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Donald Trump tem apenas três meses de mandato, mas parecem três anos, de tanta coisa que que já aconteceu e tanto estresse e imprevisibilidade que ele trouxe ao mundo.
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Meio Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília.

Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes
do cenário político e econômico do Brasil.

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Transcrição
00:00Donald Trump tem apenas três meses de mandato, mas parecem três anos de tanta coisa que já aconteceu e tanto estresse e imprevisibilidade que ele trouxe ao mundo.
00:10Para falar de como isso tem impactado e ainda vai impactar a economia de todo o planeta, especialmente da Europa, China e Brasil, recebemos o economista-chefe da LEV, Jason Vieira.
00:22Jason Vieira, boa tarde. Dá para pensar que Donald Trump é imprevisível por estratégia ou porque ele está indo na velha e a tentativa e erro que obriga a recuar?
00:34É, nós estamos num mix, digamos assim, né? Existe a boa parte disso, que é o art of the deal, muito próximo àquilo que a gente já observou, especialmente no livro que ele já escreveu, que ele fez no passado também.
00:45Mas há uma parte ali significativa que precisamos lembrar do seguinte, houve recuo. É inegável que houve recuo, especialmente em relação à questão das tarifas.
00:54Há uma disputa interna dentro do próprio governo americano, entre seus secretários ali, seus assessores, e nós vimos uma briga direta entre Navarro e Musk,
01:04e muito provavelmente ali está o cerne dessa questão das tarifas, porque, da maneira como foi feito, foi considerado um nome positivo.
01:13Lá atrás, até por, digamos, pessoal de bancos dos Estados Unidos, CEOs, e o próprio Musk parte até, que recebeu agora apoio do Besson, que é o secretário do Tesouro.
01:23Então, é um mix das duas coisas. Óbvio que o lançamento da bomba, vamos dizer assim, o famoso tiro de canho para matar mosquito,
01:32esse, de certa maneira, é proposital. O que veio depois, está passando por um processo bastante intenso de reajustes.
01:39Duda Teixeira, trago você também para essa conversa importante, porque a imprevisibilidade de Trump é sempre algo inquietante.
01:48Inclusive, o que a gente fala aqui, amanhã já pode ser diferente, porque cada dia é um universo novo, né, Duda?
01:54Exato. Agora, o Jason comentou do Trump, houve um recuo, né, aparentemente, ali, essa briga interna.
02:00Agora, quando a gente olha para a China, Jason, por que a gente não vê um recuo?
02:06A China, aparentemente, realmente tem dobrado a aposta e segue firme, né?
02:10Eu acho que na China o caso é diferente. Eu acho que o grande alvo nessa história toda, eu considero, são dois alvos diferentes.
02:18O primeiro é um rearranjo do papel dos Estados Unidos em nível global.
02:23Nós temos aí uma questão de que os Estados Unidos, há anos, sustentam uma parcela significativa do que o resto do mundo não precisa mais.
02:31Ele sustenta a segurança, ele sustenta o comércio internacional ao ser um dos maiores compradores do mundo.
02:37E Trump entendeu que há necessidade de um rearranjo disso e, nesse ponto, ele não está errado.
02:43Mas aí vem a questão da China.
02:45O papel que a China tomou nos últimos dez anos, o movimento geopolítico, tem se tornado mais significativo do que o movimento econômico.
02:53Então, acho que é nesse sentido que agora a questão com a China, ela é mais voltada nesse sentido.
02:58E eu acredito que, por exemplo, a China tendo retalhado em 20% a menos do que os Estados Unidos colocou,
03:05já significa um sinal de que não é um recuo, mas que pelo menos parou a escalada da situação
03:12e a partir dali vai começar, daqui a pouco, a se negociar alguma coisa.
03:16É que o Trump colocou os Estados Unidos numa posição em que ele deixou a China numa posição que a China ficou sem saída.
03:23Ele não deu saída.
03:25E ele está tentando dar abertura novamente através de, ah, X, nós somos amigos, estamos aqui tentando conversar e tal.
03:31Mas é difícil.
03:33Porque o modo como ele deixou vai sempre soar como um recuo.
03:38E isso talvez seja uma das coisas mais preocupantes.
03:40Ainda pensando sobre o ponto de vista dessa interação China-Estados Unidos,
03:47uma das justificativas do Trump nesse tarifácio, na verdade, é dupla.
03:52Por um lado, ele diz que quer que os outros países parem de cobrar tarifas dos Estados Unidos,
03:57e aí os Estados Unidos baixam também, e com isso todos têm um trânsito de comércio equilibrado, sem taxas.
04:06Por outro lado, ele quer fortalecer a indústria americana.
04:10E aí, quando ele sobe as tarifas dos outros países, ele cria condições para a indústria americana se reequipar, se reequiparar.
04:17Claro, isso é coisa de longo prazo.
04:19E com isso, poder eles construírem aquilo que hoje é feito, por exemplo, na China.
