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Felipe Moura Brasil e Rodrigo Rangel discutem a reportagem de capa da Crusoé dessa semana e a relação entre Dias Toffoli e as empreiteiras Odebrecht e OAS.
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NotíciasTranscrição
00:00Hoje, uma reportagem exclusiva da Cruzoé detalhou a relação do ministro do STF, Dias Toffoli, sempre ele, com as empreiteiras Odebrecht e OAS.
00:12Eu podia já começar aqui a detalhar para vocês, mas o editor da Cruzoé, Rodrigo Rangel, faz aqui uma participação especial.
00:20Ele que também é um dos autores dessa reportagem e que está dando, junto com a sua equipe, tanto orgulho para todos nós que fazemos parte desse veículo de comunicação, em várias frentes, evidentemente, mas que está exercendo o seu papel de jornalismo vigilante e independente.
00:38Boa noite, Rangel. Parabéns pela reportagem.
00:42Salve, salve, Felipe. Boa noite, tudo bem? Boa noite a você, boa noite a quem nos assiste também.
00:46Tudo ótimo, Rangel. Então, eu queria saber de você já os detalhes a respeito dessa apuração, onde é que estavam essas informações que não tinham vindo à tona ainda.
00:59Eu li lá que teve uma parte do computador do Marcelo Odebrecht, que depois foi fuçada, tinha lá um espelho que rendeu um monte de mensagens.
01:08Queria que você explicasse melhor aqui para o público do Papo Antagonista, porque a gente lembra que houve aquela censura à Cruzoé, quando a Cruzoé mostrou que o Dias Toffoli é o amigo do amigo do meu pai.
01:20Quer dizer, o amigo do Lula, que é amigo do Emílio Odebrecht, pai do Marcelo Odebrecht, de acordo com o próprio Marcelo.
01:26Isso já tinha sido divulgado, já tinha havido uma censura, depois derrubada e agora esse desdobramento. Como é que foi?
01:33Então, Felipe, o Marcelo Odebrecht, que é delator na Operação Lava Jato, ele já havia encaminhado aos investigadores um lote de e-mails aos quais nem a Polícia Federal, nem o Ministério Público tinham tido acesso ainda.
01:55Só que havia outros lotes que ainda estavam ocultos e que a Polícia Federal conseguiu acessar quebrando a criptografia do laptop do Marcelo Odebrecht,
02:10apreendido lá na 14ª etapa da Operação Lava Jato.
02:16E ali havia uma quantidade oceânica de e-mails, e e-mails bastante interessantes.
02:28Essa leva integra, essa que tem menções aí ao ministro Dias Toffoli, segundo o próprio Marcelo Odebrecht,
02:42integra esse lote adicional ao qual os investigadores tiveram acesso a partir da quebra da criptografia do notebook do Marcelo Odebrecht.
02:56Bom, o nosso espectador há de lembrar que em abril do ano passado nós publicamos uma reportagem a respeito de um e-mail
03:08em que o Marcelo Odebrecht se referia a um tal amigo do amigo de meu pai.
03:16A Polícia Federal pergunta e o Marcelo Odebrecht responde, por escrito,
03:20que o amigo do amigo do amigo de meu pai era José Antônio Dias Toffoli,
03:27hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, até ontem presidente da corte, inclusive,
03:34mas na época das mensagens, advogado-geral da União no governo Lula.
03:39Bom, nós tivemos acesso a esse documento lá no ano passado e publicamos uma reportagem,
03:52trouxemos esse documento à tona e o que veio a seguir, as pessoas devem lembrar bem,
04:00foi aquela ordem de censura expedida pelo ministro Alexandre de Moraes,
04:05a pedido do próprio Dias Toffoli.
04:08Aquele, eu repito, era um e-mail, um único e-mail e uma resposta do Marcelo Odebrecht,
04:16esclarecendo o contexto daquele e-mail.
04:20Rangel, se me permita só fazer um parêntese, Rangel, porque, já que você detalhou essa história
04:25e a gente estava comentando nas redes sociais, hoje o Alexandre de Moraes foi dar um comentário
04:31num evento e ele falou que a justiça pode retirar matérias do ar se ela for mentirosa.
