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NotíciasTranscrição
00:00Olá, eu sou o Breno Grillo e hoje eu antagonista e entrevista ao cientista político e diretor executivo do Movimento Livres, Magno Karl.
00:08Magno, obrigado pela entrevista.
00:10Obrigado pelo convite, Breno.
00:14Magno, a primeira pergunta que eu faço nessa nossa conversa é, o Brasil vive novamente uma crise política,
00:21um presidente com a taxa de aprovação em queda e a taxa de rejeição cada vez maior.
00:28Agora, começou a se veicular a ideia do semipresidencialismo.
00:33Você acha que essa é uma ideia que, se implantada no Brasil, pode funcionar, mesmo com o número de partidos que temos?
00:42É uma variável importante.
00:45A gente fala que semipresidencialismo é um termo que tem sido adotado nas discussões na imprensa, no debate público,
00:56mas uma análise da minuta da PEC que está circulando por aí, porque a PEC é importante salientar,
01:06ainda não tem o número de apoiamentos necessário para tramitar,
01:10o que a gente tem é uma proposta de sistema parlamentarista.
01:14Em geral, o sistema parlamentarista induz a redução de partidos ou o agrupamento de partidos,
01:25porque a autoridade do primeiro-ministro, a autoridade do gabinete de ministros,
01:31a autoridade do governo, propriamente dito,
01:36decorre diretamente da sua capacidade de exercer o poder no parlamento.
01:41Então, é uma possibilidade, é o que a gente observa em outros cantos do mundo.
01:49No entanto, a gente precisa lembrar que o Brasil tem algumas particularidades
01:55e o Brasil tem uma forma bastante peculiar de lidar com a política.
02:00Algumas das peculiaridades do Brasil, o tamanho do Brasil,
02:04a pouca tradição dos partidos políticos, a pouca organicidade dos partidos políticos
02:11e a fragilidade que os partidos têm no momento.
02:17Tanto que partidos nascem e morrem, o presidente da república vai de um partido para o outro,
02:23pode ir de um partido para o outro.
02:24Então, os partidos represivos, de forma geral,
02:27dos 34, 33 partidos registrados no Brasil,
02:32a gente saberia tirar ali uns seis ou sete que têm uma determinação ideológica clara.
02:39Esses são problemas do Brasil.
02:43Outro problema bastante peculiar do Brasil
02:46é que a gente tem muita dificuldade em ter regras estáveis e permanentes
02:53regendo a política brasileira.
02:55A gente já está discutindo, por exemplo, a revogação da cláusula de desempenho.
03:03A cláusula de desempenho foi uma política adotada para tentar reduzir o número de partidos
03:12representados na Câmara Federal.
03:15Ela foi implementada pensando em diferentes passos para a sua força.
03:25Então, a gente começaria com uma cláusula de desempenho mais baixa
03:28e ela ia aumentando gradativamente.
03:32A primeira eleição que a gente teve, a cláusula de desempenho,
03:36ou seja, só o primeiro passo foi dado em 2018
03:39e hoje já se discute se a gente seguirá ou não seguirá com essa ideia em 2022.
03:44Ou seja, uma regra que a gente tinha pensado para implementar em três, quatro eleições,
03:51a gente já está tentando modificá-la na primeira.
03:54Então, é difícil a gente falar em soluções para as crises no Brasil,
03:59para os problemas do sistema político no Brasil,
04:02porque a gente tem muito pouca constância.
04:04Então, cada dia a gente parece pensar numa solução diferente.
04:07Entendi.
04:09Eu gostei de um termo que você usou, que é o parlamentarismo,
04:14que é a minuta do mar de parlamentarismo.
04:17Eu também, ao ler essa minuta, que o Antagonista publicou com exclusividade ao longo da semana,
04:22eu também tive essa impressão de que parecia um modelo de governo
04:26muito mais parlamentarista do que semipresidencialista,
04:29como a gente pode ver tanto na França ou até em Portugal.
04:32Me corrija se eu estiver errado, por favor.
04:33Mas no próprio relatório da minuta, no fim, é deixado bem em destaque
04:41que não é uma tentativa de parlamentarismo no Brasil,
04:44é meio que rechaça esse modelo.
04:47Por que você acha que isso aconteceu, essa ojeriza ao parlamentarismo?
04:52Provavelmente porque o parlamentarismo foi rejeitado nas urnas durante o nosso tempo de vida.
05:02Durante a vigência da Constituição de 1988,
05:07que se a gente for pensar em Constituições, é uma Constituição ainda jovem,
05:11o brasileiro teve a possibilidade de opinar via urnas, via o plebiscito,
05:20e rejeitou a opção parlamentarista.
05:23Como o Antagonista tem muitos leitores bastante jovens, muito mais jovens do que eu,
05:29vale lembrar que em 1992 o Brasil teve um plebiscito sobre formas de governo
05:34em que o eleitor poderia escolher entre a república e a monarquia
05:39e entre o parlamentarismo e o presidencialismo,
05:43sendo que se você escolhesse a monarquia, seria uma monarquia parlamentarista,
05:48e se escolhesse a república, você poderia escolher entre a república presidencialista,
05:54que acabou vencendo por uma ampla margem, e a república parlamentarista.
05:58Talvez a escolha do termo semipresidencialismo e a colocação desse termo,
06:08olha, não é parlamentarismo, é presidencialismo, seja uma escolha política.
06:12Mas se a gente for simplificar as coisas de uma forma que a gente possa entender melhor
06:20e explicar para as pessoas, o resumo seria de uma república parlamentarista,
06:26em que a gente tem o presidente como chefe de estado e com algumas atribuições,
06:32mas que o poder de governo, de fato, seria exercido pelo primeiro-ministro
06:39e pelo conselho de ministros, que, se não me engano, é o termo utilizado na minuta,
06:45que, para quem acompanha, por exemplo, a política britânica,
06:49é o equivalente ao cabinet, o cabinet do primeiro-ministro,
06:53é o conselho dos ministros, é o conselho, é a instituição que reúne os ministros
07:02e esses ministros indicam, pelo menos na teoria, indicam o primeiro-ministro
07:09e determinam a posição que o primeiro-ministro defenderá publicamente.
07:15Então, as políticas do governo viriam no dia-a-dia dos ministros
07:24que indicariam sua posição ao primeiro-ministro,
07:28que é um cargo que também seria criado de acordo com essa proposta de emenda constitucional.
07:34Sim.
07:34Ainda sobre a função do primeiro-ministro, num eventual semipresidencialismo no Brasil,
07:41que a gente tem que deixar claro aqui, para quem nos assiste,
07:44que é uma chance pequena de isso começar a valer num curto prazo,
07:49ainda são necessárias muitas discussões,
07:51a PEC precisa ter as assinaturas necessárias, ainda está muito longe disso,
07:56é uma discussão que está sendo trazida muito por causa da crise política
07:59que a gente vive, já pensando nas eleições de 2022 também.
