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  • há 4 meses
Duda Teixeira e Rogério Ortega entrevistam o economista argentino Roberto Luis Troster para falar da inflação de 95%, do panorama para as eleições presidenciais de outubro e do projeto de uma moeda comum (única?) para o Mercosul.
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Notícias
Transcrição
00:00Olá, eu sou o Duda Teixeira e esse é o oitavo programa Latitude, podcast sobre assuntos
00:21internacionais, agora em novo horário, o Latitude entra sábado às seis da tarde. A gente não conseguiu
00:32avisar muito dessa mudança porque, enfim, tivemos uma semana super complicada aí. Bom, hoje vamos falar
00:39sobre a Argentina e comigo aqui está o Rogério Ortega, Rogério que é do Antagonista e também
00:47escreve na Cruzoé como Rui Goiaba. Ortega, seja bem-vindo. Obrigado, eu faltei no último podcast
00:55por causa de uma virose que me derrubou um pouco, mas já estou pronto para jogar os 90 minutos.
01:00Prorrogação e pênalti eu não arrisco ainda, mas os 90 minutos eu garanto. Seja bem-vindo de volta.
01:05Obrigado. Ortega também que é o criador do bordão do podcast. Ortega, por favor.
01:10Latitude, um podcast para situar você no mundo. E hoje a gente tem um convidado, que é o Roberto
01:18Luiz Troster, que é economista argentino e também nordestino, como a gente acabou de descobrir aqui.
01:28Troster, seja bem-vindo ao programa. Bem-vindo, obrigado. Prazer. Troster, você pode começar
01:33explicando por que você é argentino e nordestino ao mesmo tempo? Então, eu assisti aquele filme
01:38Deus é brasileiro. Aí decidi com a Marta, nós vamos passar férias no Nordeste, percorrer o Nordeste.
01:45Aí cheguei no aeroporto e tinha uma camiseta, orgulho de ser nordestino, com chapéu de coco no meio.
01:51Aí comprei a camiseta, aí você, quando você está viajando, você vai no bar à noite, assim,
01:56antes de jantar, conversar. Eles falavam que eu não era nordestino. Eu falava que era.
02:00Aí falavam, quer postar uma cerveja? Vamos. Bora lá. Aí mostrava o documento.
02:05Buenos Aires. Aí falavam, como, não é? Sou nordeste da Argentina, né?
02:10O pai do Rogério. Minha mãe. Minha mãe era do nordeste de Portugal também.
02:15Eu tenho um sobrinho que é do nordeste dos Estados Unidos, mas eu sou em Nova York, né?
02:19Olha aí. Estamos todos nordestinos.
02:23Então, eu estou aqui com dois nordestinos e o troço também veio de azul celeste aí, né?
02:28Prova de que é nordestino mesmo.
02:30Bom, vamos começar falando sobre inflação na Argentina e aí eu vou pedir para o Joelto passar um vídeo do Javier Milley,
02:39que é um deputado da Argentina e ele comenta a inflação do ano passado. Vamos lá, Joelto.
02:45O primeiro que quero dizer, respeito ao pressuposto, é que é uma montanha de inconsistencias.
02:52Este pressuposto está construído sobre bases falsas de precios.
02:57Está tudo mal.
03:03Inconsistencia na inflação.
03:05Inconsistencia na atividade.
03:07Inconsistencia na emprego.
03:08Inconsistencia na salário real.
03:10Inconsistencia com o tipo de cambio.
03:12Inconsistencia com a tasa.
03:14Isto é um desastre.
03:16Isto não o passa nem sequer um aluno básico de macroeconomia.
03:24Isto é um escândalo.
03:26Por tanto, nós, desde a liberdade avança,
03:29não vamos aceitar este pressuposto.
03:32Muito obrigado, senhor presidente.
03:33Dar um pouco de contexto, fazer a pergunta para o Troster.
03:44O número do INDEX saiu ontem, se não me engano,
03:47esse número escandaloso de quase 95% de inflação ao ano.
03:52A mais alta na Argentina desde 1991, uma das maiores do planeta hoje.
03:57Segundo os dados que a gente viu, a alta foi liderada por
04:00perseguimento de bebida alcoólica, turismo e habitação.
04:04No mesmo período, a título de comparação,
04:06o Brasil teve uma inflação de 5,79%.
04:10Foi o número fechado do IPCA, divulgado pelo IBGE recentemente,
04:14e já foi fora da meta de inflação do Brasil.
04:18Perto de 6%.
04:19E a Argentina está com 95%.
04:21Como disse o vídeo que a gente acabou de mostrar,
04:25o governo projetava de maneira completamente real
04:28uma inflação de 33%.
04:30Então, eu queria perguntar para o Troster,
04:34como é que até o Brasil conseguiu debelar a inflação
04:36há quase 30 anos, a implantação do Plano Real,
04:39e a Argentina tem a dificuldade que tem
04:42nesse processo de conter os preços?
04:45Então, vamos voltar.
04:47Você falou de 91.
04:48O que aconteceu em 91?
04:51Entrou o cavalo,
04:53e ele fez um negócio que se chamava
04:54ele uno por uno.
04:56Todo mundo fala que dolarizou a economia,
04:58mas foi um currency board.
05:01Como funciona um currency board?
05:03Você, para cada dólar de reserva,
05:05você emite um peso.
05:07Isso começou da credibilidade.
05:09Só que você tem que ter dólares,
05:12gerar dólares,
05:13e o governo tem que ter um superávit
05:17para não entrar em déficit de dólares.
05:19Então, isso funcionou muito bem.
05:22Com qualquer moeda que tem laço,
05:24até o dólar, quando tinha o laço do ouro,
05:27o laço, às vezes, não é 100%.
05:29Aí, o que aconteceu?
05:30Começou a diminuir o laço,
05:32diminui o laço, diminui o laço.
05:34Aí, chegou uma hora,
05:36no fim dos anos 90,
05:37o cavalo saiu,
05:38porque estavam tendo déficit,
05:40e, bom, aí teve o que aconteceu.
05:43A inflação disparou,
05:45a desvalorização, tudo isso.
05:47Mas, volta,
05:47quando ele fez o uno por uno,
05:50em 91, a inflação foi 1.300%,
05:53em 92, foi 17%,
05:57e depois ficou em um dígito
05:59todos os outros anos.
06:01Quer dizer,
06:01você fez uma engenharia inteligente
06:04e funcionou.
06:05Falhou por quê?
06:06Porque você fez o déficit.
06:09Aí, o sistema não funcionou mais.
06:12Hong Kong funciona com currency board
06:14desde os anos 60.
06:16Mesma coisa.
06:16O segredo, qual que é?
06:19Controla o déficit.
06:20Porque existe um gasta mais do que arrecada,
06:22o outro tem que arrecadar mais do que gasta.
06:25É como numa família.
06:27Se eu gasto mais do que eu ponho na casa,
06:30a mulher tem que gastar menos do que ela põe na casa.
06:33O que aconteceu no Brasil?
06:36No Brasil, você fez, em 94, o Plano Real.
06:42Você fez esse jogo.
06:43Aqui, você fez ele com a UFV,
06:46como o Duda estava lembrando.
06:48Você fez um superávit fiscal.
06:51E aí, você controlando o câmbio, você controla a inflação.
06:56O que aconteceu?
06:57Mesmo erro que a Argentina fez.
07:01O governo de Fernando Henrique, o primeiro governo,
07:04começou a gastar demais.
07:06Começou.
07:07E aí, o que aconteceu?
07:08Todo mundo viu que não ia conseguir manter o dólar daquele jeito.
07:12Comprou na época do Gustavo Franco.
07:15É, mas ele tinha aquela banda que o dólar desvalorizava 0,
07:19porque conseguiu baixar a inflação.
07:22Na hora que começou a fazer isso, começou a entrar água.
07:26Aí, o Brasil perdeu 70 bilhões em um mês.
07:30Foi aquele coisa.
07:31A sorte do Brasil foi que entrou um armínio fraga,
07:35que pôs o regime de métodos de inflação,
07:37a lei de responsabilidade fiscal,
07:39e o negócio começou a andar bem de novo.
07:42Foi andando bem.
07:43Mais uma vez.
07:44Você fez algumas reformas, você tem que adaptar a tanta economia.
07:48Chegou aqui em 90 e...
07:51Aí chegou, começaram a achar que gastando mais você crescia.
07:57Isso foi no governo Dilma.
08:00Gastando é...
08:02Gasto é vida.
08:03Gasto é vida, a cruzada do crédito e outros absurdos.
08:07Aí o PIB começou a ir para baixo,
08:10e aí você teve a inflação para cima.
08:12Mais uma vez.
08:13Mais uma mudança, o Levi e tudo.
08:17Você mais ou menos controlou o negócio,
08:19agora você controlando mais ou menos com taxa de...