04:39E não é o caso da matéria sobre o amigo do amigo do meu pai, o José Antônio Dias Toffoli.
04:45Inclusive, isso foi reconhecido no próprio plenário do Supremo Tribunal Federal.
04:49O ministro Luiz Edson Fachin deu a declaração mais incisiva a respeito disso,
04:54a gente publicou, eu reproduzi lá no meu Twitter,
04:58ele dizendo que justamente essa decisão foi revogada
05:01depois da confirmação da veracidade da matéria.
05:05Então, é bom deixar claro que a matéria era verdadeira
05:08e que tem autoridade, como aconteceu com o Dias Toffoli na ocasião,
05:12que se incomoda com verdades inconvenientes.
05:15E aí, toma atitudes arbitrárias que, obviamente, a gente repudia, né, Rodrigo?
05:20Tanto era verdadeira, Felipe, que dias depois o próprio Alexandre de Moraes
05:25se deu conta de que o documento, sim, existia, fazia parte dos autos da Operação Lava Jato
05:32e voltou atrás de sua decisão, voltou atrás da censura.
05:37Porque, quando ele decidiu censurar, ele dizia ali que estávamos publicando feitos.
05:45E definitivamente não era o caso.
05:47Aquele era um documento que havia sido entregue à Força-Tarefa da Operação Lava Jato,
05:54estava, inclusive, já anexado a um dos procedimentos da operação
06:01que corriam perante a Justiça Federal do Paraná.
06:07Enfim, não havia falsidade nenhuma, não era fake news.
06:11E o próprio Alexandre de Moraes, ainda, no ano passado, dias depois da publicação da matéria,
06:17dias depois, portanto, da ordem de censura, voltou atrás e revogou a decisão.
06:23Se deu conta de que, na verdade, é a decisão dele que continha ali uma falsidade
06:27ao nos acusar de publicar notícia falsa.
06:30Mas, voltando ao ponto anterior, Felipe, na verdade, aquilo era um único e-mail.
06:35Essa celeia toda se deu em torno de um único e-mail.
06:38E existiam muitos outros, aos quais os investigadores teriam acesso tempos depois.
06:45E são esses muitos outros e-mails que nós trazemos agora à luz nesta reportagem, sabe?
06:52Exatamente. E ela se refere ao tempo em que o Dias Toffoli era AGU,
06:57era advogado-geral da União, cargo hoje ocupado pelo José Levi, que, como eu tenho comentado,
07:02é marido de uma assessora do Gilmar Mendes, cargo que antes era ocupado pelo André Mendonça,
07:07que foi transferido para o Ministério da Justiça e Segurança Pública depois da saída do Sérgio Moro.
07:12Então, o que aconteceu nessa relação entre a Odebrecht e o Toffoli,
07:17enquanto ele era AGU, que a gente chama o advogado-geral da União?
07:22Os procuradores indicam que os executivos da Odebrecht negociavam com intermediários do Toffoli,
07:29o apoio dele para demandas da empreiteira, é isso?
07:32É, é isso.
07:37Na verdade, nesses outros e-mails havia outros codinomes, outros apelidos ali,
07:44que os investigadores quiseram esclarecer com o Marcelo Odebrecht.
07:48E em maio deste ano, o Marcelo Odebrecht prestou um depoimento sigiloso a dois procuradores da República,
07:53que faziam parte do grupo de trabalho da Lava Jato, da Procuradoria-Geral da República.
07:58Esses dois procuradores foram até São Paulo para ouvir Marcelo Odebrecht.
08:03Esse depoimento, um longo depoimento, são quase quatro horas de depoimento
08:08só para tratar das mensagens relacionadas ao ministro Dias Toffoli.
08:15Lá o Marcelo Odebrecht esclareceu alguns pontos sobre os quais ainda pairavam dúvidas.
