00:05acho que no Sertões de três em três horas você se emociona,
00:08porque o Brasil é um país fascinante,
00:12e ele tá pronto, né?
00:13A gente só precisa usufruir o que a gente tem.
00:16Então, o Sertões não constrói nada,
00:18o Sertões não constrói um autódromo, uma arena esportiva,
00:22ele só dá significado às coisas já existentes.
00:25Então, o Jalapão tava lá,
00:26o Sertões passou por lá e descobriu que o Brasil
00:29tinha um deserto.
00:31Caso contrário, seria mais um potencial turístico adormecido.
00:35Então, acho que o papel patriota do Sertões
00:39é dar esse holofote pra esses destinos turísticos, né?
00:43Pra criar desejo.
00:44Por que você vai pro Grand Canyon nos Estados Unidos,
00:47se no Piauí tem um canyon muito mais legal que o canyon no Viana?
00:51Olha só.
00:52Pra que você vai no Savana gastar lá fortunas nos acampamentos da África,
00:58se você pode fazer um glamping, né?
01:01Que é a mistura de...
01:02Tem essa terminologia agora.
01:04Glamping é um camping com glamour.
01:07Chama de glamping.
01:08Então, o Brasil tem um glamping e fica em Mateiros, no Jalapão.
01:14E eu fui com as minhas irmãs, com o meu pai, que nunca tinha acampado, né?
01:19Então, eu acho que eventos como esse torna a gente mais orgulhoso do que a gente tem.
01:25É engraçado, né?
01:27Eu quero retomar com os teus cinco eixos aí,
01:29mas quando você menciona essa coisa desse turismo que se faz,
01:34ah, vamos pra África, vamos não sei o que e tal,
01:36é porque a gente ainda tem aquela cabeça de colonizado, né?
01:41Quer fazer...
01:41Vira-lata, né?
01:42O que interessa é tirar uma foto instagramável, né?
01:47Pra você falar, ah, tô aqui na África e tal, tô aqui não sei aonde, na Savana, tô aqui na...
01:50E o Brasil tem isso tudo, tem isso tudo, né?
01:53Tem isso tudo.
01:53E agora, né, que a gente fez essa edição passando pelas cinco regiões,
01:57é ainda mais emocionante, né, Cláudio?
01:58Porque a gente convida alguns.
02:01Aliás, eu gostaria que você participasse de UTV, eu sei que você gosta.
02:05Opa, meu sonho!
02:06Seria muito legal você fazer uma etapa...
02:10Tá registrado o convite aqui, hein?
02:11Você precisa ir.
02:12Nem que seja um diazinho.
02:14Eu vou na próxima edição, tô dentro, hein?
02:16E aí já foi o Luciano Huck, já foi o Caio Castro,
02:19já foi o Whindersson Nunes, o Alok, né?
02:24Então, o Sertões não é sobre performance, né?
02:28O Sertões é muito sobre o ato de você conhecer o que é seu.
02:32Então, se você acha muito, assim, sair de Foz do Iguaçu, né?
02:37No Paraná, e até o Pará de carro, né?
02:41Você imagina fazer isso por trilha.
02:43Então, foi o que a gente fez.
02:44Então, é uma operação militar.
02:46Olha isso.
02:46Então, são 500, 600 quilômetros por dia.
02:52Você imagina aquilo da largada pra chegada, né?
02:55Vou falar os bastidores agora aqui, que eu acho que sempre desperta bastante curiosidade.
03:00É que o rádio, o VHF, não fala na largada.
03:03Alô, chegada, largada, você tá aí?
03:04Então, pra isso, com dois aviões voando simultaneamente, pra servir de repetidor de rádio de quem tá no meio.
03:14Então, todo grande evento tem um programa de voluntariado.
03:18E o Sertões tem 100 voluntários.
03:20Olha.
03:21Que pedem férias nos seus trabalhos pra se dedicar a essa causa.
03:24Então, eu acho que é um orgulho muito grande ter pessoas que estão há 25 anos se voluntariando pros Sertões.
03:31E eu queria, desde já, dar um abraço aqui pros voluntários, que sem eles a gente não faz esse negócio acontecer, né?
03:40Então, eu tava falando que o Sertões, ele tem três verticais.
03:44A primeira é esporte, a segunda é o social, que a gente conversou aqui, foram 16 mil atendimentos médicos, né?
03:53E o terceiro é o turismo.
03:56Porque eu não posso assumir que meus amigos queiram atravessar o Brasil a 160 km por hora.
04:05Mas eu posso assumir que eles adorariam ir pro Pantanal, pros Lençóis Maranhenses, dormir num bom hotel, ir numa cachoeira.
04:13Então, paralelo à competição, você tem a expedição, que é pra quem quer se divertir e não competir.
04:21Boa.
04:21Que a gente chama de categoria churrasco.
04:23Ah, essa que eu vou.
04:25Você vai na DiuTV, competindo, acelerando.
04:29Me fala uma coisa, e esse pessoal, os turistas, eles atrapalham os profissionais?
04:35Não atrapalham, né?
04:36Os profissionais têm uma rota específica, que a gente chama de especial.
04:41E paralelo, né?
04:43Então, você imagina que ele faz uma volta lá no meio e volta.
04:47E a turma da categoria churrasco vai em lugares privilegiados.
04:52Então, vai ver uma curva, vai ver a passagem em um rio.
04:56E vai fazer as atividades turísticas também nos parques nacionais do entorno.
05:00Legal.
05:00Então, acho que é uma...
05:02A gente, né, Cláudio, está muito tempo confinado em casa.
05:04Sim.
05:05Sem viajar com a família, com os amigos.
05:07Teve em 2020?
05:08Teve, mas foi uma...
05:10Foi num conceito diferenciado.
