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Gilmar Mendes afirmou ao Valor Econômico que fez uma "leitura política" para mudar sua posição — que guiou a mudança de jurisprudência do STF — sobre a prisão após condenação em segunda instância.

A mudança ocorreu quando Lula estava preso e permitiu que o petista deixasse a cadeia antes mesmo da anulação de suas condenações na Lava Jato pelo Supremo.

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00Muito bem, vamos em frente, porque ainda tem mais falas reveladoras.
00:04Gilmar Mendes confessou em entrevista ao Valor Econômico que fez uma leitura política.
00:11Abro aspas e fecho. Essa foi a expressão usada por ele, tá?
00:15Sou nem eu que estou falando, não. Ele confessou. Saiu, assim. Saiu, né?
00:20Aquele momento sincerão. Está se sentindo tão onipotente, tem tanto poder.
00:26Acaba falando esse tipo de coisa.
00:27Fez uma leitura política para mudar sua posição, que guiou a mudança de jurisprudência do tribunal
00:35sobre a prisão após condenação em segunda instância.
00:38A mudança ocorreu quando o Lula estava preso e permitiu que o petista deixasse a cadeia
00:42antes mesmo da anulação de suas condenações na Lava Jato pelo Supremo.
00:46Abre aspas para o Gilmar, que esse programa é muito generoso. Bota aí, produção.
00:51A jurisprudência tradicional do tribunal desde antes da Constituição de 1988
00:55era de que, com a decisão de segundo grau, você podia mandar prender.
01:00Sempre foi assim.
01:01Em 2009, passou-se a entender que o texto constitucional exige o trânsito em julgado.
01:06E assim ficou.
01:07Na Lava Jato, se construiu com teori, ele está se referindo ao teorizabás,
01:13que é o colega que já morreu, a ideia de que era possível rever aquilo,
01:17estabelecendo a possibilidade de antecipar a execução da pena.
01:21Com a configuração de todo o quadro, acabei fazendo uma leitura política
01:26e anunciei na turma que não seguiria mais a jurisprudência
01:29e mudaria de posição quando o caso fosse levado ao plenário.
01:34Fecho aspas.
01:36Olha só.
01:37Vamos contar aqui a história verdadeira.
01:40O Gilmar Mendes apontava uma cleptocracia no Brasil revelada pela Lava Jato.
01:46Ele foi o legitimador lavajatista no Supremo Tribunal Federal
01:52quando a Lava Jato tinha atingido só o PP, do Arthur Lira, de quem ele se aliou depois,
02:00e o PT, principalmente.
02:02Outros partidos ali, até talvez ainda um pouquinho do MDB,
02:06antes de chegar o amigo dele, Michel Temer.
02:10Então, o Gilmar Mendes defendia a Força-Tarefa.
02:14Mas, um belo dia, um belo dia, a Força-Tarefa atingiu Aécio Neves.
02:20Um outro belo dia, um relatório da Polícia Federal apontou 43 chamadas
02:26entre Aécio Neves, então investigado, sob escuta telefônica,
02:32e sabe quem?
02:33Gilmar Mendes.
02:34E aí se mostrou toda aquela relação super amical.
02:40Depois veio à tona, inclusive, o áudio do Aécio Neves,
02:44pedindo para o Gilmar fazer pressão num parlamentar colega dele.
02:48O Aécio era senador.
02:50Depois do desgaste que ele teve com tudo isso,
02:52ele concorreu à Câmara para ter mais chances como deputado.
02:56Mas ele era senador.
02:57E ele estava pedindo para o Gilmar ligar para um colega senador
03:01para que votasse, de acordo com os interesses do Aécio,
03:06acredito que foi na lei de suposto abuso de autoridade, como eu chamo.
03:11Eu boto o suposto aí, porque a lei tem esse nome bonitinho,
03:13e todo mundo é contra abuso de autoridade.
03:15Mas, quando você vai ver o texto,
03:16eles dão um jeito de se blindar completamente.
03:20E o Aécio, obviamente, estava interessado na blindagem coletiva.
03:22Então, pediu esse favorzinho para o Gilmar,
03:25esse grande operador político de toga,
03:28que disse, tudo bem, tranquilo, pode deixar.
03:31É quase um texto, chá comigo, chá comigo.