08:03Mas, voltando um pouquinho ao primeiro-ministro,
08:05pelo que eu li do texto, o projeto dá muitos poderes para o primeiro-ministro,
08:10eu queria uma avaliação sua disso, inclusive com a possibilidade do presidente
08:15delegar 14 ou 15 funções, inclusive decretação de estado de defesa ao primeiro-ministro.
08:21No papel, pelo que eu li, por favor, me corrija se eu estiver errado,
08:25basicamente vamos ter dois presidentes.
08:27É verdade, e uma das prerrogativas do primeiro-ministro que mais me chamaram a atenção
08:35é a possibilidade de termos medidas provisórias.
08:42Então, poderes essenciais do presidente são transferidos para o Conselho de Ministros
08:50e para o primeiro-ministro.
08:51É importante que a gente fale sobre medidas provisórias,
08:55até porque tenta-se colocar o termo de semipresidencialismo,
09:02talvez para amenizar o peso de uma mudança desse tipo.
09:08Mas é importante a gente discutir.
09:10Não se trata aqui de fazer juízo de valor,
09:14pelo menos nesse momento,
09:15de parlamentarismo bom ou ruim,
09:18mas trata-se de explicar para as pessoas o peso real de uma mudança desse tipo.
09:25Seria uma mudança bastante considerável,
09:28uma mudança bastante importante.
09:30A gente transferiria alguns dos poderes mais importantes do presidente
09:35para o primeiro-ministro e para o Conselho de Ministros.
09:38Medidas provisórias são medidas importantíssimas,
09:42são medidas que têm efeito de lei imediatamente.
09:45É uma das funções que se transferia para o primeiro-ministro.
09:52A indicação dos chefes militares, a indicação de diplomatas,
09:58tudo isso seria também prerrogativa do primeiro-ministro.
10:03A apresentação de um programa de governo também.
10:06Então, é importante a gente dizer que a função de governo,
10:11de políticas públicas,
10:14seria transferida para o primeiro-ministro e para o seu Conselho de Ministros.
10:20A gente pode ver benefícios nisso também.
10:24A gente pode pensar,
10:25olha, o presidente só nomearia o primeiro-ministro
10:29depois que o primeiro-ministro reunisse uma coalizão majoritária no parlamento,
10:35que essa coalizão majoritária concordasse com um plano de governo
10:42que assinasse um contrato, como se diz na política alemã,
10:47um contrato de coalizão, um contrato, um acordo que unisse essas forças políticas
10:57sob o guarda-chuva de um plano de governo.
11:01A gente costuma criticar as eleições presidenciais brasileiras
11:05por terem pouco conteúdo,
11:07por ter um histórico de que planos de governo
11:10são apresentados pelos candidatos à presidência
11:13apenas para cumprir uma exigência do TSE.
11:16Geralmente, tem muito pouca substância.
11:19Quem apresenta planos de governo acaba sendo uma vítima de ataques,
11:23porque você especifica suas políticas públicas,
11:26enquanto os outros não especificam, então eles atacam as suas
11:29e você não tem...
11:29Planos de plágio, né?
11:31Exato!
11:33Plageiam, copiam.
11:34A gente teve casos de dois candidatos irem para o segundo turno
11:37e quando você vai olhar o plano de governo deles
11:40são apenas coletâneas de discursos soltos
11:42que eles tinham feito durante a campanha.
11:45Mas, então, a gente teria essa possibilidade.
11:48Um governo, necessariamente, de acordo com a minuta da PEC que a gente viu,
11:52um governo só seria formado quando um grupo majoritário no Congresso Nacional
12:01conseguisse fazer um contrato, conseguisse entrar num acordo
12:05sobre um determinado plano de governo.
12:07Esse plano de governo seria apresentado ao presidente da República
12:11e só, então, o presidente da República indicaria o primeiro-ministro
12:15que seria encarregado de implementar aquele plano de governo.
12:18Ao presidente da República caberia a função de chefe de Estado,
12:22mas as prerrogativas de governar seriam majoritariamente do primeiro-ministro.
12:28O presidente da República reteria a possibilidade da iniciativa legislativa,
12:36que é uma possibilidade que hoje o presidente da República tem,
12:40mas que outros órgãos, como o Supremo Tribunal Federal, também têm.
12:44A possibilidade de propor uma legislação ao parlamento.
12:50Isso continuaria com o presidente da República.
12:53O presidente da República poderia propor legislação ao parlamento ainda,
12:57de acordo com esse projeto,
12:59mas a função de governar, de ter plano de governo
13:04e da maioria do exercício legislativo
13:07seria concentrado no cargo do primeiro-ministro.
13:10Uma outra dúvida que me veio ao ler a minuta
13:15é a questão da dissolução da Câmara dos Deputados.
13:21Porque o Conselho de Ministros pode ser dissolvido a qualquer tempo,
13:24tanto pelo primeiro-ministro quanto pelo presidente da República,
13:28inclusive com demissão do primeiro-ministro,
13:30e também as possibilidades do Congresso,
13:33pelo voto de confiança,
13:35pela moção de desconfiança
13:39e esses outros instrumentos, vamos chamar assim.
13:43Mas, trazendo um pouquinho o exemplo de Israel,
13:46que foi o mais recente,
13:48que foram, se não me engano, quatro eleições em dois anos
13:50ou cinco eleições em dois anos.
13:52Se não me engano, foram quatro.
13:53Mas, com um modelo político totalmente diferente do nosso,
13:57um número de partidos menor do que o nosso,
14:01como é que ia ficar essa relação executivo-legislativo
14:06num semipresidencialismo,
14:08com possibilidade de dissolução da Câmara,
14:11caso fossem apresentadas muitas moções de desconfiança
14:14contra o primeiro-ministro?
14:16E a gente já tem um histórico de autoritarismo.
14:19É, a gente tem um histórico de autoritarismo,
14:23a gente tem um histórico de conflito
14:24entre executivo e legislativo.
14:28Desde a redemocratização,
14:29a gente tem alguns casos de conflito
14:33mais aberto entre executivo e legislativo.
14:37Dois desses casos, talvez os mais agudos,
14:40acabaram em impeachment.
14:42Não vejo outros casos mais agudos
14:46de conflito entre legislativo e executivo
14:49do que os casos do governo Fernando Collor,
14:51antes mesmo do impeachment,
14:54e do segundo governo Dilma Rousseff,
14:56antes mesmo do impeachment.
14:59Então, os conflitos entre executivo e legislativo no Brasil
15:04não são raros, se a gente pensar
15:06que a redemocratização tem um pouco mais de 30 anos.
15:10algumas soluções são pensadas pelo mundo
15:15para evitar esse tipo de conflito,
15:19para proteger a autonomia do poder legislativo
15:24e que no sistema parlamentarista cabe até...
15:28O executivo fica...
15:30Parte do executivo acaba ficando também com parlamentares,
15:33que é a implementação de termos fixos.
15:37Então, você tem mandatos fixos para o parlamento.
15:41O parlamento só pode ser dissolvido
15:44em ocasiões muito especiais.