08:23mas deu o contexto, aquilo que ele fez no ano passado em relação à única,
08:30aquela única mensagem do amigo e do amigo de meu pai,
08:33ele fez de forma mais detalhada nesse depoimento prestado em maio a procuradores
08:38que atuavam na Lava Jato na Procuradoria-Geral da República.
08:44E nós trazemos também, nesta edição da Cruzoé, o vídeo desse depoimento.
08:50Esse depoimento foi gravado em vídeo e nós trazemos à luz essa gravação pela primeira vez.
09:00Rodrigo, a gente tem...
09:02Pergunta, Felipe.
09:02Ô Rodrigo, só desculpe interromper, mas você citou que tem trecho em vídeo.
09:08A gente separou um trecho pequenininho, obviamente,
09:10os espectadores e leitores da Cruzoé podem ver lá a íntegra do que a matéria revelou,
09:17mas a produção separou aqui um teaser para dar um gostinho para o pessoal.
09:21Pode soltar.
09:22Diria que pelo desgaste que possamos estar tendo pelo envenenamento da moça,
09:26o apoio dele vale uma parceria preço bem alto.
09:28Pronto, aí está claro.
09:29Aí está claro.
09:30Aí está claro.
09:31Entendi.
09:32O envenenamento da moça, quem seria esse envenenamento?
09:34É Dilma.
09:34De Dilma.
09:35Porque Dilma, nesse ponto, ele estava contrário ao interesse da Odebrecht.
09:39Então está claro aqui que a gente está falando que vale uma parceria preço bem alta,
09:44não resta a menor dúvida aqui, que é basicamente a conta que o Sérgio estava apresentando para a gente.
09:51Está aí.
09:51Só para traduzir para quem não entendeu, vou ler aqui a declaração do Marcelo Odebrecht.
09:57Mas temos como motivá-lo a nos defender mais?
10:01Isso foi o que o Marcelo Odebrecht escreveu ao diretor jurídico da empreiteira, se referindo ali ao Dias Toffoli.
10:09Diria que pelo desgaste que possamos estar tendo pelo envenenamento da moça, que seria justamente Dilma Rousseff,
10:16o apoio dele vale uma parceria barra preço bem alto.
10:20Quer dizer, o apoio do Toffoli, aparentemente, vale uma parceria preço bem alto.
10:25Isso era uma mensagem do Marcelo Odebrecht, que ali o investigador está tentando decifrar, Rodrigo.
10:32Então, Felipe, o Marcelo narra que Adriano Maia, então diretor jurídico do grupo Odebrecht,
10:45estava encarregado de manter a proximidade com o então AGU Dias Toffoli.
10:53Segundo o Marcelo, era Adriano quem tinha a incumbência de manter um relacionamento estreito com o Dias Toffoli.
11:03Ele próprio, o Marcelo Odebrecht, conta que se reuniu duas vezes pessoalmente com o Toffoli,
11:09uma na casa do ministro aqui em Brasília e outra em São Paulo, jantares nas duas ocasiões.
11:15Mas a pessoa da Odebrecht que tinha a tarefa de manter essa proximidade
11:24era esse advogado chamado Adriano Maia, diretor jurídico da empreiteira.
11:29E Marcelo disse que, a certa altura, Toffoli habilitou, indicou, autorizou
11:35que eles procurassem um determinado escritório de advocacia
11:40e esse escritório ficaria responsável por fazer a ponte.
11:44Isso é o que Marcelo Odebrecht narra e isso é o que os procuradores concluem também
11:50a partir da análise das dezenas de e-mails que embasam essa apuração preliminar.
12:01E o que fica claro ali, na visão dos procuradores, é que a Odebrecht se relacionava com o Toffoli
12:11por meio desse escritório de advocacia, que o próprio Marcelo Odebrecht diz,
12:17com todas as letras, ele diz, inclusive, que os e-mails são muito claros em relação a isso,
12:23mediante pagamentos de valores elevados a essa banca, a esse escritório de advocacia,
12:30que foi apontado como o escritório autorizado a fazer essa ponte entre a Odebrecht e o então
12:41advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli.