03:34E o áudio está disponível, e não foram essas palavras,
03:36mas ele consentiu, que falou que ele ligaria.
03:42Então, foi um constrangimento para o Gilmar Mendes
03:46aparecer com toda essa intimidade com o político, etc.
03:50E, ainda mais, no momento em que o Aécio,
03:55o amigão dele e outros tucanos,
03:56estavam sendo alvejados pela Lava Jato.
03:59Depois veio Michel Temer e tudo.
04:01E o Gilmar foi vociferando cada vez mais contra a força-tarefa,
04:05contra a qual, portanto, ele se voltou.
04:08Quando ele se voltou, ele mudou de posição.
04:11Porque, em 2016, e o Aécio só foi atingido em 2017,
04:15em 2016, o Gilmar votou,
04:19quando esse assunto foi pautado no plenário do STF,
04:22a favor da prisão após condenação em segunda instância.
04:26E assim ficou a jurisprudência.
04:27Pode prender.
04:29Então, você tem a primeira instância,
04:30aquela que era onde estava o Sérgio Moro
04:32e outros juízes, evidentemente, no Brasil.
04:35Porque a Lava Jato não é o único caso.
04:38Isso envolve todos os casos de crime.
04:40Não só de corrupção, mas crime de facção criminosa armada.
04:43Então, você tem o julgamento em primeira instância,
04:47o criminoso é condenado.
04:49O julgamento em segunda instância,
04:51o criminoso é condenado.
04:53A partir daí, pode prender.
04:54Aí ele vai preso,
04:56mesmo que o caso ainda vá tramitar
04:58no Superior Tribunal de Justiça
05:00e, eventualmente, no Supremo Tribunal Federal.
05:03Então, o Gilmar foi a favor disso.
05:05Aí, 2017, atinge a Aécio,
05:08começa a aparecer áudio do Gilmar.
05:09Não foi o único áudio que apareceu do Gilmar,
05:12inclusive, tem a conversa dele com o governador também
05:14do Mato Grosso, né?
05:16Falando que ia falar com o Tófilo.
05:17O que foi isso, governador?
05:18Sua operação aí contra o senhor hoje?
05:20Não, vou conversar com o ministro Dias Tófilo, etc.
05:24E o Gilmar Mendes...
05:25Estou só lembrando aqui de um outro áudio, tá?
05:27Não está dentro desse contexto.
05:29O Gilmar Mendes mudou de posição
05:31na hora de votar esse tema em 2019,
05:35quando o Lula já estava preso.
05:37E aí, houve um desempate
05:39para que a jurisprudência ficasse mais favorável
05:42a essa classe política e empresarial
05:44alvejada por envolvimento
05:48em esquemas de suborno
05:49de acordo com o Ministério Público.
05:52Então, essa que é a realidade histórica.
05:55E aí, o Gilmar fala assim,
05:56acabei fazendo uma leitura política.
06:00Imagine, Graiep,
06:02se o Sérgio Moro,
06:04quando era juiz,
06:05ou se um procurador do Ministério Público,
06:09seja antes, seja agora,
06:10ou se qualquer outro juiz,
06:12o Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro,
06:14ou até um de Brasília,
06:15embora em Brasília as coisas sejam
06:16um tanto mais controladas,
06:19imagina se o juiz falasse
06:20numa entrevista
06:21que fez uma leitura política.
06:25Oh, Graiep,
06:26leitura política,
06:27o Ministério Público, o juiz,
06:29não pode fazer leitura política,
06:31o juiz tem que ler
06:33conforme a constituição.
06:34Não seria isso
06:35o discurso
06:37de Gilmar Mendes,
06:38de Estófoli,
06:40de Ricardo Lewandowski,
06:41de toda essa turma?
06:43Mas o Gilmar parece que pode tudo.
06:47Preciso.
06:48Se acontecesse isso
06:49com qualquer outro personagem,
06:50o mundo caía na cabeça dele.
06:54Na TV nem vai ser comentado.
06:56Nem vai ser comentado.
06:58O que é mais perturbador ainda,
07:00Felipe,
07:01é pensar que daqui a alguns anos,
07:04se a leitura política
07:05requisitar,
07:09se mude de novo
07:10a jurisprudência,
07:12muda-se de novo
07:13a jurisprudência.