04:23Mas se ele conseguir um, que é realmente uma negociação tarifária, e todo mundo derrubar,
04:29as chances dos Estados Unidos conseguirem construir internamente as coisas que eles compram lá fora é muito pequena,
04:35porque ia custar muito mais caro lá fora.
04:37Como que ele vai conseguir ficar com o pé nessas duas canoas?
04:41É, acho que um dos pontos mais difíceis que nós aqui tentamos entender, tentamos trabalhar.
04:46A gente até trabalha no nosso whiteboard aqui, na tentativa de trazer esses fatos e compreender.
04:52Mas uma das conclusões que nós chegamos aqui é que a queda de tarifas,
04:58ela literalmente não combina com a reindustrialização.
05:02Mas há de se considerar que, se nós pensarmos estrategicamente,
05:06o que se pode falar em termos de reindustrialização.
05:08Não, porque a industrialização do mundo hoje em dia,
05:11ela está passando por uma quinta fase da revolução industrial, que está a sexta.
05:15Porque nós passamos por um ponto agora de extrema relevância das questões de inteligência artificial,
05:21não especificamente o AI que a gente está vendo aí fazendo coisa do Estúdio Ghibli,
05:24e sim o que pode fazer em termos de substituição e velocidade de produtividade em termos fabriz.
05:31Muitas dessas fábricas que se demandariam dentro dos Estados Unidos,
05:35que podem ser feitas com uma velocidade alucinante hoje em dia,
05:39esse é um ponto a se colocar,
05:41mas elas são extremamente mecanizadas, elas são extremamente robotizadas.
05:46Ou seja, os Estados Unidos continuaria demandando aquela quantidade de engenheiros
05:50que ela não consegue formar.
05:52Tanto que boa parte dos engenheiros americanos são sul-coreanos, japoneses,
05:57principalmente indianos e até chineses.
06:00Por causa dessa demanda intensa que eles têm por uma mão de obra especializada.
06:03Então, essa reindustrialização americana passaria necessariamente
06:07por uma indústria que não absorve boa parte dessa parcela de classe média americana,
06:13que é aquele design do American Dream dos anos 1950.
06:17Essa parcela, provavelmente,
06:19quem se aproveitou disso foram os filhos dos boomers,
06:23os pais dos boomers, perdão,
06:25foi aquela famosa geração silenciosa.
06:29Essas pessoas se aproveitaram disso,
06:31os filhos dessas pessoas, os boomers, se aproveitaram bastante disso.
06:34Nós, que somos o GNX, já começamos a não aproveitar isso.
06:38Já teve um período nosso que já começou a ficar mais difícil
06:42do que para a geração anterior.
06:45Mas essa é a questão.
06:46Essa industrialização no modelo,
06:48que até a China fez AI tirando sarro dos Estados Unidos,
06:51os americanos gordos lá,
06:52costurando coisa, fazendo telefone,
06:54isso daí provavelmente já não é nem a industrialização
06:58que pode se pensar num país.
07:01O que talvez os Estados Unidos precisem realmente
07:03é que eles tenham, de novo,
07:05a vanguarda em termos de indústria naval
07:07e também em diversos setores mais estratégicos.
07:11Mas essa questão meramente fabril,
07:14isso daí não combina com a guerra de tarifas.
07:16E daí, óbvio, até agora ninguém sabe efetivamente
07:19o que eles querem com isso.
07:20Jason, pelo que você falou,
07:23então essa reindustrialização não vai dar certo,
07:26porque se as fábricas voltarem para os Estados Unidos,
07:30elas vão ser totalmente robotizadas,
07:32então não vai ser preciso contratar
07:34mão de obra, braçal para trabalhar nelas.
07:38E depois não vai ter engenheiro de produção
07:40para botar essas fábricas para funcionarem,
07:43porque essas fábricas também, quando funcionar,
07:45só vai precisar de alguém lá para abrir a porta
07:48e ligar o maquinário todo, não é isso?
07:51É mais ou menos, porque assim,
07:53vamos pegar o exemplo de duas fábricas
07:55que são muito americanas,
07:57a Tesla e a Harley Davidson.
08:00Tem mão de obra humana,
08:02mas mesmo essa mão de obra humana,
08:03ela não é aquela mão de obra média
08:05que você pega um cara sem nenhuma formação,
08:08como se pegava antigamente.
08:09Você pegava e formava o cara dentro da fábrica
08:11ou fazia semelhante, aqui no Brasil,
08:12fez muita época aquele Senax da vida,
08:14ou curso técnico.
08:15Essas pessoas precisam ter alguma formação.
08:18Então, são fábricas extremamente verticalizadas,
08:21com conteúdo altamente americano,
08:23muito pouca coisa de fora,
08:25e a mão de obra fica naquela parte
08:27em que a parte da mecanização
08:29ainda não chegou nesse ponto.
08:31E talvez não chegue,
08:32mesmo a própria indústria automobilística,
08:34ela ainda é feita para que precise de mãos humanas
08:38em certas etapas.