12:45Quer dizer, Rodrigo, até o momento não dá para cravar que o Toffoli tenha recebido dinheiro direta ou indiretamente,
12:53quer dizer, não tem ainda nenhuma confirmação de retirada do dinheiro que a Odebrecht pagava
12:59para esse escritório intermediário.
13:02No entanto, há indícios ali que talvez mereçam, na minha opinião, evidentemente merecem,
13:09uma investigação.
13:12Felipe, foi com base nesses indícios, são muitos indícios, a partir dos e-mails,
13:19a partir do que diz o próprio Marcelo Odebrecht, foi com base nisso tudo,
13:24que esses procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato, eles prepararam uma peça, uma petição,
13:32e sugeriram ao gabinete do procurador-geral, Augusto Aras, que solicitasse junto ao ministro Edson Paquim,
13:41relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, a abertura de uma investigação formal,
13:48de um procedimento formal de apuração para avançar sobre essas suspeitas que envolvem o ministro Dias Toffoli,
13:58que evidentemente tem foro privilegiado no próprio Supremo.
14:03Só que não há notícias de que essa sugestão dos procuradores, esse pedido,
14:12quase um apelo dos procuradores, tenha ido adiante no gabinete de Aras.
14:17Pelo contrário, os procuradores que organizaram todo esse material,
14:21a partir ali do acervo da Lava Jato, esses procuradores acabaram saindo.
14:30Foi mais uma das várias debandadas existentes na Lava Jato nos últimos tempos.
14:36Esses procuradores, em junho, acabaram deixando seus postos,
14:40justamente por divergirem da postura de Augusto Aras em relação à Lava Jato.
14:45Portanto, não se tem notícias de que essa investigação tenha ido adiante,
14:53porque cabe ao PGR, Augusto Aras, solicitar a abertura dessa investigação.
15:01Mas, ao que sabemos, esse assunto ficou mal parado no gabinete dele, Aras.
15:09E são mais elementos que apontam para aquilo que a gente vem comentando, vem analisando.
15:15Quer dizer, o Augusto Aras foi posto na Procuradoria-Geral da República pelo Jair Bolsonaro,
15:20que se aproximou muito do Dias Toffoli.
15:23O Dias Toffoli, a gente vai comentar isso em detalhes com o próximo convidado, inclusive,
15:28ele segurou a investigação do Flávio Bolsonaro durante o recesso judiciário,
15:33como eu estava lembrando, nos últimos dias aqui.
15:35ele suspendeu todas as investigações baseadas em dados do COAF,
15:39e uma delas era a do filho 01 do presidente da República.
15:42Enquanto isso, a família Bolsonaro fez campanha contra a criação da CPI da Lava Toga,
15:48e acabou conseguindo barrá-la, promovendo ali retirada de assinaturas de parlamentares em cima da hora,
15:56para não alcançar o mínimo necessário, e aquela CPI iria investigar o Toffoli.
16:01Então, você tem na Procuradoria-Geral da República, o Augusto Aras sempre fazendo média também,
16:08com o Supremo Tribunal Federal e com o presidente, sentando em cima de indícios bastante fortes,
16:15que a Cruzoé está mostrando mais uma vez.
16:18Por isso, o antagonista fez a pergunta hoje,
16:20E agora, Aras? Será que o Aras vai tomar uma atitude?
16:24E, Rodrigo, tem um trecho da reportagem, que é até um aspecto mais psicológico,
16:30mas na reportagem, evidentemente, está colocado de uma maneira factual,
16:33mas que eu achei muito interessante,
16:35que é a situação do Marcelo Odebrecht ao dar esses depoimentos.
16:38Porque, ao mesmo tempo, como um delator, ele tem um medo de que qualquer coisa que ele omitir
16:48possa vir a causar para ele a perda do acordo de colaboração premiada,
16:53como a gente viu aí acontecer, pelo menos em termos de polêmica, de escândalo,
16:58em relação ao caso dos irmãos Batista.
17:01Ao mesmo tempo, ele também, como delator, teme entregar um ministro do Supremo Tribunal Federal.