07:15E aquilo que eu já disse
07:15várias vezes
07:16aqui no programa,
07:18o Supremo Tribunal,
07:19que deveria ser um fator
07:21de estabilização
07:22da nossa legislação,
07:25da nossa jurisprudência,
07:29é aquele órgão
07:31que realmente
07:31diz como as coisas...
07:32Ele é um fator
07:33de incerteza.
07:36Ele é o grande
07:37fator de incerteza
07:39na legislação brasileira.
07:41A tradição,
07:43que vinha de antes
07:43de 1888,
07:46e estava vigente,
07:46como o próprio Gilmar Mendes
07:48respondeu,
07:50foi modificada
07:51por causa
07:52de uma leitura
07:53política de momento
07:54feita por um ministro.
07:56Olha,
08:00não pode ser
08:02para isso
08:02que uma
08:04Suprema Corte
08:05existe.
08:06Não é para isso.
08:10E Deltan Dallagnol,
08:11ex-procurador da Lava Jato,
08:12reagiu à declaração
08:13de Gilmar Mendes
08:14e escreveu
08:14a seguinte mensagem
08:15no X,
08:16no antigo Twitter.
08:16Abre águas.
08:17Em quantos outros casos
08:19o ministro julgou
08:20com base em leitura
08:21política
08:21e não na lei,
08:22fatos e provas?
08:24Feito águas.
08:25Pois é,
08:26Gilmar falou
08:27com naturalidade.
08:30Imagine quantas vezes
08:31ele já decidiu
08:32por leitura política.
08:33Não precisa imaginar,
08:34é só acompanhar aqui
08:35o Papo Antagonista
08:35que a gente aponta.
08:36Aponta há muitos anos,
08:38inclusive.
08:39O ministro do STF
08:40também voltou
08:40a atacar a Lava Jato.
08:42Ele tem obsessão,
08:44não pensa em outra coisa.
08:45E disse na entrevista
08:46que todo mundo
08:47se animou
08:47a ganhar dinheiro
08:48nesse processo.
08:50Ele vai fazendo
08:51todas aquelas
08:52ilações negativas
08:53a partir de
08:55somas de narrativas
08:56para tentar
08:57desqualificar
08:58e demonizar
08:59e blindar
09:00todo o sistemão.
09:02E continua ele
09:03que foi criada
09:04aquela fundação
09:05do Dalanhol.
09:06Alegações
09:07que foram rebatidas
09:08pelo ex-procurador.
09:09Abre aspas aí.
09:10A mentira do ministro
09:11é muito fácil
09:11de ser checada,
09:13desmentida e exposta.
09:14E me espanto
09:14o jornalista
09:15não ter questionado
09:15sobre isso.
09:16O ministro sabe
09:17muito bem o destino
09:18dos 2,6 bilhões de reais
09:20pagos pela Petrobras
09:21porque foi o próprio STF
09:22que homologou o acordo
09:23feito entre vários órgãos
09:25que definiu
09:25a destinação do dinheiro.
09:27Um bilhão de reais
09:28foi enviado para a Amazônia
09:29e 1,6 bilhão de reais
09:31para a educação.
09:32Feche o aspas.
09:33Quer arrematar a greve?
09:36Não, Felipe.
09:37Não preciso.
09:39É isso.
09:40Está tudo dito.
09:41Não preciso.
09:42Não preciso.
09:42Não preciso.
09:43Não preciso.
09:43Não preciso.
09:44Não preciso.
09:44Não preciso.
09:45Não preciso.
09:46Não preciso.
09:46Não preciso.
09:47Não preciso.
09:47Não preciso.
09:48Não preciso.
09:48Não preciso.
09:49Não preciso.
09:49Não preciso.
09:50Não preciso.
09:50Não preciso.
09:51Não preciso.
09:51Não preciso.
09:52Não preciso.
09:52Não preciso.
09:53Não preciso.
09:54Não preciso.
09:54Não preciso.
09:55Não preciso.
09:55Não preciso.
09:56Não preciso.
09:56Não preciso.
09:57Não preciso.
09:57Não preciso.
09:58Não preciso.
09:58Não preciso.
09:59Não preciso.
10:00Não preciso.
10:01Não preciso.
10:02Não preciso.
10:03Não preciso.
10:04Não preciso.
10:05Não preciso.
10:06Não preciso.
10:07Não preciso.
10:08Não preciso.

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