08:22Não acho que é a melhor estratégia para o Brasil.
08:26Mas foi isso que deu resultado.
08:29O que aconteceu na Argentina?
08:33Quando teve essa quebra, a Argentina pegou e deu calote.
08:38O Néstor Kirchner falou,
08:40eu não vou pagar a dívida.
08:41Não dá para pagar, não pago.
08:43Aí a dívida pública caiu.
08:47Caiu porque você deu calote.
08:49Não caiu por nada.
08:51E aí ele conseguiu administrar bem.
08:53A economia foi indo bem.
08:54A mesma história.
08:56É até monótono.
08:57Porque o mesmo roteiro,
09:00você só vai mudando os nomes e as datas.
09:03Aí o Macri entrou.
09:07O Macri tinha tudo para acertar.
09:10O Macri era uma pessoa bem focada.
09:13Alguém que tem uma história.
09:15E aí o que aconteceu?
09:16Você continua...
09:17O Macri conseguiu entrar de volta no mercado,
09:20mas depende do valor do dólar.
09:23A Argentina é muito dolarizada.
09:26Aí você teve aqueles problemas nos Estados Unidos,
09:28na Turquia, que o dólar subiu.
09:30Aí a dívida ficou impagável em pesos.
09:33Aí de volta entramos naquele negócio.
09:36Agora, uma das dificuldades que o Macri teve
09:39foi em cortar os gastos.
09:43Falava-se até do gradualismo,
09:45que ele ia cortando de pouquinho.
09:46Enfim, esse é um problema que o Brasil tem.
09:51A Argentina já teve sempre essa coisa
09:53de precisar cortar os gastos
09:55ou gastar menos do que você arrecada.
09:59Essa seria a solução agora para a Argentina
10:01conter a inflação?
10:04Só uma coisa.
10:06Maquiavel, há 500 anos,
10:08você faz o mal de uma vez
10:09e o bem você faz o pouco.
10:12Aqui nós estamos começando um governo novo,
10:14já começaram prorrogando a isenção dos combustíveis.
10:21Então, é na entrada que você marca o ritmo.
10:25Depois é difícil.
10:27O que acontece na Argentina?
10:29Como você é fraco politicamente,
10:31você tem que gastar mais para manter o poder.
10:35Como você chegou aqui, por exemplo,
10:36no governo Sarney?
10:38Sarney não tinha muita legitimidade,
10:40então gastava.
10:41Fizeram o metrô em São Paulo.
10:43Tem até uma piadinha que ele estava fazendo
10:45naquela ferrovia norte-sul.
10:47E aí um economista falou para mim,
10:48bom, se for para levar o Sarney embora,
10:50mas gradualismo não funciona.
10:56E as províncias da Argentina
10:58precisam muito
11:00dessa verba que sai de Buenos Aires
11:05e eles têm muita liberdade para gastar também.
11:07Todo mundo quer gastar,
11:10porque o que acontece?
11:11Você gasta agora,
11:12quem paga a dívida é o próximo.
11:14É como cartão de crédito.
11:16Você dá o cartão de crédito,
11:18você gasta,
11:19quer dizer,
11:19só o mês que vem vem o problema.
11:20Esse mês você vive feliz.
11:22E esse é o grande problema,
11:24sabe?
11:25Chegar e ter consenso
11:26para de alguma maneira cortar.
11:28Ou como fizeram aqui,
11:29como fizeram na Argentina também,
11:34aqui em 94,
11:35na Argentina em 91.
11:38O que foi?
11:39Você faz um ajuste fiscal
11:41e você faz uma nova moeda.
11:44Aí funcionou.
11:45Agora,
11:46você tem que manter o ajuste fiscal.
11:49A ideia de que você gastando mais,
11:53você cresce mais.
11:54Eu vou explicar uma coisa.
11:55Tem um negócio chamado multiplicador.
11:57Você tem um multiplicador fiscal,
12:00multiplicador de crédito,
12:02multiplicador de gastos.
12:04O que acontece?
12:07Se você gasta
12:08e você estimula a atividade,
12:12a atividade estimula outras atividades,
12:16e aí você acaba arrecadando mais impostos
12:18para pagar o que você gastou,
12:21o valor é positivo.
12:22Então, vale a pena gastar.
12:24É o keynesianismo, né?
12:26A história de quem é o seguinte.
12:27Eu vou contar.
12:29Keynes foi um cara assim,
12:32brilhante,
12:33fora dos padrões.
12:35Tinha um amante,
12:37um amante antes,
12:39depois casou com uma bailarina russa,
12:4125 anos mais nova do que ele.
12:43Tem toda uma história dele.
12:45Mas ele ficou milionário,
12:47fez a universidade ficar milionário.
12:50E aí ele escreveu
12:51que uma solução para a crise dos anos 30
12:54era enterrar garrafas com dinheiro nos dumps,
12:57nos lixões.
12:59Como assim?
13:00Não, porque você ia lá,
13:02se enterrava as garrafas,
13:03os desempregados iam lá,
13:05desenterravam as garrafas,
13:06desenterrando as garrafas,
13:07eles iam gastar,
13:09gastando as fábricas,
13:11acabavam os estoques das lojas,
13:12as lojas produziam mais,
13:14geravam emprego,
13:15e isso ia ativar a economia.
13:18Num contexto com deflação,
13:21como era o contexto da Inglaterra
13:22nos anos 30...
13:23Sem dívida, né?
13:25Sem dívida.
13:26Como foi o contexto aqui
13:28nos anos 30 também,
13:29Getúlio Vargas
13:30queimou os estoques de café.
13:33É uma estratégia inteligente,
13:35sabe?
13:35É paradoxal,
13:36mas gastando mais
13:37você arrecada mais.
13:39Num contexto como o atual,
13:40que você tem pressões inflacionárias
13:42e você gasta mal aqui.
13:44Ninguém clama dos gastos,
13:46por exemplo, da Suécia.
13:47Gasta muito mais que o Brasil,
13:49né?
13:50Mas você tem bons serviços,
13:51mas...
13:52Então,
13:54não funciona.
13:56Não funciona nesse quadro, né?
13:58Então,
13:59o keynesianismo,
14:00bom,
14:02Keynes adaptou a economia
14:03para uma realidade, né?
14:05Os princípios gerais
14:06valem hoje, né?
14:08Bom,
14:09mas...
14:11Tá,
14:13agora,
14:13eu estou cansado de escrever
14:15sobre a inflação da Argentina
14:16e todo ano tem uma matéria nova
14:18sobre congelamento de preço, né?
14:20Toda hora parece que eles recorrem
14:22a um expediente como esse, né?
14:25Vamos lá,
14:26você agora
14:26entrou no lugar do Sérgio Massa,
14:28ministro da economia,
14:29qual que é a solução ali
14:31para resolver?
14:31Por sexta-feira à noite?
14:34Surpreendem,
14:35por essa você não esperava.
14:36A gente continua a entrevista.
14:37Vamos lá,
14:38então,
14:38segunda-feira você começa, tá?
14:40A gente fica indo para relaxar.
14:43Qual que seria a solução?
14:44Ou para a licenciada.
14:46Qual que seria a solução?
14:48É fazer também um ajuste fiscal
14:49com uma moeda nova?
14:51Eu acho que sim.
14:52Se você fizer
14:53ou um esquema parecido com o RV,
14:56que você indexa todos,
14:58mas para fazer isso,
14:59você tem que acertar
15:00com os trabalhadores
15:01e com o físico.
15:02Não adianta você fazer
15:03a moeda nova
15:04e você não resolver
15:05o problema
15:07do desequilíbrio fiscal,
15:10você vai ter inflação
15:11na moeda nova.
15:12A grande sacada
15:13do plano real,
15:14do plano cavalo,
15:16foi justamente
15:17você mudou a moeda,
15:19mas você fez
15:19um ajuste fiscal.
15:21Fernando Henrique
15:21fez o Fundo Social
15:23de Emergência,
15:25abriu a Caixa Preta,
15:26que era outro vazador
15:27de recursos públicos,
15:30convenceu os trabalhadores
15:32para ter o salário
15:33pela média.
15:34Explico isso.
15:36Agora foi reajustado
15:37o salário mínimo
15:38em 6%.
15:39Na média,
15:42os salários
15:42perderam 3%
15:44no ano passado.
15:46Então,
15:46se você fosse falar
15:47um ajuste,
15:48vamos fazer pela média
15:49e vamos brigar
15:51para manter a média.
15:52Você tem que tirar...
15:53A inflação
15:54é sempre um conflito
15:55distributivo.
15:57Sempre cada um
15:59quer mais
15:59do que tem direito.
16:02Então,
16:03eu diria que
16:04isso seria a solução.
16:06E para isso,
16:06você precisa ter
16:07primeiro alguém
16:08que tenha um pouco
16:09de liderança.
