Doença atinge 10% da população no Brasil e exige cuidados com alimentação, medicação e rotina saudável. -------------------------------------- 🎙️ Assista aos nossos podcasts em http://tribunaonline.com.br/podcasts
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00:00Agora a gente vamos falar de saúde, um alerta para mulheres que usam medicamentos para emagrecer como o Ozempic.
00:08As canetas emagrecedoras podem diminuir a eficácia de pílulas anticoncepcionais.
00:15Ter filhos não faz parte dos planos da Giovanna, que já é mãe.
00:20Emagrecer sim.
00:21Há seis dias ela começou o tratamento com as canetas emagrecedoras.
00:25É um impacto, porque nós mulheres estamos focadas em emagrecer e não procura o que esse remédio pode causar com o ciclo, com os hormônios do nosso corpo.
00:34Então foi um impacto bem grande. Ainda mais eu que já sou mãe e não pretendo ter mais filhos.
00:38A preocupação é com relatos que se tornam cada vez mais frequentes.
00:42Mulheres que engravidaram durante o tratamento com as injeções para emagrecer, mesmo usando pílula anticoncepcional via oral.
00:49O alerta mais recente veio neste mês da Agência Reguladora de Medicamentos do Reino Unido.
00:54Uma das causas é a ação da molécula GLP-1.
00:58Entre os mecanismos para emagrecer, ela faz o alimento ficar mais tempo no estômago.
01:03Isso pode atrasar ou diminuir a absorção de medicamentos orais, como as pílulas, e atrapalhar a ação dos hormônios que impedem a ovulação.
01:12Isso também pode ser provocado pelos efeitos colaterais das canetas, como vômitos e diarreias,
01:17e também pelo aumento da fertilidade que é provocado pela perda de peso.
01:21A orientação é ou você muda o método contraceptivo para um método não oral,
01:26aí pode ser implante, pode ser transdérmico, pode ser transvaginal,
01:31ou você adiciona um método de barreira, como por exemplo a camisinha.
01:36Ainda faltam estudos que expliquem melhor a interação entre as canetas emagrecedoras e as pílulas anticoncepcionais.
01:42Também são poucos os dados de segurança sobre o uso das canetas durante a gravidez,
01:48o que reforça o alerta sobre o perigo da automedicação.
01:52A bula do Monjaro alerta para a necessidade de métodos contraceptivos adicionais.
01:58Já a do IGOV diz que o produto não afetou de forma relevante a absorção de anticoncepcionais orais.
02:04Mesmo assim, recomenda cautela no uso.
02:06Olha, a gente continua falando de saúde, mas mudando o nosso tema.
02:12Presta atenção nesse número.
02:14O Brasil é o quinto país em incidência de diabetes no mundo.
02:19A diabetes é caracterizada pela baixa produção ou má absorção de insulina
02:23e atinge mais de 15 milhões de pessoas no país.
02:27Para conversar com esse tema nessa semana, que é dia de conscientização sobre diabetes,
02:32semana comemora esse dia, estou aqui no estúdio com a Poliana Guarçone,
02:36a doutora Poliana Guarçone, que é endocrinopediatra.
02:40Doutora, mais uma vez, muito obrigado pela sua presença.
02:44É um prazer estar aqui, novamente falando sobre um tema extremamente importante, que é o diabetes.
02:49Pois é, doutora. Vamos esclarecer primeiramente a diferença dos tipos de diabetes?
02:54Ah, importantíssimo, Geórgia. Eu falo que o sonho da minha vida era mudar o nome dos diabetes, né?
02:59Porque a gente tem vários tipos de diabetes, mas os mais conhecidos, diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2,
03:05que são patologias completamente diferentes.
03:08Uma para de produzir insulina e o outro produz uma insulina com defeito.
03:13Então, os tratamentos são diferentes, a faixa etária é diferente, é tudo muito diferente.
03:18E acaba ficando todo mundo no mesmo bolo ali.
03:21Por exemplo, o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune.
03:25Então, independente do que aquela criança fez, do que aquela pessoa fez, ela vai ficar diabética.