15:47É uma solução que segura um pouco,
15:52limita um pouco o poder do presidente,
15:55porque o presidente não fica tentado
16:00a dissolver o parlamento,
16:01caso o parlamento o desagrade,
16:03mas também limita o poder do primeiro-ministro
16:07de convocar eleições
16:08quando for politicamente mais vantajoso para ele.
16:12Então, um caso que aconteceu na Inglaterra
16:16há poucos anos,
16:18que não funcionou muito bem,
16:20na época da primeira-ministra Theresa May,
16:22quando ela, em um momento,
16:25achando que sua maioria no parlamento era pequena,
16:28resolveu convocar eleições
16:29no momento que se sentia particularmente popular
16:32para aumentar a sua maioria.
16:34Acabou fazendo uma campanha desastrosa
16:36e tendo sua maioria diminuída.
16:39Então, são formas que os países encontram
16:43para equilibrar um pouco a relação
16:46entre o chefe de Estado e o chefe de governo,
16:50ter regras claríssimas
16:52em que momentos pode ser convocada a nova eleição,
16:56em que momento o parlamento pode ser diluído,
17:00dissolvido.
17:01E o que se tenta nessa minuta também
17:05é deixar muito clara
17:07as formas em que moções de confiança
17:12podem ser apresentadas ao parlamento
17:15para dar um pouco de estabilidade.
17:18Eu acho que estabilidade
17:19é uma palavra bastante importante
17:22para a discussão desse projeto.
17:26Muito se falará em estabilidade.
17:28Por quê?
17:29Porque o parlamentarismo dá ao país,
17:33dá um reset,
17:34dá uma renovada
17:36sem que precisemos esperar quatro anos.
17:40Caso haja um governo impopular,
17:43caso haja um governo ruim,
17:44a gente tenha a possibilidade
17:46de fazer a renovação de um governo
17:48sem esperar quatro anos,
17:50sem precisar ter aquele momento
17:53em que o governo sangra
17:55até a próxima eleição,
17:56sem talvez nos deixar vulneráveis
18:02a governos que apoiem
18:04ou adotem políticas superpopulistas
18:07tentando vencer a próxima eleição.
18:08O próprio parlamento tem a capacidade
18:10de se renovar.
18:12No entanto,
18:13uma fraqueza do regime parlamentarista
18:15seria essa instabilidade
18:17de termos tentativas
18:19de dissolver o governo,
18:22mas aí o próprio projeto
18:25coloca algumas imposições.
18:27Então, no primeiro ano
18:27não se pode apresentar moções
18:29de desconfiança
18:30e há um limite
18:32de três moções de desconfiança
18:33por ano legislativo,
18:35se não me engano,
18:36porque é aquele ano
18:38que começa no início de fevereiro
18:39e termina no final de dezembro,
18:41haveria um limite
18:44de apresentação de emoções
18:46de desconfiança.
18:47A minha visão
18:48é que esse é um texto
18:51ainda bastante prematuro,
18:55é um texto que ainda
18:56será bastante discutido,
18:59será aperfeiçoado
19:00até que tramite.
19:02inclusive um dos pontos
19:04do texto,
19:05por exemplo,
19:05para mostrar o quanto
19:06ele precisa ser trabalhado,
19:08é que caberia
19:11ao primeiro-ministro
19:12inclusive a indicação
19:14do presidente
19:15do Banco Central,
19:16e essa é uma coisa
19:17que nos últimos anos
19:18teve uma modificação,
19:19hoje o presidente
19:19do Banco Central
19:20tem mandato fixo,
19:23mudou o sistema
19:25de governança,
19:26de indicação
19:27da diretoria
19:27do presidente do Banco Central.
19:28Então é um indicativo
19:31de que é um texto
19:32que ainda será
19:33bastante trabalhado
19:34e eu acho que a gente
19:35vai ter ainda
19:36um longo caminho
19:37pela frente,
19:38mesmo que valha
19:39sempre discuti-lo,
19:40porque é uma mudança
19:41bastante significativa,
19:43seria uma mudança
19:44bastante significativa
19:45no sistema político
19:46do Brasil.
19:48Só para a gente
19:49fechar um pouco
19:50esse projeto
19:51de semipresidencialismo,
19:53ao ler a minuta,
19:55uma coisa que me chamou
19:56a atenção é,
19:57por óbvio,
19:57ver o aumento
19:58do poder
19:58dos parlamentares,
20:00congressistas,
20:00chamem como quiserem,
20:02no plano do executivo.
20:05A gente já sabe
20:06que quem manda
20:07no Congresso Brasileiro
20:08é o centrão.
20:09Então a gente pode dizer
20:10que se aprovado,
20:11não necessariamente
20:12nos modos da minuta,
20:14mas aprovado
20:14um modelo
20:16de semipresidencialismo
20:17para o Brasil,
20:18o centrão
20:19ia começar
20:20a governar diretamente
20:21e não mais fazer
20:22o jogo político
20:23no Congresso?
20:24Breno,
20:27eu acho
20:28que num primeiro
20:28momento,
20:29sim.
20:30Num primeiro momento,
20:31quem está
20:32mais bem
20:33equipado
20:35para exercer
20:36o poder
20:37na Câmara
20:39dos Deputados,
20:39no Senado Federal,
20:40no Parlamento,
20:42é quem hoje
20:42já domina
20:44as formas
20:45de eleição
20:46para essas casas.
20:48É quem hoje
20:49foca
20:50mais forças
20:52na eleição
20:53para essas casas.
20:54É importante
20:54a gente lembrar
20:55que o centrão
20:57é muito forte
20:59na Câmara dos Deputados,
21:00é muito forte
21:01no Senado,
21:02mas os principais
21:03partidos do centrão
21:04não costumam
21:05nem apresentar
21:07candidatos
21:07nas campanhas
21:08presidenciais.
21:10É quase uma divisão
21:11de trabalho
21:11na política brasileira.
21:13Há os partidos
21:14que são especializados
21:16em ganhar vagas
21:17no Legislativo
21:18e há os partidos
21:19que costumam
21:20disputar
21:20as eleições
21:21presidenciais.
21:21O PSDB,
21:23que é um protagonista
21:25nas eleições
21:26presidenciais
21:27desde 1989,
21:30não é um partido
21:31atualmente
21:32muito grande
21:32na Câmara
21:34dos Deputados
21:35e não é um partido
21:36conhecido
21:37por ser membro
21:38do centrão.
21:39O PT tem
21:40a maior bancada
21:42da Câmara
21:42e, apesar disso,
21:44o seu poder
21:45é quase,
21:46e o PT
21:47é inevigavelmente
21:48o partido
21:49de talvez
21:50maior protagonismo
21:51na política brasileira
21:52desde a redemocratização.
21:54No entanto,
21:55dentro do Parlamento,
21:57a força do PT
21:58é rivalizada
22:03por partidos
22:04como o PP,
22:06que jamais
22:07teve um candidato
22:08relevante
22:09à presidência
22:11da República.
22:12Se não me engano,
22:12o último candidato
22:13apresentado pelo PP
22:14foi o Espiridião Amin
22:16em 1994.