16:11Alberto Fernandes
16:12agora não é
16:13reconhecidamente
16:14um líder
16:15da Argentina.
16:17Mas o Sérgio Massa
16:18tem esse cara,
16:19é um cara
16:20que tem mais moral ali.
16:22Ele tem mais moral,
16:24é verdade,
16:25é um cara popular,
16:26mas,
16:26mais uma vez,
16:28está patinando,
16:28está correndo
16:29atrás de dólares,
16:30está curando os sintomas.
16:31não a causa.
16:33Então,
16:33conseguiu dinheiro
16:34no FMI,
16:35melhorou o dólar soja.
16:37Você tem o dólar oficial,
16:39tem o dólar paralelo
16:41e tem outros dólares
16:42no meio.
16:43Quer dizer,
16:43aí vai regulando
16:44o preço do dólar soja
16:46para os exportadores
16:47entrarem os dólares,
16:49porque o exportador
16:50exporta e não
16:51internaliza os dólares.
16:52Então,
16:52ele está gerando caixa,
16:54mas é só isso.
16:55O ano que vem,
16:56você está prevendo
16:57uma seca,
16:58um clima pior
17:00do que esse ano.
17:01Isso quer dizer,
17:02menos dólares entrando.
17:04Preços das commodities
17:05continuam no patamar
17:07historicamente
17:07muito alto.
17:08É o segundo ano
17:09mais alto
17:10da história
17:11em dólares
17:12os preços das commodities,
17:13mas é menor
17:14do que esse ano.
17:16Então,
17:16você vai ter
17:17mais problemas.
17:18aí se fala
17:20em que ele quer
17:21segurar um pouco
17:21o dólar oficial,
17:23segurar um pouco
17:24para poder segurar
17:25a inflação
17:26via esse mecanismo.
17:28E ano eleitoral,
17:29que a gente tem eleição
17:30agora em outubro,
17:32mais difícil
17:33de conter gastos.
17:34Eu ia comentar,
17:35aproveitando o gancho
17:36do Duda,
17:36para comentar isso.
17:37O Massa está
17:38na chefe do Ministério
17:39da Economia
17:40desde agosto,
17:41quer dizer,
17:41não faz seis meses ainda.
17:43E apesar
17:44dos maus resultados
17:46da inflação
17:47do país até agora,
17:48ele é do grupo peronista
17:50que aparece
17:50nas pesquisas,
17:51mas bem cotado
17:52por uma eventual
17:54candidatura à presidência.
17:55A gente viu
17:56agora há pouco
17:58uma pesquisa
17:58do Instituto Zumani Córdoba,
18:00que é provavelmente
18:01mais recente,
18:02mais completa,
18:03de dezembro.
18:04O Massa está ali
18:06disputando
18:07com o Horácio Rodrigues Larreta,
18:09que é o chefe de governo
18:09de Buenos Aires.
18:11E o Alberto Fernandes
18:12tem uns ridículos
18:143,5%
18:15de intenção
18:16de voto.
18:17O Larreta
18:18e o Massa
18:19estão ali
18:19por volta de 20,
18:20talvez não...
18:21Ainda tem muita indecisão,
18:22a eleição vai ser em outubro.
18:23Mas o Massa
18:24parece ser o único
18:25candidato competitivo
18:27por enquanto,
18:29apesar de não
18:29estar entregando,
18:30imagina,
18:31os resultados econômicos
18:32que se esperava
18:34que ele entregasse.
18:35É,
18:36a eleição
18:36é em outubro,
18:37mas você tem
18:38as prévias
18:39que se chama
18:39as passas
18:40que é em agosto.
18:42E a briga
18:43é nas passas,
18:44as passas
18:45mais ou menos
18:45decidem.
18:47Aí você tem
18:47candidatos,
18:48por exemplo,
18:48que falaram
18:49que não vão se candidatar,
18:51a Cristina Kirchner.
18:52Ela é querida,
18:54ela já se distanciou
18:55do Alberto,
18:56deixou bem claro
18:57que não apoia
18:58as atitudes dele,
19:00etc., etc.
19:01E está mal,
19:02não quer estar mal junto.
19:03na alegria,
19:06todo mundo é amigo.
19:07Tem um ditado aqui
19:09e o mundo
19:09irá com você.
19:11Chora
19:11e você chora
19:12sozinho,
19:13né?
19:14E é bem isso,
19:15então,
19:15ela pode ser
19:16uma surpresa.
19:17Quer dizer,
19:17então,
19:17eu acho que o placar,
19:19o jogo
19:20começa em junho.
19:21E ela tem
19:22todo o interesse
19:23em manter
19:23a imunidade
19:24que ela tem agora,
19:25em face dos processos
19:26judiciais
19:27e as condenações
19:28a que ela tem
19:28sido submetida.
19:30É verdade.
19:31Então,
19:32Massa,
19:33ele tem que mudar
19:35outras coisas.
19:35Um grande problema
19:36da Argentina
19:37e um grande problema
19:38do Brasil
19:38é a baixa produtividade.
19:41Só dois números,
19:42as projeções
19:43de crescimento
19:44da América do Sul
19:45para este ano
19:46e para os próximos
19:48cinco anos,
19:49que é o que eu ponho
19:50no projeto,
19:51os dois lanternas
19:52são a Argentina
19:53e o Brasil.
19:53O Brasil é mais
19:54lanterna que a Argentina.
19:56E aí eu faço
19:58a pergunta,
19:58agora eu vou ser
19:59entrevistador de vocês.
20:01O que o Brasil
20:02e a Argentina
20:02não têm
20:04que a China
20:05e a Índia têm?
20:06Nós temos tudo
20:07que eles têm
20:08e um pouco mais
20:09e estamos perdendo.
20:11Sabe,
20:11que você é
20:13o Arábia Saudita
20:14ganhando a Argentina,
20:15um timinho de nada
20:16ganhando o time
20:17campeão do mundo.
20:19É a mesma coisa,
20:21nós,
20:21Argentina e Brasil,
20:22estão sendo,
20:23na economia,
20:23a Arábia Saudita,
20:25perdendo
20:26de goleada.
20:27e o que os chineses
20:29fazem,
20:30o que os indianos fazem?
20:33Eles focam,
20:34eles focam.
20:35O que a gente
20:36tem que fazer
20:36para crescer?
20:38O que a gente
20:38tem que fazer
20:39para melhorar?
20:40A China eliminou
20:42a miséria,
20:42tem menos miseráveis
20:43na China
20:44do que no Brasil
20:45e na Argentina.
20:47Eles sabem
20:48o que tem que ser feito.
20:49e é isso
20:51que falta para nós,
20:52é essa vontade
20:53de ganhar,
20:54sabe,
20:55essa vontade
20:55de realmente
20:57fazer acontecer.
20:58Ficamos nessa picuinha,
21:00sabe,
21:01não muda nada,
21:02deixa como é que está
21:03para ver como é que fica.
21:05Eu lembro que
21:06nos anos 90,
21:07Troster,
21:07você me corrija
21:08se eu estiver enganado,
21:09ali por volta de 93,
21:11a economia da China
21:12tinha basicamente
21:12o mesmo tamanho
21:13da brasileira.
21:14É verdade.
21:15O mesmo tamanho
21:15e disparou.
21:17Hoje é oito meses maior.
21:19Pois é mesmo.
21:20Agora,
21:20o problema,
21:22você falou das picuinhas
21:23que não deixam a gente crescer,
21:25o Brasil e a Argentina,
21:27a gente teve um período
21:27no Brasil
21:28de políticas econômicas
21:30liberais,
21:31com o Paulo Guedes e tal.
21:33Eu não sei
21:34se eu concordo com você,
21:36mas depois eu falo.
21:38E a gente volta agora
21:40com o Lula
21:40com essa ideia
21:41do Estado
21:42indutor da economia.
21:45Essas ideias
21:47antigas
21:48de estatistas
21:49protecionistas
21:50são o que imperem
21:51a gente
21:52e a Argentina
21:53de crescer
21:53como a China,
21:54como você falou?
21:56Por parte.
21:57Eu não sei
21:57se foi liberal,
21:59o liberalismo,
22:00bem entendido,
22:02mercados bem regulados,
22:04não o anarco-liberalismo,
22:06o anarco-capitalismo.
22:07Não vale tudo
22:08que é liberalismo.
22:11Entender o papel,
22:12pôr os limites
22:13para o mercado.
22:13Adam Smith mesmo,
22:15que é assim,
22:16o texto seminal
22:20do liberalismo
22:21sobre a mão invisível,
22:23falava em tabelar juros,
22:24falava em uma série de coisas.
22:26Quer dizer,
22:27mercados funcionam bem
22:28quando são eficientes.
22:30Não é vale tudo.
22:31Vale tudo
22:32se chama
22:33lei do mais forte.
22:34Isso não funciona nunca.