03:31Ela já nasceu com aquela predisposição para ter o diabetes tipo 1.
03:35E é aquele que não produz insulina, na verdade.
03:38O diabetes tipo 2, não.
03:39Já é aquele mais comum no adulto sedentário, o adulto que come mal, que tem uma herança ali familiar.
03:46Então, é muito diferente um tipo de diabetes para o outro.
03:51Agora, quais são os sinais e os sintomas? Eles são iguais no 1 e no 2?
03:55Não, muito diferente. Muito diferente.
03:58O diabetes tipo 1, ele é bem mais rápido.
04:01Então, quando a criança começa, para de produzir insulina, né?
04:05Ela rapidamente começa a aparecer sintomas que são muito importantes.
04:08É perda de peso, come muito, bebe muita água e começa a urinar muito.
04:15Então, aquela criança, de repente, começa a mudar, mas é coisa muito rápida.
04:19É coisa de 15 dias, essa criança pode ser levada até para a UTI.
04:22É muito rápida. A doença ocorre muito rápido.
04:26Por isso que é tão importante o diagnóstico precoce.
04:29E o diabetes tipo 2, que é esse mais no adulto, mais conhecido no adulto, já é diferente.
04:35Normalmente, ele quase não apresenta sintoma.
04:39E por isso que a gente tem aí aproximadamente 30, 40% dos pacientes diabéticos que não sabem que são diabéticos.
04:47E muitos acabam recebendo, quando vão ao médico, um diagnóstico assim, você está pré-diabético.
04:54Isso.
04:55Mas que não toma nenhuma consciência, continua comendo 2, continua tendo uma vida desregrada.
05:02O que isso pode ocasionar, doutora? Pré-diabético já é diabético?
05:06Não, ainda não é diabetes.
05:07É o momento ali que você começa a ter uma resistência insulínica, você começa a ter uma predisposição a ficar diabético,
05:14que ainda dá para a gente voltar atrás.
05:16Então, se essa pessoa começa a se alimentar bem, fazer atividade física, fazer uso de medicamentos regulares,
05:23a chance dessa pessoa não se tornar diabética é grande.
05:27Mas como é assintomático, se a pessoa não sente nada e está ali com aquele distúrbio metabólico,
05:34normalmente larga para lá, não muda o hábito de vida.
05:37E aí, quando descobre, já descobre nas complicações do diabetes.
05:41Agora, sem querer assustar, mas já assustando nossos amigos e amigas do TN em casa,
05:46que não estão se cuidando, é silencioso, né?
05:50É silencioso.
05:51Agora, o que pode causar esse não tratamento, hein?
05:55Pois é, o perigo do diabetes num adulto, né? O diabetes tipo 2 é exatamente isso.
06:02Ele dificilmente vai fazer com que esse paciente seja internado por causa da descompensação da glicose.
06:08A glicose está alta, ele vai ser internado? Não, ele não sente nada.
06:11Então, ele fica ali durante muito tempo da vida com essa glicose alta.
06:15Essa glicose alta vai causar o maior causador de cegueira no adulto, isso.
06:22Então, pode dar cegueira, pode dar amputação de membro, ou então insuficiência renal,
06:27esse paciente vai ser levado para a diálise e a vida fica extremamente limitada, né?
06:32Nossa, chega a cortar algumas partes do corpo, né?
06:34Corta.
06:35Por que isso acontece?
06:36Isso, a glicose é uma molécula grande.
06:39Então, quando ela vai passar ali naqueles capilares pequenininhos,
06:42ela começa a destruir esses capilares e os nervos.
06:46Então, o paciente começa a ficar com a circulação sanguínea ruim naquele lugar,
06:49com a sensibilidade ruim.
06:51Então, um machucadinho pequeno, que é o pé diabético,
06:54pode causar até uma amputação posterior.
06:57Tem cura a diabetes, doutora?
06:59Não, o diabetes não tem cura.
07:01O diabetes tem tratamento.
07:03Então, assim, hoje o diabetes tipo 1, que é mais a minha especialidade,
07:07que eu trato mais com crianças, né?