22:17O PL
22:19que mudou de nome
22:21algumas vezes
22:22era PR
22:23e que foi base
22:24do governo Lula,
22:25base do governo Dilma
22:27e hoje é base
22:28do governo Bolsonaro,
22:29também não é um partido
22:31de muito destaque
22:32nas eleições presidenciais,
22:34então há uma divisão
22:35de trabalho,
22:36há partidos
22:37focados em ganhar
22:38vagas na Câmara
22:39e há partidos
22:40que disputam
22:41as eleições presidenciais.
22:42No longo prazo,
22:44pode ser que
22:44uma mudança
22:45do sistema político
22:46com o poder
22:47concentrado na Câmara
22:48dos Deputados
22:48force os partidos
22:50a recalibrarem
22:52as suas forças,
22:53então a eleição presidencial
22:54passaria a ser
22:56menos importante
22:57e a eleição
22:58proporcional
23:00para a Câmara
23:00dos Deputados
23:01seria,
23:02sem dúvida,
23:03muito mais importante
23:04do que é hoje.
23:06Então,
23:06haveria
23:07uma
23:08redistribuição
23:11da atenção
23:12dos partidos
23:13políticos,
23:14uma redivisão
23:15de prioridades
23:16e eu acredito
23:17que os principais
23:18partidos brasileiros
23:19passariam
23:20a observar
23:21as eleições
23:22para o Congresso
23:23Nacional,
23:23que hoje já são
23:24inegavelmente
23:25importantes,
23:26mas como uma
23:27importância
23:27muito,
23:28mas muito maior
23:29do que a gente
23:31vê hoje.
23:32Outro ponto
23:33importante,
23:34pensando
23:35em mudança
23:36legislativa,
23:37pensando em mudança
23:38do sistema
23:38brasileiro
23:39de governo
23:42é o tempo.
23:44A gente não pode
23:45discutir
23:46em 2021
23:47uma mudança
23:49no sistema
23:49político,
23:50uma mudança
23:50dessa magnitude
23:51para 2022
23:52ou mesmo
23:54para 2026.
23:55Isso é um golpe.
23:57Isso é retirar
23:59do eleitor
24:00brasileiro
24:01um poder
24:02que ele
24:02exerce
24:03desde 1992
24:06que escolheu
24:09em 1992
24:10e que exerce
24:11de fato
24:12desde 1989
24:13que é de escolher
24:14o seu presidente
24:15da República.
24:16Não há
24:17da minha parte
24:18julgamento
24:19de valor
24:20nesse momento
24:20sobre
24:21parlamentarismo
24:22ser melhor
24:22ou presidencialismo
24:24ser melhor,
24:25mas a gente
24:25precisa
24:26lembrar
24:27o eleitor brasileiro,
24:28os políticos
24:29brasileiros
24:30da necessidade
24:30da gente ter
24:31tempo
24:32e calma
24:34para discutir
24:35isso.
24:35A gente não pode
24:36utilizar uma mudança
24:37do sistema político
24:38importantíssima
24:39para
24:40solucionar
24:42uma crise
24:42política
24:43do governo
24:43Bolsonaro
24:44ou
24:45uma crise
24:46política
24:47de um
24:48eventual
24:48governo
24:49que tomará
24:49posse
24:50em 1º de janeiro
24:50de 2023.
24:52A gente
24:52precisa
24:52pensar
24:53no sistema
24:54político
24:54como uma coisa
24:55para o país
24:56de longo prazo.
24:58Precisa
24:58de tempo
24:59para amadurecer,
25:00precisa
25:01de ampla
25:01discussão,
25:02precisa
25:03ter
25:03um espaço
25:05maior
25:06para as pessoas
25:06refletirem.
25:07Mudar
25:08o sistema
25:08político
25:09de um
25:09país
25:09não é
25:10solução
25:11para uma
25:11crise
25:11política
25:12pontual.
25:13Uma crise
25:13política
25:13pontual
25:14se resolve
25:16com
25:16política,
25:17se resolve
25:18com
25:19atuação
25:19de governo
25:20melhorando
25:21a sua
25:22capacidade
25:22de interlocução
25:23com o poder
25:24legislativo.
25:25A mudança
25:26de sistema
25:26político
25:27é séria,
25:29merece
25:30reflexão
25:31e a
25:32modificação
25:33do sistema
25:33político
25:34para satisfazer
25:36ambições
25:38particulares
25:40de determinados
25:41grupos políticos
25:42que se sentem
25:43mais ou menos
25:43prestigiados,
25:45mais ou menos
25:45contemplados
25:46pelas escolhas
25:47de um presidente
25:47da república,
25:49é um golpe.
25:50A gente
25:50não pode
25:51aprovar
25:52esse tipo
25:53de coisa
25:53porque
25:54determinados
25:56grupos políticos
25:57resolveram
25:58que a gente
25:58deve
25:58aprovar.
25:59E mesmo
26:00que se for
26:01votar
26:02esse tipo
26:03de política
26:04ainda nessa
26:05legislatura,
26:06ela precisa
26:07ter uma
26:07carência
26:08de 10 anos,
26:09por exemplo,
26:10para evitar
26:10que aqueles
26:11que propõem
26:12essa política
26:13hoje,
26:13aqueles que votem
26:14essa política
26:15hoje,
26:16sejam
26:16diretamente
26:17beneficiados
26:18por ela
26:19num futuro
26:19próximo.
26:20Então,
26:20a gente
26:20precisa
26:21pensar
26:22essas políticas
26:23com muita
26:24calma,
26:24a gente
26:24precisa
26:25avaliar
26:25os prós
26:26e contras
26:27com muita
26:27tranquilidade
26:28e a gente
26:29precisa ter
26:30um tempo
26:30razoável
26:31entre a
26:32votação
26:33de uma
26:33mudança
26:34do sistema
26:34político
26:35e a
26:36real
26:37implementação
26:38desse sistema
26:39político
26:39no país.
26:40Eu gostei
26:41muito que
26:41você citou
26:42a crise
26:43política,
26:44porque a
26:45história
26:46ajuda a
26:46explicar
26:47o presente
26:47e a
26:48mais ou
26:48menos
26:48balizar
26:49o futuro.
26:50Em 61,
26:51com o
26:51Jânio Quadros,
26:52crise
26:53política,
26:53um
26:54presidente
26:55de
26:55centro
26:55direito,
26:56um
26:56vice-presidente
26:57de
26:57esquerda,
26:58qual
26:58foi a
26:58proposta?
27:00Semipresidencialismo,
27:01retirar
27:01poderes
27:02do
27:02presidente.
27:03E aí
27:03eu
27:03aproveito
27:04esse
27:04gancho
27:05para
27:05perguntar
27:06também,
27:07essa
27:07mudança
27:08sem
27:08consulta
27:09popular,
27:09porque eu
27:10já vi
27:11pessoas
27:11criticando
27:13o fato
27:13da população
27:14não ser
27:14consultada
27:15numa
27:15eventual
27:17votação
27:18sobre
27:18essa
27:18mudança,
27:19você
27:19acha que
27:20isso
27:20pode
27:21enfraquecer
27:22a
27:22democracia?