22:36Quer dizer,
22:36você aumenta
22:37a concentração de renda
22:38e você diminui
22:39o potencial
22:40de crescimento
22:41do país.
22:42Só lembrando,
22:43os países mais ricos,
22:45por exemplo,
22:45os países com renda
22:46per capita mais alta,
22:47são os que têm
22:48melhor distribuição de renda.
22:50O Brasil tem
22:50uma distribuição
22:51de renda ruim.
22:51Quer dizer,
22:52alguns ganham muito
22:53e você esquece
22:55de fazer a base crescer,
22:56aumentar a produtividade
22:57da base.
22:59Outro lado,
23:00gastar mais
23:01também não resolve.
23:02O que acontece?
23:03Você gasta mais agora,
23:04mas quem vai pagar
23:04a conta amanhã?
23:06Se você quer ajudar
23:06os mais fracos,
23:09você tem que olhar
23:10no longo prazo.
23:12Eu acho que a melhor
23:13política econômica
23:16é a que protege
23:17mais os mais fracos.
23:19O que é proteger
23:19os mais fracos?
23:21É garantir
23:21inflação baixa,
23:24é garantir
23:25crescimento,
23:26é garantir
23:27capacidade
23:28de aumentar
23:29a produtividade
23:30dos menores.
23:31Então,
23:32essa ideia
23:33de estado indutor
23:34conversa
23:35para o boi dormir.
23:37Você faz obras,
23:39por exemplo,
23:40as obras
23:41como indutoras
23:42de emprego.
23:42É mentira.
23:43Hoje,
23:44é tudo máquinas
23:45pesadas.
23:46Quer dizer,
23:47você vai acabar
23:48dando emprego
23:48na China,
23:49nos fabricantes.
23:51Isso se chama
23:52setor intensivo
23:53em oferta de emprego?
23:54Não é isso?
23:54Não é tão...
23:55Não é mais.
23:56Não é mais.
23:57Antes,
23:57quando iam os caras
23:58com a pazinha
23:59cavar o canal,
24:01era ótimo.
24:02Você tirava,
24:03você fazia
24:03infraestrutura,
24:05você dava emprego,
24:06você induzia
24:07todo aquele monte
24:10de atividades
24:11acessórias,
24:12precisava dar comida
24:14para eles,
24:15precisava hospedar,
24:17roupa,
24:17tudo.
24:18Isso funcionava
24:19como as garrafas
24:20de quentes.
24:21Não é mais assim.
24:22A realidade mudou.
24:24É interessante
24:25que você falou
24:26de políticas
24:26para ajudar
24:27os mais pobres
24:28e a primeira coisa
24:29que você citou
24:29foi a inflação.
24:31E se você quer
24:32ter uma inflação baixa,
24:33então você precisa
24:33ter responsabilidade fiscal.
24:35E aí no Brasil
24:36a gente tem esse debate
24:37de o que tem antes,
24:38se é responsabilidade social
24:40ou responsabilidade fiscal.
24:43Mas a Argentina,
24:45a hora que pensa
24:46em ajudar os pobres,
24:48muitas vezes cai
24:49num populismo
24:50peronista,
24:53que é do tipo
24:54olha,
24:55a carne está muito cara.
24:56Então como é
24:57que a gente baixa
24:57o preço da carne?
24:58Não proíbe a exportação
24:59de carne,
25:00porque aí sobra
25:01mais carne no país
25:03e aí baixa
25:04o preço da carne.
25:04é tudo muito na...
25:06Enfim,
25:08é tudo uma política
25:09econômica
25:10muito heterodoxa.
25:12Não, e de remendos.
25:13Eu não sei que heterodoxo
25:15eu diria ruim mesmo,
25:16eu não seria tão generoso.
25:18Aparecem remendos
25:19sucessivos,
25:19como se a gente
25:22chega até a semana
25:23que vem
25:24em vez de começar
25:25a olhar mais longe,
25:26tentar melhorar
25:27a produtividade.
25:29Eu não acho
25:29que existe esse dilema
25:30entre responsabilidade social
25:32e responsabilidade fiscal.
25:34Quer dizer,
25:35agora está se discutindo
25:36aqueles últimos reais
25:39que é para o auxílio
25:40emergencial,
25:41que é 2% do PIB.
25:43Pera,
25:43e os outros 40?
25:45Sabe,
25:46você fica olhando isso,
25:47né?
25:48Então a gente,
25:48por exemplo,
25:49está importando jatos
25:50da Suécia,
25:51né?
25:53Quando tem fábricas
25:54de jatos
25:55aqui no Brasil,
25:55o Brasil exporta jatos,
25:57caças, né?
25:58importam caças
26:00da Suécia.
26:01Aqueles caças
26:02supersônicos,
26:03eu acho bonito
26:04de ver,
26:05mas, assim,
26:05será que o...
26:08Eu estou pensando,
26:09né,
26:09se a Goiânia
26:11está querendo
26:11atacar o Brasil,
26:12né?
26:12Por isso precisa
26:13ter caças.
26:14Ou a Bolívia
26:15vai invadir o Brasil,
26:17né?
26:17O Solano Rolopes
26:18vai de volta.
26:20Quer dizer,
26:20não faz sentido
26:21se tem uma série
26:22de gastos
26:23e coisas
26:24que não fazem sentido,
26:25né?
26:26Esses gastos,
26:27tanto nos caças
26:28da gripe
26:29quanto no submarino
26:30e tal,
26:31eram exorbitantes,
26:32né?
26:32E na época
26:33do governo petista
26:34isso vinha
26:35com uma historinha
26:36do tipo de transferência
26:37de tecnologia e tal,
26:38mas, enfim,
26:39gastou-se bilhões
26:40de reais,
26:41um negócio
26:41que eu concordo
26:42com você.
26:42A gente não está
26:44esperando ser
26:45invadido por ninguém
26:47aí, né?
26:47A Goiânia
26:48vai precisar
26:50da nossa ajuda
26:50quando for invadida,
26:51mas também não vai ser
26:53invadida pela Venezuela,
26:54né?
26:54Na Catarina
26:55não é esse o problema,
26:57né?
26:57Agora,
26:59o que a gente
26:59estava falando aqui
27:00de política
27:01econômica argentina
27:02e a gente
27:03está falando
27:03muito do Haddad,
27:04né?
27:04Do que está
27:05acontecendo aqui
27:06no Brasil, né?
27:08E o Haddad
27:09tem,
27:10enfim,
27:10estava reunido
27:11com o Daniel
27:11Scioli,
27:12que é o embaixador
27:12da Argentina
27:14aqui no Brasil,
27:15naquela conversa,
27:17que era uma conversa
27:18que se noticiou
27:19como uma conversa
27:19de moeda única,
27:21mas que aí alguém,
27:22uma moeda única
27:23para o Mercosul,
27:24e aí um jornalista
27:24foi perguntar,
27:25Haddad,
27:26e aquela moeda única
27:26do Mercosul?
27:27E aí ele ficou bravo,
27:29né?
27:29Que moeda única,
27:30uma ova?
27:31Ninguém falou em moeda única,
27:33vai lá estudar, né?
27:34Vai se informar.
27:35Não, mas uma moeda comum
27:38e uma moeda única
27:39são animais diferentes.
27:41Uma moeda única
27:43é fazer algo
27:44como se fez na Europa,
27:45o euro,
27:45que em todos os países tem.
27:47Outra coisa
27:48é você fazer uma moeda comum,
27:49que se usa com padrão.
27:51A Argentina e o Brasil
27:52tinham um negócio
27:52chamado SML,
27:54Sistema de Moedas Locais.
27:56Se eu vou fazer
27:56uma exportação,
27:57por exemplo,
27:58para, sei lá,
27:59para Afeganistão,
28:00não sei qual que é a moeda
28:01do Afeganistão,
28:02eu pego a exportação,
28:05eu troco meus reais
28:06por dólares
28:07e depois eu troco
28:08meus dólares
28:09pela moeda do Afeganistão.
28:10Deve ser peso talibã.
28:12Peso talibã.
28:14Eu troco pelo peso talibã.
28:16Eu tenho que fazer
28:17uma troca real por dólar,
28:22outra coisa,
28:23dólar por peso talibã.
28:25E eu fico sujeito
28:26às flutuações do dólar.
28:29E fora que você tem
28:30dois spreads, né?
28:31de pericônia.
28:33O que é o SML?
28:34Você pega e você troca
28:36o teu real por peso.
28:41Por peso.
28:42Ou peso por real.
28:44Você corta uma das coisas.
28:45O que ele está propondo?
28:47E eu acho que é
28:47uma proposta inteligente.
28:49Fazer uma moeda com lastro
28:51justamente para servir
28:52como referência
28:53nas trocas.
28:54Sai o dólar
28:55e entra essa moeda.
