00Ela vale hoje 32 bilhões de dólares.

05:03A Gucci, do grupo Keren, de Pinot, está na nona posição, avaliada em 11 bilhões.

05:09Só que, quando se tratam das marcas mais fortes do setor, a situação se inverte.

05:15A Gucci sobe para o top 5 e a Louis Vuitton é a nona colocada.

05:19A fortuna de Arnault é praticamente sete vezes maior que a de Pinot.

05:25Só que o Pinot tem a Gucci.

05:26E quem tem a Gucci tem um ativo capaz de mexer com todo o mercado de luxo.

05:31A Gucci entende a sua relevância no mercado de luxo,

05:34tanto que acabou de fazer uma troca de estilistas que foi muito questionada por todos, né?

05:40Tanto que a gente tem um ditado que diz, em time que está ganhando, não se mexe.

05:43Então, essas movimentações que a Gucci faz, nada mais são do que para continuar no ranking,

05:49sendo uma das marcas do grupo Keren mais rentáveis, incomodando os seus concorrentes, sem dúvida.

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