27:23E aí
27:24voltando
27:25ao
27:26Jânio Quadros,
27:27o
27:28semipresidencialismo
27:29está sendo
27:30usado
27:30novamente
27:30como
27:31uma
27:31panaceia,
27:32solução
27:33milagrosa
27:33da crise
27:34política
27:34brasileira?
27:37Respondendo
27:38de trás
27:38para frente,
27:40eu acho
27:40que sim,
27:42a gente
27:42está
27:43utilizando
27:44a ideia
27:44de
27:44semipresidencialismo,
27:46por melhor
27:47que a ideia
27:48seja,
27:49de uma
27:49forma
27:50oportunista,
27:51e é
27:51parte
27:52da
27:52política
27:52aproveitar
27:54oportunidades.
27:56Há uma
27:56oportunidade
27:57com um
27:58presidente
27:58impopular,
27:59um presidente
27:59que não
28:00tem
28:01muito
28:02apreço
28:02pela
28:03democracia,
28:04e há
28:04uma
28:04possibilidade
28:05então
28:05de a gente
28:05fazer uma
28:06reflexão
28:06sobre o
28:07sistema
28:07político
28:07brasileiro
28:08para
28:09proteger
28:09o sistema
28:10político
28:11brasileiro
28:11de
28:11eventuais
28:12presidentes
28:13que
28:13sejam
28:14tão
28:15antidemocracia
28:17quanto
28:17o atual
28:18presidente
28:18que
28:19nós
28:19temos.
28:19Essa
28:20é uma
28:20discussão
28:20legítima,
28:21é uma
28:22discussão
28:22legítima
28:22de pensar
28:23como a
28:24gente
28:24pode
28:24proteger
28:25a
28:26governança
28:27de um
28:27país,
28:27fazer com
28:28que o
28:28país
28:28seja
28:29governável,
28:30que um
28:30país
28:31preserve
28:32as suas
28:32instituições,
28:33mesmo
28:34quando
28:34nós
28:34temos
28:35um
28:35presidente
28:35não
28:37apropriado,
28:38um
28:38presidente
28:38que se
28:39revela
28:40absolutamente
28:40incapaz
28:41de ocupar
28:42essa
28:42cadeira.
28:43Essa
28:43é uma
28:43discussão
28:43válida.
28:45A
28:45minha
28:45crítica
28:46principal
28:46sobre o
28:47timing
28:47dessa
28:47discussão
28:48é que a
28:49gente
28:49não
28:49pode
28:49ter
28:49essa
28:50discussão
28:50em
28:502021
28:51e
28:51implementá-la
28:51em
28:512022
28:52ou
28:522026.
28:53A
28:54gente
28:54precisa
28:54ter
28:54um
28:54timing
28:55de discutir
28:55isso
28:56em
28:562021
28:56e pensar
28:57tudo
28:57bem,
28:58a partir
28:58da eleição
28:58de
28:592030
28:59a
29:00gente
29:00adota
29:01esse
29:02sistema,
29:02a partir
29:02da eleição
29:03de
29:032034
29:04a gente
29:05adota
29:05esse
29:05sistema,
29:05a gente
29:06não
29:06pode
29:06adotar
29:06na
29:06eleição
29:07de
29:072022.
29:09A
29:09mudança
29:10do
29:10sistema
29:10político
29:11para
29:11resolver
29:12crise
29:12pontual
29:13não
29:13dá
29:13certo,
29:14não
29:14deu
29:14nos
29:15anos
29:1560,
29:16não
29:16vai
29:17dar
29:17agora,
29:18a gente
29:18precisa
29:18de um
29:18amadurecimento
29:19da
29:20ideia,
29:20a gente
29:21não
29:21pode
29:21ser
29:22feito
29:23de uma
29:23forma
29:24a tapar
29:25um
29:25buraco,
29:25é uma
29:26mudança
29:26institucional
29:27importante,
29:28países
29:28não
29:28ficam
29:28mudando
29:29o seu
29:29sistema
29:29de
29:29governo
29:30de
29:30uma
29:30hora
29:31para
29:31outra,
29:31não
29:31ficam
29:32indo
29:32de
29:32um
29:32jeito,
29:33indo
29:33de
29:33outro,
29:34não
29:34é
29:34assim
29:34que
29:35as
29:35coisas
29:35fazem.
29:36Eu
29:37não
29:37tenho
29:37nenhum
29:38problema
29:38em que
29:39mudanças
29:39significativas
29:40sejam
29:41feitas
29:42pelo
29:42parlamento,
29:43o parlamento
29:43está aí
29:44para nos
29:45representar,
29:47os parlamentares
29:48são eleitos
29:49com a
29:50delegação
29:51de discutirem
29:52certos
29:53temas,
29:54temas
29:54políticos
29:55pela
29:56população,
29:56eu não
29:56tenho
29:57um apreço
29:59especial
30:00pelo
30:00plebiscito,
30:02pela consulta
30:03para um
30:04tema
30:05específico,
30:05porque
30:06eu
30:06acho
30:07que
30:08os
30:08resultados
30:09ali
30:10não
30:10necessariamente
30:10serão
30:11mais
30:11democráticos,
30:13mais
30:13bem
30:14trabalhados,
30:15mais
30:15bem
30:16escolhidos
30:17do que
30:17pelos
30:17parlamentares,
30:18eu
30:18acho
30:19que é
30:19uma
30:20função
30:20fundamental
30:22do
30:22parlamento
30:22discutir
30:23por nós
30:23e não
30:23teria
30:24problema
30:24que
30:25isso
30:25fosse
30:26discutido
30:26dessa
30:26forma,
30:27eu
30:27acho
30:27que
30:28o
30:28povo
30:28pode
30:31participar
30:32ou
30:32participa
30:33da
30:33vida
30:33política
30:33de
30:34várias
30:34formas,
30:35mas
30:35escolher
30:36o sistema
30:36político
30:36mesmo entre
30:38os
30:38especialistas
30:39é difícil
30:40escolher,
30:40é difícil
30:41debater,
30:42é um debate
30:42complicado,
30:44eu não sei
30:44como esse
30:45debate
30:46seria tido,
30:46eu não sei
30:47se seria
30:47de uma
30:48forma mais
30:49informativa
30:49do que a gente
30:50tem tido
30:51atualmente,
30:52então eu
30:52não tenho
30:53nenhuma
30:54preferência
30:58específica,
30:59isso não é uma
30:59condição
31:00sine qua non
31:01sine qua non
31:02para mim
31:02para que a gente
31:03possa discutir
31:04o sistema
31:05político,
31:05eu acho que pode
31:06ser feito
31:06discutido
31:07pelo parlamento,
31:08eu acho que a gente
31:08não precisa
31:09fazer um novo
31:11plebiscito
31:11necessariamente,
31:12poderia fazer,
31:13mas não
31:13necessariamente,
31:15o que eu
31:16espero
31:16e o que eu
31:17gostaria
31:19é que a gente
31:19tivesse mais tempo
31:20para discutir,
31:22eu acho que isso
31:22sim
31:23seria uma
31:23medida
31:24democrática,
31:25isso sim
31:26seria uma
31:27medida que
31:27traria mais
31:29discussão
31:29popular
31:30para
31:31esse
31:32debate,
31:33o plebiscito
31:34eu acho que
31:34daria bastante
31:35trabalho,
31:37eu acho que
31:37seria uma
31:38discussão
31:38bastante
31:39contaminada,
31:40é um tema
31:41bem difícil
31:43para a gente
31:43levar
31:43para a
31:44população
31:45e eu
31:46acredito que a
31:47gente
31:47acabaria
31:47discutindo
31:48preconceitos
31:49do que
31:51de fato
31:51vantagens e
31:52desvantagens
31:53de cada sistema,
31:54eu acho que é uma
31:54discussão que o
31:55parlamento pode ter
31:56sem nenhuma
31:57dificuldade,
31:58mas que
31:59tenha de uma
32:00forma razoável
32:02e não tenha
32:02pensando
32:03que o
32:04parlamento pode
32:05ter essa discussão
32:06pensando nas
32:06prioridades do
32:07país e não
32:08nas prioridades
32:09do parlamento
32:10e dos seus
32:11membros.