28:57Se alguém quiser adotar
28:58essa moeda,
28:59outros 500.
28:59mas não está propondo
29:02uma moeda única.
29:03Ele está propondo
29:03uma moeda comum.
29:06Então...
29:06Agora, essa é uma moeda
29:07só para trocas comerciais.
29:10Seria entre o Brasil
29:11e a Argentina.
29:12Só para...
29:13Entre o Brasil e a Argentina,
29:14mas pode ser
29:15para o resto da...
29:16do Mercosul.
29:17Pode ser para todo o Mercosul
29:18primeiro,
29:20ou pode ser para toda
29:21a América do Sul,
29:22mas uma moeda...
29:24A moeda é...
29:25Por que o Bitcoin
29:26é uma moeda?
29:27Porque alguém acha
29:28que serve como moeda.
29:30Por que as pessoas
29:31acham que o ouro
29:32serve como moeda?
29:33Porque acham que é como moeda.
29:35Agora, o que ele está
29:35propondo é isso.
29:36E ele ficou irritado
29:37porque o jornalista
29:38não leu
29:39a matéria dele.
29:41É até errado
29:43ele ficar irritado.
29:44Ele podia ter sido cortês
29:46e explicado.
29:46Olha, o que eu propôs
29:48foi isso e isso.
29:49Uma moeda comum é isso,
29:50uma moeda única outra coisa.
29:51A gente não está pensando
29:52no euro latino-americano.
29:54E nem todo jornalista
29:55tem a obrigação
29:56de saber de tudo.
29:57Porque você tem a obrigação
29:59de absorver e transmitir,
30:01mas não de...
30:02Agora, o texto que ele escreve
30:05com o Gabriel Galípolo,
30:07que é o número 2 dele agora,
30:09na Folha,
30:10acho que foi ano passado,
30:11ele fala que os países
30:13poderiam ter a opção,
30:14os dois escrevem isso,
30:15poderiam ter a opção
30:16de abdicar da própria moeda
30:17para ficar com essa outra moeda aí.
30:20Então, nesse caso,
30:21nesse país,
30:22seria uma moeda única.
30:23Não, se os dois países
30:24abdicassem.
30:26É como a Costa Rica...
30:29Não, abdicou de ter a moeda...
30:32Não, Costa Rica, quem foi?
30:34E tem o Bitcoin e o dólar.
30:36O Equador.
30:36Ou Salvador, acho.
30:37Ou Salvador, é o Salvador.
30:39Abdicou e tem o dólar.
30:41Então, tem uma moeda única
30:43com os Estados Unidos.
30:45Mas se os dois abdicarem,
30:47óbvio.
30:47Mas também,
30:48se o Brasil se dolarizar,
30:50a Argentina se dolarizar,
30:51os dois vão ter uma moeda única.
30:52A mesma de americano
30:54que o Equador.
30:57Mas...
30:57A gente está falando de possibilidades
31:00e aí, o que a gente precisa ver
31:01é se tem interesse,
31:02qual que é o interesse
31:03de fazer isso, né?
31:06O que eu fico pensando,
31:08pensando que num brasileiro
31:10que está com uma situação
31:11macroeconômica,
31:13tem lá um rombo, né?
31:15Nas contas públicas, né?
31:17Inflação está sob controle,
31:21desemprego está baixo,
31:22mas, enfim,
31:22tem acertos que vão ser feitos aí
31:24nessa questão fiscal.
31:27Aí, quando você fala
31:28de uma moeda comum
31:29com a Argentina,
31:31a gente olha a situação
31:31da Argentina e fala,
31:32putz, meu,
31:33é uma inflação de quase 100%
31:35no ano passado, né?
31:36Os caras não conseguem
31:37conter gastos
31:38e não é de hoje.
31:39Eles estão nessa dificuldade
31:40que faz muito tempo, né?
31:42Eu vou ter a mesma moeda
31:43que esses caras aí?
31:45Eu não quero, entendeu?
31:47Acho que um pouco
31:49tem essa resistência,
31:51porque a gente está vendo
31:51a situação da Argentina
31:52e fica com medo, né?
31:54Então, por parte,
31:56assim, acho que não é
31:57a questão fiscal aqui,
32:00números que donos.
32:01A inflação foi 6%
32:03no ano passado,
32:04a Selic está 13%,
32:0613,75,
32:07coisa.
32:0813 menos 6 dá 7.
32:10A dívida PIB
32:11é 80% do PIB.
32:147% de 80%
32:18dá 5,6%.
32:195%, quer dizer,
32:215% do PIB
32:22você gasta
32:23só para pagar juros.
32:27Então,
32:28se você,
32:28ou você cresce
32:29na mesma velocidade
32:31de 5% ao ano
32:34para começar a baixar,
32:37ou, sabe,
32:39a dívida começa a crescer.
32:41Quanto mais cresce a dívida,
32:43mais perigoso fica.
32:45Não está na zona
32:46vermelha ainda,
32:47mas já está na zona amarela.
32:49em 90,
32:51quando veio o Collor,
32:54eu falei,
32:54eu falei por todas as letras,
32:57tudo,
32:57as duas,
32:58eu falei,
32:59ele vai dar calote.
33:01A questão é como.
33:02Como que você se defende
33:03do calote?
33:04Não tinha como não dar calote.
33:06Ele fez um calote,
33:07muito criticado por todos,
33:08mas, de qualquer jeito,
33:10ele ia fazer um calote.
33:13Dois,
33:14fazer uma moeda
33:15é um processo que demora.
33:16da Alemanha
33:17com a França,
33:19demorou 10 anos.
33:20França e Alemanha
33:21se matavam,
33:22França, Alemanha,
33:23Itália,
33:24sabe,
33:25sempre brigavam.
33:26Você tem cidades,
33:27hoje,
33:28Estrasburgo,
33:28porque na Alemanha,
33:29Estrasburgo,
33:30não é o nome alemão,
33:31não é?
33:33E conseguindo fazer,
33:34demanda tempo,
33:35não é algo que você vai fazer
33:36do dia para a noite.
33:37Mas eu acho que você tem
33:40que olhar mais
33:41para o Mercosul
33:43como uma maneira
33:45mais integrada os dois.
33:48Eu acho que tem muito
33:49a ganhar
33:50se a gente trabalha
33:52mais integrado.
33:53Moeda comum
33:54pode ser uma coisa,
33:57não sei se vai pegar,
33:58mas pensar mais
33:59em uma integração maior
34:00ganha a Argentina,
34:02ganha o Brasil.
34:03É um ganha-ganha, né?
34:05É que na Europa
34:09a integração aconteceu
34:10e a moeda veio,
34:12o euro veio depois, né?
34:14A impressão,
34:15quando a Dade fala,
34:17escreve, né,
34:18sobre a moeda comum,
34:20parece que ele está
34:20querendo colocar antes
34:21a moeda
34:21para promover a integração, né?
34:24Quer dizer,
34:24essa integração viria
34:25como uma consequência
34:26de uma moeda única
34:27e não como resultado disso, né?
34:30Você tem muita integração
34:31entre os países,
34:33número de voos de água,
34:35comércio entre os países,
34:40educação,
34:42uma série de coisas culturalmente.
34:44A integração existe.
34:47Há muitas indústrias
34:49que estão integradas aqui e lá.
34:51Um exemplo ruim para o Brasil,
34:53a Ford estava aqui,
34:55agora só está lá
34:55e vende para cá.
34:57Então, você tem uma integração.
34:59Eu não estou defendendo
35:01a moeda única,
35:02mas acho que o que ele escreveu
35:04é a velocidade,
35:05algo difícil,
35:07concordo com você,
35:08que não é uma coisa
35:09que dá para implantar
35:10de um dia para a noite,
35:11mas quanto mais coisas
35:12você fizer em conjunto,
35:14mais você vai aumentar a integração.
35:16E talvez você possa criar
35:18regra para os dois países, né?
35:20Então, vamos integrar,
35:21mas a gente vai ter metas comuns aqui
35:23para não permitir
35:24rombos fiscais, né?
35:26Dos dois lados.
35:27A emissão de moedas.
35:28Talvez isso seja
35:29uma maneira de você forçar
35:31alguns controles
35:32dos dois países, né?
35:34De responsabilidade
35:35para você permitir
35:36que isso aconteça, né?
35:37Aí seria positivo.
35:38Muito bem colocado.
35:39Pena que ninguém
35:40está desculpando agora.
35:41Ah, não tem
35:42todos os nossos espectadores.
35:43Mas é o que você tem
35:44que fazer.
35:46Responsabilidade,
35:46olhar para frente,
35:48focar, né?
35:50Eu acho que é isso
35:51que faz diferença
35:53na economia,
35:54na política,
35:55no esporte.
35:56É foco, foco, né?
35:59Você tem que ser obstinado
36:00para...
36:02Tá.