17:08Porque, se ele falar aquilo, de repente, ele está se colocando numa cilada,
17:14ele que é consciente, como alguém que cometeu vários crimes
17:19e está relatando esquemas criminosos,
17:22consciente da sujeira que acontece nos bastidores da República Brasileira.
17:26Então, existe essa dualidade, essa ambiguidade do Marcelo Odebrecht?
17:30Você percebeu isso?
17:32Sem dúvida, Felipe.
17:34Assim, ele evita ser periptório, eu diria, por algumas razões.
17:41Uma delas é que, por ser delator, ele tem consciência de que o acordo dele de delação
17:48pode ruir a qualquer momento e acusar diretamente o ministro da Suprema Corte
17:56pode não ser exatamente um bom negócio para ele.
18:02Imagina, se ele perder os benefícios do acordo de delação premiada,
18:07ele pode, evidentemente, voltar para a cadeia, de repente.
18:11Além disso, se ele diz, de forma muito objetiva,
18:18que tinha conhecimento desse suposto esquema,
18:24a pergunta que vai se fazer na sequência é
18:26por que ele não contou isso na delação premiada lá atrás?
18:31Ele teria omitido?
18:33Também, nessa hipótese, ele correria um sério risco de perder os benefícios.
18:40Então, ao longo desse depoimento,
18:43prestado em maio aos procuradores,
18:45que nós trazemos com exclusividade na Cruzoé,
18:49ele procura ser bastante cuidadoso.
18:52Os nossos espectadores vão poder perceber isso.
18:58Ele, o tempo todo, contextualiza os assuntos de curdo dos e-mails,
19:06mas diz que não cabia a ele tratar diretamente daquela relação.
19:14Por isso que ele diz o tempo todo,
19:16olha, essa relação era uma relação do Adriano Maia,
19:19o diretor jurídico da Odebrecht,
19:22era o Adriano que tinha a incumbência de se relacionar com o ministro Dias Toffoli,
19:27por meio desse escritório, por meio desses interlocutores
19:30supostamente autorizados pelo ministro.
19:34E o tempo todo, ele joga para o Adriano
19:37a responsabilidade de confirmar se houve ou não pagamento de propina.
19:42O que ele faz é dizer que, olha,
19:45havia uma cobrança,
19:48ele sabia dessa cobrança,
19:50os valores eram altos,
19:52mas ele, como não era ele que estava na linha de frente lá,
19:57tratando diretamente com essas pessoas,
20:00ele não sabe dizer se houve pagamento de vantagens indevidas,
20:04de propina aos personagens envolvidos.
20:07Exatamente.
20:08A gente tem um trechinho,
20:10a produção separou mais um trecho pequenininho desse depoimento,
20:13do Marcelo Debrecht,
20:14que confirma exatamente aquilo que o Rodrigo Rangel está descrevendo aqui para a gente.
20:18Pode soltar, produção?
20:20Aí eu mando um e-mail para Maurício e Cláudio,
20:23com o copo Adriano Maia,
20:24você, Adriano Maia, você precisa falar com o amigo, com o Toffoli.
20:28Ele não quer o dele,
20:29porque o Adriano Maia dizia que tinha esses acertos.
20:32O dele é dinheiro ilícito, né?
20:34É, mas é que eu estou indo na linha do que Cláudio Maia dizia para a gente, entendeu?
20:43Quer dizer, Rodrigo, esse trecho chega a ser até engraçado.
20:46Eu vou repetir aquilo que o Marcelo Debrecht está falando,
20:49porque ele está reproduzindo o conteúdo de mensagens.
20:52Então, é exatamente aquilo que o Rodrigo estava descrevendo,
20:55que os investigadores tiveram acesso lá a todo um lote de mensagens,
20:59e o Marcelo Debrecht comenta aquelas mensagens.
21:02Então, tem um material de base para aquele interrogatório, para aquele depoimento.
21:07E na mensagem está assim,
21:08a M, que é o Adriano Maia,
21:10precisa falar com o amigo, que é o Toffoli.