07:09O tratamento é muito melhor hoje, sabe, de hoje.
07:12Antes a gente via aquela insulina.
07:14A criança, quando tem diabetes, ela toma insulina a cada refeição.
07:19Então, você imagina como é a vida de uma criança diabética.
07:22Ela descobre que está diabética e aí começa.
07:25Tem que fazer a pontinha de dedo, furar o dedinho,
07:28para ver quanto que está a glicose,
07:30calcular de acordo com aquela glicose,
07:32de acordo com o que vai comer,
07:34quanto de insulina vai tomar.
07:36E, às vezes, não dá tão certo, né?
07:38Porque a glicose não é só o que come.
07:40Tem também a parte emocional, tem doença.
07:43Tudo influencia no metabolismo da glicose.
07:45Então, muda muito a vida da criança.
07:48Então, hoje a gente tem tratamento.
07:51Essa criança tem condições de ter uma vida plena,
07:54uma vida adulta produtiva
07:55e não ter as complicações do diabetes.
07:58Mas a cura ainda não existe.
08:01Doutora, é proporcional a vontade de comer doce
08:05para o índice de diabetes que você tem, por exemplo?
08:09Quem tem diabetes tem muito mais vontade de comer doce
08:12do que quem não tem?
08:13Ou isso é um mito?
08:14Não, não. Isso é mito.
08:15Isso é mito.
08:16E, assim, é importante a gente falar que
08:19o diabético tipo 1, né?
08:21Que é o diabético da criança,
08:23ele pode comer doce.
08:25Tem essa lenda, né?
08:26Em cima do doce.
08:27Porque não é só o doce.
08:29É tudo.
08:29Às vezes a pessoa está, igual você falou,
08:31ah, estou pré-diabética, vou parar de comer doce.
08:34Ótimo.
08:34Porque o doce realmente não tem benefício para nada.
08:37Mas não é só isso.
08:39Não é só o doce.
08:40Se alimentar mal, de uma forma geral,
08:42pode causar esse diabetes.
08:45Então, assim, não tem muita relação com doce, na verdade.
08:48A alimentação da gestante influencia no desenvolvimento da criança ali
08:54para desenvolvimento de diabetes ou não?
08:56Sim.
08:57Quando essa mãe tem diabetes gestacional,
09:00que a gente fala durante a gestação,
09:02teve aumento da glicemia e fez um diabetes gestacional,
09:06essa criança tem uma chance aumentada de ter obesidade e diabetes tipo 2.
09:13E essa mãe também, é importante a gente lembrar que essa mãe tem que se cuidar
09:17porque ela vai ter uma chance aumentada de ter diabetes tipo 2 depois dessa gestação.
09:21Agora, doutora, para a gente finalizar a nossa entrevista, né?
09:24Que recomendação a senhora dá para os amigos e amigas do TN que estão assistindo a gente agora
09:29e que falam, opa, será que eu estou com diabetes?
09:31Isso, importante.
09:32Olha só.
09:33É um exame super simples.
09:35Existem várias campanhas que são feitas.
09:37É uma pontinha de dedo.
09:38A gente vai ali, média glicose.
09:40Está alta.
09:41Não negue, não negue.
09:43Procure ajuda médica, procure mudar os hábitos de vida,
09:46procure o tratamento mais precoce possível
09:49para que não ache as complicações do diabetes.
09:51Ok, doutora Poliana Guarçoni, sempre lúcida, esclarecendo aqui de forma simples
09:57sobre esse tema tão importante.
09:59Muito obrigada, doutora.
10:00A senhora gostaria de deixar a sua rede social para quem quiser seguir.
10:03Isso, é Poliana Guarçoni.
10:05E eu queria deixar um recado.
10:06Eu gostaria muito que a gente começasse a enxergar o diabetes
10:10de uma forma mais empática, com menos julgamento, mais acolhimento,
10:17principalmente essas crianças que não tenham muito preconceito,
10:21que a gente consiga acolher de uma forma melhor,
10:22porque é uma condição clínica que essa criança não tem culpa.
10:26E os pacientes diabéticos adultos que se cuidem melhor