36:02Você acha que o Sérgio Massa,
36:04como ministro da economia,
36:05está fazendo um bom trabalho?
36:07Ou você acha que teria
36:09uma outra pessoa boa
36:10para colocar no lugar dele?
36:12Eu acho que...
36:13Ele está fazendo
36:15mais o mesmo, né?
36:17Não está mudando.
36:19Então, mais o mesmo,
36:19você vai ter mais o mesmo.
36:22Sabe?
36:22Uma coisinha aqui...
36:23Ele está correndo
36:24atrás do prejuízo,
36:25como a gente diz aqui
36:26no Brasil, né?
36:28Parece uma política econômica
36:30de remendos,
36:31como você mesmo disse,
36:32de não ver muito adiante,
36:34tentar resolver
36:35só os problemas imediatos.
36:36E você tem que olhar
36:38um pouco mais longe.
36:40A Argentina não vai acabar
36:41com a eleição esse ano.
36:44Nem o Brasil vai acabar, sabe?
36:46A gente tem que começar
36:47a parar de olhar para 2000.
36:49Inverter os últimos dois números.
36:51Em vez de olhar
36:51para dezembro de 23,
36:53olhar para dezembro de 32.
36:56Que Brasil que a gente quer?
36:58Que Argentina a gente quer?
36:59O que a gente tem que fazer
37:00para chegar lá?
37:02E depois você faz,
37:03como uma meta.
37:03o que eu tenho que fazer
37:04para chegar lá?
37:05E vai ajustando o caminho.
37:07Ao invés de ver,
37:08vamos resolver
37:09e amanhã Deus dará, né?
37:12E tem uma questão positiva
37:14da integração
37:15que você estava falando,
37:16que acontece, né?
37:18A gente já tem muita coisa,
37:20mas na Copa do Mundo
37:21a gente super teve
37:22muitos brasileiros
37:23torcendo para a Argentina.
37:24e acho que até o Lula
37:26fez uma pesquisa
37:27no Twitter
37:28e falou que você vai torcer
37:29para quem?
37:30Para a Argentina
37:30ou para a França?
37:31E ganhou a Argentina,
37:33os brasileiros muito mais.
37:35É bonito isso.
37:36E você sabe que
37:37o Ariel Palacios,
37:38o jornalista,
37:40ele escreveu um livro
37:41muito bom,
37:41Os Argentinos, né?
37:43E aí ele fala
37:44que os brasileiros
37:45amam odiar os argentinos
37:47e os argentinos
37:48odeiam amar os brasileiros.
37:51Normalmente,
37:52quando a Argentina
37:53está fora da Copa,
37:55os argentinos torcem
37:55para o Brasil.
37:56Eles não entendiam
37:57como os brasileiros
37:58podiam torcer para a Alemanha.
38:00Minha mulher era brasileira.
38:02Aí a gente estava
38:02na Copa lá
38:03e ela não sabe,
38:06ela conhece o marido
38:07que ela tem, né?
38:08Aí estava na Copa lá
38:11e tinha um monte de gente
38:12torcendo para o Brasil.
38:14Falei,
38:14ô, Marta, você vai ver.
38:16E eram só argentinos
38:17torcendo para o Brasil,
38:18vestidos de camisa amarela,
38:20tudo.
38:21Os argentinos gostam,
38:23a fantasia de toda a Argentina
38:24é boa,
38:25o Floripa, né?
38:27Agora a Genicoquara
38:28para o Kitesurf,
38:30quer dizer...
38:32Uma coisa que está
38:32nesse livro
38:33do Ariel Palacios,
38:34os argentinos
38:34referem muitas coisas
38:35do Brasil
38:36como o mais grande
38:37do mundo, né?
38:38O mais grande
38:39do mundo.
38:40Tipo o Maracanã,
38:41o mais grande do mundo.
38:43E tem um certo
38:44carinho ali, né?
38:46E se referia...
38:47A briga mesmo
38:48é com a Inglaterra, né?
38:49A briga mesmo
38:51no futebol e tudo
38:52é com o Uruguai.
38:54Uruguai,
38:55quando tem jogo
38:56de futebol argentino,
38:57Uruguai,
38:58aí é o jogo duro, né?
39:02Uruguai,
39:03por exemplo,
39:03Copa América,
39:04que eu tornei
39:04o mais antigo
39:05de país do mundo,
39:07Uruguai tem 16,
39:09a Argentina tem 15, né?
39:10Então é acirrado.
39:14E o Uruguai
39:14tem um décimo
39:16da população argentina, né?
39:18Então a briga
39:19no esporte
39:20é com o Uruguai, né?
39:21Uma coisa
39:21que eu acho interessante
39:22no que você mencionou
39:23da torcida brasileira
39:25na Copa,
39:26o Duda,
39:27que eu chamaria
39:27de fator Messi.
39:29Eu acho que muita gente
39:30que sente uma rivalidade
39:32acirrada com a Argentina
39:34aqui no Brasil
39:35e que em outras circunstâncias
39:36talvez não torcesse
39:37pelos argentinos,
39:38queria muito
39:38que o Messi
39:39coroasse a carreira dele
39:40com uma Copa do Mundo,
39:42que é o maior jogador
39:42do mundo já há muitos anos,
39:44mundialmente reconhecido assim
39:46e que já estava na hora
39:48de ele ser recompensado
39:50em nível internacional
39:51comandando a Argentina
39:53numa Copa.
39:53No fim,
39:54foi o que aconteceu,
39:55de fato.
39:56Eu acho que teve um pouco isso.
39:57Teve muito isso,
39:58o Messi foi especial,
39:59mas o Messi foi especial
40:01também porque o time inteiro
40:02estava integrado,
40:03um time novo,
40:05focado no esporte,
40:07você não viu nenhum escândalo
40:08de nenhum jogador argentino
40:10para nada,
40:11jogando limpo,
40:13focado,
40:13sabe?
40:14Eu acho que isso,
40:16as pessoas respeitam isso,
40:18você respeita um rival
40:19que segue as regras,
40:21que faz tudo certinho.
40:22O grupo parecia muito fechado
40:24com o jovem treinador,
40:25que é o Nelson Caloni,
40:26e o Caloni teve
40:27a coragem,
40:29digamos assim,
40:30de mudar o time
40:31conforme o adversário
40:32que ele ia enfrentando
40:33ao longo da Copa.
40:34Contra a Croácia,
40:35ele reforçou o meio campo
40:36contra a França na final,
40:38ele botou o Di Maria
40:39pela esquerda,
40:40que não era a posição
40:40habitual dele,
40:41enfim,
40:42ele era um,
40:43não tinha,
40:44e era arriscado,
40:45porque ele podia
40:46não dar certo,
40:47mas ele mudou
40:48e deu certo
40:49à medida que a Argentina
40:49foi avançando no torneio.
40:51Foi,
40:51mas o Caloni
40:52entrou lá
40:53como suplente,
40:54né?
40:56Todo mundo,
40:56claro,
40:56não tinha nenhuma experiência,
40:57nunca tinha dirigido
40:58um time,
41:00nada,
41:00e ele foi perseverante
41:02e fez,
41:03o que o Caloni fez,
41:06o que todo mundo
41:06tem que fazer
41:07em todos os aspectos
41:08da vida,
41:09foca no que tem
41:09que ser feito,
41:10faz bem feito,
41:12e não dizia,
41:14e eu acho que isso,
41:15né?
41:16Tem até,
41:17eu falei outro dia,
41:18né,
41:18que era para pôr o Caloni
41:19com o ministro da Fazenda,
41:21aí me falaram
41:22que já tinha alguém
41:22que propôs ele
41:23para ser candidato
41:24a presidente,
41:25né?
41:25Não duvido.
41:27Ele é...
41:28É.
41:30Troço agora,
41:30uma das coisas
41:31que chamou a atenção
41:32também na Copa do Mundo
41:33é que tinha muito
41:33argentino lá torcendo,
41:35né?
41:35E a gente fala aqui
41:36muito dos problemas
41:37da Argentina,
41:38então uma inflação
41:39de 95% no ano passado,
41:41né?
41:42Não consegue controlar
41:42os gastos,
41:43mas tinha um monte
41:44de argentino lá no Catar,
41:45né?
41:46Como é que você
41:46que é economista
41:47argentino e nordestino
41:49explica?
41:50Eu com inveja,
41:51eu queria estar lá também,
41:53eu queria estar lá também,
41:55eu até me oferecer
41:57uma passagem de presente
41:59se eu conseguir esse ingresso,
42:00nem não conseguir,
42:02mas, bom,
42:03inveja a primeira,
42:04primeira, segunda,
42:06a terceira sensação,
42:08inveja.
42:08Não,
42:08os argentinos
42:09são mais intensos
42:11de maneira geral
42:12que os brasileiros
42:14em algumas coisas,
42:15no futuro,
42:16eu sou muito mais intenso.