08:40E é mais ou menos o que acontece com outras fábricas.
08:42Você tem um processo extremamente mecanizado
08:45por um período,
08:46e aí você tem uma parte de refino,
08:48de acabamento, que é humano.
08:50Mas isso é uma demanda muito reduzida
08:53comparativamente a quais são os intentos de Donald Trump.
08:56Ele não vai conseguir absorver uma parcela significativa
08:58da mão de obra americana,
09:01que já trabalhou em fábrica,
09:02porque essa mão de obra provavelmente já está desatualizada
09:05em relação ao que são as fábricas hoje em dia.
09:07Então, por exemplo, um trabalhador da Tesla,
09:10um trabalhador da...
09:11Space X é mais complexo,
09:13mas um trabalhador da Tesla hoje em dia,
09:15ele é um trabalhador extremamente valioso para a Tesla.
09:19Um trabalhador da Harley Davidson nos Estados Unidos
09:21é um trabalhador extremamente valioso,
09:23porque é uma pessoa que tem muito conhecimento
09:26específico daquela fábrica,
09:27e é provavelmente o que vai acontecer com as fábricas no futuro.
09:30Se vier alguma linha de montagem, por exemplo,
09:32que já está acontecendo,
09:33inclusive foi até por conta do Biden,
09:35fábricas de chips de Singapura para os Estados Unidos,
09:40essa mão de obra, que existe sim em uma parcela humana,
09:44ela também precisa ter uma especialização.
09:47É tipo, não é uma coisa fácil de dizer que,
09:51ah, tudo bem, vamos pegar essa classe média toda
09:53que está devoluta aqui e botar para trabalhar.
09:55E não é só isso.
09:57Os Estados Unidos se tornou um grande provedor de serviços
09:59durante esses anos todos,
10:01e por conta de questões que são humanas,
10:03ou seja, a grande opulência,
10:05o crescimento econômico, tudo isso,
10:07faz com que você tenha uma estabilidade das formações
10:10por parte de business,
10:12uma estabilidade das formações médicas,
10:14uma estabilidade das formações de histémica,
10:16Science, Technology, Engineering, Mathematics,
10:19ou seja, ciência, tecnologia, engenharia e matemática,
10:21e um boom de formação de liberal arts.
10:25E não é só questão de liberal arts,
10:27você não está formando economistas, advogados, administrativos,
10:29você está formando o pessoal que está fazendo literatura queer dos anos 1930,
10:34na Palestina.
10:36Esse cara não...
10:37Desculpa, é a realidade humana.
10:39Esse cara, para o mundo industrial,
10:41ele tem valor zero.
10:42Já para o mundo humano, ele quase não tem valor,
10:44sem querer ser muito duro com essa situação,
10:47mas a realidade é essa, em termos societais,
10:50o valor de uma formação dessa é muito pequeno.
10:54E é o que aconteceu nos Estados Unidos,
10:55o gráfico, você olha, é um absurdo,
10:57o número de formações explodiu,
11:00em termos de liberal arts.
11:01Óbvio, há coisas úteis aí no meio, sim, existem professores,
11:04mas existem umas formações loucas,
11:07que nem essa que eu falei,
11:07e eu não estou brincando,
11:08existem formações que você olha assim,
11:10só a formação do cara é maior que o diploma dele,
11:13se for colocar tudo que ele tem,
11:15no que em tese ele é formado,
11:16para não servir de nada.
11:19É o nicho do nicho do nicho do nicho.
11:22Duda?
11:24Outra questão também é que os americanos,
11:26eles fazem essa coisa de,
11:27não, a gente precisa trazer as fábricas de volta,
11:30mas não só não entende muito
11:32tudo isso que você falou agora,
11:33mas eles tampouco querem trabalhar nas fábricas,
11:36eles querem trabalhar em outros lugares,
11:40fazendo aula de literatura queer dos anos 30,
11:44como você falou.
11:4540 segundos.
11:46É basicamente isso.
11:50Então, mas assim,
11:51esse tipo de pessoa normalmente já não seria absorvido por essa indústria,
11:54então o que a gente pode dizer é que uma parcela da população
11:56sequer é qualificada para fazer parte dessa indústria.
12:00Essa é a grande questão,
12:01porque você vai ter que ter um número de formações técnicas
12:04muito grande nesse período.
12:05E eu digo que aqui no Brasil,
12:08se o governador aqui de São Paulo nos ouviu,
12:11Tarcísio,
12:11eu digo o seguinte,
12:12toda escola de segundo grau tinha que ser uma escola técnica.
12:16Toda.
12:17Isso já ajudaria no processo de uma pessoa que vai sair de uma escola
12:22com o mínimo de formação.
12:23Isso eu digo em qualquer lugar do mundo,
12:25toda escola de segundo grau,
12:26como em parte dos países europeus é,
12:28já deveria ser uma escola técnica,
12:30que você resolveria uma parcela significativa desse problema.
12:33Obrigado.
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