21:13E isso o Marcelo Debrecht está descrevendo,
21:15ele está dizendo, olha, a pessoa,
21:17quem a gente chamava de amigo era o Toffoli,
21:20o AM é o Adriano Maia.
21:21Então, está lá, a M precisa falar com o amigo.
21:24Ele não quer o dele?
21:25Isso é a mensagem do próprio Marcelo Debrecht para executivos da empreiteira.
21:33Quando ele fala, ele não quer o dele,
21:35é o Toffoli não quer o dinheiro dele,
21:37é isso que o Marcelo Debrecht está explicando,
21:40que estava perguntando.
21:41E o Rodrigo me corrija se eu estiver errado.
21:44E aí o investigador fala,
21:46pergunta se é dinheiro ilícito
21:48a que o Marcelo Debrecht está se referindo.
21:51e o Marcelo Debrecht confirma que é.
21:54No entanto, né, Rodrigo,
21:55a gente vê a preocupação do Marcelo Debrecht em dizer,
21:58olha, quem fazia esse acerto de dinheiro
22:01era o Adriano Maia.
22:03Então, assim, a gente não fica com aquela resposta final
22:05perempitória, como você chamou,
22:08de um recebimento por parte do Toffoli
22:10de dinheiro ilícito.
22:13Sim, mas ele diz o tempo todo,
22:15as mensagens são claras.
22:17Assim, é como se ele estivesse dizendo,
22:20olha, eu não vou me comprometer com isso,
22:22não vou botar, não vou entrar nessa fogueira aí,
22:25mas olha só, as mensagens estão aí.
22:27O contexto é esse, as pessoas são essas,
22:29os personagens são esses,
22:31essa relação envolvia dinheiro,
22:33acabe a vocês avançarem.
22:35A certa altura, ele diz, inclusive,
22:38olha, quem pode responder em definitivo
22:41a respeito dessa questão
22:44é o Adriano Maia.
22:46Então, é uma situação bastante curiosa.
22:52Mas, assim, fica evidente também
22:53que era uma relação que ele acompanhava
22:55muito de perto, Felipe,
22:56porque são muitos os e-mails
22:59em que ele cobra retornos do Adriano Maia,
23:02ele pergunta ao Adriano Maia
23:03como é que está indo a relação com o Toffoli,
23:05se ele tem mantido a proximidade,
23:08ele diz em outras ocasiões,
23:10olha, nesse assunto aqui,
23:11vale o número da chantagem
23:15que eles estão pedindo, sabe?
23:17Ou ele diz, faz perguntas como essa
23:20que você acabou de mencionar aí,
23:21ele não quer o dele, sabe?
23:24Por mais que agora ele tente se distanciar,
23:28as mensagens deixam muito claro
23:30que ele era um personagem
23:31muito ativo desse processo,
23:33porque ele cobrava de Adriano Maia
23:37a manutenção dessa relação
23:42com o então advogado-geral da União,
23:46José Antônio Dias Toffoli.
23:47Certo, Rodrigo.
23:48Só registrando aqui para o público
23:50que essas duas principais demandas
23:52da Odebrecht nessa relação com o Toffoli
23:54por meio de intermediários,
23:56uma era referente ao leilão das usinas
23:59de Santo Antônio e Giral
24:00e outra a discussão sobre a extinção
24:02do crédito-prêmio do IPI.
24:04Mas o que importa aqui para a linha investigativa
24:08é justamente como se dava esse lobby
24:11feito pela Odebrecht.
24:13Agora tem um outro caso, Rangel,
24:15que eu queria que você contextualizasse para a gente
24:18que se refere a outra empreiteira,
24:19que é a OAS.
24:21E já tinha aparecido em depoimento do Léo Pinheiro
24:25algo sobre reforma em casa do Toffoli.
24:28Então, como é que foi agora?
24:30Então, lá atrás, quando o Léo Pinheiro
24:33começou a negociar um acordo de delação premiada
24:36com o Ministério Público,
24:38chegaram a circular notícias de que ele estava,
24:41estaria disposto a falar sobre uma suposta reforma
24:46que ele teria feito na casa do ministro Dias Toffoli.