42:17Eu tinha um treinador
42:18de rugby
42:18que falava
42:19se tua mãe
42:20está no campo
42:21e não está com a camisa
42:22do time,
42:23é grama,
42:23você pisa em cima,
42:24né?
42:26Não,
42:26não que ele não
42:27conseguiu.
42:28mas é isso
42:30que os argentinos
42:32estão,
42:32e a chance
42:33de ser campeão
42:34do mundo,
42:35quer dizer,
42:35escapou,
42:36quando vieram aqui,
42:38quando a Copa
42:38foi aqui no Brasil
42:39também,
42:40cheio de argentinos,
42:41né?
42:41mas o que impressionou
42:44é que eles tinham
42:44a capacidade financeira
42:46de pagar essa viagem,
42:48né?
42:48E eles tinham até,
42:50acho que o dólar...
42:51Dólar catálico.
42:52É, né?
42:53Porque esse é um dólar,
42:54você pode explicar o que é,
42:55um dólar oficial?
42:56Isso é uma coisa interessante
42:57para você,
42:58para você explicar
42:58para os espectadores,
42:59essa miríde de dólares
43:01que tem na Argentina.
43:02Se você vai trocar
43:04numa casa de campo,
43:05você tem o dólar,
43:06vou dar números redondos,
43:07né?
43:08Números redondos,
43:09o dólar oficial
43:10está 160.
43:12Aí, se você vai
43:13comer num restaurante,
43:15alguma coisa,
43:15às vezes eles põem
43:16até o preço em dólar,
43:17né?
43:18Está 360.
43:19Números redondos, né?
43:21Aí, um 360
43:22e outro 160.
43:24Então, se você vai
43:25na casa de câmbio,
43:26aqui eles também fazem isso
43:28em Guarulhos,
43:29se você chega,
43:29eles te dão
43:31uma lascadinha
43:32na taxa.
43:33Aí,
43:34o que acontece?
43:35O governo
43:36tinha que vender
43:37dólares,
43:38para as pessoas irem.
43:39Mas, se você quer pagar
43:40o dólar,
43:41aí eles fizeram
43:41o dólar catar.
43:42É o dólar oficial,
43:43mais uma série
43:44de taxas impostas
43:45para chegar
43:46no dólar negro,
43:47no dólar,
43:48nos 360.
43:49Então,
43:50160 mais
43:5130 centavos
43:53por isso,
43:54mais 50 centavos.
43:55É toda uma burocracia.
43:57Mas, aí,
43:57se chamava
43:58dólar catar.
44:00Você tem
44:00o dólar soja também.
44:02O que acontece?
44:03O exportador de soja
44:04não quer receber
44:05o dólar oficial.
44:06Aí, eles fazem
44:07um dólar soja
44:08que é um pouquinho
44:09mais e ele vai
44:10até calibrando
44:10o dólar soja
44:11para entrarem
44:12mais ou menos
44:13dólares na Argentina.
44:15Então,
44:15ele vai administrando
44:16as taxas.
44:17Aí,
44:17tem o dólar
44:18cosplay,
44:18que é para shows,
44:20para pagar.
44:21Então,
44:22você funciona
44:23como se você
44:24tivesse
44:25três moedas
44:27ou quatro moedas
44:28na Argentina.
44:29O peso,
44:29que você usa
44:30para pagar
44:30para contratos,
44:32o dólar oficial,
44:34o dólar negro
44:35e outros dólares.
44:36Eles chamam
44:36de dólar blue,
44:37o do mercado negro
44:39e que,
44:39na verdade,
44:40é o que vale.
44:41É,
44:42é o que vale.
44:43Na Argentina,
44:44você pensa em dólar,
44:45você faz quanto em dólar,
44:46você vai tomar um café,
44:48você lê,
44:49o café custa,
44:50só para ajustar,
44:51custa cinco reais,
44:54você,
44:54como argentino,
44:54você não vê cinco reais,
44:55você vê um dólar.
44:57Você vai almoçar,
44:58está escrito
44:5960 reais,
45:01você não vê 60 reais,
45:03você vê 12 dólares.
45:05Você está sempre
45:06fazendo a conta,
45:06todo mundo faz a conta,
45:09mais da metade
45:10da população
45:10faz poupança em dólar,
45:12quem consegue poupar?
45:14Tem muito brasileiro
45:15que se empolga
45:16quando tem uma
45:17desvalorização do peso,
45:19achando que vai poder
45:20viajar na Argentina
45:21e gasta pouco.
45:24Isso não acontece
45:25por causa disso,
45:26não é?
45:26É,
45:26gasta menos
45:28do que aqui,
45:29mas de maneira geral
45:31os preços
45:31são em dólares
45:32e o Rogério
45:34bem lembrou
45:34que na Argentina
45:35subiu mais o preço
45:36do vinho,
45:37por quê?
45:37Porque o vinho
45:37é dolarizado,
45:38então sobe o dólar,
45:41sobe o dólar negro,
45:42sobe o preço
45:42de tudo,
45:43você paga em dólar,
45:45você faz conta
45:45em dólar
45:46e tem preços
45:48que são estáveis
45:49em dólar,
45:49eu estava mencionando
45:50para vocês,
45:51eu compro sempre
45:52um mocassim,
45:53faz 40,
45:5450 anos
45:54que eu uso
45:54um mocassim guido,
45:56que é gostoso,
45:57cai direitinho
45:58e tem 100 dólares,
46:01nunca varia,
46:02em preços
46:03está o preço lá,
46:04mas se vai lá
46:05é 100 dólares,
46:05sempre,
46:07não varia,
46:08né?
46:08Agora,
46:09se o vinho
46:10e o álcool
46:10estão subindo
46:11de valor lá
46:12e eles são
46:12produtores de vinho,
46:13então acho
46:14que uma solução
46:15que os peronistas
46:16podem fazer
46:17e já devem estar
46:18pensando nisso
46:19é proibir
46:19exportação de vinho,
46:21que nem eles fizeram
46:22com a cara,
46:22porque aí você
46:23segura o vinho
46:24no país
46:25e aí aumenta a quantidade,
46:28diminui o preço
46:29e a população
46:30tem acesso.
46:31É uma boa ideia
46:32a gente ir para lá,
46:33eu vou apoiar,
46:34você pode trazer
46:3612 litros de vinho,
46:38né?
46:39Olha,
46:39é,
46:40e 12 litros
46:41são 15 garrafas,
46:4216 garrafas,
46:43né?
46:44É uma boa ideia,
46:45é,
46:47então se eles fazerem isso
46:48a gente corre para lá,
46:49exatamente.
46:50Ou bebe lá,
46:51né?
46:51Ou bebe tudo lá.
46:55Alguma outra ação
46:56do Cidate
46:56que ficou de fora
46:58que é importante tratar?
46:59Já falamos de economia,
47:00já falamos de eleição,
47:02já falamos de Copa,
47:03de futebol,
47:05de vinho,
47:05de vinho,
47:05de vinho,
47:06de vinho.
47:06Vamos falar de história.
47:08Porque eu acho
47:09que uma coisa
47:11que o Brasil
47:11é melhor do que a Argentina,
47:13instituições
47:14no Brasil
47:15são mais fortes
47:16do que na Argentina.
47:17É interessante.
47:17quando teve
47:19a independência
47:20do Brasil,
47:21até se discute
47:23se foi no dia 7 de setembro
47:25ou não,
47:26então Pedro acordou
47:27como rei
47:27do reino
47:28de Portugal,
47:29Brasil,
47:30Portugal e Algarve,
47:32e foi dormir
47:33como imperador
47:33do Brasil,
47:34não mudou uma lei,
47:36não mudou nada.
47:37Receita Federal
47:38hoje aqui no Brasil
47:39é continuidade
47:40da coletoria
47:41lá do Brasil Colônia.
47:43Você tem as instituições
47:44fortes,
47:45diferentes
47:47da Argentina.
47:48Na Argentina,
47:49você teve
47:50a Revolução
47:51de Maio
47:51em 1810,
47:53que Napoleão
47:54invadiu
47:55a Espanha.
47:57Então,
47:57os argentinos
47:58continuaram
47:58leais ao rei,
48:00mas não queriam
48:01servir a França.
48:03Então,
48:03eles criaram,
48:05fizeram a Revolução
48:06de Maio,
48:0720 a 25,
48:0825 de Maio,
48:10e se emanciparam.
48:11Só que o vice-rei
48:12espanhol
48:13levou embora
48:15todas as instituições.
48:17Fez isso
48:17na América
48:18Latina inteira,
48:20da Colômbia
48:21até agora,
48:22e você ficou
48:23sem instituições.
48:24Você teve que começar
48:25do zero
48:26a fazer as instituições.
48:27Por isso que
48:28o resto
48:29da América
48:30do Sul
48:31se fragmentou tanto.