32:13Voltando um
32:13pouquinho no
32:14começo da
32:15nossa conversa,
32:16você mencionou
32:16a cláusula de
32:18barreira,
32:19que a gente
32:20deu o primeiro
32:20passo e já está
32:21sendo discutido
32:22novamente esse
32:23assunto.
32:24A reforma
32:24política,
32:25mais uma,
32:26que está
32:27tramitando na
32:28Câmara,
32:28em comissão
32:29especial,
32:30ela propõe
32:31mudar a
32:32cláusula de
32:32barreira para
32:33incluir também
32:34número de
32:35senadores.
32:36Então,
32:37você querendo ou
32:37não,
32:37você abre um
32:38pouco essa
32:39regra,
32:39independente de
32:40juízo de
32:40valor,
32:41se sim ou
32:41se não,
32:42e aí eu
32:42queria te
32:43perguntar,
32:44essa mudança
32:45pontual,
32:47ela teria um
32:48impacto muito
32:48grande num
32:49eventual sistema
32:50semipresidencialista,
32:52porque você
32:53teria outros
32:54meios de
32:55partidos
32:55continuarem
32:56existindo
32:57com representatividade
32:58no Congresso.
33:00Como é que você
33:00vê essa
33:01influência?
33:02Eu vejo
33:04como mais
33:05uma expressão
33:06da nossa
33:06absoluta
33:07dificuldade
33:07em ter
33:08regras.
33:09A gente
33:09não consegue
33:10ter regras
33:11estáveis
33:12porque
33:13a gente
33:14tem
33:15dificuldade
33:16em desagradar
33:17alguém.
33:19O sistema
33:20político
33:21tem muita
33:21dificuldade
33:22em olhar
33:22para a parte
33:23da política
33:24e dizer
33:24desculpe,
33:26a gente
33:26precisa
33:27melhorar
33:27o sistema,
33:28a gente
33:29decidiu
33:30que essa
33:31é uma
33:31forma de
33:32melhorar
33:32o sistema,
33:33desculpa
33:33se lhe
33:34desagrada,
33:35desculpa
33:35se lhe dá
33:35mais trabalho,
33:36desculpa
33:37se isso
33:37vai gerar
33:38desconforto
33:39para você,
33:40mas essa
33:40é a regra
33:40que a gente
33:41acordou
33:41tem alguns
33:42anos.
33:43Então,
33:44o próprio
33:45parlamento
33:46brasileiro
33:46concordou
33:47com um
33:48número
33:48de medidas
33:49para
33:50melhorar
33:51a política
33:52brasileira,
33:53para
33:53diminuir
33:53o número
33:53de partidos,
33:54para tornar
33:55a governabilidade
33:56mais fácil,
33:58para que
33:59os debates
34:00sejam mais
34:01claros,
34:02para que os
34:02partidos
34:03sejam mais
34:04representativos
34:04da vontade
34:05popular,
34:06isso não tem
34:06cinco anos.
34:08E agora,
34:09por que
34:10doerá em
34:11alguns partidos?
34:12Porque alguns
34:12partidos
34:13não conseguirão
34:14atingir,
34:16superar a
34:16cláusula de
34:17desempenho,
34:17a gente já
34:18está pensando
34:18em revogar
34:19uma regra
34:19que a gente
34:20pensou
34:21para ser
34:21implementada
34:22ao longo
34:22de algumas
34:23décadas,
34:24não se passou
34:24uma década
34:25e a gente
34:25já está
34:26pensando
34:26em como
34:27revogá-la.
34:28Por quê?
34:28Porque contraria
34:29algum interesse
34:30político.
34:31E aí é muito
34:32difícil
34:33a gente falar
34:34em discussões
34:35sérias
34:36pelos representantes
34:37do povo.
34:38Na minha
34:38resposta anterior
34:39eu dizia,
34:40olha,
34:40eu acredito
34:41que o parlamento
34:42é capacitado
34:43para nos
34:44representar.
34:45A gente
34:45não precisa
34:46consultar
34:47população
34:47sobre temas
34:48específicos
34:49o tempo
34:50todo.
34:50Ao mesmo
34:51tempo,
34:52a gente
34:52precisa
34:53enxergar
34:54uma fraqueza
34:55no nosso
34:56sistema
34:56político.
34:58Ele,
34:58para ser
34:59modificado,
35:00depende
35:00daqueles
35:01que se
35:01dão
35:02bem
35:02no atual
35:03sistema.
35:04Então,
35:05os incentivos
35:08me parecem
35:08muito claros.
35:09Se você
35:10é um
35:11deputado,
35:12você se
35:12dá bem
35:13nesse
35:13sistema.
35:14O teu
35:14incentivo
35:15para mudar
35:15o sistema
35:16que
35:16lhe
35:16recompensou
35:17é muito
35:18pequeno.
35:19E a
35:20cláusula
35:20de
35:20barreira
35:21coloca
35:22incômodos,
35:23coloca
35:24obstáculos
35:24para alguns
35:25daqueles
35:26que hoje
35:27têm
35:27cadeira
35:28na Câmara
35:29dos
35:29deputados,
35:30principalmente,
35:31para os
35:32partidos
35:33políticos.
35:33E aí
35:34há uma
35:34mobilização
35:35para tentar
35:36modificar
35:37a cláusula
35:37de barreira
35:38que,
35:38vale lembrar,
35:39ainda está
35:39no nível
35:40mais baixo.
35:41Teria um
35:42nível
35:42em 2022,
35:43outro nível
35:44em 2026.
