O governo segue negociando com o Congresso sobre a alta do IOF e Geraldo Alckmin declarou nesta quarta (04) que a solução terá corte de despesas. O vice-presidente afirmou que o acordo irá cumprir o arcabouço fiscal. Alan Ghani, Deysi Cioccari e José Maria Trindade analisaram.
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NotíciasTranscrição
00:00O governo continua procurando alternativas para reduzir gastos e tentar rever o aumento do IOF.
00:07O vice-presidente Geraldo Alckmin garante que qualquer medida vai respeitar o arcabouço fiscal.
00:14Destaque do Alan Gannick está de volta.
00:17Pois é, Soraya, difícil porque eles querem reduzir a alíquota, dado que pegou muito mal para a sociedade brasileira.
00:24Tanto empresários, quanto investidores, quanto nós, consumidores, não gostamos nada deste aumento do IOF que encarece o crédito, encarece também as operações cambiais.
00:37E o governo agora tem um dilema.
00:39Da onde que ele vai conseguir compensar esta perda de arrecadação com, eventualmente, uma alíquota menor do IOF?
00:49Isso significa ter um ônus político, porque se ele corta subsídios, por exemplo, significa enfrentar setores organizados dos empresários.
01:01Se ele corta gastos do funcionalismo público, também significa enfrentar lobbies organizados ligados ao funcionalismo público.
01:10Gastos previdenciários significa medidas impopulares perante a população.
01:16Portanto, o corte de gastos, ele é difícil, ele envolve uma negociação dura e eu acho muito improvável o governo seguir neste caminho, ainda mais à véspera de um ano eleitoral.
01:31Mas tem que fazer. Por quê?
01:33Porque as contas públicas estão no vermelho e, como o próprio governo já admitiu, em 2027, se nada for feito, as contas vão colapsar.
01:44É por aí, né, Gani? Obrigada por enquanto.
01:47Deixa eu chamar novamente os nossos comentaristas.
01:49É isso, né, Deise?
01:51Cortar isenção, Fundeb, que a gente falou mais cedo, né?
01:55São pautas que o governo tem falado como estruturantes, ou seja, para passar dessa gestão, né?
02:03Durar a longo prazo.
02:04Mas podemos esperar, de fato, uma medida que seja surpreendente?
02:09Ou vai ser mais um anúncio ali de alguma medida que a gente já conhece ali no dia a dia?
02:14Vai ser mais uma medida casuística no meio disso tudo, né, Soraya?
02:19O que o Alckmin tenta fazer agora é mostrar que existe um pouco de institucionalidade no meio desse ruído político todo que se criou em torno do IOF.
02:29Então, ele fala para o mercado, ele joga para o mercado, ele joga para o Congresso Nacional, dizendo que o arcabouço fiscal vai ser respeitado.
02:37Mas, por outro lado, o Palácio do Planalto não faz a lição de casa, né?
02:42Que é justamente isso que você está falando, a questão das reformas estruturantes, cortar os gastos, a questão dos super salários.
02:48Então, o Alckmin tenta se mostrar meio que como o adulto na sala, né?
02:53Então, tem um adulto aqui que está falando em arcabouço fiscal, em corte de gastos, enquanto todo o resto do governo não fala isso.
02:59Mas, fato é que o IOF, ele virou uma questão que no discurso se preserva ele.
03:06Mas, na prática, qualquer coisinha já altera tudo e mostra de novo que a gente não tem previsibilidade aqui no Brasil.
03:12É impressionante como entra semana, sai semana e isso é comprovado todo dia nas atitudes do Palácio do Planalto.
03:19O José Maria Trindade, o Gani falou em ruído político, né?
03:22Que o governo terá que enfrentar em cima dessa discussão toda.
03:26E é incrível, porque é algo que poderia ter sido evitado, com um pouco mais de parcimônia, com um pouco mais de programação
03:32ou mesmo discussão sem aquele anúncio atabalhado que foi feito, né, Zé?
03:37Pois é, olha, um pacote está sendo preparado no Palácio do Planalto, lá na cozinha.
03:44Os ingredientes estão aí.
03:46Orçamento colapsado, né?
03:48Falta dinheiro, o dinheiro acabou.
03:50Aumento das despesas públicas em todos os setores.
03:54Dificuldade de contenção, porque existem aumentos que são vegetativos, de qualquer maneira eles aumentam, né?
04:01Aumento salarial, progressão e crescimento muito de vários, da dívida, que isso inclui juros, né?
04:11Previdência e folhas de pagamento.
04:13Quer dizer, esses ingredientes levam o governo a entender que nesse cozidão chamado pacotão é preciso mais de um chefe.
04:21E foram chamados os presidentes da Câmara e Senado que esses não têm voto.
04:26Daí a necessidade de chamar os líderes e mostrar as entranhas da economia.
04:32E a tentativa é demonstrar, é provar que este pacote é para futuros governos.
04:39É para o futuro.
04:40É estruturante.
04:42É essa a dificuldade.
04:43Ninguém aqui acredita na possibilidade de manutenção do reajuste do IOF.
04:49As frentes parlamentares, que são as poderosas da vez no Congresso Nacional, não querem esse aumento do IOF e muito menos aumento de arrecadação.
04:59Então o governo tem que cortar ou desvincular.
05:02Então a proposta principal desse pacote é desvincular.
05:06Ou seja, acabar com as exigências de investimentos na área de Fundeb, saúde, educação e setores onde houve engessamento.
05:17Nos chamados fundos constitucionais.
05:20É esta a receita desse pacote.
05:23Agora, os mais experientes que conviveram com a inflação em pacotes arrepiam só de ouvir essa palavra, né?
05:30É assustador mesmo.