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  • 05/07/2025
Em entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan, o economista Igor Lucena, e o professor de relações internacionais, Paulo Vasco, debateram o cenário internacional do Brasil após assumir a liderança do Mercosul e sediar o encontro dos Brics.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/zuBlrgOub68

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Transcrição
00:00No Rio de Janeiro, as atenções estão voltadas para a cúpula dos países que formam os BRICS.
00:06O presidente Lula avalia que os emergentes precisam defender as regras do comércio diante do protecionismo.
00:12Nessa semana, o Brasil também assumiu o comando rotativo do Mercosul.
00:17Nós temos agora dois entrevistados no Jornal Jovem Pan.
00:20A gente recebe aqui nos estúdios o professor de Relações Internacionais, o economista Igor Lucena.
00:24Tudo bem, professor? Bem-vindo mais uma vez a Jovem Pan. Como vai?
00:26Prazer, Tiago.
00:27E também nós temos o professor Paulo Velasco, de Relações Internacionais, da Universidade Federal Fluminense,
00:33que aqui está no nosso telão. Tudo bem, professor? Como sempre, muito obrigado.
00:38Boa noite, Tiago. Prazer sempre falar com vocês.
00:40Prazer é nosso.
00:41Professor Lucena, eu começo perguntando o seguinte.
00:43Qual é a representatividade dos BRICS, desse grupo, que é um grupo com muitas divisões internas,
00:51são países de localidades geográficas muito diferentes,
00:55mas qual que é o peso desse bloco nesse momento, no momento que nós temos as guerras,
01:00temos essa tentativa que os países fazem de se contrapor à política de tarifas do presidente Donald Trump.
01:07Bem-vindo mais uma vez. Obrigado.
01:09Muito obrigado, Tiago. É um prazer estar aqui.
01:11Bom, o BRICS, obviamente, quando ele iniciou-se do ponto de vista prático,
01:16como um bloco do ponto de vista comercial,
01:19ele tinha um objetivo muito claro de mostrar a potência emergente de países como Brasil,
01:24Rússia, Índia, China e África do Sul,
01:27como uma nova visão de países economicamente que iriam se desenvolver.
01:32Entretanto, a gente viu que Índia e China despontaram radicalmente o crescimento dos seus PIBs,
01:38enquanto o resto dos outros países ficaram para trás,
01:41inclusive aqui o Brasil com diversas crises políticas e econômicas.
01:45Tiago, o grande problema que nós temos agora é que a expansão dos BRICS,
01:48o chamado BRICS ampliado, que trouxe Irã, que trouxe dentro dele também o Egito e outros países,
01:57perdeu a visão econômica e ficou muito mais uma visão política.
02:01E por que é que isso é ruim para o Brasil?
02:03Porque isso diminui a capacidade do Brasil de exercer seu poder dentro das relações internacionais,
02:09mas o mais importante, transformou o BRICS numa espécie de órgão de expansão do poder da China no exterior
02:17e agora eu acho que a situação é mais complexa,
02:20porque o BRICS tendo a Rússia, que tem sanções internacionais por vários países,
02:26inclusive Estados Unidos e União Europeia,
02:28e o próprio Irã, que entra em conflito com os americanos e também com Israel,
02:33coloca o Brasil dentro de um grupo que está sendo muito mais visto como um grupo de autocracias
02:38do que um grupo de países em desenvolvimento econômico.
02:42Passar para o professor Velasco, também aqui com a gente nesse debate, nessa discussão,
02:46na expectativa, aliás o professor fica no Rio de Janeiro, né?
02:49O Rio de Janeiro mudou o esquema de segurança, deve estar bem movimentado por aí.
02:53Agora, professor, em relação ao peso do bloco, mesma pergunta que eu fiz para o professor Lucena,
02:59é um peso que ainda tende a aumentar ou é um grupo que, por mais que nós temos ampliação
03:06dos integrantes desse bloco, é um grupo que não tem tanto protagonismo assim, professor?
03:11É, então, Tiago, na verdade, o grupo, claro, na medida em que ele dobrou de tamanho,
03:17começou com ali quatro, cinco membros, hoje já tem dez,
03:21então é claro que ele tem mais representatividade em termos geográficos,
03:24em termos regionais, ele impacta muito mais.
03:27Além dos fundadores ali Brasil, Rússia e China,
03:30na década passada entrou a África do Sul em 2011, a partir de 2011,
03:33agora tivemos a entrada de países que são muito representativos em suas regiões,
03:36o Egito ali na África, um player de grande peso, a Etiópia,
03:40o país onde está a sede da União Africana, os Emirados Árabes,
03:43uma grande potência ali no contexto do Golfo Pérsico, o Irã, a mesma coisa,
03:47um ator que tem suas avanças marcantes, como vimos recentemente com o Ocidente,
03:52mas é um país de muito peso e representatividade no seu espaço regional,
03:56e a Indonésia, que é uma potência absoluta ali no texto asiático,
04:00que entrou este ano.
04:01Então, o grupo ganha alcance regional, ele ganha visibilidade global,
04:05mas é verdade, sim, que tem sido um grupo, nos últimos tempos,
04:08muito conduzido a partir dos interesses da China.
04:11A China é, efetivamente, quem, de alguma maneira,
04:14consegue colocar mais e melhor seus interesses e objetivos a partir do BRICS.
04:18O que não significa dizer, necessariamente,
04:20que para o Brasil o BRICS não seja importante.
04:23Claro que fazer parte de um agrupamento como esse,
04:25da posição internacional ao Brasil,
04:27da visibilidade ao Brasil, no plano global,
04:29o cuidado que o Brasil tem que ter,
04:31e a presidência do país este ano tem revelado isso,
04:34é justamente tentar evitar que o BRICS seja visto como um grupo anti-ocidental.
04:39Essa é uma percepção muito a partir dos países europeus,
04:42é uma percepção comum nos Estados Unidos,
04:44o alargamento do BRICS acabou, de alguma maneira,
04:46com a incorporação de players, como justamente o Irã,
04:49acabou trazendo, de certa maneira,
04:50a percepção de que se trata de um grupo anti-ocidental.
04:53Isso não interessa o Brasil,
04:54porque o Brasil quer dialogar bem com os partidos do sul global,
04:57não há dúvida, o Brasil precisa muito da China,
04:59que é nosso maior parceiro comercial desde 2009,
05:02precisa muito dialogar bem também com a Índia,
05:04que se tornou e vem se tornando um parceiro comercial também de grande relevância,
05:07além, claro, dos outros atores,
05:09nos interessa uma inserção global plural,
05:11mas não podemos abrir mão da parceria com os Estados Unidos,
05:14com os países europeus.
05:16Então, temos visto um Brasil pragmático nessa presidência,
05:19tentando diminuir um pouco o tom político do grupo,
05:22e tentar trazer questões mais práticas,
05:23como, por exemplo, a facilitação de comércio,
05:26a partir do desenvolvimento de sistemas de pagamento em moeda local,
05:29que é um tema que vem sendo debatido e que o Brasil está priorizando,
05:32além de questões na área de saúde,
05:34para o combate, por exemplo, a doenças socialmente determinadas,
05:37tentar fortalecer o bloco institucionalmente,
05:39para permitir uma maior facilidade na tomada de decisão,
05:43na harmonia, maior coesão entre os membros,
05:46enfim, estão muitos pontos que o Brasil vem priorizando
05:48para tentar exatamente diminuir esse tom político
05:50e evitar que o agrupamento seja visto de maneira mais ampla,
05:53como um grupo antissocidental,
05:55porque essa imagem, Tiago, não interessa o Brasil.

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