24:50O surgimento dessa informação, inclusive,
24:56travou toda a negociação de delação premiada
24:59do Léo Pinheiro.
25:00Então, o Procurador-Geral da República,
25:02Rodrigo Janot,
25:04suspendeu as negociações
25:06depois do surgimento dessa informação.
25:09O assunto, portanto,
25:11entrou na vala do esquecimento.
25:15Mais adiante, quando finalmente retomou a negociação
25:19com o Ministério Público,
25:20a história da casa sumiu.
25:22Sumiu dos capítulos da delação do Léo Pinheiro.
25:27O que entrou foi um relato dele
25:30sobre um pedido de contribuição
25:34feito pelo irmão do ministro Dias Toffoli,
25:38José Tiziano Dias Toffoli,
25:40então vice-prefeito da cidade de Marília,
25:42em São Paulo.
25:44Então, na delação do Léo Pinheiro,
25:46existia, existe um anexo,
25:50um capítulo sobre esse pedido
25:52feito pelo irmão do ministro.
25:54Pois bem,
25:56a sucessora de Janot, Raquel Dodd,
25:59arquivou essa parte da delação de Léo Pinheiro.
26:04Mais recentemente, de novo,
26:07os procuradores do Grupo de Trabalho da Lava Jato
26:09na Procuradoria-Geral da República
26:11tiveram acesso a uma espécie de contabilidade secreta
26:17da OAS.
26:19E lá aparecia a tal despesa,
26:23a tal reforma na casa do ministro,
26:25no valor de 15 mil reais.
26:28Eram planilhas, na verdade,
26:30que a OAS guardava as sete chaves
26:34e que um dos delatores resolveu entregar
26:38para o Ministério Público.
26:40e em uma dessas planilhas havia a menção
26:44a essa despesa,
26:46e com todas as letras lá estava escrito
26:49reforma à casa de Astófolio.
26:52Bom, diante dessa informação,
26:56os mesmos procuradores que vinham apurando lá
26:59as mensagens do Marcelo Odebrecht,
27:01expostamente relacionadas ao ministro de Astófolio,
27:09pediram o desarquivamento daquele procedimento
27:14que a Raquel Dodi tinha mandado para a gaveta.
27:18Então, esse era já o segundo pedido de apuração
27:23de fatos envolvendo o ministro de Astófolio,
27:26dessa vez relacionados à relação dele,
27:34ligados à relação dele com a OAS.
27:39Aconteceu exatamente a mesma coisa
27:44que havia acontecido no caso da Odebrecht.
27:47não se tem notícia de que esse pedido
27:51dos procuradores tenha avançado
27:54no gabinete do procurador-geral Augusto Aras.
28:00E tem outros dados interessantes
28:03que esses mesmos procuradores levantaram, Felipe.
28:08Eles mostram nesse documento
28:11a que nós tivemos acesso,
28:12e as informações estão lá na reportagem
28:14publicada nesta última edição da Cruz,
28:17eles mostram que havia um estreito relacionamento
28:20entre Léo Pinheiro,
28:22então presidente da OAS,
28:25preso pela Lava Jato,
28:27delatou com o ministro de Astófolio.
28:31Eles relacionam lá mensagens, trocadas,
28:34eles mostram que Léo Pinheiro
28:35se encontrou várias vezes com o diastófolio,
28:39jantou com o diastófolio,
28:41mandou presentes para a diastófolio.
28:46Algumas dessas reuniões, desses encontros,
28:50aconteceram inclusive na casa de uma assessora de diastófolio,
28:55o que causou aos procuradores,
28:59isso está descrito na peça,
29:01um certo estranhamento,
29:03eles se perguntam por que o ministro
29:05havia de se reunir com o empreiteiro
29:10na casa de uma assessora.
29:14Alguns desses encontros foram também na casa,
29:17na casa do ministro,
29:19e o curioso é que um funcionário do gabinete de Toffoli
29:23era quem se incumbia de fazer a ponte
29:28entre o Léo Pinheiro, presidente da OAS,
29:31e o ministro.