05:13Ao invés da gente ir de cidade em cidade, a gente foi de bolha em bolha.
05:18Então, a gente não permitia as pessoas dormirem em hotel ou pousada.
05:22Então, as bolhas, né, só entrava quem estava com as vacinas e credenciado.
05:29E todo mundo dormia dentro dessa vila Sertões.
05:31Olha só.
05:32Então, a gente não teve interação com o público.
05:34Porque senão seria incoerente, né, sair de São Paulo aqui e atravessar o Brasil.
05:40A gente não sabe se tinha vírus ou não.
05:42Então, isso foi um modelo que a gente teve que se basear no mesmo modelo da NBA.
05:48Que eles fizeram essa versão mais enxuta.
05:52Legal.
05:52Então, a gente não tinha como interagir com a cidade.
05:55Mas aí a gente foi no meio dessas plantações.
05:59Porque o Brasil, essa parte de agronegócio é muito forte.
06:01Sim.
06:02E nessa crise toda, o agronegócio foi muito forte para a economia.
06:07Sim.
06:07E a gente passa por muitas fazendas e a gente arrumou lá regiões de acampamento.
06:11A gente precisa de 50 mil metros quadrados para toda essa turma dormir.
06:16E assim foi feito.
06:17E graças a Deus passou e voltamos ao modelo.
06:20Você sabe o que eu gosto quando você fala desses eixos, essas verticais?
06:27O impacto social disso, né?
06:33Isso é uma prova de que a gente, o cidadão brasileiro, ele precisa se olhar mais.
06:42Olhar para o outro, para o lado.
06:44E não ficar olhando para cima, esperando que caia do céu alguma coisa, né?
06:50Eu estive aqui com a Alcione, numa conversa aqui no podcast também, que ela tem um trabalho maravilhoso.
06:57Ela conecta grandes redes varejistas e tal, de alimentos, supermercados, etc.
07:02Com organizações sociais, para receber, para permitir essa conexão dos restos dos alimentos, né?
07:10Então, assim, e ela tem um impacto social muito maior do que qualquer político que fica fazendo promessa em campanha, né?
07:18Então, vocês fazendo o que vocês estão fazendo, eu não tenho dúvidas.
07:23Tanto é que você, quando volta na cidade, sei lá, um ano depois, a cidade está lá do mesmo jeito, ou evoluiu muito pouco.
07:30Porque, infelizmente, o poder público aqui, ele está mais interessado em tirar a riqueza do cidadão e não devolver ela, né?
07:38Devolver os impostos como riqueza.
07:41E essa, por exemplo, eu pego o exemplo da Alcione, porque assim, a gente conversando aqui,
07:46aí a gente foi falando, falando, falando, aí daqui a pouco bateu em política pública, porque ela falou assim,
07:50Cláudio, você sabia que é caro doar alimentos?
07:55Porque a legislação cobra o ICMS de quem doa o alimento.
08:01Então, assim, aí eles se organizaram, de serviço se organizaram, Nestlé, iFood, não sei o que,
08:06fizeram uma proposta, uma proposta legislativa, entregaram aqui, lá em Brasília, para poder mudar alguma coisa.
08:13Você encontra esse tipo de entrave?
08:16Com certeza.
08:16Que tipo, por exemplo?
08:18A própria lei agora de incentivo ao esporte, não é tão fácil a prestação de contas, né?
08:26Acho que a lei de incentivo é para servir ao esporte, mas serve muito ao futebol.
08:32Não é pensada para outros categorismos.
08:35Você não tem como fazer um evento dessa dimensão sem o envolvimento do poder público nas três esferas, né?
08:42Na federal, na estadual e na municipal, certo?
08:45Porque a gente interage, por exemplo, o Sertões, ele é tudo, menos aventura.
08:55O Sertões é sobre logística, o Sertões é sobre operação, sobre investimento, né?
09:01Sobre tecnologia, sobre legado.
09:04É uma aventura para o competidor.
09:05Olha, mas a gente chega seis, sete meses antes de uma cidade, a gente interage com o prefeito, com a Secretaria de Turismo, Secretaria de Educação, porque cada escola pública faz um concurso de redação para preparar as crianças para a chegada do maior ralho do mundo na cidade dela.
09:24Porque senão ela vai achar um monte de carro colorido.
09:26O que está acontecendo aqui?
09:27E você vê que a cara dela já sabe o que é, fica feliz pra caramba.
09:31E vamos combinar, né, Cláudio, que criança é um agente multiplicador.
09:35Se eu consigo mostrar o que é a passagem daquele evento para aquela criança, ela vai dissipar a ideia para o pai, para a mãe e para os coleguinhas.
09:46Então, a criança que vence esse concurso de redação, ela vai premiar o vencedor daquela etapa.
09:53E ainda ganha um tablet.
09:57Nossa!
09:58Então, é assim, são benefícios que a gente gera para a cidade, mas tem muita dificuldade governamental e privada também.
10:10Tem fazendeiro que não deixa entrar, tem fazendeiro que deixa entrar, depois o caseiro muda de ideia, fecha a porteira.
10:16Então, assim, o que a gente fala lá dentro, né, da organização, é que evento vem da palavra eventualidade.
10:27Então, a única certeza que a gente tem aqui é que fatos não planejáveis vão acontecer.
10:35Já confundiram vocês com o MST?
10:38Chegar lá na fazenda, começa a montar.
10:40Então, assim, é capacidade de resposta, né, o sucesso do Sertões está no time, nas pessoas que são...
10:50Todos nós que trabalhamos no Sertões achamos que estamos servindo ao Brasil.
10:55Claro.
10:56E é algo, assim, que dá bastante significado e propósito para a nossa vida, mas os bastidores são muito complicados.
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