35:45A gente
35:46tem
35:47incapacidade
35:48óbvia
35:49de
35:50adotar
35:51uma regra
35:52e seguir
35:53com essa
35:53regra,
35:54a gente fica
35:54sempre tentando
35:55agradar todo mundo,
35:56e a gente tem
35:57uma dificuldade
35:57também muito
35:58óbvia
35:58de fazer
36:00com que os
36:00políticos
36:01entendam
36:02que não dá
36:03para ganhar
36:03sempre,
36:04que para
36:05melhorar
36:05o sistema
36:06a gente
36:07precisa fazer
36:07alguns esforços
36:08e no meio
36:09desses esforços
36:10alguns
36:11sairão
36:12perdedores,
36:13alguns
36:13precisarão
36:15se adaptar,
36:16e a gente
36:16tem dificuldade
36:17de ter essa
36:18conversa
36:18e dizer
36:19olha,
36:19desculpa,
36:20desculpa se seu
36:20partido existe
36:21há 80 anos,
36:22seu partido
36:22não tem votos
36:23suficientes,
36:24você vai precisar
36:24fazer uma federação,
36:26você vai precisar
36:26fazer uma função,
36:27uma fusão,
36:28é isso,
36:29faz parte,
36:30ou então você
36:30seguirá
36:32adiante
36:33sem algumas
36:34das prerrogativas
36:35porque você
36:36não tem
36:37um número
36:38de votos
36:38suficientes.
36:39É uma conversa
36:40que a sociedade
36:41precisa ter,
36:43mas é difícil
36:44a gente ficar
36:44tendo a mesma
36:45conversa o tempo
36:46todo porque
36:47a gente não
36:47consegue adotar
36:48uma regra
36:48e seguir
36:49adiante
36:49com aquela
36:49regra.
36:51Outra mudança
36:52prevista
36:52na reforma
36:53política
36:53é a implantação
36:54do distritão
36:55em 2022,
36:57se ela for
36:58aprovada
36:59até outubro
36:59desse ano,
37:00a reforma
37:00for aprovada
37:01até outubro
37:01desse ano,
37:02distritão
37:03em 2022
37:04com distrital
37:04misto
37:05a partir
37:05de 2024.
37:07Isso além
37:07das cotas
37:08para mulheres,
37:09a equiparação
37:10de cadeiras
37:11em questão
37:11de gênero,
37:12também há
37:13incentivo
37:14à questão
37:14de etnia
37:15e por aí vai.
37:16Mas focando
37:16em distritão
37:17e distrital
37:18misto,
37:19essa mudança
37:20gradual
37:21do sistema
37:21que nós
37:22temos
37:22para esses
37:23dois modelos
37:24num eventual
37:26sistema
37:26semipresidencialista,
37:29principalmente o
37:29distritão,
37:30só ia reforçar
37:31os grandes
37:33caciques
37:33e no distrital
37:34misto
37:34acabar tendo
37:35uma confusão,
37:36o modelo
37:37de governo
37:37novo,
37:38com eleição
37:39em distrital
37:40misto,
37:40uma parte
37:41é ilícita,
37:41a outra
37:41é direta,
37:42como é que ia
37:43ficar a cabeça
37:43do eleitor
37:44no meio
37:44de toda
37:45essa confusão?
37:47Ia ficar
37:47absolutamente
37:48confusa
37:48e eu também
37:49não entendo
37:50porque a gente
37:50tem que
37:50passar pelo
37:51distritão
37:52para chegar
37:52no distrito.
37:52Se o destino
37:53é o distrital
37:54misto,
37:55por que a gente
37:55precisa passar
37:56pelo distritão?
37:58Os dois sistemas
37:59não têm
38:00necessariamente
38:00nenhuma familiaridade,
38:02não são necessariamente
38:03um decorrente
38:05do outro.
38:06O distritão
38:07é muito ruim,
38:09muito ruim
38:10e vai contra
38:11tudo o que se tentou
38:13fazer na democracia
38:14brasileira
38:14desde 1989.
38:17Desde 1989,
38:19a gente adotou
38:19uma série
38:20de medidas
38:21para fortalecer
38:21os partidos,
38:23uma série
38:23de medidas.
38:24Agora,
38:25inclusive,
38:26injetando bastante
38:27dinheiro
38:28todos os anos
38:29nos partidos
38:29políticos
38:30sob o argumento
38:32de que são
38:32fundamentos
38:33centrais
38:35da nossa
38:36vida política
38:37e são.
38:38E, no entanto,
38:39se a gente
38:39adotasse o distritão,
38:40a gente jogaria
38:41isso tudo fora.
38:42Seria uma corrida
38:43de velocidade
38:46entre candidatos
38:47avulsos,
38:48porque quem ganhar
38:50ganhou,
38:50quem tem mais votos
38:51foi,
38:51não tem nenhuma
38:52relação entre os partidos,
38:54seria bastante
38:55ruim.
38:56E aí,
38:57a gente chegaria
38:58em 2024
38:59num sistema
39:01que,
39:02fundamentalmente,
39:03tem os partidos
39:04como o seu centro,
39:06o que é
39:07uma absoluta
39:08loucura,
39:09mas que não
39:10me surpreende,
39:11porque a vida
39:12política
39:12e legislativa
39:13no Brasil
39:14é,
39:15de fato,
39:16quase sempre
39:16uma absoluta
39:17loucura.
39:18Eu não entendo
39:20o argumento
39:20pelo distritão,
39:21porque eu acho
39:22que é um sistema
39:23muito ruim,
39:24super personalista,
39:27super,
39:28os incentivos
39:29para campanhas
39:31milionárias
39:32são muito grandes,
39:33com o fundão
39:35indo para os
39:35presidentes dos partidos,
39:37tendo discricionalidade
39:38para distribuir
39:39esse dinheiro.
39:40Os presidentes
39:41dos partidos
39:41basicamente elegeriam
39:42quem teria chance
39:43e quem não teria
39:44essa chance,
39:44então,
39:45enfim,
39:45desculpa,
39:47diminui a possibilidade
39:48de renovação política
39:49entre muitos
39:50outros problemas.
39:52O distrital misto
39:53é um outro sistema
39:55que tende
39:58a fazer
39:58com que os partidos
39:59tomem papel central,
40:01não só porque
40:02nos distritos menores
40:03a identidade partidária
40:06vira bastante importante,
40:08mas também
40:08porque o eleitor
40:09teria no distrital misto
40:10a possibilidade
40:11de votar
40:12numa lista
40:12de um partido,
40:13então a gente teria
40:14em tese
40:15pensando em países
40:17como a Alemanha
40:18que adotam
40:19o distrital misto,
40:20você tem dois votos,
40:21você vota
40:21num nome
40:22e vota num partido,
40:23então o partido
40:24toma a posição central,
40:26então por que
40:27a gente destrói
40:27os partidos
40:28em 2022
40:29para reconstruir
40:31os partidos
40:31em 2026
40:33ou mesmo
40:34em 2024?