48:32A América
48:33espanhola
48:34se fragmentou.
48:35E você vê
48:36que aqui,
48:37em algumas
48:38transições,
48:39por exemplo,
48:39você mudou
48:40de império
48:41para a república,
48:42não aconteceu
48:43absolutamente
48:43nada.
48:45Tudo igual.
48:46Na Argentina
48:47tem uma...
48:48Na América do Sul
48:49como um todo,
48:50por falta
48:51disso.
48:52E eu acho
48:52que isso é uma coisa
48:53muito boa,
48:55uma coisa que
48:56provou
48:57para o Brasil,
48:59fora das medidas
49:00tomadas pelos
49:01imperadores,
49:01que fazem do Brasil
49:02mais estável.
49:03Você me lembrou,
49:04falando nisso,
49:05instituições,
49:06você me lembrou
49:06o caso do Indec.
49:07A gente estava falando
49:08do índice de inflação
49:10do Indec,
49:10que é uma espécie
49:11de IBGE argentino,
49:12para quem não sabe.
49:13Agora,
49:13o Indec foi seriamente
49:15cooptado
49:17pelos governos
49:18que existem
49:18anteriores,
49:19a ponto de não
49:20haver,
49:22durante um período,
49:23nenhuma confiança
49:24na inflação
49:25que eles apuravam.
49:26E aqui no Brasil,
49:27mal ou bem,
49:27o IBGE sobreviveu
49:28e vem sobrevivendo
49:30a governos
49:31de variadas
49:32orientações ideológicas.
49:33Então,
49:33acho que isso vai
49:34na linha
49:34do que você está falando,
49:36de instituições
49:37mais sólidas,
49:38digamos assim.
49:39Isso é muito bom,
49:41isso é uma coisa
49:41que tem que se admirar
49:44no Brasil.
49:45Agora,
49:45a gente teve
49:47em domingo
49:48os atos
49:50da Horda Canarinha,
49:52o pessoal que invadiu
49:53o STF.
49:53O paderno
49:54em Brasília.
49:56Isso não seria
49:57um sinal de fraqueza
49:58das instituições?
50:00Porque a gente não teve
50:01o patriota invadindo
50:02a Casa Rosada,
50:03nem os tribunais,
50:04nem o Congresso
50:04em Buenos Aires.
50:05Bom,
50:07a estabilidade
50:08teve que sair
50:08de helicóptero.
50:09De La Rua também
50:10tiveram que ser fugidos.
50:14Aqui você teve
50:15quatro golpes
50:16de estados
50:16e nunca invadiram,
50:19mas não deram bola.
50:20O Jânio Quadros
50:21que anunciou,
50:22querendo apoio popular,
50:24pode ir embora,
50:25não quer seguir
50:27as regras,
50:28vai embora.
50:28E na Argentina
50:29a gente teve
50:29aquela convulsão
50:30de 2001
50:31do Fernando
50:32de La Rua,
50:33que o país
50:33teve o quê?
50:34Quatro presidentes
50:35no período
50:35curtíssimo.
50:37Não, não,
50:37instituições
50:38no Brasil
50:39são muito fortes.
50:41Obviamente,
50:42com o passar
50:42de tempo,
50:43estão se fortalecendo
50:44nos outros países,
50:45mais conhecimento,
50:47mais educação.
50:48Mas,
50:49nesse sentido,
50:50eu acho que
50:51o Brasil é admirável.
50:52Todas as instituições.
50:54É verdade que estão
50:55acompanhando-se
50:56uma burocracia
50:56muito grande.
50:58Você não manda
50:59ninguém embora,
51:01sabe?
51:02Você tem poucos
51:02ganhos
51:03para a produtividade.
51:05Mas são sólidas
51:06as instituições
51:07brasileiras, né?
51:08É,
51:08e eu dei o exemplo
51:09do...
51:11Fiz uma provocação
51:12dos atos
51:12de 8 de janeiro,
51:13né?
51:14Mas teve uma reação
51:16imediata, né?
51:18A revolução
51:20que eles estavam
51:21planejando aí
51:21o golpe
51:22não aconteceu, né?
51:23A coisa não foi adiante,
51:24teve uma resposta.
51:25A gente discute agora
51:26se a resposta
51:27está dentro
51:29dos parâmetros legais
51:30e como que tem
51:31que ser feita, né?
51:31Se adequada,
51:32em que medida é,
51:33mas, enfim,
51:33houve uma resposta...
51:34Eu vou ter a resposta
51:35que está dentro
51:35dos parâmetros legais.
51:37Mais do que democracia,
51:39instituições.
51:40Mas, ó,
51:40nós temos que respeitar
51:41as eras do jogo.
51:42Tem eras do jogo,
51:44vamos seguir.
51:45Lá,
51:46o Rogério
51:47tinha um bom exemplo, né?
51:49Mudam as estatísticas,
51:50coisas assim,
51:52que aqui não aconteceu,
51:53o que é muito positivo, né?
51:55Ótimo.
51:56Legal.
51:58Proster,
51:58super obrigado.
51:59Obrigadíssimo
52:00pela presença.
52:00Pela conversa,
52:01foi muito legal.
52:02Que bom, gostei muito.
52:03Além das questões
52:04de economia,
52:05trouxe um monte de coisa
52:05bacana aí,
52:06de história,
52:07de cultura,
52:07do mocassim.
52:08Próxima vez que eu for
52:09para Buenos Aires,
52:10vou comprar um mocassim.
52:10Vamos experimentar o Guido,
52:11já que você está
52:12fazendo a propaganda.
52:12se você não gostar,
52:14eu te devolvo o dinheiro.
52:15Bem que 100 dólares,
52:16agora que são 500,
52:17tem que fazer a conversão.
52:20Conta o contrário.
52:20Mas compra,
52:21que tem...
52:22Vale a pena.
52:23Vale a pena.
52:23Eu tenho também
52:24uma pastinha do Guido,
52:25mas a pastinha,
52:26meu sogro comprou,
52:29aí quando meu sogro morreu,
52:32ele comprou a pastinha bonita,
52:34eu uso ela direto.
52:35quando meu sogro morreu
52:37depois de 30 dias,
52:38estava voltando da missa,
52:39aí falei para a viúva dele,
52:41falei,
52:42o que eu sinto,
52:44lamento,
52:44é que ele tinha me prometido
52:45um dote de um milhão
52:46e não me pagou.
52:48Aí ela foi mais rápida
52:49do que eu falei,
52:50não,
52:51ele estava aguardando
52:52para você, né?
52:53Aí chegou lá na casa,
52:54ele tinha um cofrinho
52:55que ele pinha as moedinhas,
52:56ó,
52:56ele estava economizando.
52:57Não sei se chegou
52:58um milhão aqui ainda, né?
53:00E aí estava a pasta lá,
53:01ele me deu a pasta do Guido também.
53:03E a pasta combina
53:05com mocassim?
53:05Combina, combina.
53:06Que legal, né?
53:07Tá bom.
53:08Tróximo, muito obrigado.
53:10Então, esse foi
53:11o oitavo podcast Latitude.
53:15Agora, então,
53:16o novo horário,
53:17sábado,
53:18às seis da tarde.
53:19A gente sempre vai
53:20aparecer aqui
53:22no YouTube
53:23e nos outros canais
53:24comentando as notícias
53:26e, enfim,
53:28a diplomacia brasileira também
53:29e notícias do resto do mundo.
53:32Muito obrigado.
53:33Curtam, compartilhem.
53:35espalhem, espalhem,
53:36espalhem o horário novo
53:38do Latitude.
53:38É para vocês
53:39que a gente faz o podcast.
53:40A gente espera
53:41que vocês gostem,
53:42que ajudem o Google
53:44a entender
53:44que o conteúdo
53:45é interessante.
53:46Obrigado.
53:47Boa noite.
53:48Bem lembrado.
53:49Boa noite.
53:49Boa noite.
53:50Obrigado.
53:51Ah, e mexe
53:52é melhor que Pelé
53:53e Maradona.
53:53Opa!
53:54Deixou polêmica
53:56para a última linha.
53:57Obrigado.
53:58Obrigado.
53:59Obrigado.
54:00Obrigado.
54:01Obrigado.
54:02Obrigado.
54:03Obrigado.
54:04Obrigado.
54:05Obrigado.
54:06Obrigado.
54:07Obrigado.
54:08Obrigado.
54:09Obrigado.
54:10Obrigado.
54:11Obrigado.
54:12Obrigado.
54:13Obrigado.
54:14Obrigado.
54:15Obrigado.
54:16Obrigado.
54:17Obrigado.
54:18Obrigado.
54:19Obrigado.
54:20Obrigado.
54:21Obrigado.
54:22Obrigado.
54:23Obrigado.
54:24Obrigado.
54:25Obrigado.
54:26Obrigado.
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