29:33Maravilha, Rodrigo.
29:34Tudo detalhado aqui para o público do Papo Antagonista.
29:37E só para encerrar, Rodrigo...
29:39Tem mais detalhes, viu, Felipe?
29:40Eu sugiro que os nossos espectadores
29:42leiam lá a matéria publicada pela Cursoé.
29:46A gente está dando aqui uma pincelada geral.
29:48Exatamente.
29:50No que trazemos,
29:50no que trouxemos na reportagem,
29:54mas tem muitos outros detalhes.
29:56Os documentos estão lá estampados,
29:57os vídeos todos,
29:59os principais trechos desse depoimento de quatro horas
30:02que o Marcelo Odebrecht prestou aos procuradores.
30:07Isso tudo está lá na reportagem.
30:10Exatamente.
30:11Tudo detalhado lá na reportagem de capa
30:13dessa edição da Cursoé.
30:15Aqui a gente está fazendo um apanhado geral para vocês.
30:18E só aproveitando a sua presença, Rodrigo,
30:20o que acontece muitas vezes no Brasil
30:21é que certos indícios fortes
30:24que vêm à tona pela imprensa,
30:26em relação a investigações,
30:28muitas vezes não encontram eco
30:31nas autoridades em termos de providências a respeito.
30:35Então, você espera alguma coisa
30:38que possa acontecer a partir daí?
30:41O que deveria acontecer?
30:43Qual é a sua perspectiva a partir de agora?
30:45Porque a gente viu, por exemplo, o caso dos R$ 89 mil
30:48depositados pelo Fabrício Queiroz
30:51e pela Márcia Guiara, esposa dele,
30:52na conta da Michele Bolsonaro,
30:54para o Jair Bolsonaro, evidentemente,
30:56como ele próprio tinha admitido parcialmente
30:58quando ele falou na quantia de R$ 40 mil.
31:00Só que eram R$ 89 mil,
31:02como a Cursoé mais uma vez revelou.
31:04Isso, nesse momento, não está sendo motivo
31:09de reações, de providências
31:11no debate público pelas autoridades e tal,
31:16mas pode ser que mais à frente seja retomado,
31:18porque a investigação em relação ao Flávio Bolsonaro
31:20corre lá no Ministério Público do Rio de Janeiro
31:22e o presidente tem foro privilegiado.
31:25Então, tem essas questões aí,
31:27mas isso a qualquer momento pode causar uma consequência.
31:29em relação a esse conteúdo,
31:32o que você espera a partir daí?
31:35Filipe, não sei se eu espero alguma coisa,
31:37para ser bem sincero.
31:39O que há é um grande silêncio em relação ao assunto.
31:44Nossa reportagem foi ao ar no final da noite de ontem
31:48e tirando alguns posts nas redes sociais,
31:56evidentemente que nas redes o assunto está repercutindo
31:59bastante, mas fora isso,
32:02pouca gente tratou do tema ao longo do dia de hoje.
32:06É quase que um não assunto, sabe?
32:09Pouca gente quer se meter numa confusão desse tamanho.
32:15Então, eu não sei se é possível esperar
32:21que em algum momento o Procurador-Geral da República
32:24leve essas apurações adiante,
32:28que o próprio Supremo Tribunal Federal
32:31resolva tomar alguma providência
32:34em relação a um dos 11 ministros
32:36que aparece mencionado
32:40nesse material reunido pelos procuradores.
32:44até o momento não há indicações
32:47de disposição
32:49de nenhum dos lados
32:52para fazer alguma coisa,
32:55para levar esse caso adiante.
33:14uma história de que tem um bom dia de hoje.
33:16Por que esse tema é um bom dia de hoje,
33:18um bom dia de hoje que já estava
33:20colocado em primeiro lugar,
33:20um bom dia de hoje.
33:21Então, eu vou colocar no dia e de hoje
33:22em dia antes de ir de hoje.
33:23Então, eu vou colocar no dia de hoje
33:24e dar um bom dia de hoje!
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