40:35É o que
40:37me parece
40:38é que estamos
40:39num momento
40:41de crise política,
40:42de um governo,
40:44de um poder executivo
40:45muito fraco
40:46na atuação
40:47junto ao parlamento
40:48e o parlamento
40:49está tentando
40:50inventar,
40:53propor,
40:54discutir
40:55eventuais mudanças
40:56para que isso
40:57não aconteça novamente,
40:59mas está meio
41:00que um barata voa,
41:02o meu temor
41:03é que
41:04hoje
41:05quem detém
41:06o poder
41:06de maioria
41:07no Congresso,
41:08sabidamente,
41:09os partidos
41:10do centrão
41:11utilizem
41:12dessa fraqueza
41:13institucional
41:13decorrente
41:14da loucura
41:15perpetuada
41:16diariamente
41:18pelo presidente
41:18da república
41:19para mudar
41:21o sistema
41:22e se beneficiar.
41:23A gente,
41:24a democracia
41:25brasileira
41:26é relativamente jovem
41:27e a sociedade
41:28brasileira
41:28construiu
41:29a duras penas.
41:30eu temo
41:33que se use
41:34um momento
41:35de fortalecimento
41:38do legislativo
41:39bastante específico
41:40dada a fragilidade
41:41do executivo
41:42para que se
41:44teste
41:44ideias doidas.
41:46E aí
41:46o distritão
41:49pode ser
41:49aquilo que a gente
41:50está vendo,
41:51a ponta do iceberg
41:52é a implementação
41:54do distritão
41:54e a gente vai ficar
41:55um tempo
41:55discutindo o distritão
41:56porque é a forma
41:57de eleger deputados,
41:58mas ao mesmo tempo
41:59a gente acaba
42:00entubando
42:01uma série
42:02de outras mudanças
42:03que a gente
42:03não quer ver.
42:04Diminuição
42:05da fiscalização
42:06dos gastos
42:07dos partidos políticos,
42:09o aumento
42:09do fundo
42:10partidário
42:12e do fundo eleitoral,
42:13a diminuição
42:14da fiscalização
42:16das campanhas,
42:17a diminuição
42:18da fiscalização
42:19das contabilidades,
42:20das formas
42:21que os partidos
42:21podem utilizar
42:23os recursos públicos
42:24que recebem.
42:25Então,
42:25há outros pontos
42:27também
42:28que a gente
42:28precisa
42:29prestar atenção.
42:30No entanto,
42:31a mudança
42:31no sistema
42:32de eleição
42:33para o legislativo
42:34pode chamar
42:35tanta atenção
42:36que no meio
42:37dessa confusão
42:38toda,
42:38os políticos
42:39podem acabar
42:39entubando
42:40uma série
42:41de mudanças
42:44que a sociedade
42:45brasileira rejeita,
42:46mas vai tudo
42:47no mesmo pacote
42:48e quando a gente
42:48vê,
42:49como foi no caso
42:50da votação
42:50do fundão eleitoral
42:52na semana passada,
42:53já passou.
42:54Quando a gente vê,
42:55já são 6 bilhões
42:56de reais
42:56no meio
42:57de uma crise
42:58econômica,
42:58de uma crise
42:59política,
42:59no meio
42:59de uma crise
43:00de saúde pública
43:02para financiar
43:03campanhas políticas.
43:06Magno,
43:07há mais alguma coisa
43:09que a audiência
43:10de um antagonista
43:11precisa saber?
43:13Breno,
43:13a audiência
43:14do antagonista
43:15precisa saber
43:16e até por ser
43:17uma audiência
43:18mais qualificada
43:19do que a média
43:20dos brasileiros,
43:22a gente conta
43:23bastante
43:23com esses
43:25espectadores,
43:27esses leitores
43:27mais qualificados
43:28para conseguir
43:30observar um pouco
43:31mais nas entrelinhas,
43:33a gente não ficar
43:34só olhando
43:34a ponta
43:35do iceberg,
43:36a gente passa
43:37muito tempo
43:38falando das ações
43:40do poder executivo,
43:42das grandes pautas,
43:44enquanto outras pautas
43:46estão passando
43:47por aí,
43:47acho que é importante
43:48a gente prestar
43:49um pouco mais atenção
43:50naquilo que não se vê,
43:52no enfraquecimento
43:54das regulamentações,
43:56dos controles
43:56sobre os partidos políticos,
43:58dos controles
43:59sobre os caciques
44:01partidários,
44:01a concentração
44:02de poder
44:03dos caciques
44:04partidários
44:05que vem acontecendo
44:06e junto com isso
44:07a concentração
44:08de dinheiro
44:08nas mãos
44:09dos caciques
44:10políticos.
44:11É importante
44:11que a gente pense
44:12nos efeitos
44:14verdadeiros
44:15do aumento
44:16dos gastos
44:18de dinheiro público
44:19nas campanhas políticas,
44:20não estão democratizando
44:22os gastos,
44:24não estão democratizando
44:25os recursos,
44:26estamos concentrando
44:27o dinheiro
44:28na mão
44:29dos caciques políticos.
44:30É importante
44:30a gente lembrar
44:31o caso
44:32do MDB
44:33do Rio de Janeiro
44:33em 2018.
44:35Recebeu
44:35o fundo eleitoral
44:37para,
44:38em tese,
44:39democratizar
44:39o acesso
44:40aos recursos,
44:41fazer com que pessoas
44:42que não têm
44:43padrinhos fortes
44:44pudessem ter recursos
44:45para suas campanhas,
44:46mas entregou o dinheiro
44:48para o filho
44:48de Sérgio Cabral,
44:49para a filha
44:50do Eduardo Cunha,
44:51para os filhos
44:52do Jorge Pisciani.
44:54Então,
44:54a gente,
44:55ao entregar
44:57seis bilhões de reais,
44:58por exemplo,
44:59aos partidos políticos,
45:01a gente está dando
45:02aos controladores
45:03dos partidos políticos
45:04o poder
45:05de vida ou morte
45:06para aqueles
45:07que se candidatarão.
45:08Então,
45:08é importante
45:09que uma audiência
45:10qualificada
45:11de pessoas
45:11que estão interessadas
45:12em política
45:13e que têm
45:14interesse
45:15em seguir
45:15esses temas,
45:16olhem além
45:17daquilo que está
45:18na superfície,
45:20além daquelas
45:21intenções
45:21que os políticos
45:22dizem ter
45:23e vejam
45:24os reais efeitos
45:25do que está acontecendo.
45:27Então,
45:28é importante
45:29cada vez mais
45:31e a partir de agora
45:32até a eleição
45:33de 2022,
45:34haverão inúmeros
45:35casos desse tipo
45:36que a gente
45:37tente olhar
45:37um pouco mais
45:38profundamente,
45:39um pouco além
45:40da superfície,
45:41porque a gente
45:41construiu
45:42esse sistema
45:43democrático
45:43com muito suor
45:45durante muito tempo
45:46e a gente
45:47tem visto
45:48algumas tentativas
45:50de enfraquecer.
45:52Magno,
45:52muito obrigado
45:53por sua entrevista.
45:55Hoje,
45:55o antagonista
45:56entrevistou
45:57o cientista político
45:58e diretor executivo
45:59do Livres,
46:00Magno Carl.
46:01Muito obrigado.
46:02Obrigado,
46:02obrigado pelo convite,
46:04um abraço.
46:05Um abraço.
46:06Tchau, tchau.
46:15Tchau, tchau.
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